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6. Curioso e inquisitivo

A chegada de Rion ao meu campus chamou a atenção de quase todo mundo. Ele estava tão impressionante no carro Lamborghini vermelho que dirigia, sem mencionar sua postura e rosto bonitos, que as pessoas pensaram que ele era uma celebridade. Rion acenou levemente para mim, que estava parada, olhando para ele, meio atônita. Fui até ele e parei a cerca de dois passos de distância.

"Eu pensei que o Fabio viria."

"Eu estava fora de casa, então resolvi vir. Por que você escolheu esse curso?" ele perguntou enquanto olhava ao redor do pátio da faculdade.

"Quero ser advogada um dia, se eu conseguir," respondi. Seu olhar voltou para mim.

"Amélia."

Virei a cabeça porque alguém estava me chamando. Thomas veio trotando em minha direção.

"Você vai embora? Ainda tem mais uma aula."

Eu exalei.

"Tenho um compromisso, Tom."

Então Thomas se virou para Rion.

"Com ele? Quem é ele?" ele perguntou em um meio sussurro. Formei meus lábios em uma linha reta enquanto pensava em uma boa razão para sua pergunta.

"Ele é—"

"Eu sou o namorado dela."

Thomas e eu nos viramos para Rion e o encaramos, incrédulos.

"Não é—"

"Vamos, não gosto de perder tempo," interrompeu Rion, que me puxou, abriu a porta do carro no banco da frente e me empurrou gentilmente para dentro. Eu estava prestes a dizer algo a Thomas, mas Rion imediatamente fechou a porta do carro.

"Merda. Por que ele disse isso? Thomas deve estar se perguntando e pensando coisas estranhas."

"O que você está fazendo? Por que disse aquilo antes?" perguntei quando Rion já estava comigo no carro.

"Em breve, nosso relacionamento será como de amantes ou se tornará de amantes."

Eu estava prestes a dizer algo, mas Rion fez uma cara despreocupada enquanto ligava o motor do carro.

"Ah, vamos lá... Nós só concordamos em te dar um filho."

Não sei por que soei tão estúpida dizendo isso. Todos sabiam que nosso acordo aconteceria, assim como Rion havia dito há pouco.

"Você quer negar? Você disse que não quer ser uma prostituta. Você deveria ser minha amante, ou se necessário, deveria se casar comigo imediatamente e se tornar minha esposa."

Meus olhos se arregalaram de surpresa ao ouvi-lo dizer isso tão facilmente.

"Você está fora de si? Eu sou uma estranha para você, e você também é para mim, e você—"

"Você já compartilhou seu calor comigo, o que significa que o status de estranhos entre nós logo desaparecerá."

Rion me interrompeu, sabendo o que eu estava prestes a dizer. Eu ri, virei para o para-brisa ao meu lado e olhei pela janela.

Que tipo de relacionamento teríamos?

"O que você quer que nosso relacionamento seja?" perguntei depois de ficarmos em silêncio por alguns minutos, Rion exalando.

"Olha, eu não quero apenas tirar vantagem de você."

"Então, o que eu posso ganhar com nosso acordo? É só sua propriedade?" perguntei porque, pelo que eu sabia, e estava escrito no acordo, eu tinha o direito de pedir uma parte material.

"Que tal minha confiança?" perguntou Rion. Foi minha vez de exalar. É muito clichê e frágil.

"É muito frágil para mim."

"Os lobisomens sempre mantêm suas lealdades." Rion esclareceu seu status.

"É mesmo? Porque, pelo que eu sei, não há uma única criatura nesta terra que possa ser confiável se seus interesses estiverem em jogo. Ninguém estaria disposto a morrer por uma promessa."

Eu nunca encontrei alguém em quem pudesse confiar, nem Karina. Embora ela fosse atualmente a pessoa mais próxima de mim, eu ainda não podia arriscar tudo por aquela garota.

"Você não tem família?"

Eu apenas fiquei quieta. Deveria contar a Rion também? Meu outro eu deu de ombros com uma expressão de tanto faz. Eu exalei.

"Eu só tenho minha mãe," respondi.

"Seu pai?"

"Ele se divorciou da minha mãe e nos deixou. Desde então, minha mãe nunca quis falar sobre ele."

Olhei para as pessoas andando na calçada em frente às lojas que alinhavam a rua. Não havia apenas lojas, mas também cafés entre elas.

"Por quê?"

Revirei os olhos. Não gosto quando alguém é tão curioso sobre minha vida quando só me conheceu ontem.

"Eu não sei." Isso é tudo que eu podia dizer, e era a resposta correta. Até agora, não sei por que minha mãe não quer falar sobre meu pai.

"Onde está sua mãe? Eu não a vi quando fui ao seu apartamento naquela noite."

"No hospital, em coma."

Paramos quando o semáforo no cruzamento ficou vermelho.

"Está muito longe ainda?"

"Você deve não ter comido nada; seu estômago está fazendo tanto barulho," disse Rion, me fazendo sorrir e ficar envergonhada. Eu não o ouvi, provavelmente porque minha mente estava pensando em outra coisa.

"Você deveria comer algo antes de irmos para minha casa. Nossa conversa será exaustiva."

Revirei os olhos, entendendo o que ele quis dizer.

"Não seja tão apressado. Eu não quero engravidar tão cedo."

