Capítulo 6
Acordei com vozes murmurando entre si. Não consegui entender o que diziam, mas percebi que eram dois homens. Vesti uma legging e uma blusa de manga comprida solta, e escovei os dentes antes de sair do quarto. Caminhei em direção ao cheiro de café. As vozes ficaram mais altas, mas quando entrei na cozinha, elas pararam. Vi Oliver e Sean olhando para mim. Oliver veio até mim, me deu um beijo e me levou até o balcão de café da manhã.
"Como você está se sentindo, precisa de algo para a dor?" ele perguntou. Balancei a cabeça e ele me entregou apenas um antibiótico e um ibuprofeno. "Para o inchaço no seu braço." Ele disse enquanto eu os tomava.
Deixei meu olhar percorrer Sean, e senti seu olhar quente fazer o mesmo. Meus olhos absorveram seu corpo esguio de um metro e noventa. Ele tinha músculos, mas não era exageradamente musculoso. Parecia um corredor. Ele estava vestindo uma calça tática bege e uma camiseta preta que abraçava seus braços e ombros, mas sem ser muito apertada. Sua camiseta tinha o nome e o emblema da KT Security e na manga estava escrito "Chefe". Ele estava encostado no balcão com uma xícara de café à sua frente, com as pernas cruzadas nos tornozelos. Oliver pigarreou, puxando meu olhar de volta para seu rosto sorridente.
"Então, Sean e eu estávamos conversando que depois que você comer, iremos para o escritório e podemos revisar tudo com você e você pode conhecer o resto da equipe." ele disse sorrindo para seu café.
"T-tá bom." murmurei. Oliver colocou um prato de panquecas e bacon na minha frente, e uma xícara de café do jeito que eu gosto. Ele lembrava de tanta coisa do ensino médio. Comi, enquanto ignorava o olhar de Sean que continuava voltando para mim. Os homens continuaram falando sobre coisas de trabalho enquanto eu comia. Depois de terminar, Oliver enxaguou meu prato e colocou na lava-louças. Ele foi até a porta e pegou meus sapatos. Enquanto eu os calçava, ele foi para os fundos da casa. Quando me levantei depois de calçar os sapatos, uma onda de tontura me atingiu. Tentei segurar o encosto do banco em que estava sentada, mas errei. Antes que eu caísse muito, Sean segurou meu braço bom e me estabilizou.
"Você está bem?" ele perguntou, seus olhos verificando meu corpo.
"Estou bem." murmurei, ao perceber o quão próximos estávamos.
"Se vocês estiverem prontos, vamos sair." Oliver disse com um sorriso malicioso do outro lado do balcão.
Limpei a garganta e puxei meu braço da mão de Sean. Caminhei até Oliver e peguei minha bolsa que ele estava segurando e me movi para ir até o carro. Fui puxada de volta para Oliver, pois ele não tinha soltado minha bolsa. Ele pressionou um beijo rápido nos meus lábios, me virou e me acompanhou até o carro. Ele me ajudou a entrar, enquanto Sean entrou em uma caminhonete preta alta que estava estacionada ao lado do SUV de Oliver.
Oliver caminhou até a janela e eles conversaram por um momento antes de Oliver voltar para o SUV, entrar e ligá-lo. Ele deu ré e começou a descer a entrada. Ele estava tenso, e eu podia sentir a tensão irradiando de seu corpo.
"O que está na sua cabeça, Oliver?" perguntei, virando-me para ele.
"Nada."
"Não, eu não sou burra. Algo está te incomodando." retruquei.
Ele olhou para mim e levantou uma sobrancelha. Seu rosto claramente dizia, Com quem você pensa que está falando. Senti meu rosto esquentar e ele voltou a olhar para a estrada. Um sorriso lentamente se formando em seu rosto.
"Eu gosto desses vislumbres da garota atrevida que eu costumava conhecer." Suas palavras só aprofundaram meu rubor e eu me virei para frente novamente. "Estou pensando que muita coisa mudou desde que éramos um casal. Nós crescemos, e com o crescimento vêm mudanças. Sei que ainda temos uma conexão e claramente ainda nos importamos um com o outro, mas estou preocupado que minhas preferências te afastem, especialmente depois do que você passou." Seu rosto estava solene, e eu podia ouvir a vulnerabilidade em sua voz.
"Você nunca saberá se não discutirmos isso e formos honestos um com o outro." disse olhando pela janela.
"Eu só não quero te sobrecarregar. Estou tentando levar as coisas devagar, mas é tão difícil. Estou tentando manter distância, mas não consigo." Ele disse, colocando uma mão na minha coxa. Eu a cobri com minha própria mão.
"Então vamos conversar. Temos meia hora, certo?" disse olhando de volta para ele. Ele sorriu e assentiu, olhando de volta para mim.
"Tá bom, pequena, você quer fazer isso agora. Vamos lá. Como você lembra do nosso relacionamento?" ele perguntou, sua mão voltando para o volante.
"Eu lembro de você sendo um namorado possessivo, mas atencioso. Você sempre se certificava de que eu estava bem cuidada, e que minhas necessidades, mentais ou físicas, eram atendidas." disse olhando para frente do carro.
