Capítulo Três
Se eu me lembrava bem, Ciara odiava a turma dos populares. Então, por que ela estava andando com eles? Ah, claro. Bryson.
Só podia ser meu azar.
Caminhei a contragosto até a mesa dos populares com uma leve carranca no rosto. Quando me aproximei, Ciara levantou o olhar e me viu chegando. Como prometido, ela guardou um lugar para mim à sua esquerda e Bryson estava à sua direita, o que, devo acrescentar, ela fez de propósito.
"Ciara, Ciara, Ciara... Você está mostrando sinais de uma namorada insegura e intimidada." Pensei.
Sentei na cadeira e sorri para ela, "Obrigada por guardar um lugar para mim." Eu disse. Vi Bryson me lançar um olhar rápido, antes de voltar a conversar com seu amigo.
Ela balançou a cabeça, "Sem problemas." Ela disse e olhou para minha bandeja, "Você ainda não mudou, Reagan. Ainda gosta de pudim." Ela riu.
Eu ri, "Pudim sempre vai ser o meu favorito, CeeCee. Você sabe disso."
Ela assentiu, "Sim, eu sei. Você disse, e cito, 'Quero me casar com essa delícia quando for mais velha'."
Eu ofeguei, "Você ainda se lembra disso? Nossa, eu tinha uns 10 anos e 'delícia' foi meu primeiro palavrão."
"Claro que lembro. Nós éramos melhores amigas desde os 4 anos." Ela disse.
Melhores amigas. Não tenho tanta certeza sobre essas palavras agora.
De repente, ficamos em silêncio. Eu debatia se deveria trazer à tona a pergunta que estava me incomodando, mas não tinha certeza. Que se dane!
Antes que pudesse me impedir, sacudi aquele sentimento estranho e perguntei.
"Então você e Bryson, hein?" Perguntei casualmente. Peguei uma porção do meu pudim com a colher e coloquei na boca, esperando a resposta dela.
Ela se mexeu na cadeira e respondeu meio nervosa, "Ah, sim. Isso meio que aconteceu um mês depois que você foi embora."
Então, Bryson seguiu em frente tão rápido, hein? Que droga.
"Uau. Isso foi rápido." Soltei.
Bryson de repente virou a cabeça e franziu as sobrancelhas.
Ciara ficou aflita, "Bem, depois que você foi embora, Bryson e eu meio que começamos a sair juntos enquanto procurávamos por você. Conversamos e ficamos mais próximos, então, depois de alguns meses, ele me chamou para sair."
Eu sorri, "Deve ter sido romântico. Quero dizer, Bryson é afinal de contas charmoso e irresistível. Quem em sã consciência o negaria?"
Ela sorriu hesitante, "Sim. Ele é bastante charmoso."
Bryson se levantou, "Com licença. Preciso ir ao banheiro." Ele disse.
Ciara assentiu timidamente e ele saiu sem dizer uma palavra.
Eu me levantei abruptamente, "Para onde você vai?" Ciara me perguntou, franzindo as sobrancelhas.
Olhei para ela, "Preciso ir ao banheiro." Menti. Preciso sair daqui antes de explodir.
"Ah. Ok, bem, volte quando terminar."
Assenti, "Volto já."
Com isso, saí da sala.
O som dos meus passos ecoava pelos corredores vazios. Eu precisava sair dali ou a empolgação de Ciara ia me enlouquecer. Claro, saber que eles estavam juntos não me incomodava, mas parecia que ela estava fazendo de propósito, como esfregar sal em feridas abertas.
Perdida no meu próprio mundo, esbarrei em algo - ou alguém - duro. Caí no chão com um estrondo alto. Isso ia deixar um hematoma nas minhas nádegas.
"Olha por onde anda, idiota."
Olhei para cima e vi Rebecca parada ali, em toda a sua glória maldosa. Ela estava com os braços cruzados na frente do peito e uma carranca estampada no rosto cheio de maquiagem.
E por que só eu caí no chão? Isso, eu não fazia ideia.
"Bem, de-soo-cul-pa, sua alteza malvada." Sibilei, esfregando minha bunda dolorida. Levantei-me devagar até ficar na altura dela e me limpei.
"O que você disse?" ela rosnou.
Revirei os olhos, "Deus, além de burra, você também é surda."
Num piscar de olhos, fui empurrada com força contra o armário. O estrondo ecoou pelo corredor vazio.
"Que diabos?!" Rosnei.
"A única vadia aqui é você. Entendeu?" ela rosnou.
Eu zombei, "Por favor, Rebecca. Você está sendo hipócrita se eu sou a única vadia aqui."
Ela agarrou meu braço e me empurrou novamente com força contra o armário. Suas unhas estavam cravando na minha pele. Tenho certeza de que isso ia deixar uma marca, "Ninguém me responde. Eu mando nesta escola, e se você tentar mexer comigo, vou fazer da sua vida um inferno." Ela zombou. Agora ela estava arranhando meu braço com as unhas, me fazendo sibilhar de dor. Maldita mulher, você afiou suas unhas ou algo assim?
"Rebecca. Solte ela."
Virei a cabeça para aquela voz e vi Bryson. Ele estava a alguns metros de distância com os braços cruzados sobre o peito, olhando para Rebecca.
Ele repetiu, "Rebecca. Eu disse para soltar a Reagan." Ele disse entre dentes cerrados.
Rebecca me encarou por um momento. Com um último empurrão, ela me soltou e sussurrou, "Isso ainda não acabou," e saiu.
Soltei um suspiro de alívio. O que diabos acabou de acontecer?
Olhei para meus braços onde Rebecca me arranhou. Havia três marcas de arranhão com um pouco de sangue saindo. Malditas unhas afiadas. Lembre-me de trazer um cortador de unhas quando vier para a escola amanhã, só por precaução.
Bryson se aproximou de mim, "Você está bem?" ele perguntou. Ele olhou para o meu braço e seu rosto endureceu, "Ela te machucou." Ele disse mais como uma afirmação do que uma pergunta.
Eu minimizei, "Está tudo bem. É só um arranhão."
"Reagan..."
Levantei a mão para interrompê-lo, "Bryson, está tranquilo. Eu estou bem."
Ele assentiu hesitante, "Se você diz." Ele disse e continuou, "Reagan, sobre o que a Ciara disse--"
"Está tudo bem!" Eu o interrompi, "Na verdade, estou feliz por vocês." Eu disse e dei um pequeno sorriso.
"Reagan, sinto muito se te machuquei. Você sabe que significa muito para mim." Ele disse em um tom derrotado.
"Bryson, está tudo bem. Você seguiu em frente. Eu segui em frente. Seja feliz, tá?"
Ele passou a mão pelo cabelo e depois a deixou cair ao lado do corpo, "Isso tudo está muito confuso."
"Nem me fale." Murmurei e comecei a me afastar, "Olha, eu preciso voltar para a Ciara."
Ele suspirou, "Ok."
Girei e comecei a caminhar de volta para a cafeteria. Parei por um momento e olhei por cima do ombro, "Ei, Bryson?" Chamei.
"Sim?" ele perguntou. Meu coração doeu quando vi seu rosto abatido, que carregava tanta tristeza e arrependimento, mas afastei esse pensamento.
"Seja feliz." Virei a cabeça de volta e saí com o coração pesado.