




Cecilia
Três Anos Antes
"Cecília, para de chorar. Ele não vale a pena," disse Rebeca, claramente irritada com minhas lágrimas incessantes.
"Desculpa por gostar dele. Se você não aguenta me ver chorar, então vai embora," retruquei, minha frustração evidente.
"Tudo bem, estou indo. Tem certeza de que não quer vir com a gente?" Rebeca perguntou.
"Não, toda vez que saímos, o diretor nos segue. Prefiro ficar aqui," respondi com uma careta.
"Vamos, Cecília, anima. Você vai para a Itália no mês que vem e vai fazer 18 anos," Rebeca tentou levantar meu ânimo.
"Sim, mas agora, a humilhação do Bruno dói demais," murmurei. "Só vai, eu fico."
Assim que Rebeca finalmente me deixou em paz, pude finalmente reunir meus pensamentos sobre o que havia acontecido. Desde que cheguei a este internato aos 14 anos, fiquei encantada com um veterano chamado Bruno. Ele era o cara mais atraente daqui, pelo menos de longe. Eu nunca fui uma rainha da beleza, mas não esperava ser humilhada na frente dos meus amigos. Ele me chamou de gorda e chata, proibindo-me de comer. Já enfrentei humilhações antes por ser órfã, mas essa foi a pior. No entanto, na presença dele, me recusei a derramar lágrimas. Em vez disso, sussurrei para ele: "Você só vai perder a chance de ficar com a única virgem daqui." Sorri ao ver sua reação e me afastei.
Eu poderia ter parecido tola, mas valeu a pena ver a cara dele depois de mencionar que eu era virgem. Durante nossas conversas em grupo, ele frequentemente expressava o desejo de estar com uma virgem, alguém com quem ele pudesse fazer qualquer coisa. Agora percebo o quão tóxicos eram esses comentários e atitudes.
Depois de enxugar minhas lágrimas, decidi não ficar me lamentando na cama. Escolhi uma roupa elegante e sexy do guarda-roupa da Rebeca. Eu não iria me juntar a ela; ela estava fugindo do internato para visitar a parte chique da cidade, voltando mais tarde apenas para me livrar dessa virgindade, algo que guardei por tanto tempo, tudo por um idiota como o Bruno.
Apesar de me sentir devastada, me achei bonita no espelho. Bruno pode ter destruído minha autoestima, mas não deixaria ele me quebrar. Em menos de um mês, eu estaria fora daqui, em outro país, frequentando a universidade dos meus sonhos.
Chamei um Uber e juntei todo o dinheiro que economizei para meu próximo aniversário de 18 anos. Eu só queria me divertir e estar com alguém que me quisesse.
O Uber parou em frente a uma boate deslumbrante com uma longa fila. Quando me aproximei, ouvi pessoas gritando.
"Volta para a fila."
"A fila é aqui."
"Não entra baranga aqui."
Por um momento, quase desisti. Mas segundos depois, uma mão segurou a minha e me puxou para dentro. Eu não sabia quem era, mas segui, entrando na boate. Ela se virou para mim, sorrindo.
"Pronto! Você está dentro."
"Obrigada, mas eu não posso pagar," disse, me sentindo envergonhada.
"Não se preocupe com isso. Percebi que você precisava de ajuda e não gosto de discriminação," ela disse, sorrindo calorosamente. "Este é um cartão de open bar. Divirta-se; você não precisa pagar para se divertir."
Eu não podia acreditar que ainda existiam pessoas gentis e atenciosas como ela. Consegui entrada gratuita e passei a noite bebendo. Talvez este não fosse o pior dia da minha vida, mas um golpe de sorte. Talvez eu não encontrasse um cara que me achasse bonita agora, mas mantive a esperança viva. Eram apenas 2 da manhã; ainda havia tempo.
Às 3 da manhã, com o álcool me energizando, o homem que eu estava esperando chegou. Ele era o homem mais lindo que eu já tinha visto na minha curta vida. Era alto, pelo menos 20 cm mais alto que eu, não que eu fosse alta. Ele se sentou em um canto isolado e mal iluminado da boate. Era loiro, com o cabelo roçando a boca, o que eu achei encantador. Embora eu não pudesse ver seu rosto claramente, sua mandíbula quadrada e expressões intensas se destacavam.
Eu tinha um lugar privilegiado para observá-lo, mesmo na penumbra. Ele parecia perturbado e triste, como se estivesse tendo um dia tão terrível quanto o meu. Então, pensei em como poderia melhorar o dia dele. Pedi ao garçom um pedaço de papel e escrevi um bilhete.
"Você parece chateado. Esta bebida é para alegrar seu dia."
ASS: Garota do Bar
Quando o garçom entregou a bebida e o bilhete, ele olhou diretamente para mim, enviando um arrepio pela minha espinha. Seus olhos se fixaram nos meus, me forçando a desviar o olhar devido à intensidade. Nenhum homem jamais havia me olhado tão intensamente, despertando emoções que eu não conseguia compreender. No entanto, um homem como ele nunca me daria atenção. Eu estava contente apenas tentando melhorar o dia dele.
Alguns minutos se passaram, e eu não olhava mais para ele, sabia que não tinha chance, então fiquei no meu canto. Levantei-me para ir ao banheiro, estava um pouco bêbada, mas ainda conseguia me manter de pé, então era só lavar o rosto, retocar o batom e voltar a beber.
Respirei fundo pensando nas drogas que eu tinha ido fazer lá, levantei os olhos e encarei minha imagem no espelho, então ouvi a porta se abrir e depois se trancar.
"A porta estava fechada, só precisava respeitar, não custa nada," ouvi uma voz masculina e fiquei completamente paralisada quando vi quem era.
Era o homem para quem eu tinha enviado a bebida, olhando para mim de uma maneira estranha, como se quisesse me devorar.
Evitei olhar para ele novamente. De repente, ele estava na minha frente no banheiro.
"Por que você me mandou a bebida? Foi enviada por eles?" Sua voz profunda me fez tremer.
"Eu... eu..." gaguejei, congelada pela presença dele.
Eu não entendia seu tom ou a quem ele se referia.
Ele deu um passo à frente, e eu instintivamente recuei, me encontrando encurralada pela pia.
"Responda o que eu perguntei," ele disse novamente.
"Eu achei você bonito. Porque meu dia foi horrível, e eu queria melhorar o de alguém," consegui dizer, lutando para respirar. Ele deu outro passo, e eu senti minha razão escapando.
"Por que você se importou comigo?" ele perguntou, se aproximando de mim. Ele cheirava a uísque e canela, fechei os olhos e respirei fundo, queria guardar esse perfume.
"E por que uma mulher bonita como você teria um dia ruim?" ele questionou, suas mãos envolvendo minha cintura.
"Posso perguntar o mesmo sobre um homem aparentemente rico como você estar tão triste?" eu disse, encontrando seu olhar.
"Eu perguntei primeiro," ele sussurrou, seu hálito roçando meu ouvido enquanto ele mordia levemente meu lóbulo, me fazendo estremecer e soltar um gemido acidentalmente.
"O cara que eu queria como namorado me rejeitou e depois me humilhou na frente dos amigos dele," disse com irritação. "Isso responde sua pergunta?"
"Sim," ele respondeu.
"Você está me olhando de um jeito diferente," mencionei.
"E como estou te olhando?" ele perguntou, colocando uma mão nas minhas costas e dando um leve aperto.
"Como se quisesse me devorar," eu disse.
"E se eu quisesse, você se oporia?" ele perguntou.