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O que era para ser amor, nunca será amor

Duas horas depois.

Caminhei pelo grande jardim da Mansão Petrelli. Passei pelo hall de entrada, que estava muito diferente da última vez que estive lá. Continuei andando devagar procurando por Luck, tentando não chamar atenção, o que não estava funcionando, já que todos estavam tão bem vestidos, e eu estava apenas com uma regata preta, jeans e tênis Converse, como de costume.

  • Nenhum empregado é permitido sem estar devidamente uniformizado deste lado do evento. - Um cavalheiro alto e magro me alertou, antes que eu continuasse minha busca fora da casa.

  • Err... Eu não sou... Estou com o Antony... - Menti, ao ver o mesmo homem da tequila da festa anterior se aproximando, servindo uma bandeja.

O segurança fechou os olhos como se pudesse ver minha mentira.

  • Antony! - ele chamou, sem tirar os olhos dos meus, me assustando.

Ok, agora vou ser expulsa. Vou ter sorte se ninguém notar toda essa humilhação.

  • Sim - ele disse, se aproximando do segurança.

  • Esta garota disse que te conhece, que veio com você.

Ele olhou para mim por um momento e então confirmou.

  • Sim, ela está comigo. Por que você não me segue? Vou conseguir um uniforme limpo para você.

Eu o segui apressadamente até uma área interna de funcionários. Ele se virou e olhou para mim.

  • Olha, eu não sei quem você é, muito menos o que quer aqui. Esta não é uma festa aberta, é apenas para membros da festa. Julgando pela maneira como você está vestida, não acredito que seja um membro, muito menos que trabalhe conosco. Agora me diga como sabe meu nome e o que quer comigo. - ele disse sem grosseria, mas com firmeza na voz.

  • Eu te conheci há cerca de dois meses na festa de formatura. Você chamou um táxi para mim depois que eu... bem... acordei aqui, e aparentemente eu era a última convidada. - Corei involuntariamente.

  • Sim, eu me lembro de você. A garota que estava com o Luck.

  • Sim. - Dei um largo sorriso.

  • Bem, se é sobre isso, não posso te ajudar. Luck é muito reservado com sua vida pessoal. Além disso, eu realmente gosto deste trabalho, não pretendo ser demitido.

  • Ah, claro, eu entendo. Mas seria só por alguns momentos, eu só preciso mostrar algo para ele. - Minhas mãos estavam tão suadas que molharam o envelope, já amassado pela força com que eu o segurava.

  • Olha, você não entende - ele disse, passando as mãos pelo cabelo. - Este é meu trabalho, a única coisa que posso fazer por você é entregar o envelope para ele.

  • Mas... - disse, sentindo minha voz falhar e meus olhos se encherem de lágrimas.

  • Olha, me desculpe pela grosseria. Eu normalmente não sou assim, mas não há como te ajudar sem me prejudicar. - Ele sorriu infeliz. - Sinto muito. Por favor, saia pela área dos funcionários - disse, virando-se e caminhando até a porta.

  • Estou grávida - falei suavemente. Por um momento, pensei que ele não tivesse ouvido. Então Antony se virou lentamente com a bandeja na mão, e percebi o quão surpreso ele estava.

  • Como eu disse, não posso te ajudar. A menos que você consiga se lembrar da localização do seu quarto. - Ele olhou nos meus olhos, passando uma mensagem silenciosa logo após um encolher de ombros. - Então não seria problema meu. - Ele piscou e saiu.

Ok, entendi a mensagem.

Corri para fora da área dos funcionários até encontrar o corredor privado sem seguranças. Demorei um pouco para me localizar, mas consegui encontrar a escada. Subi. Caminhei apressadamente pelo corredor das fotos até ficar de frente para as portas duplas, que estavam apenas encostadas. Empurrei-as um pouco e o vi no reflexo do espelho, ajustando a gravata.

Droga... Droga... Droga... O que eu faço agora? Insegura, quase voltei sem dizer nada, mas era tarde demais. Tinha medo da reação dele, tinha medo de tudo. Continuei olhando para o reflexo dele no espelho até nossos olhos se encontrarem.

  • Como você me encontrou aqui? - ele disse rudemente, caminhando em minha direção.

Minha primeira reação foi recuar, mas assumi - Eu só subi - disse, sem conseguir olhar nos olhos dele.

  • Que tipo de segurança é essa? - Ele cuspiu agressivamente. Então ele se virou e caminhou em direção ao telefone.

  • Segurança...

  • Por favor, Luck...

  • ... tem alguém

  • Eu não quero confusão...

Falamos em uníssono.

  • Estou grávida! - gritei de uma vez, fazendo com que ele desligasse o telefone.

Tudo ficou em silêncio.

  • O quê? - ele disse, ainda segurando o telefone no ouvido. - Ignore - falou ao telefone. - Não é nada demais, só um engano. - E desligou.

  • Do que você está falando? - ele avançou violentamente, me fazendo recuar novamente.

  • Estou grávida - disse com a voz trêmula.

Ele pegou o envelope da minha mão e olhou para ele por um momento.

  • E o que diabos isso prova? - ele disse sarcasticamente. - Esse bebê pode ser de qualquer um. - Ele jogou o envelope na minha direção.

