




Capítulo 8 Adeus
À medida que a noite avançava, Lacey tentava dormir, mas sua loba estava muito inquieta. Incapaz de aguentar mais, ela se levantou da cama, vestida com sua camisola de seda de alças finas, e caminhou até a janela. Os sons de alegria haviam desaparecido e o luar brilhava intensamente, lançando um tom azulado sobre a terra.
De repente, houve uma leve batida na porta.
"Entre," ela disse com a voz rouca de tanto não usá-la.
Quando a porta se abriu, ela ficou surpresa ao ver Julien parado na entrada, sem camisa, mas com um olhar preocupado nos olhos. "Como você está?"
Ela deu de ombros, virando-se para a janela. "Não muito bem, já que perdi minha própria festa."
Ele suspirou, atravessando o quarto até ela. Então, colocou as mãos nos ombros dela. "Sinto muito por isso." Em seguida, ele deslizou os braços ao redor dela e apoiou a cabeça em seu ombro, sem dizer nada enquanto a segurava.
A loba de Lacey quase ronronou de prazer por estar tão perto do homem que ela havia escolhido como seu companheiro. Agora que conhecia Julien, ela entendia por que Wyatt havia escolhido Calla em vez dela. Nunca antes Lacey havia sentido uma conexão tão forte com outro homem.
Sem dizer nada, ele beijou seu pescoço até o ombro, movendo a alça fina para o lado. Ele a virou, mas a dor era evidente em seus olhos.
Naquele momento, ela só queria confortá-lo, tirar sua dor. Ele olhou profundamente em seus olhos, como se quisesse lhe dizer algo, mas não conseguia.
"O que foi?" ela sussurrou. "Você pode me contar."
Julien colocou a mão em sua bochecha, um olhar vulnerável em seus olhos. À luz do luar, uma lágrima brilhou em sua face. Ela levantou a mão para enxugá-la, mas ele segurou sua mão. Então, ele a soltou e saiu apressadamente do quarto, deixando-a se perguntando o que estava acontecendo com ele.
Incapaz de dormir, Lacey olhou pela janela até que os primeiros raios de sol da manhã perfuraram a escuridão. Lacey se vestiu e começou a arrumar suas coisas, mas a imagem de Julien à luz do luar a assombrava.
Enquanto arrumava, ela se perguntava se já podia ouvir a Matilha da Lua da Colheita em sua Mente de Matilha, ou se ainda estava na Mente de Matilha da Matilha Prateada. Mas rapidamente afastou o pensamento, sabendo que Julien era bastante possessivo com suas propriedades. E como ele obviamente a considerava sua propriedade, ela estaria em sua matilha. E quando um lobo deixa uma matilha para se juntar a outra, ele não pode mais ouvir a matilha que deixou.
As únicas roupas que ela tinha para arrumar eram de segunda mão. Ocasionalmente, sua mãe lhe trazia um vestido bonito, mas então uma de suas irmãs o notava e o reivindicava como seu. Lacey teria lutado pelas roupas, mas não tinha desejo de brigar por coisas materiais. Não, havia coisas mais importantes pelas quais lutar. Ela escolhia suas batalhas sabiamente. E lembrando de Julien quando veio até ela, o quão vulnerável ele parecia apesar de sua força e poder, ela decidiu que teria que fazer o mesmo com ele.
Quando Lacey terminou, todos os seus pertences cabiam em uma mala e uma caixa, contendo uma caixa de música que sua mãe lhe dera quando criança. Era sua posse mais preciosa e não havia como deixá-la para trás.
De repente, a porta se abriu ligeiramente. Quando ela olhou para cima, Julien estava parado na entrada, parecendo sexy com seu longo cabelo preto preso em um rabo de cavalo baixo, calças pretas justas e botas, e uma camisa de seda. Ele sorriu, cruzando os braços sobre o peito, com um olhar arrogante no rosto, o olhar vulnerável desaparecido.
Sua loba praticamente saltou de seu peito, reivindicando o lobo de Julien como seu companheiro, sentindo a conexão. Nunca a loba de Lacey havia tido essa reação com ninguém antes.
"Bom dia," ele disse, levantando uma sobrancelha.
"Bom dia." Lacey fechou o zíper da mala. "Já estava na hora de você vir me buscar."
Julien olhou para a mala surrada, torcendo o lábio em desgosto, e então olhou ao redor do quarto. "Onde está sua bagagem?" Julien revirou os olhos, balançando a cabeça. "Você deveria estar pronta para mim."
