




1. Jogo de moedas
‘Dakota Black, o novo rei do teflon de 2022.’
Coloco a revista TIMES na mesa e olho pela enorme janela do meu escritório. Seattle respira abaixo das nuvens e todos sabem que vai chover hoje.
E eu nunca gostei de chuva.
- Beep Beep *
A chamada na máquina pede minha atenção. Pressiono o interfone, recostando-me na cadeira que conquistei com anos de sangue e trabalho árduo.
“Senhor, sua entrevista com a Pegasus Publication foi agendada para as 13h30. Depois, uma videoconferência com a filial de Cingapura da Wire Hay Company está marcada para as 14h. Deseja fazer alguma alteração?”
“Não. Mantenha tudo conforme o cronograma.” Eu afirmo.
“Certo.”
Levanto-me do assento e caminho até a borda, que é o limite máximo da minha cabine, e depois vem a queda de vinte andares.
As pessoas parecem ratos enquanto correm para sobreviver, dispostas a subir umas sobre as outras para chegar à saída. E isso me lembra... Eu já fui um rato.
Corri entre outros roedores para sobreviver. Vivi nos piores esgotos e lutei com mangustos, guaxinins, cobras para viver mais um dia.
Meu terno confina meu peito pensativo enquanto respiro fundo, olhando para as nuvens escuras se aproximando, escondendo o trovão dentro delas. Memórias do passado surgem na minha pele, da época em que eu dormia com roupas molhadas sob a chuva torrencial.
O mundo não mostra simpatia pelos fracos.
Assim como a regra da natureza, os animais na hierarquia superior sempre se alimentam dos inferiores. E o que eu experimentei estando no fundo é que é melhor ser um predador do que uma presa.
Desde jovem, aprendi que o destino raramente é amigo de alguém. Depender da sorte ou da piedade dos outros só te empurra mais para o abismo da miséria.
Levei duas décadas para aprender que ninguém neste mundo está aqui por mim. Nenhuma mão amiga ou rosto bonito emprestaria seu ombro se você não tiver algo que eles desejam.
Todos são movidos por desejos de obter coisas que veem nos outros. E se você não tem nada que eles queiram de você, eles te tratarão como a poeira no portão que nem querem tocar.
E agora. Eles me devem.
Eu possuo uma empresa que é responsável pelo pão diário de trezentas pessoas. Eles trabalham para mim, para me tornar mais rico do que ontem em troca de um abrigo sobre suas cabeças.
É tudo um jogo de moedas.
Quanto mais você tem, mais seu pé pesa sobre os outros. E assim, é assim que você sobe na hierarquia.
- Humm *
Meu bolso vibra. E eu puxo o telefone com um suspiro profundo assim que leio o nome do chamador. Psycho Xavier.
Ah! Eu totalmente esqueci do meu compromisso com ele.
“Eu lembro que não te liguei de volta.” Caminho ao redor da mesa e pego a revista que se gaba dos milhões que minha empresa aumentou em um ano.
“Fico feliz que você lembre que me ignorou.”
Dou uma risada de escárnio com sua língua sarcástica e respondo, “Não foi um ato deliberado. Ainda tenho sua consulta marcada para o fim de semana.”
Conheci Xavier no ponto mais baixo da minha vida. Quando eu estava quase à beira de acabar com minha vida miserável. Ele foi um verdadeiro anjo para mim, que segurou meus nervos para não me matar e moldou minha bagunça emocional em algo que não é tão bagunçado agora.
“Você sabe que sou um homem ocupado, Dakota.” Xavier afirma os fatos.
“Você é mais do que um paciente para mim. Você é meu amigo. E eu genuinamente me preocupo com você. Especialmente quando você começa a ignorar suas sessões e seu médico.” Ele diz com sua voz de psiquiatra.
“Eu entendo.” Eu aceno com a cabeça em concordância.
“Eu só tenho estado ocupado com entrevistas e reuniões ultimamente. No fim de semana, definitivamente vou arranjar tempo e sua sessão será a primeira coisa que vou verificar na minha lista.” Eu prometo a ele.
“Deixa pra lá.” Ele diz como um homem cansado de desculpas. “Eu te liguei para realmente sair comigo. No meu clube.”
“Estou ocupado hoje.” Digo a ele enquanto verifico meu relógio para as reuniões.
