




Capítulo 4 Verdade
Lacey tentou acalmar os nervos enquanto vestia seu vestido bege, mesmo sendo de segunda mão, pois não teve tempo de comprar algo novo. Em seguida, começou a arrumar o cabelo.
De repente, houve uma batida na porta. Quando Lacey a abriu, sua irmã, Marissa, estava lá, uma de seus seis irmãos. "Marissa."
Marissa olhou Lacey de cima a baixo e então estampou um sorriso no rosto. "Bem! Fico feliz em ver que você está fazendo bom uso do meu vestido antigo."
Lacey ergueu o queixo, recusando-se a deixar sua meia-irmã mexer com ela, como de costume. Gostando ou não, essa era sua Cerimônia de Compromisso e ela não ia deixar ninguém estragar isso. "É esperado... já que hoje é minha Cerimônia de Compromisso, você sabe. Mas não se preocupe..." Lacey deu um tapinha no braço dela. "Isso vai acontecer com você um dia também."
Marissa, junto com seus outros meio-irmãos, a tratava horrivelmente ao longo dos anos, já que seu pai não mantinha a paternidade de Lacey em segredo. Na verdade, Thorn praticamente incentivava o mau comportamento em relação a ela, não apenas de seus irmãos, mas também dos empregados.
O famoso sorriso falso de Marissa se espalhou por seus lábios. "Bem, pelo menos meu compromisso não será com um Alfa sádico... frio... cruel." Ela suspirou, sua voz de repente baixa. "Além disso, ouvi dizer que seu Alfa gosta de ser um pouco bruto, se é que você me entende."
"O que você está falando?" Lacey não ficava tão brava com sua irmã há anos... o que já era dizer algo.
Marissa soltou um suspiro exasperado, aproveitando a reação de Lacey um pouco demais. "Bem, ouvi dizer que ele é o melhor, o mais forte Alfa do mundo... o Alfa dos Alfas, por assim dizer." Um sorriso se espalhou pelo rosto dela. "Ele não tolera desaforo, nem desobediência, de ninguém." Ela apertou a mão de Lacey e deu um olhar simpático. "E eu sei o quanto é difícil para você... obedecer."
Lacey sorriu. "Essa palavra nem está no meu vocabulário."
"Eu sei." Marissa suspirou, fingindo simpatia. "Bem, só espero que ele não te quebre."
Lacey deu um passo à frente, seu sorriso desaparecendo. "Ele é quem deveria estar preocupado." Então Lacey deu um passo para trás, alisando o vestido enquanto erguia o queixo. "Agora. Se não se importa, meu compromisso está esperando."
Marissa assentiu, mas seu sorriso desapareceu enquanto se virava e saía, sem dizer mais uma palavra.
Quando ela se foi, Lacey suspirou. Uma coisa boa sobre ser comprometida tão de repente era que ela não teria mais que aturar Marissa e seus outros irmãos. E quando ela tivesse filhos, trataria todos da mesma forma... não importando a paternidade. Afinal, não era culpa dela que sua mãe tivesse tido um caso com outro homem que resultou em seu nascimento. Por que ela deveria pagar por isso?
Ela estava arrumando o cabelo quando houve outra batida na porta. Lacey suspirou, deixando as mãos caírem ao lado do corpo. "Marissa, se você voltou para se gabar mais um pouco, então é melhor me deixar em paz." Lacey marchou em direção à porta e a abriu com força, mas sua mãe estava parada na entrada, não nenhum de seus irmãos.
"Posso entrar?" A mãe de Lacey, Camari, perguntou, com os olhos cheios de lágrimas.
Lacey deu um passo para trás. "Claro, mãe. O que houve?" Assim que ela entrou no quarto, Lacey fechou a porta rapidamente.
Sua mãe segurou suas mãos, olhando em seus olhos enquanto as lágrimas escorriam por suas bochechas. "Sinto muito que você tenha que fazer isso... que seu pai te tratou dessa maneira."
Lacey suspirou. "Ele não é meu pai. Ele deixou isso muito claro a minha vida toda."
Camari assentiu. "Sim. E isso foi culpa minha. Eu deveria ter enfrentado ele há muito tempo, dito para não te tratar assim. E agora, você está sendo prometida a um homem que é pior do que ele." Ela passou um dedo sob os olhos. "Quando Julien procurou seu pai sobre uma companheira, seu pai ofereceu Marissa, mas Julien insistiu em levar você." Ela balançou a cabeça. "Não sei por quê. De qualquer forma, não baixe a guarda perto desse homem. Ouvi dizer que ele é terrível e cruel. Apenas tome cuidado. E tente ser obediente."
Lacey sorriu. "Mãe, eu nunca serei obediente." Ela a puxou para um abraço e depois se afastou para olhar em seus olhos. "Se ele queria um cachorrinho, então deveria adotar um. Mesmo que eu não seja tecnicamente filha de um Alfa, eu sou no meu coração."
Sua mãe deu um passo mais perto, abaixando a voz para um sussurro. "Seu verdadeiro pai também era um Alfa. Então sim, você é filha de um Alfa." Camari suspirou. "Só não o que você pensava."
Uma ruga se formou entre os olhos de Lacey. "Quem é meu verdadeiro pai, então?"
"O nome dele é Arkin Emerson, da Matilha da Sombra." Sua mãe sorriu. "Vou te contar sobre ele... em outra ocasião."
Lacey bufou. "Por que você não me contou sobre ele antes? Eu teria tido um lugar para ir além daqui." Camari acariciou o braço de Lacey, mas Lacey se afastou. "Mãe, você deveria ter me contado—"
"Eu tentei... centenas de vezes," sua mãe deu um passo mais perto, mas Lacey se afastou.
Lacey balançou a cabeça, incapaz de acreditar no que estava ouvindo. "Ele sabe sobre mim?"
Camari assentiu, sorrindo através de uma nova onda de lágrimas. "Sim, ele sabe."
"Então ele está morto para mim," Lacey respondeu, juntando seu cabelo em um coque bagunçado no topo da cabeça, mostrando seu pescoço longo e esguio. Estava ficando tarde e ela não tinha muito tempo para mais nada.
"Por que você diria uma coisa dessas?" O choque era evidente no rosto de sua mãe.
Lacey pegou o buquê de flores bege que Julien havia enviado. "Porque ele nunca tentou entrar em contato comigo. Todos esses anos, nunca uma vez." Ela puxou sua mãe para um último abraço e deu um beijo em sua bochecha. "Eu te amo, mãe."
Camari colocou uma mão em sua bochecha. "Eu também te amo, querida. E sinto muito por ter te causado tanta dor."
"Mãe, eu não estou brava. Você me deu uma vida." Ela beijou a bochecha da mãe mais uma vez e depois se dirigiu para a porta. "Te vejo lá embaixo?"
"Sim, claro." Camari assentiu, seus olhos ainda úmidos. "Você está linda, querida."
Lacey sorriu. "Obrigada, mãe." Então ela saiu pela porta, indo em direção à sua nova vida... se perguntando como seria.