




01. BAILE DE MÁSCARAS
ISABELLE NASH
[...] 8 meses antes...
Hoje, a cidade se ilumina com as cores vibrantes da alta sociedade enquanto me preparo para um Baile de Máscaras, convidada por Simon Shen, meu amigo de longa data e herdeiro de uma família influente em Chicago. A ocasião? Recentemente me formei em design de joias. Embora não seja de buscar os holofotes, estou vestida para isso, segundo Simon.
O vestido de cetim verde, meticulosamente desenhado, abraça graciosamente cada curva, enquanto os detalhes bordados em renda preta adicionam um toque de sofisticação ao tecido. A máscara preta, com padrões rendados, confere um ar misterioso ao meu rosto, acentuando meus olhos e a curva suave dos meus lábios. Mesmo enquanto me preparo para entrar em um mundo de luxo e ostentação, meu objetivo é claro: encontrar oportunidades de trabalho que me permitam seguir em frente após deixar a irmandade.
Respiro fundo em frente à imponente mansão, observando enquanto carros luxuosos param na entrada, desembarcando convidados elegantemente vestidos. O brilho das luzes interiores da mansão parece ecoar o glamour e a sofisticação do local, criando uma atmosfera de festividade e celebração. Meu cabelo está solto, caindo em ondas suaves até o pescoço, complementando o conjunto com uma aura de naturalidade e elegância.
Com as pontas dos dedos pressionando levemente o tecido do meu casaco, sinto o vento frio acariciar suavemente minhas bochechas. Olho ao redor, procurando por Simon entre os convidados que entram na mansão. Ele disse que estaria me esperando no saguão, mas até agora, não o vi. A ansiedade começa a crescer dentro de mim, misturada com a excitação e a curiosidade sobre o que me espera lá dentro.
"Simon, onde você está?" sussurro para mim mesma enquanto pego o celular na bolsa e digito uma mensagem para ele, em meio às muitas que já enviei. Olho para cima, respirando fundo, enquanto bato nervosamente o salto no chão.
"Talvez seja melhor entrar, senhorita. Está começando a nevar forte." A voz de Simon me traz de volta à realidade, e meus olhos encontram os dele, exibindo um sorriso brincalhão. Sinto um misto de alívio e ansiedade ao vê-lo ali, finalmente.
"Você quer me ver congelar por demorar tanto." Brinco enquanto dou um passo em direção a Simon, sentindo o calor da entrada da mansão contrastando com o frio da noite. Ao me aproximar, não posso deixar de notar sua figura imponente. Simon é alto, com cabelos loiros que brilham à luz dos lustres, e sua postura exala confiança e determinação. Ele está vestido com um elegante smoking preto, que acentua seu porte atlético e forte. Seus olhos azuis brilham com uma expressão divertida enquanto ele se prepara para responder.
"Desculpe, Belle, eu estava ocupado conversando com alguns empresários a pedido do meu pai." Simon estende a mão em minha direção, esperando que eu me junte a ele. Tiro meu casaco, entregando-o a um dos empregados da mansão para que o guarde.
"Tudo bem, eu esqueço que você vem desse mundo. Você não precisa lutar por um emprego para sair da irmandade." Sorrio meio sem jeito, colocando minha mão na dele. O toque é reconfortante, como sempre quando estou com Simon.
"Aliás, você está deslumbrante, Belle. Eu sabia que esse vestido ficaria perfeito em você." Seus elogios aquecem meu coração, e eu o agradeço com um sorriso tímido.
"Obrigada, Simon. Você sempre sabe o que dizer para me deixar à vontade." Expresso minha gratidão enquanto ele me guia pelo salão de baile, onde a dança está a todo vapor. O som da música cativante e o brilho das roupas dos convidados me deixam encantada.
"Belle, é aqui que você vai encontrar a inspiração que precisa. Mas você sabe, se quiser, eu posso conseguir um emprego para você rapidinho." Simon sussurra perto do meu ouvido, fazendo-me virar a cabeça para olhá-lo. Seus olhos azuis irradiam confiança e determinação, mas também um toque de travessura que me faz sorrir.
"Eu sei, Simon. Mas eu quero conquistar isso por mérito próprio. Sei que posso fazer isso," respondo firmemente, sentindo um arrepio percorrer minha espinha com a proximidade dele.
Deixo isso de lado quando dois homens se aproximam de nós, taças de champanhe nas mãos. Sorrisos impecáveis adornam seus rostos, assim como suas roupas elegantes. Forço um sorriso em sua direção, pronta para interagir cordialmente.
"Simon Shen, o famoso playboy da Saphyr," um dos homens se apresenta, com um tom brincalhão. "E quem é essa linda dama ao seu lado?"
Os homens voltam sua atenção para mim, esperando que Simon me apresente. Sinto um leve desconforto na situação, mas mantenho um sorriso educado no rosto enquanto observo a interação de perto.
"Esta é Isabelle, ela é designer de joias, resistindo à proposta de trabalhar para a Saphyr," Simon responde, com um toque de orgulho na voz. "Ela é uma amiga de longa data."