  • O que você acha? O que você acha? Eu te dei minha virgindade, seu idiota! - Levantei a voz, cansada de ser humilhada.

  • Eu não me lembro de você agindo como uma virgem - ele disse com um sorriso maldoso. - E além disso, onde você acha que essa situação vai nos levar? Para que você veio aqui? Acho que você se lembra bem que eu tenho uma noiva e compromissos futuros que não envolvem ser pai de um bebê que pode nem ser meu.

  • Não seja bobo, eu estava apenas encantada demais para perceber que você é um idiota, encantada demais para perceber que você não me merece, encantada demais para saber que nenhum homem vai me pisar assim de novo.

  • Oh, que discurso bonito! A pobre garota virgem que engravidou na primeira vez. Não posso acreditar que no século 21 isso ainda aconteça, a menos que você quisesse isso! - ele gritou.

Cerrei os dentes, enojada pelas acusações dele.

  • Pode apostar que eu não queria isso de jeito nenhum - disse amargamente.

  • Sabe de uma coisa? - ele disse, passando por mim e esbarrando com turbulência. Voltou alguns minutos depois. - Aqui! - ele disse, folheando um grosso maço de notas verdes presas por um elástico e jogando-as em mim. Peguei por reflexo.

  • O que isso significa?

  • Sua solução. Você disse que não queria isso. Bem, nem eu. Com esse dinheiro você pode pagar um açougueiro por aí para tirar essa coisa.

  • Eu nunca disse que ia tirar o bebê - falei, reforçando a palavra bebê.

Ele abaixou os olhos. Quando olhou para cima, era aquele Luck violento que eu tinha visto há muito tempo.

  • Eu juro, se você fizer qualquer coisa para me prejudicar - ele disse, se aproximando. Desta vez, eu não me afastei, estava cansada de ter medo. Olhei fundo nos olhos dele enquanto ele ficava cara a cara comigo.

Luck sussurrou lentamente:

  • Quem sabe... - Ele passou a mão sobre minha barriga lisa, sem tirar os olhos dos meus. - Eu mesmo não tiro esse bebê daqui. Acidentes simples causam abortos o tempo todo. - Estremeci com a frieza na voz dele.

  • Você nunca mais vai pôr um dedo em mim! - disse, segurando as lágrimas, mas orgulhosa de que minha voz não tinha enfraquecido.

  • Você não me conhece, garota! - Ele segurou meu rosto com força, fazendo minha boca se contrair involuntariamente.

  • Não me toque! - Ele tirou a mão do meu rosto.

  • Não teste minha paciência! Eu não vou assumir essa criança! Não tenho garantia de que essa criança é minha, e mesmo que tivesse, não posso ter um filho agora! Eu nem gosto deles!

  • Você não precisa ficar comigo! Eu só achei que você deveria saber caso quisesse assumir - falei, tentando não soar tola.

Luck soltou uma longa e verdadeira risada. - Mas o que você está pensando, hein? - E me pegou pelo braço.

  • Me solta! - falei alto. - Solta, você está me machucando!

  • Vou explicar uma última vez, vadia. Essa criança não vai nascer! - ele gritou. Senti pequenas gotas de saliva dele espirrarem no meu rosto. - Eu não vou ter filhos! E certamente não vou ficar com você! - Ele me arrastou para fora do quarto, ainda me segurando pelo braço. Luck me sacudiu por alguns minutos, dizendo todo tipo de insulto, e então me soltou.

Dei alguns passos trôpegos para trás até conseguir firmar os pés no chão, apoiando as mãos na parede enquanto observava Luck voltar para seus aposentos.

  • Filho da puta - murmurei suavemente, acariciando meus braços que acabariam marcados pela força com que ele me segurou.

  • Por favor, venha comigo.

Eu sabia que ele tinha chamado a segurança novamente. Olhei para trás, outro cavalheiro de terno me chamou.

Desta vez, eu não queria discutir, apenas segui o grupo, atraindo todos os olhares.

Peguei um táxi. Não pedi para Matthew me levar, também não queria que ele me buscasse. Ele era uma boa pessoa, mas eu não podia esquecer que trabalhava para Madeleine. E se ela perguntasse, sem dúvida ele responderia, e eu não precisava que ela criasse mil suspeitas. Eu não ia esconder, realmente não sabia o que ia fazer, mas chorar não estava mais nos planos. Entrei no táxi ainda tremendo da tentativa de falar com Luck. Meus olhos insistiam em se encher de água involuntariamente toda vez que eu pensava em como estava ferrada.

O táxi parou em frente à minha casa e eu saltei. A casa estava silenciosa, algo que era bastante normal, só fiquei surpresa de não ver Summer. Caminhei pelos cômodos e encontrei, pela primeira vez em três dias, Madeleine, sentada na poltrona da sala em frente à lareira, de costas para mim, apenas a ponta da cabeça visível. Suas mãos estavam relaxadas e descansando no braço da poltrona, segurando um copo de bourbon. Pensei em correr escada acima, não queria que ela me visse e me enchesse de perguntas. Quando me virei, levei um susto ao ver Vivian.

  • Vivian, que susto! - Descansei a mão no peito, e ela me puxou silenciosamente para o corredor.

Vivian olhou para baixo e então sussurrou, balançando a cabeça negativamente. - Sinto muito, Nicole.

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