




Prólogo
P R O L O G O
Um rosnado baixo ecoou pela Floresta Proibida. Meu coração subiu até a garganta.
A besta!
Corri para trás da árvore mais próxima e encostei minhas costas na casca áspera. Minha bolsa de tweed pendia atravessada no meu corpo, cheia da carga preciosa que eu havia roubado do campo de everlass. Se a besta me encontrasse com isso—se me encontrasse na Floresta Proibida de qualquer forma—eu estaria perdida. Ela me mataria como fez com tantos outros, independentemente do fato de eu ter apenas quatorze anos.
Não importava que eu fosse jovem demais para me transformar, se a transformação ainda fosse possível para nós após a maldição. Se eu era velha o suficiente para roubar, era velha o suficiente para morrer pelos meus pecados.
Um galho de árvore quebrou. O que parecia ser um grande pé esmagou a grama seca. Outro tocou o chão, a criatura estava desacelerando. Ela ou sentiu alguém por perto ou captou meu cheiro.
Prendi a respiração e fechei os olhos com força, minhas mãos tremendo. O som alto de fungadas preencheu o silêncio. A besta farejando sua presa.
Meus pais nem sabiam que eu tinha vindo. Vovó tinha adoecido, os efeitos da maldição que condenou nosso reino. Todos diziam que não havia cura. Mas eu tinha encontrado um jeito. Eu poderia pelo menos retardar os efeitos. Eu precisava da planta everlass, no entanto, e mal tínhamos alguma. Eu ainda estava aprendendo a cultivá-la corretamente. Ninguém mais na aldeia conseguia fazer muito com ela. Algo nela falava comigo, no entanto. Eu descobriria eventualmente, eu sabia que poderia
—mas agora, eu estava sem tempo.
Meus pulmões ardiam. Eu tinha medo de respirar.
Mais grama esmagada sob os pés enormes da besta. Ela estava se movendo na
minha direção!
Um gemido escapou dos meus lábios. Tapei a boca com a mão, mas era tarde demais. Os passos cessaram. Ela tinha ouvido.
A escuridão estava densa ao meu redor. Silêncio.
A besta rugiu, me fazendo pular de susto. O medo me inundou de adrenalina, e então eu estava correndo. Correndo o mais rápido que podia. Atravessando a vegetação. Contornando uma árvore.
Seus passos se aproximavam. Ela estava vindo tão rápido! Como eu poderia escapar?
Grunhidos altos soaram bem acima de mim, sua respiração ofegante enquanto se movia. Se sua cabeça estava tão alta do chão, ela era muito maior do que os rumores diziam.
Uma parede de vegetação esperava à frente. Duas árvores se cruzavam dentro dela, criando uma abertura estreita entre os espinhos. Arrisquei e passei por entre elas.
Deslizes soaram atrás de mim, e eu olhei para trás para ver dois pés enormes terminando em longas e afiadas garras revolvendo a terra. Eles pararam bem antes da abertura.
Chorando agora, sem conseguir evitar, continuei, me colocando de mãos e joelhos e rastejando. A folhagem densa me cobria por cima. Espinhos rasgavam minha pele. Continuei rastejando, agora com cotovelos e joelhos.
A respiração soprou atrás de mim. Ela estava rastreando meu cheiro.
A cavidade escura à frente anunciava o fim deste túnel natural. Sangue escorria pela minha bochecha de onde um espinho havia rasgado. A bolsa de everlass rangia sob meu corpo. Eu sabia que isso seria ruim para o elixir, mas eu não tinha muita escolha.
Eu precisava tirá-la daqui. A vida da vovó dependia disso. Sua tosse estava muito ruim, e sua respiração estava fraca. Ela precisava de ajuda.
Reunindo minha coragem, me levantei em um agachamento na escuridão, olhando para a noite sem estrelas. Árvores se erguiam ao redor, e o chão era um emaranhado de ervas daninhas e sarças. Nada se movia. Será que a besta tinha ido embora?
No fundo do meu coração, eu sabia a resposta, mas meu medo estava fora de controle.
Pensei em ficar onde estava, mas ela poderia me esperar. Ou vir atrás de mim. Ela tinha um rosto blindado, todos diziam. Algumas vinhas e espinhos não a incomodariam.
Corri para frente, soluçando.
Seu rugido me seguiu, cada vez mais perto. Minha respiração vinha em arfadas desesperadas. Eu socava o ar com os punhos e contornava uma árvore. A borda da
floresta estava logo à frente. Embora outros horrores pudessem cruzar aquela linha, a besta, a guardiã da Floresta Proibida, não podia.
Luzes na aldeia tremulavam na névoa úmida da minha visão. Velas nas janelas. Fogueiras nos quintais. Eles me esperavam. Estavam logo à frente!
O rugido sacudiu meus ossos, muito perto. O fim estava próximo.