Meus olhos encontram os de Simon brevemente, agradecendo silenciosamente pelo elogio. No entanto, minha atenção é desviada quando um dos homens menciona a noiva de Simon, Evelyn. Um calafrio percorre minha espinha enquanto tento manter uma expressão neutra. Ouvir o nome dela traz desconforto, despertando memórias desagradáveis. Evelyn ficou noiva de Simon por conveniência; ele tenta escapar dela de todas as formas possíveis porque ela é controladora e ciumenta. Quantas vezes ela me humilhou na faculdade só porque estávamos indo na mesma direção? Amalia e eu costumávamos chamá-la de mimada porque qualquer coisa relacionada a Simon, ela quer saber e controlar. É sufocante, e se ela estiver aqui, vai encontrar uma maneira de me humilhar.
Desvio meu olhar de Simon, focando minha atenção em um grupo de pessoas perto do bar, tentando disfarçar o desconforto que sinto. A voz do homem continua ecoando na minha mente, trazendo de volta memórias desagradáveis de confrontos passados com Evelyn. Respirando fundo, tento afastar esses pensamentos, lembrando a mim mesma que estou aqui para alcançar meu objetivo, não para ser afetada pelos problemas dos outros.
Enquanto me afasto sutilmente da conversa, serpenteando pela multidão de pessoas conversando e dançando, meu olhar é atraído pelas joias cintilantes adornando as damas da alta sociedade. Observo com fascinação a variedade de estilos e designs únicos, cada um refletindo a personalidade e o gosto de sua dona.
Cada peça de joalheria parece contar uma história, revelando o talento e a criatividade de seu designer. Admiro os detalhes meticulosos, as pedras preciosas brilhando sob as luzes do salão, e me perco em pensamentos imaginando os processos criativos por trás de cada peça.
Com uma leve inclinação, pego uma taça de champanhe da bandeja equilibrada na mão do garçom, acenando em agradecimento. Com a taça entre os dedos, sinto o frio do cristal contra minha pele enquanto observo o salão ao meu redor.
Meus olhos são atraídos para uma sala adjacente, iluminada apenas pela suave luz da lua que entra pelas enormes janelas. Vejo flocos de neve caindo sobre as árvores no jardim, criando uma beleza única de se contemplar. Movida pela curiosidade, começo a caminhar em direção às janelas, atraída pela beleza da neve caindo, um sorriso escapando dos meus lábios, a taça tocando-os suavemente.
Distraída pelo espetáculo da natureza, não percebo a presença silenciosa de alguém se aproximando por trás. Uma voz rouca e cativante quebra o silêncio, fazendo-me tremer levemente.
"A neve parece ainda mais bonita de perto, não é?" A voz, com um sotaque desconhecido para mim, carrega um charme intrigante. Ao me virar para encarar o falante, encontro um homem elegante, com olhos profundos e um sorriso cativante. Sua máscara de veludo preto adiciona um ar de mistério à sua figura, complementando sua barba rala e mandíbula quadrada. Com as mãos nos bolsos de suas calças pretas sob medida, ele me observa com curiosidade, seus olhos brilhando à luz da lua.
"Desculpe se te peguei de surpresa," ele continua, seu olhar fixo em mim com certo interesse. "Você deve ser a encantadora dama que está atraindo tanta atenção nesta festa."
Seu elogio me pega de surpresa, e por um momento me vejo sem palavras. Rapidamente recupero a compostura, tentando manter a calma diante deste homem misterioso e sedutor.
"Obrigada pelo elogio," respondo, forçando um sorriso gentil. "E quem seria você? Não o reconheço entre os convidados. Não que eu reconheça alguém, considerando que não frequento lugares como este." Solto uma risada irônica.
"Digamos que é melhor você não saber quem eu sou," ele responde com um sorriso intrigante, seus olhos brilhando com um toque de travessura. "Talvez na próxima vez eu te diga meu nome."
Seu comentário só me deixa mais inquieta. O que ele quer dizer com 'próxima vez' se nem nos conhecemos, muito menos sabemos os nomes um do outro? Ofereço um sorriso educado, segurando a taça na mão. Olho de volta para a janela, retornando a admirar a neve caindo.
"Você não vai se juntar ao seu namorado?" Seu comentário só aumenta minha perplexidade. Namorado? Eu nunca mencionei nada sobre isso. Mas antes que eu possa responder, ele se aproxima e fica ao meu lado, observando a neve cair lá fora. Apesar de sua pergunta aparentemente inocente, posso sentir seu olhar sobre mim, mesmo que não o veja diretamente.
"Eu não tenho namorado," respondo suavemente, mantendo minha atenção na paisagem além da janela. "E mesmo que tivesse, acho que a neve faz companhia mais agradável esta noite."
Sua presença ao meu lado é intrigante, e embora eu deva permanecer cautelosa, não posso negar que há algo nele que desperta minha curiosidade. Ele exibe um sorriso travesso, virando-se para mim; a proximidade de seu corpo me deixa inquieta, com uma sensação estranha, mas não desconfortável.
De repente, sinto sua respiração quente em meu ouvido, enviando um arrepio pela minha espinha. Seus lábios quase roçam minha pele enquanto ele sussurra algo que mal consigo ouvir, mas suas palavras me deixam inquieta. Meus sentidos estão alertas, meu coração batendo mais rápido no peito enquanto tento processar o que acabou de acontecer.
Piscar lentamente, ainda perdida em suas palavras, e virar o rosto para olhá-lo, mas quando finalmente o faço, só vejo o vazio à minha frente. Ele já se foi, desaparecendo na multidão como uma sombra fugaz, deixando-me com a perplexidade de seus sussurros e a incerteza do que acabou de acontecer.