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Sienna terminou o último gole de sua vodka com coca e olhou para a garrafa de líquido transparente com indecisão. Ficar muito bêbada antes do encontro era uma péssima ideia. Vomitar, falar enrolado e cambalear pela calçada não eram comportamentos atraentes.

"Mas estou tão nervosa", pensou.

A única bebida não tinha feito nada para aliviar o nó em seu estômago ou as borboletas em seu peito.

Sienna já tinha ido a muitos encontros antes, mas esse era diferente. Quase parecia um encontro às cegas. Normalmente, seus encontros eram com caras da escola—aqueles que a conheciam e tinham uma boa ideia do que esperar. Eles entendiam que ela estava no topo da cadeia alimentar e que eram troféus intercambiáveis para seu braço. Ela nunca se importou genuinamente com nenhum deles, exceto Tom, e ele tinha pisoteado seu coração.

Tom tinha sido diferente. Havia algo especial nele. Uma faísca.

Adrian tinha essa mesma faísca, mas ainda mais brilhante. Ela era uma mariposa, atraída pela chama escura dele. Seu estilo e escolha de roupas estranhos poderiam ser um problema, mas não um que ela não pudesse superar.

"Depois que eu fisgar ele, posso trabalhar nisso", pensou.

Por enquanto, decidiu usar algo que ele pudesse gostar. Os garotos "emo" da sua escola pareciam preferir um visual discreto, suas namoradas se cobrindo na maior parte com moletons largos e jeans pretos.

Sienna não tinha jeans pretos, mas jeans apertados e desbotados serviriam. Ela se apertou neles, respirando fundo enquanto puxava o zíper. Sabendo que seus seios eram sua melhor característica, decidiu que seria uma pena não destacá-los.

Vestiu uma blusa preta justa, posou e fez biquinho no espelho antes de procurar seus tênis de lona.

Depois da caminhada de dez minutos até a casa de Scarlett, ela bateu na porta. Seu coração estava disparado quando ele atendeu. A vodka estava alta em seu estômago, causando uma queimação e a deixando um pouco enjoada.

"Oi, Adrian," disse ela, sorrindo, tentando avaliar a reação dele ao seu visual.

Ele mal olhou para ela enquanto resmungava um "oi" e fechava a porta atrás de si.

Enquanto caminhava ao lado dela, seus olhos olhavam diretamente para frente, observando os carros estacionados de qualquer jeito na rua sinuosa e as fileiras de casas de tijolos vermelhos idênticas.

"Pensei em te levar ao boliche, mas se você não gostar, podemos ir a outro lugar," disse Sienna.

"Boliche está bom," ele disse com uma clara falta de entusiasmo e voltou a ficar em silêncio.

"Como é morar com a Scarlett?" ela perguntou, tentando puxar conversa.

Ele lançou um olhar de lado para ela e franziu a testa. "Faz tipo... três dias."

"Será que é cedo demais para formar alguma opinião?" Sienna se perguntou. Ela sorriu, sem saber como responder às respostas curtas dele. Será que ele ia ser quieto e seco com ela o tempo todo?

"Eu gosto da Scarlett," ele disse, para seu alívio. "Ela foi meio chata no começo, mas estou começando a achar que é só um mecanismo de defesa."

'O que eu digo para isso?' Sienna pensou em pânico. 'Será que ele acha que eu sou chata também?'

...

'Você É chata,' sua voz interior dura e cínica se manifestou.

Refletindo sobre isso por um segundo, ela decidiu que seria melhor diminuir sua diva interior e tentar mostrar um lado mais agradável. Não é que Sienna não soubesse ser gentil; é que ser cruel lhe servia melhor na maioria das situações.

"Eu adoro a Scarlett," disse Sienna. "Tenho certeza de que vocês dois vão se dar super bem."

"Você viu aquele filme—Julgamento pelo Fogo?" ele perguntou, mudando de assunto dramaticamente.

"Erm... não," disse Sienna. Ela viu nas sugestões da Netflix e passou por ele algumas vezes; algo de que agora se arrependia.

"É sobre um cara que recebe a pena de morte quando sua casa pega fogo com seus filhos dentro e todo mundo acha que foi ele," disse Adrian.

