Prólogo
AVA
Eu era uma ninguém, ou pelo menos era isso que me diziam.
Eles me diziam que eu era uma ninguém e, portanto, sem valor; eu merecia ser intimidada, porque ser intimidada me tornaria mais forte, mais resiliente. Era uma besteira, mas quando você diz isso a uma adolescente pré-púbere, ela começa a acreditar.
Todos os dias, os herdeiros de alto escalão da alcateia e algumas das meninas da minha idade faziam questão de tornar minha vida miserável. No começo, era apenas verbal, mas na minha adolescência, tornou-se físico também. Eu tinha cicatrizes por todo o corpo que nunca cicatrizariam adequadamente porque eram de antes de eu me transformar pela primeira vez.
Eu ganhei minha loba cedo, mas eles não sabiam disso. Eu nunca cheirava como uma loba porque minha loba, Artemis, podia esconder seu cheiro. Mesmo antes de se transformarem, os lobos têm um cheiro distintivo que os identifica; todos os lobos cheiram a floresta, com seu próprio aroma único sobreposto.
Embora ser capaz de esconder meu cheiro fosse um truque bacana que era ótimo para minha segurança enquanto eu estava por aí, isso significava que as meninas na escola assumiam que eu era humana e, portanto, nunca teria uma loba, o que só piorava o bullying.
Eu não queria nada mais do que ir embora quando completasse 18 anos. Eu tinha um lugar pronto para ir na alcateia da minha tia materna, eu só estava contando os dias até finalmente poder seguir meu próprio caminho.