Sentindo dor
Talvez ele fosse esperto o suficiente para deixar seus subordinados fazerem o trabalho sujo por ele. Se eu pudesse gravar todos os rostos deles, talvez eu pudesse dar uma olhada nos membros do bando dele e compará-los...
Passos atrás de mim interromperam meus pensamentos.
"Te encontrei," um homem rosnou com uma voz monstruosa.
"Merda," sibilei enquanto me virava rapidamente de onde estava deitado de bruços. Um homem havia se aproximado silenciosamente por trás de mim enquanto eu olhava na direção do barco. Droga, esses lobos eram tão rápidos e furtivos.
Antes que eu pudesse pensar muito sobre o que fazer a seguir, levantei meu rifle e atirei na direção do homem. O silenciador só escondia o som dos tiros até certo ponto. Eu sabia que os outros lobos lá embaixo ouviriam isso.
Mas minhas balas não eram de prata, e esse nem foi meu primeiro erro da noite.
Uma bala havia raspado na bochecha do lobo, e outra se alojou em seu ombro, agora manchando seu terno na escuridão com o sangue que escorria de seus ferimentos. O terceiro tiro errou completamente.
O choque do disparo foi suficiente para fazê-lo cambalear em sua aproximação, mas não o bastante para derrubá-lo. Eu tinha apenas alguns momentos para sair dali.
Ok, foi uma péssima ideia voltar. Especialmente porque Apollo nem estava aqui para se implicar ainda mais como o líder desta operação.
Eu teria que me repreender mais tarde. Por enquanto, eu precisava fugir dos lobos, que agora estavam cientes da minha posição. Rolei para me levantar e comecei a correr pelo telhado. Não demorou muito para eu ouvir o homem se transformando na besta que estava esperando sob sua pele. O som de carne rasgando e ossos quebrando era nauseante.
Se eu não estivesse tão acostumado com a morte, isso poderia ter me deixado enjoado.
Apontei cegamente para trás, onde o lobo estava se transformando, e disparei o rifle mais três vezes para ganhar um pouco mais de tempo enquanto corria. Seu rosnado era alto o suficiente para alertar os outros, caso meu tiro ainda não tivesse feito isso. Como eu suspeitava, mais rosnados e latidos chegaram até mim do cais abaixo.
Este prédio era mais baixo do que o armazém de onde eu estava observando da última vez que estive aqui. Era muito mais fácil pular no topo de uma lixeira e rolar para o pavimento a partir do prédio baixo. Assim que meus pés tocaram o chão, corri para onde havia escondido minha moto desta vez.
Não consegui chegar lá. Dois lobos apareceram na minha frente e ouvi o lobo marrom pular do prédio e aterrissar ao meu lado direito. Com um suspiro de agitação, disparei alguns tiros do rifle na direção deles, sabendo que tudo o que poderia fazer era ganhar mais tempo para correr.
Virei e corri na direção oposta. Isso me levaria ao lote com os outros lobos e o caminhão de carga. Internamente, gemi para mim mesmo enquanto tentava planejar uma rota de fuga.
O lobo marrom estava rosnando enquanto se aproximava, suas patas trovejando no concreto atrás de mim, me instigando a correr mais rápido. Quando vi o SUV preto entre mim e os homens descarregando o barco, uma luz se acendeu na minha cabeça.
Vou roubar aquele carro.
Quando cheguei perto o suficiente, me joguei sobre o capô do veículo preto e olhei para trás o suficiente para mirar no lobo marrom que estava na minha cola. Disparei apenas dois tiros para desacelerá-lo quando os homens carregando o caminhão me ouviram.
"Ei, que porra é essa!" Vários deles vieram na minha direção e eu corri para a porta do motorista e a abri com força. O som de vidro quebrando me atingiu quando alguém atirou nas janelas traseiras do SUV.
"Merda!" sibilei, abaixando a cabeça e cobrindo-a com os braços.
