Read with BonusRead with Bonus

Capítulo Um

"Meu Deus! Meus pés estão doendo. Por que você não me disse que mora tão longe da civilização, Derek?" Eu reclamei. "Já chegamos?" Eu não queria soar como uma criança de quatro anos reclamando, mas toda essa caminhada estava me fazendo agir como uma boba.

Se ele não fosse tão bonito, eu teria dado uma bronca nele por não me avisar. Não havia necessidade de eu reclamar. O cara só me ofereceu um teto sobre minha cabeça e o mínimo que eu poderia fazer era ser grata, mas sendo a idiota que sou, acabei agindo como uma ingrata desajustada. Sim, muito legal, Reagan. Mas eu não conseguia evitar.

Por algum motivo, ele não mencionou que sua casa ficava longe do ponto de ônibus. Por que ele optou por não me contar? Isso, eu não fazia ideia. Metade do tempo em que estávamos andando, eu esperava pelo momento em que ele iria me atacar ou, pior, me matar a sangue frio. Nada disso aconteceu. Talvez fosse apenas minha imaginação correndo solta, ou era apenas o instinto humano tomando conta ao encontrar um estranho. Um estranho bonito, devo acrescentar.

Olhei para ele. Ele não parecia cansado nem ofegante com toda aquela caminhada. Era como se andar meia milha a pé fosse tão fácil quanto escovar os dentes ou pentear o cabelo.

De repente, ele parou de andar e ficou em frente a um portão de ferro maciço com as iniciais DJK no meio. "Chegamos." Ele disse e se virou para me olhar.

Meu Deus. O portão era enorme. "Hum, Dee, o portão parece gigantesco." Engoli em seco enquanto olhava para a estrutura de ferro maciça à minha frente.

Ele sorriu, bastante divertido com o novo apelido que eu lhe dei. "Dee?"

"Uh... haha... é a abreviação de Derek." Eu gaguejei. Ai, meu Deus.

Ele pareceu perceber meu desconforto, então deu alguns passos em minha direção e sorriu enquanto colocava uma mão no meu ombro. "Ei, está tudo bem. Eu gosto do som de Dee," ele disse. "É bem mais refrescante do que dizer meu nome completo."

Soltei um suspiro que não percebi que estava segurando. Que bom que ele não achou estranho. "Legal então."

Ele riu e deixou a mão cair ao lado do corpo, depois se virou. Caminhou até o portão de ferro e o empurrou para abrir. Ele fez um gesto com a cabeça. "Pode entrar."

Fiz o que ele mandou e entrei. Ele me seguiu e nós dois começamos a caminhar pela longa entrada.

Havia árvores alinhadas dos dois lados, com suas folhas e galhos se arqueando para se encontrar no meio. A cada dois metros havia um poste de luz, iluminando o caminho para visibilidade. Eu tinha a sensação de que esse tal de Derek era rico. Muito rico. Só a entrada já era uma pista evidente.

Quando chegamos ao fim do caminho, meu queixo literalmente caiu no chão. Não acredito!

A casa era enorme. Era feita de tijolos vermelhos e havia quatro pilares na porta da frente, inspirados no estilo classicista. As janelas eram realmente grandes, e havia luzes em cada uma delas, o que dava um ar encantador à casa. No início do pátio, havia duas colunas de tijolos em cada extremidade, marcando a entrada da casa. Na frente das colunas, havia alguns arbustos lindamente aparados. Uma palavra poderia descrever a mansão: luxuosa.

"Você mora aqui?" Perguntei, maravilhada.

Ele riu. "Na verdade, sim. Vamos entrar. Vou te dar um tour completo."

Eu só consegui acenar com a cabeça.

Caramba.

Esse ia ser um tour e tanto.


Fiquei chocada ao descobrir que a mansão tinha 15 quartos, uma sala de estar incrível, totalmente equipada com os consoles de jogos e tecnologia mais recentes que qualquer adolescente mimado poderia imaginar, uma piscina, uma academia, uma sala de jogos, uma garagem cheia de carros esportivos de última linha, e a lista continua. Era como um hotel completo com todas as suas comodidades! Sem falar na cozinha. Parecia aquelas que você vê em um restaurante.