"I—isso é horrível," disse Sienna, tentando pensar em algo para dizer. Talvez ela estivesse certa em ter passado por ele. Parecia extremamente deprimente.

"O que você acha da pena de morte?" ele perguntou, sem dar uma pausa para ela pensar.

"Eu—eu não sei," ela gaguejou. "Nunca realmente pensei sobre isso."

"A favor ou contra, é uma pergunta fácil, Sienna," ele pressionou. Seu tom era estranhamente severo, como se ele fosse um professor e ela uma aluna difícil.

Havia uma resposta correta para a pergunta? Ele discutiria com ela e a faria se sentir estúpida por errar?

"Erm, contra," Sienna disse finalmente. Se ela ia tentar ser legal, parecia o único caminho a seguir.

"Por quê?" ele perguntou.

"Porque acabam matando pessoas inocentes," disse Sienna. Ela assumiu que o cara do filme era inocente pela descrição de Adrian. "Se os tribunais matam um homem inocente pelo crime de matar, certamente eles também merecem morrer."

Adrian assentiu enquanto caminhava, como se concordasse.

"O que você acha?" Sienna perguntou, mais para manter a conversa fluindo do que qualquer outra coisa.

"Estou indeciso," ele disse.

"Isso não é justo," Sienna exclamou, meio brincando. "Você me forçou a responder."

Ela quase tropeçou quando ele parou e se virou para encará-la. Seus olhos brilhavam enquanto ele a olhava com uma intensidade que beirava o assustador.

"Eu não te forcei a dizer nada. Você poderia ter dito que estava indecisa," ele disse com uma voz sombria.

Sienna recuou, sentindo-se pequena e estúpida.

"É, erm, desculpa," ela murmurou.

"Quero dizer, e se algum degenerado estuprasse e matasse seus filhos? Você não gostaria que ele morresse por isso?" ele perguntou, com um tom novamente casual enquanto se virava e continuava a caminhar.

"B—bem, eu acho," disse Sienna.

Isso o fez rir. "Vejo que você tem opiniões muito firmes."

"Tenho sobre coisas com as quais realmente me importo," Sienna retrucou, sentindo-se defensiva.

"E com que 'coisas' você se importa?" ele perguntou, soando entediado.

Naquele momento horrível, Sienna não conseguiu pensar em uma única coisa com a qual se importasse o suficiente para ter uma opinião forte. Nem uma única coisa.

Ela sentiu suas bochechas queimarem, humilhada enquanto ele se virava para ela com um olhar expectante.

'Ele me deixa tão nervosa,' ela percebeu. 'Não consigo pensar por causa dos nervos.'

Ela suspirou e deu de ombros, esperando que ele entendesse a dica e deixasse o assunto de lado.

"Então... quais são seus hobbies?" ele disse com uma voz boba, imitando um roteiro ruim de primeiro encontro de um filme.

"Faço ginástica," ela disse, pensando que isso poderia impressioná-lo. A maioria dos caras ficava impressionada, se não um pouco excitada, ao saber disso. Ela tentou pensar em algo mais que o impressionasse além de seus passatempos principais de fazer compras, beber e postar besteiras nas redes sociais.

"Eu gosto de jogos online," ela decidiu.

"Ha!" Adrian soltou uma risada aguda. "Uma gamer girl. O que você joga?"

"Day of Dragons," disse Sienna. Ela começou a jogar porque Tom era obcecado pelo jogo e continuou a jogar porque era viciante e ela fez amigos online. Amigos que não a conheciam na vida real e, portanto, não esperavam que ela fosse de um jeito específico.

"Snap," Adrian disse, dando-lhe um sorriso genuíno pela primeira vez.

Eles conversaram sobre o jogo enquanto entravam no boliche e pediam os sapatos.

Com tamanho 34, Sienna tinha pés minúsculos. Ela era pequena, quase uma cabeça mais baixa que Adrian, com uma cintura fina e um busto generoso.

Quando Adrian pediu tamanho 44, ela se perguntou se o que diziam sobre pés grandes era verdade.

