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Capítulo 09

LIANNA

Eu literalmente não estava fazendo nada porque aquele filho da puta não me deixava nem sair daquele quarto. Pensei em tirar um cochilo, mas aqueles pensamentos continuavam vindo à minha mente—como uma espécie de tortura. O que eu particularmente comecei a pensar era que essa era a ideia dele desde o início. Incitar desconforto e me deixar trancada, sozinha, tendo devaneios e pensamentos idiotas sobre aquele maldito Caleb e sua maldita noiva.

Hipócrita. Maníaco. Arrogante. Filho da puta!

Eu odiava aquele idiota, odiava a maneira como ele me tratava, e odiava o fato de como ele me afetava—mesmo que eu não quisesse. Mas o que eu poderia esperar de monstros como ele? Lobisomens não eram nada mais do que cães, ou melhor, lobos; uma versão sem modos, cuidado, ou até mesmo racionalidade. Já era surpreendente que ele conseguisse usar roupas e não latir a cada frase—não podia esperar mais de alguém como Caleb.

Eles eram como animais no cio—bem, eles eram literalmente animais no cio. E a única razão pela qual eu estava tão propensa a aceitar as... carícias daquele bastardo era o fato de que eu estava sozinha e carente. E também, havia o fator: atração.

Caleb era um monstro, mas ele era um monstro gostoso. E droga... um monstro gostoso que transava muito bem—e droga... como eu queria esquecer essa parte. Mas minha cabeça não me permitia esse prazer—preferia me torturar entre as memórias daquela noite maldita e a miséria de saber que aquele filho de uma boa senhora estava me fodendo (literalmente) enquanto tinha uma noivinha esperando por ele.

Estúpida.

Eu fui realmente, realmente estúpida de pensar que havia alguma chance dele ser minimamente decente, ou pelo menos não ser um traidor. E para piorar minha situação, aqueles brutos que ele chamava de subordinados—arrombaram a porta e me arrastaram para fora do quarto do "comandante".

Normalmente, eu me preocuparia em perguntar para onde estavam me levando—mas só de sentir aquele bafo de carniça, equivalente à boca de um cachorro de rua—eu queria me salvar; e apenas me deixei ser levada pelo corredor, até um cubículo.

"Bem-vinda ao seu novo quarto, senhorita." Aquele bastardo falou com tanta zombaria e um sorriso tão largo no rosto quando me jogou naquele lugar que mais parecia uma cela, que me perguntei há quanto tempo ele queria fazer algo assim. Meu sangue começou a ferver assim que meu corpo bateu no chão.

"Vai pro inferno!" Acabei dizendo quando tentei avançar, mas aquele filho da puta apenas fechou a porta bem na minha cara, enquanto ria ainda mais, dois outros se juntaram a ele um pouco depois. "O quê, estão com medo de apanhar de uma humana? Covardes!"

"Pelo amor da deusa, você não acha que está se achando demais? O comandante vai se livrar de você em breve! Ou você realmente acha que é tão especial assim?" Um daqueles cães sarnentos zombou, risadas puderam ser ouvidas um pouco depois.

"É, você realmente acha que vai continuar nesse pedestal quando a noiva do comandante chegar? Ele vai te esquecer completamente, e talvez nunca mais venha te ver, como costuma fazer com as outras concubinas dele."

Eu realmente prefiro que aquele bastardo não venha me ver! Quero dizer, pelo menos ele tem a decência de não trair a noiva quando ela está por perto.

"O que aconteceu com essa carinha triste? Já se apaixonou por ele?" Um daqueles soldados abriu a boca de novo, o que me fez bater no vidro daquela porta estúpida que nos separava.

"Eu arrancaria meu próprio coração antes de permitir que ele fosse dado a algo tão nojento quanto ele!"

CALEB

Eu tinha que manter as aparências—então pedi ao meu subordinado que preparasse uma coleira digna de um dos meus bichos de estimação. Uma que eu estava levando para Lianna.

Porque eu não podia deixar espaço para nenhum daqueles idiotas, então Lianna seria tratada exatamente como eu havia dito que seria, como uma concubina que me foi entregue como qualquer outra que veio antes dela, um cachorrinho do qual eu tinha certo apreço apenas porque ela tinha um rosto e corpo bonitos.

No entanto, se eu tinha que ser cuidadoso com minhas ações agora, isso ficaria ainda pior porque minha noiva estava a caminho daquele lugar, e com isso viria uma atenção desnecessária sobre mim. "Eu não quero ter que lidar com isso, tão problemático!" Bufei, me perguntando se mandar todo mundo para o inferno seria uma boa alternativa porque se eles queriam um comandante imponente, era isso que teriam, porque eu não tinha paciência para ouvir aquelas vozes falando merda a cada três segundos.

E quando vi cerca de três idiotas na frente de uma porta minúscula, me perguntei o que estavam fazendo em seus turnos, literalmente não fazendo nada útil.

"O que vocês estão fazendo aqui? Quem deu permissão para ficarem olhando para essa porta como se houvesse alguma atração de circo lá dentro!" Um tom autoritário tomou conta da minha voz, apenas para eles rirem como hienas.

"A humana está aqui, achamos que seria melhor já que sua noiva está chegando." Eles pareciam ter decidido por conta própria, mesmo depois de eu ter mandado com todas as palavras para que Lianna fosse apenas enviada para um quarto normal.

No entanto, o dano já estava feito, e por mais que eu soubesse que não devia nada a nenhum deles, eu também não podia simplesmente começar a defender uma humana do nada.

Seria tolice.

Seria como cavar minha própria cova como comandante.

"Ah? Esta é uma coleira para ela?" Um deles apontou para a mão em que eu segurava a coleira—da qual eu até tinha esquecido a existência, por causa do estresse que estava passando só de pensar nesses seres. "É realmente bonita, assim como seu novo bichinho de estimação, senhor."

"Eu sei, agora saiam." Respondi friamente, meu olhar cortando como uma lâmina, "porque quero me divertir com meu bichinho de estimação sem plateia."

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