




Capítulo Cinco
Que clichê, mas, caramba, que verdade.
Porque cada instinto nele rugia para capturar, cobrir, tomar... morder. Ele a queria. Queria que ela fosse dele. À medida que a força e a certeza desse pensamento ecoavam dentro dele, ele se aproximou dela. Perto o suficiente para vislumbrar a linha delicada de seu maxilar e a nuca vulnerável. Para inalar o aroma inebriante e sensual que continha notas de rosas, e toques mais quentes de cedro e âmbar... ou talvez amêndoa. A missão desta noite seria descobrir qual. Mais uma vez naquela noite, ele murmurou: "Com licença." Mas, neste caso, ele não estava tentando escapar de alguém. Não, ele queria capturá-la. Mantê-la. Pelo menos pelas próximas horas. Olhe para mim. Vire-se e olhe para mim. O pedido ecoou em sua mente, e os segundos pareceram desacelerar enquanto ela se movia, levantando a cabeça e encontrando seu olhar. Seu estômago se contraiu, o desejo o atingindo com tanta força que ele se preparou para o impacto. Mas ainda assim o deixou tonto. Deixou seu corpo tenso, rígido.
Uma longa franja de cabelo preto varria sua testa e óculos de aro escuro repousavam em seu nariz, mas nada podia esconder as linhas fortes e majestosas de seu rosto, as maçãs do rosto afiadas, os olhos cor de chocolate ou o chamado sedutor de sua boca. Caramba, aquela boca. Ele desviou seu olhar fascinado dela com uma força que merecia uma medalha de ouro. Mas nada poderia limpar sua mente dos atos que aquelas curvas evocavam. Atos que o deixavam pulsando e ávido.
Ela se virou. "Você precisa de uma taça de champanhe?" ela perguntou, abaixando os olhos para a bandeja que segurava. Não, mantenha seus olhos em mim. A ordem subiu por sua garganta e pairou em sua língua, mas ele a conteve. Caramba, com apenas algumas palavras ditas em uma voz de seda e meia-noite, ele havia regredido a um homem das cavernas. Mais uma vez, um aviso para se afastar soou dentro dele, mas—como momentos antes—ele o ignorou. Nada mais importava no momento. Nada além de ter aquela voz de sexo e pecado acariciando seus ouvidos. Ter aquelas mãos deslizando sob suas roupas para acariciar sua pele. E aqueles olhos em forma de amêndoa fixos nele.
"Eu só queria dizer oi... de novo," ele disse.
Ela olhou para cima então. Reconheceu-o e seus lábios formaram um "O". Ela parecia surpresa. Por que ela estava, ele não sabia. Não importava. Ele queria sua atenção, que finalmente tinha, e caramba... aqueles olhos.
"Eu te vi e pensei comigo mesmo. Que surpresa agradável," ele disse.
"Olá," Emma disse.
Havia algo nele que a deixava completamente sem palavras. Ela não era uma pessoa tímida. E, no entanto, encontrar seu olhar era um problema.
Ele respondeu à pergunta anterior dela pegando uma taça cheia de vinho pálido. Se ele não estivesse a estudando tão de perto, poderia ter perdido o leve enrijecimento de seus ombros, a pequena hesitação antes de, ainda com a cabeça baixa, ela dizer: "Eu preciso continuar..."
Ela se afastou dele, preparando-se para escapar na multidão.
"Espere." Ele levantou o braço, o instinto guiando-o a segurar o cotovelo dela para impedir sua partida. Mas, no último momento, ele abaixou o braço de volta ao lado. Por mais que quisesse descobrir como ela se sentia sob sua mão, ele se recusava a tocá-la sem sua permissão. Ricos idiotas abordando os garçons era uma história tão antiga quanto um chefe perseguindo sua secretária ao redor da mesa. Mesmo que sua palma coçasse com a falta de contato, ele deslizou a mão livre no bolso da frente.
O movimento interrompido pareceu chamar a atenção dela. Ela levantou a cabeça, uma carranca franzindo suas sobrancelhas.
"Você está olhando como se não me conhecesse," ele disse. "É Daniel, caso tenha esquecido... Daniel Rohan."