'Talvez eu descubra,' ela pensou esperançosa.

Sienna escolheu o boliche porque sabia que era boa e gostava de impressionar as pessoas. Acontece que ele era melhor, mas ficou impressionado com suas habilidades.

"Você é muito boa," ela disse a ele.

"Você também é boa," ele disse. Ela esperava que ele acrescentasse, 'para uma garota,' no final da frase, mas ficou feliz quando ele não o fez.

Quase todos os caras com quem ela jogou boliche explicaram como ela era boa... para uma garota, mesmo que ela os tivesse vencido de lavada. Sua resposta padrão hoje em dia era, "O que isso faz de você? Ruim para uma garota?"

Ela não esperava que ele fosse tão bom. Talvez fosse a falta de entusiasmo inicial ou o fato de Scarlett ter dito que ele não era atlético, mas ele não parecia o tipo.

Depois que ele a venceu, eles caminharam pelo fliperama. As luzes piscantes e os ruídos irritantes dos jogos trouxeram de volta memórias de sua infância. Ela costumava passar muito tempo aqui quando era criança.

Seus pés grudaram em algo pegajoso no chão enquanto ela pisava em pipoca derramada. Eles mantiveram o mesmo carpete escuro e manchado por todos esses anos, apesar de atualizarem os jogos para expandir a seleção várias vezes. Seu favorito era a máquina de dança, mas ela não achava que Adrian iria gostar.

"Você quer comer alguma coisa?" ela perguntou enquanto passavam pelo restaurante fast-food. Era decorado no estilo de uma lanchonete americana dos anos 50 e fazia os hambúrgueres e milkshakes mais incríveis.

"Não," ele disse. "Vamos só pegar pretzels para comer no caminho de volta."

"Ok," Sienna disse, tentando esconder a decepção em sua voz. Ela realmente esperava que ele quisesse passar mais tempo com ela.

"Vamos voltar para sua casa e ficar com a Scarlett?" ela perguntou, dando-lhe uma segunda opção na chance de ele realmente não estar com fome.

"Não. Tenho coisas para fazer. Vou te levar de volta para sua casa," ele disse.

A maneira como ele disse isso foi tão autoritária e mandona. Sua diva interior precisava desafiá-lo de alguma forma.

"Bem, então vou ficar com a Scarlett," ela disse, jogando o cabelo.

Seus olhos quase saltaram da cabeça quando ele a agarrou pelos ombros e se inclinou.

"Vou te levar de volta para sua casa," ele repetiu mais devagar, olhando em seus olhos com uma expressão feroz e fria que a gelou até os ossos.

"Ok," ela assentiu fracamente.

Quando ele sorriu e voltou a falar gentilmente, Sienna percebeu que ele poderia querer voltar para a casa dela por outro motivo.

'Será que ele espera que eu durma com ele depois de um encontro?' ela pensou.

Ela tinha certeza de que ele a viu olhando-o de cima a baixo, imaginando como ele ficaria nu. Ele era alto, com um peito e ombros largos, e magro, mas não esquelético. Seus braços tinham a mesma definição muscular que os caras mais velhos com quem ela já tinha saído. Braços que poderiam pegá-la e jogá-la na cama como uma boneca de pano.

Quando chegaram à varanda dela, ela decidiu que dormir com ele na primeira noite seria aceitável. Desejável, até.

"Ok," ele disse quando os dois pararam. Ele se inclinou, chegando tão perto que ela podia sentir o cheiro do seu perfume.

Enquanto esperava pelo beijo, de olhos fechados, ela ouviu o barulho de uma tampa.

Abrindo os olhos com uma expressão de confusão, ela viu que ele estava se inclinando para jogar o embrulho do pretzel no lixo.

"Até mais," ele disse, dando-lhe um tapinha na cabeça.

Uma brisa suave soprou seu cabelo no rosto enquanto ela ficava ali, boca aberta, observando-o se afastar.

Ela tirou o cabelo dos lábios com gloss, o rosto franzido de confusão até sua mãe chamá-la para dentro.

"Você se divertiu, querida?" a mãe perguntou.

"Erm." Sienna engoliu em seco. "Acho que sim."

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