E não era só isso.

Ele tinha um batedor de claras.

Quem em sã consciência teria esse tipo de utensílio de cozinha na mansão de um cara? Talvez um chef, mas Derek? Totalmente fora do personagem - ou talvez eu estivesse apenas estereotipando.

"Aqui estamos." Ele disse, me tirando dos meus devaneios internos.

Pisquei, parecendo envergonhada enquanto me virava para olhá-lo. "Hum, desculpa." Pedi desculpas. "Sua mansão é linda, Derek. Não quero ser rude, mas o que você faz para viver, afinal? Já que pode pagar por essa casa enorme?" Perguntei.

Ele ficou tenso. Ah, será que toquei em um ponto sensível?

Seu maxilar forte se contraiu enquanto seus olhos se tornavam cautelosos, seus orbes azul-escuros ficaram mais escuros. Acho que fui longe demais. Talvez ele não quisesse que eu soubesse que estava envolvido em algum negócio obscuro. Ou talvez, esse fosse o momento em que ele diria: 'Eu poderia te contar, mas então teria que te matar'.

Levantei a mão, com a palma voltada para frente. "Desculpa! Não é da minha conta, então você não precisa responder." Disse apressadamente. Deus, ele deve pensar que sou uma adolescente intrometida.

Ele balançou a cabeça. Parecia relaxar um pouco enquanto falava. "Não, está tudo bem. Tenho negócios em vários países." Ele disse e deu de ombros. Que maneira vaga de responder, cara.

Assenti hesitante. "Ok..."

"Este será seu quarto." Ele disse.

Olhei para a porta fechada que ele estava indicando e assenti. Ele abriu a porta e, mais uma vez, meu queixo caiu.

Eu sei. Meu queixo parecia cair toda vez que eu via algo impressionante e incrível.

O quarto era uma mistura de preto e rosa. Não o rosa Pepto Bismol, mas um tom suave de rosa que não era doloroso aos olhos. As paredes eram de um rosa pálido. Os móveis eram pretos e as cadeiras tinham almofadas com estampa de zebra. Havia uma escrivaninha preta perto da janela com dois abajures em cada extremidade. Uma TV de tela plana estava montada na parede adjacente ao enorme sofá-cama rosa cheio de almofadas que pareciam tão macias para abraçar e tocar.

Eu poderia viver com isso.

Entrei no quarto para sentir o ambiente. Caminhei até a cama e passei a mão sobre o edredom, que não era áspero. Era suave e macio como penas.

"Não sei se você gosta deste quarto, mas há outros---" Eu o interrompi no meio da frase.

"Não, não! Este quarto é legal. Não é problema." Eu disse. Ele já estava sendo generoso ao me dar um quarto que qualquer garota poderia sonhar.

Ele me olhou ceticamente, "Tem certeza?"

Assenti. "Tenho certeza."

"Hum, acho que vou te deixar se acomodar. Se precisar de alguma coisa, meu quarto é três portas à direita. Conversaremos de manhã." Ele disse enquanto começava a recuar em direção à porta.

"Sim, claro. Até amanhã de manhã."

Ele assentiu. Abriu a porta, mas antes de sair do quarto, eu o chamei.

"Derek?"

Ele se virou e sorriu. "Sim, Reagan?" Seu sorriso definitivamente me fazia derreter no lugar.

"Obrigada."

"De nada. Bons sonhos." E com isso ele saiu do quarto.

Ah, sim. Eu teria bons sonhos, com certeza.

E eu tinha certeza de que Derek estaria neles.

Gemi e pulei na cama, corando como um tomate.

Ótimo.


Um mês depois

Já se passou um mês e, deixe-me dizer, eu nunca poderia me acostumar a viver assim.

