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Mudança de planos

Isadora

Eu olhei para Jennifer, perplexa com o que ela acabara de me contar sobre Petros Kouris. Seus olhos encontraram os meus, refletindo a mesma incredulidade que eu sentia.

"Não acredito que ele fez isso!" minha voz escapou em um sussurro exasperado antes que eu cobrisse minha boca com a mão, como se pudesse conter minhas palavras impetuosas. "Desculpa, Jen. Mas é chocante que ele tenha sido tão ousado."

Jennifer assentiu, um sorriso discreto brincando em seus lábios.

"Eu penso o mesmo," ela concordou, parecendo tão incrédula quanto eu. "Nunca imaginei que alguém como Petros Kouris sequer notaria minha existência."

Estávamos na cafeteria durante nosso intervalo de almoço, e certamente não era o lugar mais apropriado para discutir assuntos tão delicados. No entanto, Jennifer parecia incapaz de conter sua empolgação até a noite, quando poderíamos conversar mais calmamente na faculdade. E agora eu entendia perfeitamente por que ela não podia esperar.

"Jen, o homem é grego e um espetáculo!" exclamei, ainda atônita. "Ele não só quer você como secretária..." apontei, tentando capturar a magnitude da situação. "Pelo que você me contou, é muito mais do que isso."

"Os olhos dele disseram tantas coisas que eu fico quente só de lembrar," Jennifer confessou, abanando-se com a mão enquanto revivia o momento.

Eu estava intrigada com sua revelação e não conseguia conter minha curiosidade.

"Mas... você teria coragem?" perguntei, ansiosa para saber até onde ela estava disposta a ir.

Jennifer pareceu ponderar por um momento, levando o garfo à boca antes de responder. No entanto, mesmo antes de suas palavras, eu podia ler em seus olhos a determinação que ela tinha.

"Claro, mas eu não me envolvo com homens casados. E Petros Kouris é muito casado... Fiz uma pesquisa rápida sobre ele na internet."

Um suspiro de alívio escapou dos meus lábios. Por um momento, temi que nem mesmo o estado civil de Kouris seria suficiente para fazê-la desistir de seguir em frente.

Enquanto terminávamos nosso almoço, Jennifer mudou o assunto da conversa enquanto caminhávamos de volta ao andar executivo. Ela parecia ansiosa para abordar um tópico diferente, e eu já podia imaginar sobre o que ela queria falar.

"E o Lucchese?" ela começou, com um tom de curiosidade. "Ele já deu algum sinal de interesse?"

Balancei a cabeça, desanimada.

"É a mesma história de sempre," respondi com um suspiro. "Como você mesma pode ver, Lucchese nem me dá uma segunda olhada."

"Precisamos urgentemente sair e tentar encontrar alguém interessante," ela sugeriu, com um toque de entusiasmo na voz. "Faz semanas que voltamos de Salvador, e nada emocionante aconteceu desde então. Estou entediada."

Assenti em concordância, compartilhando o mesmo sentimento. De fato, era hora de agitar um pouco as coisas e buscar novas experiências. Eu não pretendia passar o resto da minha vida suspirando pelo Professor Lucchese.


Olhei para o relógio e notei que eram exatamente sete horas, e eu ainda estava presa à minha mesa, lutando para terminar um relatório urgente para meu chefe antes do fim do expediente.

A pressa agora era minha aliada, pois eu havia prometido a mim mesma que estaria pronta para sair assim que terminasse. Afinal, eu tinha combinado de encontrar Ryan, o cara do aplicativo de namoro, às oito horas.

Depois de decidir conhecer alguém interessante, acabei recorrendo a aplicativos de namoro e planejei meu primeiro encontro com Ryan, um estudante de engenharia que achei muito inteligente.

Enquanto digitava freneticamente, agradeci pelo fato de meu chefe ainda não ter voltado da reunião da tarde. Isso era uma bênção disfarçada, pois significava que eu tinha um pouco mais de tempo para terminar minha tarefa, já que ele certamente não voltaria ao escritório naquela noite.

Assim que terminei o relatório, não perdi tempo. Peguei minha bolsa e corri para o banheiro do andar. Era um espaço espaçoso e luxuoso, equipado com tudo o que eu precisava para me arrumar rapidamente. Decidi que aquele seria o lugar para minha transformação para o encontro com Ryan. Não havia tempo para ir para casa; eu precisava economizar cada minuto para evitar chegar atrasada.

Satisfeita com minha aparência, voltei para o meu escritório, que também servia como antessala do escritório do meu chefe. Guardei minha mochila no armário, onde havia trazido todas as coisas necessárias para me arrumar. Depois de trancar a porta, peguei minha bolsa de mão, pronta para terminar meu expediente naquele dia.

Então, a voz de Vincent ecoou pelo interfone.

"Isadora, pode vir ao meu escritório?"

Assustada ao ouvir a voz de Vincent Hickmann ecoando pelo interfone na minha mesa, congelei, incapaz de reagir. Eu não fazia ideia de que ele havia voltado ao escritório, e eu já estava toda arrumada para o meu encontro. Ele deve ter retornado do compromisso enquanto eu estava no banheiro me arrumando, e eu nem percebi sua presença.

Um calafrio percorreu minha espinha, e por um momento, considerei a ideia de simplesmente ignorar seu chamado e fingir que não o ouvi. No entanto, lembrei-me da câmera que mostrava exatamente onde eu estava naquele momento. Ele sabia que eu ainda estava no escritório porque estava assistindo pelo monitor instalado em seu escritório.

Sentindo-me ainda mais exausta, antecipei o pedido que Hickmann provavelmente faria, o que só atrasaria meu compromisso. Hickmann era conhecido por sua cortesia e, devo admitir, por sua aparência marcante. Com seus imponentes um metro e noventa, cabelo e olhos negros, e pele oliva, junto com o corte de cabelo militar que sempre me fascinava, ele era alguém difícil de ignorar.

Mas também era evidente que, por trás da fachada elegante, Hickmann era um homem de caráter forte e temperamental, sempre tentando manter o controle. Eu havia testemunhado momentos em que sua gentileza se transformava em impaciência, e sabia que lidar com ele poderia ser desafiador.

No entanto, não havia necessidade de me preocupar mais com o temperamento de Vincent Hickmann. O fato é que Vincent nunca prestou atenção em mim, e eu nunca ousaria tentar seduzir meu chefe. O risco de perder meu emprego em uma empresa tão prestigiada era grande demais, especialmente considerando as inúmeras outras possibilidades disponíveis com homens muito menos complicados.

Depois de analisar a situação por alguns momentos, percebi que simplesmente sair não era uma opção viável. Meu chefe sabia que eu ainda estava na empresa, e com um suspiro resignado, decidi atender ao chamado de Hickmann.

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