Por sorte, eu vi que o homem careca tinha deixado as chaves na ignição. Graças aos deuses pelos idiotas. Girei as chaves com a cabeça ainda abaixada e quase suspirei de alívio quando o motor ronronou ao ligar.
Algo bateu no lado do passageiro do carro e eu me virei a tempo de ver um lobo se preparando para se jogar contra o SUV novamente. Foi quando pisei no acelerador. Virei o volante bruscamente para o lado e, através da janela quebrada, apontei minha arma e atirei no caminhão de carga.
Não sei exatamente o que acertei, mas o caminhão explodiu em chamas. A explosão ecoou pelo estacionamento e o cheiro de fumaça invadiu meu nariz enquanto eu mantinha o pé no acelerador.
Quando o SUV entrou na rua, pensei que estava livre, mas um lobo ainda me seguia. Pelo retrovisor, vi que um lobo cinza estava perseguindo o veículo.
"Isso foi estúpido." Queria me dar um tapa por me meter nessa confusão. Eu tinha acabado de dizer a mim mesmo que não precisava de algo assim acontecendo. Muita atenção poderia fazer com que eles deixassem a cidade ou se mudassem.
Mas aqui estávamos nós.
Ouvi um rápido vroom e vi que o lobo havia encontrado minha moto escondida e agora estava me acompanhando na rua. Ah, isso só ficava cada vez melhor. Eu realmente gostava daquela moto.
Justo, eu meio que roubei o carro deles.
A rua em que estávamos subindo se elevava e havia uma rodovia movimentada ganhando vida abaixo de nós. Mesmo tão tarde, ainda havia muita atividade tão perto da cidade.
"Isso é provavelmente ainda mais estúpido, mas dane-se!" Virei o volante para a esquerda, e o SUV bateu na grade de proteção ao lado da estrada. De repente, eu estava voando sobre a rua abaixo. O tempo parecia desacelerar enquanto eu via cada carro na rodovia abaixo tentando parar ou acelerar para sair do caminho do grande veículo preto pairando sobre eles.
Quando o carro caiu na rua, minha cabeça bateu no volante e senti o estalo agudo do meu nariz quebrando e o sangue espirrando da minha boca.
Meus ouvidos estavam zumbindo, e uma dor de cabeça lancinante estava tomando conta e nublando meu cérebro. Em vez de sucumbir à dor, sacudi a cabeça e tentei pisar no acelerador novamente. Mas o veículo estava morto após aquela aterrissagem forçada.
Empurrei a porta e fui atingido pelo som de buzinas e pessoas gritando de suas janelas enquanto passavam ao redor da pilha amassada de metal preto.
O homem estava na moto atrás de mim, observando a cena que eu havia criado com um rosnado desagradável no rosto. Agradeci pela máscara cobrindo meu rosto enquanto me afastava dele e pulava na traseira de um caminhão semi-reboque em alta velocidade.
Demorei uma hora para voltar ao quartel-general e, quando cheguei, fiquei feliz por ser tão tarde.
Se Donovan estivesse acordado, tenho certeza de que teria sido informado da minha chegada e em que estado eu estava. Eu não precisava que ele se preocupasse comigo mais do que já se preocupava.
Não era amor que causava sua preocupação, apenas a ideia de perder um de seus melhores agentes. Afinal, não se pode ter um agente morrendo no meio de uma missão tão importante.
Entrei na grande banheira do meu banheiro, olhando pela janela para as luzes da cidade brilhando contra o céu noturno. A água gelada do banho de gelo me chocou, e um suspiro escapou dos meus lábios enquanto eu deslizava sob a superfície da água.
Eu havia feito um pedido de remédio curativo para ser entregue no meu quarto e o som da campainha alertando-me sobre sua chegada me fez suspirar de alívio. Depois de meu mergulho na banheira e uma alta dose de analgésicos, desabei na minha cama.
Era importante que meu nariz não parecesse quebrado. Afinal, eu tinha uma festa chique para ir. Então, deixei o sono me dominar e empurrei o pensamento para o fundo da minha mente.