O luxo que Derek proporcionava era de tirar o fôlego e eu tinha que me beliscar para ver se estava sonhando. Mas eu não estava. Isso era real.

Derek se certificou de que minha educação nunca fosse deixada de lado. Ele me perguntou se eu queria voltar para a escola, mas eu não tinha coragem, nem ânimo para voltar. A dor ainda estava lá e levaria mais do que um curativo para me consertar.

Mas curativos não foram feitos para consertar um coração partido, então esqueça essa ideia.

No dia em que conheci Derek, ele decidiu que eu deveria ser educada em casa por um tempo, então ele contratou os melhores tutores do estado. Quando ele disse os melhores, ele realmente contratou os melhores. Derek era realmente generoso. Muito generoso para um cara que ajudou alguém que mal conhecia, e eu perguntei por quê. Como resposta, ele apenas deu de ombros e me deu um sorriso largo. Quão estranho era isso?

Às vezes, se ele não estivesse ocupado, ele se sentava e me ensinava coisas que nenhum professor jamais havia passado nas quatro paredes da academia. Eu pensava, para um jovem de 21 anos, ele com certeza era inteligente e sabia do que estava falando.

"Reagan, qual é o termo espanhol para morte?" ele perguntou. Ele me olhava como um sargento instrutor.

Era sábado. Eu não sabia por que ele optou por termos aulas de idiomas quando deveríamos estar relaxando na piscina ou algo assim. Mas, em vez disso, estávamos reunidos na biblioteca. Tendo uma aula.

Eu gemi. Qual era mesmo? Muerta? Muerde? Moody?

Gemi de novo. Moody nem era uma palavra em espanhol.

"Reagan?" Ele perguntou novamente, arqueando as sobrancelhas. "Já faz um mês. Você deveria saber isso."

Lancei-lhe um olhar irritado. "E daí? Não é como se eu fosse acertar tudo. Desculpe por ter um cérebro do tamanho de um amendoim." Bufei e olhei para o lado.

Ele suspirou. "Vamos lá. Pense bem."

Revirei meu cérebro em busca de respostas. Qual era aquela palavra? Comecei, embora tivesse certeza de que estava errado. Pelo menos eu tentei. "Muertow?"

Ele franziu a testa. "Reagan, é muerte."

Levantei as mãos no ar, frustrada. "Por que estou estudando isso, afinal? Estudar diferentes idiomas vai me ajudar na vida?"

Ele suspirou, balançando a cabeça. Lá vamos nós. "Conhecimento extra não faz mal, Reagan. Vai te ajudar na vida e é um ponto a mais para suas credenciais."

Eu zombei. "Ah, claro. Credenciais, meu pé."

Ele me lançou um olhar severo. "Linguagem, mocinha."

Ops.

Suspirei e encostei a cabeça na mesa. "Ugh. Podemos fazer outra coisa? Todo esse estudo está me deixando tonta." Era a verdade. Minha cabeça estava literalmente girando, saindo de controle com todo esse conhecimento intenso enfiado no meu cérebro. Já sentia pena da minha Medula Oblongata.

"Tá bom." Ele resmungou e eu olhei para cima, sorrindo como uma boba. "Mas," ele acrescentou.

"Ah, Derek. Sem 'mas', por favor." Eu reclamei.

Ele riu. "Você precisa recuperar muito do seu espanhol, mas vou te dar um dia livre para fazer o que quiser. Contanto que estude depois disso. Combinado?"

Eu sorri. Finalmente! Eu poderia usar um tempo de descanso agora mesmo. Assenti. "Combinado."

"Agora vá. Faça o que quiser ou algo assim." Ele disse.

Levantei-me e corri para a porta. "Obrigada!" Gritei por cima do ombro.

Ele riu. "De nada, pequena. Divirta-se!"

E com isso, fui direto para o meu quarto, coloquei um biquíni e fui para a piscina.

Eu me pergunto quanto tempo eu aguentaria sendo educada em casa.

Uma coisa é certa, eu ainda não estava pronta para voltar.

Previous ChapterNext Chapter