De repente, pensei nessa ideia. Eu queria terminar meus estudos antes de assumir a tarefa de me tornar mãe.

"Não depende de você; depende de mim."

Eu sorri com desdém.

"Eu sou a que vai engravidar, e de qualquer forma, posso exercer meus direitos no acordo. Calma... Não vai demorar muito, só depois que eu terminar meus estudos."

"Quanto tempo?"

"Mais seis meses."

"Então, sem problema. Meu pai vai passar o trono durante a festa de celebração do inverno no final deste ano."

Chegamos a um restaurante chique. Olhei para o prédio do restaurante por um momento.

"Por quê? Você não gosta deste lugar?" perguntou Rion, me fazendo virar para ele.

"Eu não costumo comer em lugares assim," respondi honestamente. Rion levantou uma sobrancelha.

"Então onde? Em um restaurante mais chique que este?"

Respondi à sua pergunta com uma risada leve. Não esperava que ele me julgasse como uma mulher materialista.

"Você acha que eu tenho esse tipo de estilo de vida? Eu nunca nem entrei em um restaurante como este."

"Então esta é sua chance; vamos, você deve comer."

Rion saiu do carro, abriu a porta para mim e me ajudou a sair segurando minha mão. Quase esbarrei em seu corpo quando ele me puxou para fora do carro. Seus olhos âmbar me fizeram incapaz de desviar o olhar dele. Era como se algo dentro de mim estivesse conectado a ele, algo muito familiar. Então, Rion me beijou e disse: "Você não tem ideia de quanto tempo esperei por um momento como este."

Suas palavras despertaram alguns flashes da minha memória. Vi uma mulher sorrindo para um homem, e então o flash mudou para o rosto de um homem diferente do primeiro que vi; o estranho mostrava tristeza no rosto, e então o flash mudou rapidamente, uma explosão e chamas; eu me sobressaltei ao testemunhar isso e voltei à realidade.

"O que... aconteceu?" perguntei atordoada, e minha cabeça doeu um pouco.

"Ei, você está bem?" perguntou Rion, olhando para mim preocupado. Minha testa se franziu em confusão, e meu olhar voltou para seu rosto bonito.

"Provavelmente fome," respondi casualmente. Rion sorriu e pegou minha mão em direção à entrada do restaurante chique. Ao passarmos por um porteiro no portão, o celular de Rion tocou, e paramos automaticamente.

Aproveitei a oportunidade para olhar para ele por mais um tempo enquanto ele ficava em silêncio ouvindo a explicação da pessoa que o chamou desta vez.

"Estarei em casa em uma hora; cuide dela como eu sempre faço, Fabio."

Olhei para algumas mulheres que olhavam para Rion com olhares admirados, famintos, sedutores e desejosos. Ele naturalmente tinha o físico perfeito para um homem, mas eu estava curiosa sobre suas outras habilidades; de fato, ele não tinha apenas um rosto bonito e um físico ideal.

"O que você quer saber de mim?"

Fiquei surpresa com essa pergunta porque não disse nada a ele desta vez.

Ele pode ler mentes?

Rion sorriu um pequeno sorriso que me deixou um pouco nervosa e desajeitada.

"Se você permitir, posso entrar na sua mente."

Olhei sarcasticamente e disse: "Não, eu preciso de um pouco de privacidade."

Entramos no restaurante, e um porteiro se aproximou de nós, mas ele estava mais formalmente vestido desta vez.

"Bem-vindo, senhor; sua mesa está sempre pronta."

Franzi a testa, mas não quis perguntar, embora tivesse algumas perguntas em mente. Quando nos sentamos em uma mesa separada por uma cortina de veludo marrom, não pude deixar de ficar curiosa.

"Você conhece o dono deste restaurante?" perguntei.

"Eu sou o dono."

Fiquei em silêncio e não quis fazer mais perguntas. Depois de pedirmos nossa comida, esperamos em silêncio.

"Há mais alguma coisa que você queira perguntar?"

"Nada por enquanto."

Olhei para o grande bife de tamanho médio com uma sensação de fome. Não consegui me conter e comecei a comer imediatamente.

"Aquele homem é seu namorado?"

Franzi a testa com a pergunta e olhei para Rion.

"O da faculdade." Ele esclareceu o objeto de sua pergunta.

"Não, apenas um amigo próximo." Eu sabia que ele se referia a Thomas.

"Quão próximo?"

Eu não sabia como descrever minha amizade com Thomas. Nós éramos próximos, mas não a ponto de ele saber tudo sobre minha vida pessoal.

"Apenas próximos na faculdade."

Essa é a resposta correta.

"Tem certeza?" Rion perguntou novamente. Havia ênfase ali.

"Por quê?"

Rion me olhou com um olhar sério.

"Eu não gosto de compartilhar."

"Não é o que você pensa. Eu não tenho nenhum relacionamento especial com nenhum garoto. Além disso, não tenho tempo para lidar com meus sentimentos; minha vida já tem problemas suficientes."

"Você é uma mulher forte, Amélia."

Coloquei o último pedaço de carne na boca e então dei de ombros enquanto mastigava lentamente.

"Talvez. Se o coração da minha mãe tivesse parado de bater completamente, talvez eu não hesitasse em ir atrás dela também."

Nossos olhares se encontraram, e ficamos em silêncio por um momento. Rion disse: "Se fosse o caso, eu esperaria você renascer."

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