"Bem, isso só piorou. Enquanto eu estava no serviço, fui apresentado a um clube de sexo, onde fui ensinado a abraçar meus traços dominantes e aprendi a dominar mulheres. Eu gosto de uma mulher submissa na cama, gosto de estar no controle e de testar limites." Ele afirmou, sem encontrar meu olhar. "Você não precisa ter pensamentos sobre isso agora, ou concordar com nada. Eu estarei lá e cuidarei de você, não importa o que aconteça." ele disse, olhando na minha direção. Fiquei quieta por um tempo, processando o que ele acabara de me contar. Olhei pela janela ao meu lado e observei as árvores passando. Finalmente, conseguindo formar um pensamento, olhei de volta para o para-brisa.
"Você quer me amarrar e me bater." Eu disse, sem tirar os olhos da janela.
"Não, pequena, eu não quero fazer isso. Há muito a aprender, mas eu gosto de cuidar de você e estar no controle. Mas, no final das contas, você tem o maior controle. Você controla o que fazemos e o que não fazemos. Você controla quando paramos, até onde vamos, tudo. À medida que aprendermos os gostos e desgostos um do outro, adicionaremos mais coisas e avançaremos mais fundo no estilo de vida. Eu não quero te bater. Amarrar você desperta um interesse, mas apenas para te deixar louca. Eu não gosto de causar dor. Mas pequenas quantidades de dor podem ser prazerosas." Ele disse com um sorriso.
"Acho que quero mais tempo antes de tomar uma decisão." Eu disse, apertando as pernas. A ideia de ser amarrada e enlouquecida, com Oliver no comando, mexia com minha mente e corpo. Eu só não tinha certeza se poderia lidar com palmadas ou dor, eu já tinha passado por muito disso recentemente e nunca foi prazeroso.
"Posso te dar alguns sites e livros para você ler e aprender mais. Eu sei que você gosta de fazer sua pesquisa antes de se comprometer com algo. Tenho muito material de referência para você. Uma das principais coisas que devemos lembrar é a honestidade e a comunicação. Sem essas duas coisas, meu estilo de vida não funciona. Estou aqui se você tiver perguntas, não tenha medo ou vergonha de perguntar." Ele disse, diminuindo a velocidade enquanto nos aproximávamos do centro da cidade. Assenti e voltei a olhar pela janela.
Dirigimos em silêncio pela cidade, e enquanto Oliver estacionava o carro em um prédio grande e simples. O nome da empresa estava na porta da frente, mas o vidro era fosco, então não dava para ver dentro do prédio. Ele saiu e veio até o meu lado para abrir a porta e me ajudar a sair.
Enquanto nos aproximávamos do prédio, ele diminuiu o passo. "Josie, estou tentando muito levar isso devagar, mas quero que você saiba que eu te quero. Com ou sem brincadeiras do jeito que eu gosto. Ficarei feliz se ficarmos apenas no seu lado do sexo normal. Só estou pedindo para você estar aberta e considerar isso. Você tem o poder aqui, pode dizer não se quiser." Ele disse enquanto me puxava para perto. Ele me deu um beijo suave antes de se afastar e abrir a porta para mim, seguindo-me para dentro.
Olhei ao redor da área de recepção, havia alguns sofás e cadeiras junto com algumas revistas e livros nas mesas. Parecia um prédio de escritório comum. A maior diferença era que, em vez de uma recepcionista pequena e delicada como se esperaria, um homem enorme estava sentado atrás da mesa.
"Josie, quero que você conheça Sam Stone. Ele faz parte da equipe e está na recepção hoje. Ele se juntará a nós mais tarde, quando tivermos nossa reunião de briefing. Eu queria te mostrar o espaço, verificar seus resultados de laboratório e depois conheceremos os caras."
Ele me puxou pela porta para um corredor. Havia escritórios de cada lado, e depois uma sala de descanso com uma cozinha completa. Em frente à sala de descanso estava a sala de conferências. Havia uma academia e uma sala com camas. No final do corredor havia uma porta. Passamos pela porta e vi algumas camas de hospital, alguns carrinhos com suprimentos e uma pequena área de escritório aberta que dava para o lado aberto da sala. Percebi que o layout era para que ele pudesse fazer anotações enquanto ainda monitorava os pacientes. Em frente ao espaço do escritório havia uma sala fechada e uma área de lavagem.
Ele me puxou para o balcão do espaço do escritório e me colocou em um banquinho que ele puxou. Ele caminhou até o computador e começou a digitar informações depois de se sentar. Após alguns cliques e digitações, ele se levantou e sorriu.
"Parece que estamos no caminho certo com os antibióticos. Todos os outros resultados dos seus exames estão bons. A Dra. Barrett é nossa ginecologista e a enfermeira dela provavelmente ligará hoje ou amanhã para agendar uma consulta." Ele disse, caminhando de volta para mim.
Ele se apoiou no balcão, tão perto que nossas pernas se tocavam. Ele alcançou e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Ele sorriu e se inclinou para um beijo. Eu estava tão envolvida no beijo que não ouvi a porta abrir. Um pigarro rude nos afastou um do outro.
"Se vocês terminaram de jogar hóquei de garganta, estamos esperando por vocês na sala de conferências." Meu rosto esquentou com um rubor e eu me virei para olhar para Sean enquanto ele se virava e saía.
"Vamos, acho que é hora de conhecer os outros." Ele disse gentilmente me ajudando a descer do banquinho. Inspirei e expirei profundamente depois de me levantar. Me preparei e assenti.
"Vamos acabar logo com isso." Eu disse enquanto caminhávamos para a porta, eu podia fazer isso, eu tinha que fazer isso. Eu não podia mais me proteger. Eu precisava de ajuda. A ajuda dessa equipe.