“Não é hoje, idiota. É amanhã à noite.” Ele faz uma pausa. “E é uma noite especial.”
Xavier é psiquiatra durante o dia e, à medida que a noite avança, sua personalidade fica mais sombria. Ele possui um clube infame e explícito na cidade, que é reservado apenas para membros muito privados.
Meus ouvidos se levantam de curiosidade. “Que horas?”
“Oito.”
“Feito.” Digo a ele, reservando o horário na minha agenda para amanhã.
“E você sabe o código de vestimenta, certo?” Posso imaginar suas sobrancelhas se arqueando para mim.
“Preto.” Respiro fundo. “E uma máscara.”
“Sim. Nos vemos então.”
“Você vai.” Prometo a ele.
Coloco o telefone e a revista TIMES que estava segurando nas mãos. Deixo minhas pernas se esticarem enquanto me recosto na cadeira. Suspiro, fechando os olhos e aproveitando o silêncio na minha cabeça, algo que consigo uma vez na vida.
Às vezes, meu cérebro não para de falar, me dizendo ideias, pensando em ações, códigos e comparando com os concorrentes. Como se nunca parasse de falar na minha cabeça, e sinto que estou amaldiçoado a nunca ter paz na vida.
Felizmente, a medicação de Xavier funciona em mim e entorpece meus pensamentos a um nível que me permite dormir por algumas horas a mais. Tenho dinheiro, poder, tecnologia, mas não satisfação ou paz na vida.
Às vezes, sinto que estou a um passo de enlouquecer. Como um vulcão, o caos em mim está adormecido, mas ainda ativo.
E a cada dia, está ficando mais vivo do que no dia anterior.
- Beep Beep *
Pressiono a tela instantaneamente. “A entrevistadora da Pegasus Publication está aqui. Devo mandá-la entrar?” Torço o pulso e olho para o relógio: 13h29.
“Depois de um minuto.” Digo a ela.
“Entendido.”
Fecho os olhos e respiro fundo para relaxar. Meus ombros caem e meus pulsos se acalmam enquanto me preparo para a entrevista. Para suas perguntas famintas enquanto tentam cavar na minha vida pessoal e conta bancária.
Respiro fundo para garantir que a besta dentro de mim ainda está dormindo. Profundamente em um estado tranquilo de hibernação. Não quero que ele saia a menos que eu esteja pronto para lamber sangue. De novo.
Quando abro os olhos, há um silêncio absoluto. Mexo o pulso e o relógio pisca para mim: 13h33.
Uma agulha de irritação me pica na cabeça e me sento com uma carranca que desmancha meu humor calmo como um mar morto.
“Qual é o status?” Pergunto pelo interfone. Minha voz urgente e na ponta de uma faca. Odeio quando as pessoas bagunçam meu cronograma. Posso deixar passar qualquer coisa, menos meu tempo ou dinheiro.
“Tivemos um pequeno mal-entendido. Mas, já foi resolvido.”
Meus olhos se levantam quando a porta se abre e tiro o dedo da chamada de resposta. Uma garota com uma blusa de cetim vermelha e saia preta, brinca com o cabelo enquanto entra com passos incertos.
Nervosa.
Ela ajeita o cabelo ondulado no peito e olha para cima, encontrando o homem para quem veio aqui. Seus olhos encontram os meus e de repente sinto uma batida no meu peito silencioso com um impulso tão forte que sei que não estou sonhando.
Posso esquecer aquele rosto, mas aqueles olhos. Não consigo imaginar esquecer aqueles olhos cor de avelã nem na minha vida após a morte.
Emara... A besta dentro de mim sussurra enquanto acorda de seu longo sono.
NOTA DO AUTOR:
ESTE LIVRO É A VERSÃO MASCULINA DO LIVRO ATUALIZADO - SETE NOITES COM O SR. BLACK
**SE VOCÊ É UM NOVO LEITOR, EU RECOMENDO FORTEMENTE QUE LEIA A VERSÃO FEMININA PRIMEIRO, QUE É 7 NOITES COM O SR. BLACK. **
ESTE LIVRO CONTÉM QUESTÕES MENTAIS SOMBRIAS E CENAS SEXUAIS NÃO CONSENSUAIS E LINGUAGEM MADURA!