




CAPÍTULO 5
Raven estava eufórica de excitação ao ouvir o som dos lobos uivando no quintal. Ela sabia que deveria estar dormindo, como sua mãe havia dito, mas não conseguia se conter. Ela precisava ver.
Era o solstício anual da lua de sua alcateia, e sempre a enchia de entusiasmo ver os membros pulando de alegria. Ela se aproximou da janela e olhou para fora, notando a grande fogueira que haviam construído na beira da floresta.
As pessoas dançavam lindamente, todas pareciam estar em seus próprios mundos. A visão trouxe um sorriso radiante ao seu rosto, e ela sentiu seu coração se aquecer ao ver aquilo.
Ela queria se juntar a eles; queria isso todos os anos, mas seus pais nunca a deixavam, sempre tinham uma desculpa ou outra para não permitir.
Isso a irritava ao pensar nisso, pois agora tinha oito anos, e, de acordo com seus cálculos, ela era praticamente uma adulta. Ela sabia o quão superprotetores seus pais eram, e apenas desejava que lhe dessem um pouco de espaço de vez em quando.
Ela nunca havia entendido por que eles insistiam em mantê-la sob uma "coleira" metafórica, mas agora ela entendia. Seus pais nunca pensaram que teriam filhos. Esperaram 20 longos anos sem sucesso e louvaram a deusa da lua por várias noites. Em uma ocasião, sua mãe, que era a luna da pequena alcateia escondida no que parecia ser o meio do nada, teve uma visão com a deusa da lua de que seria abençoada com uma menina saudável, e nos meses seguintes, Raven nasceu.
Pelo menos essa era a história que sua mãe e seu pai lhe contavam. Ela não tinha certeza de quão verdadeira era a história, mas acreditava nela mesmo assim, e isso trazia um sorriso ao seu rosto, além de esperança ao saber que era uma bênção dos deuses.
Ela foi tirada de seus pensamentos quando ouviu o som da porta se mexendo. Arregalou os olhos de horror enquanto corria para se afastar do parapeito da janela. Entrou em pânico enquanto olhava ao redor desesperadamente e se dirigiu para a cama. Assim que se acomodou, ouviu o som da porta sendo aberta. Tentou regular sua respiração, pois sabia que nunca poderia realmente enganar sua mãe. Ela sempre parecia saber quando estava fingindo.
Sentiu movimento ao redor do quarto antes que a cama afundasse ao seu lado. "Eu sei que você está acordada, querida." Disse sua mãe. Ela corou enquanto se sentava lentamente e olhava para sua mãe com um sorriso travesso no rosto.
Sua mãe não acreditou, olhando de volta para ela com uma sobrancelha levantada. "Alguém deveria estar dormindo. Por que você está acordada?" perguntou, e ela apenas deu de ombros em resposta. A verdade era que ela não tinha certeza.
"Eu só queria ver eles montarem a fogueira. Queria ver se a besta viria desta vez." Ela falou com um sorriso. Observou sua mãe dar de ombros enquanto soltava um suspiro.
"Você sabe que seu amigo monstro não é real, né? O único som de monstro aqui é 'Talvez você esteja triste'." Sua mãe disse, e ela soltou um suspiro disfarçado enquanto sua mãe ria levemente.
"Mas ele é real. Eu o vi aquela vez, e ele era realmente grande e estava realmente assustado." Ela disse isso enquanto ofegava alto. Sua mãe apenas balançou a cabeça diante do absurdo, mas felizmente não fez nenhuma tentativa de corrigi-la.
"Bem, você pode se proteger do grande monstro aqui no seu quarto, ok?" Ela disse para ela com firmeza, enquanto Raven mordia o lábio. Ela não queria concordar com sua mãe, mas sabia muito bem o quanto ela estava certa, e não era como se pudesse dizer não.
"Ok, mãe. Você pode ir." Ela disse, ligeiramente chateada. "Ei, não se preocupe. Talvez no próximo ano a gente organize um menor para as crianças, e aí você pode se divertir com todos os seus amigos." Sua mãe disse em um tom sugestivo.
Ela as observou enquanto Raven se virava para encará-la, seus olhos brilharam, e ela deu um sorriso radiante. "Sério? Ok, sim." Ela disse enquanto se inclinava e dava um beijo firme na bochecha da mãe.
"Obrigada, mamãe, e boa noite." Ela disse em um murmúrio enquanto se enfiava debaixo das cobertas. Sua mãe riu enquanto se inclinava e a beijava por cima das cobertas.
"Eu te amo, querida." Ela disse, e Raven não se preocupou em responder porque sabia que diziam isso todas as noites. Ela sabia que quando a manhã chegasse, sua mãe ainda estaria lá, e ela poderia dizer as palavras para ela.
Ela ouviu sua mãe sair do quarto, e seus passos ecoaram pelo chão. Ela escutou atentamente os movimentos dela enquanto esperava que passassem, e sentiu um alívio quando eles pareceram desaparecer.
No momento em que soube que sua mãe estava fora de sua proximidade, ela se levantou de repente, sentindo-se eufórica de excitação e não conseguindo mais se acalmar. Correu para a janela e voltou ao seu antigo lugar na esperança de estar sozinha para vislumbrar o que estava acontecendo novamente.
Ela podia ver a alcateia dançando e franziu a testa quando viu algumas crianças lá também. Ela não entendia como elas estavam autorizadas a estar lá e por que ela não estava. Queria esclarecer enquanto observava seus pais se dirigirem ao centro.
A alcateia os incentivou, e eles pareciam estar fazendo um discurso. E então, quando terminou, ela viu seu pai se inclinar e beijar sua mãe antes de colocar a mão na barriga dela. Seus olhos se arregalaram com a visão, e ela não pôde deixar de se perguntar se era o que ela estava pensando.
Ela viu a alcateia aplaudir alto, e ela se afastou. Não conseguia dizer exatamente como se sentia, mas não podia deixar de se sentir chateada pelo fato de não terem contado a ela. Parecia que seu coração estava se partindo, e mais uma vez, isso a lembrava que talvez eles realmente não a quisessem lá.
Ela voltou para a cama ao perceber o que estava acontecendo, como se tivesse levado um tapa na cara. Seus lábios tremeram enquanto ela dizia:
"Eu odeio vocês. Eu queria que vocês fossem embora."