Ela cruzou os braços sobre o peito. "Eu só tenho essa mala e uma caixa."
"Você só pode estar brincando." Julien sorriu, balançando a cabeça. "Você é filha de um Alfa e essas são todas as suas únicas posses?"
Ela assentiu. "Basicamente."
Julien cruzou os braços sobre o peito. "Assim que chegarmos à minha mansão, mandarei sua empregada tirar suas medidas e meu estilista fará algumas roupas para você."
Ou eu poderia simplesmente ir às compras, Lacey pensou consigo mesma, mas disse em voz alta, "Isso não será necessário."
"Como minha companheira e futura Rainha Alfa, você se vestirá adequadamente e não me envergonhará."
Seus olhos brilharam. "Farei o meu melhor para não ser um embaraço," ela disse, sua voz cheia de sarcasmo.
Julien balançou a cabeça enquanto revirava os olhos. "Guarda!" ele gritou pelo corredor.
"Sim, Alfa Grey." Um homem que Lacey não reconheceu—obviamente da matilha dele—apareceu na porta.
"Leve a... bagagem... da Princesa para o carro. Estaremos lá em um momento." Ele suspirou. "E feche a porta ao sair."
"Sim, Alfa Grey." O jovem lobisomem fez o que lhe foi ordenado sem questionar. Lacey suspeitava que todos na matilha dele o obedeciam. Mas se ele esperava que ela se submetesse, ele tinha outra coisa vindo.
"Você se comportará da melhor maneira possível no caminho para minha mansão. Entendeu?" Julien instruiu.
"Não sou uma criança." Lacey o encarou, contemplando se transformar na mansão e aceitar as consequências.
"Diga adeus à sua família, e eu a encontrarei no carro," ele ordenou. "E não demore."
Lacey sorriu. "Tem certeza de que confia em mim para chegar ao carro sozinha?"
"Estou debatendo." Então ele se virou e saiu.
Lacey olhou para seu quarto uma última vez, memorizando-o, e então saiu. A única pessoa esperando no corredor para se despedir era sua mãe. Na opinião de Lacey, Camari tinha sido muito passiva com Thorn e agora ela tinha que pagar o preço. Seus próprios filhos viam que o Alfa não a respeitava, então por que deveriam? Lacey tinha sido a única de seus irmãos a amar sua mãe incondicionalmente. Os outros eram egoístas e exigentes, só sendo gentis com a mãe quando precisavam de algo.
"Lacey querida..." Com lágrimas nos olhos, sua mãe pegou ambas as mãos dela e a puxou para o lado, fora do alcance dos ouvidos, e abaixou a voz. "Sinto muito que Julien a tenha trancado ontem à noite. Não havia nada que pudéssemos fazer. Fui até Thorn, mas ele apenas riu. Por favor, me perdoe."
"Mãe, não é sua culpa." Lacey deu de ombros, dando-lhe um sorriso fraco. "Não foi tão ruim assim."
As sobrancelhas de Camari se franziram de preocupação. "Ele não a machucou, machucou?"
Lacey balançou a cabeça, colocando uma expressão corajosa. "Não, mãe."
"Que bom," sua mãe disse, soltando um suspiro de alívio. "Bem... você não quer deixar o Alfa esperando."
Uma ruga se formou entre os olhos de Lacey. "O pai não é o Alfa desta matilha?"
Sua mãe deu um passo mais perto, abaixando a voz. "Julien é o Alfa de todos os Alfas, o mais poderoso do mundo." Então ela beijou ambas as bochechas de Lacey. "Prometa-me que você será cuidadosa."
Lacey assentiu. "Eu serei." Depois de dar um último abraço em sua mãe, ela desceu as escadas e todos a observaram. Alguns sorriram, outros se viraram ou sussurraram. Enquanto passava por Wyatt, Calla abaixou os olhos e Wyatt apenas a encarou com as mãos nos quadris. Sem dizer mais nada a ninguém, Lacey saiu da mansão de seu padrasto e se afastou de sua matilha pela última vez.
Lá fora, ela ficou surpresa ao ver que várias limusines estavam alinhadas, esperando por ela. O carro da frente era uma limusine branca alongada e a porta estava aberta com o motorista segurando a porta aberta. O resto da matilha estava nas outras limusines estacionadas atrás, esperando.
"Madame." O motorista fez uma reverência e então pegou sua mão para ajudá-la a entrar no carro. "Bem-vinda à Matilha da Lua da Colheita."