Ela sorriu então. "Eu sei. E não esqueci." Como poderia? Ele havia ocupado a maior parte de seus pensamentos nas últimas semanas.
"E você é Emma," ele disse saboreando o nome dela como se fosse uma das ricas sobremesas de chocolate que viriam após o jantar.
"É um nome adorável. E combina com você."
Os olhos dela se arregalaram, uma emoção que ele teria rotulado como pânico brilhando em suas profundezas antes que ela abaixasse os cílios, escondendo o olhar dele. De novo.
"Obrigada, Sr..."
"Daniel," ele corrigiu. "Para você, é Daniel. Eu te disse isso na primeira vez que nos conhecemos."
Em um canto distante de sua mente, ele se maravilhava com quem ele havia se tornado naquele momento. Flertando, provocando, praticamente ronronando—isso não era ele. Sua boca ou não sabia dessa informação ou não se importava. Ele a queria. E ele sabia que ela sabia exatamente o que estava acontecendo em sua mente. Ele queria que ela soubesse.
Emma certamente achava que ele era atraente e irresistível. Mas ele não sabia nada sobre ela. Ela não era a única garçonete ali e provavelmente não era a primeira vez que ele participava desse tipo de festa. Ele provavelmente fazia disso um hábito de flertar com qualquer uma. Por que não deveria? Ele era rico e atraente e certamente sabia como fazer uma mulher se sentir desejada. Por algum motivo, o pensamento de ele flertar com outra pessoa a deixava com raiva.
Daniel observou os lábios cheios dela se firmarem em uma linha segundos antes de ela encontrar seu olhar com um brilho de raiva. Quão insano era que ele achasse os sinais de seu temperamento cativantes... e sexy pra caramba?
"Sem ofensa, Sr. Roh..."
"Daniel," ele corrigiu novamente. "E, na minha experiência, quando alguém começa uma frase com 'sem ofensa', eles pretendem ofender," ele disse arrastado.
Mais uma vez ele viu aquele lampejo de raiva, e uma euforia que geralmente era reservada para negociações comerciais ferozes surgiu em seu peito. A euforia significava que ele estava se envolvendo com um oponente digno.
"Vou arriscar e assumir que seu ego pode aguentar o golpe," ela retrucou. Então, como se percebesse o que havia dito, ela fez uma careta, fechando os olhos brevemente. "Eu peço desculpas—"
"Oh, não me decepcione agora ficando tímida, Emma," ele ronronou, arqueando uma sobrancelha. "Eu te asseguro, eu posso aguentar," ele acrescentou. Aguentar o que quer que ela quisesse dar a ele, fosse seu olhar, sua conversa ou mais. E Deus, ele ansiava pelo mais. Bastardo ganancioso que era, ele reivindicaria o que quer que ela escolhesse dar.
"Daniel," ela começou, a rebeldia cortando o nome dele, "não sei se abordar a equipe e brincar com eles é uma das suas formas usuais de entretenimento. Mas, já que você me convidou a não ser tímida, deixe-me dizer que isso pode ser um jogo para você, mas os garçons não são brinquedos para aliviar seu tédio. Este é o sustento de trabalhadores que dependem de um salário e de não serem demitidos por confraternizar com os convidados."
O choque vibrou através dele. Choque e... deleite. Excitação—algo que ele não experimentava há tanto tempo que não conseguia lembrar da última vez—desceu pela sua espinha. "Eu não jogo," ele disse. "É uma perda de tempo. Por que ser evasivo quando ser honesto alcança o objetivo mais rápido?"
"E qual é o seu objetivo aqui, Daniel?" ela desafiou, não escondendo o desdém. Se ela entendesse como seu pulso acelerava e seu corpo pulsava toda vez que ela dizia seu nome com uma altivez digna da realeza, provavelmente faria um voto de silêncio.
"Dar uma apalpada em um corredor escuro? Um pouco de tapas e beijos em um armário de vassouras?" ela perguntou.
"Sou muito velho para apalpar. E eu não 'dou tapas e beijos' também, seja lá o que for isso. Eu transo."
A cabeça dela recuou com a declaração direta dele, seus olhos se arregalando atrás das armações escuras. Mesmo com o barulho de conversas e risadas ao redor deles, ele captou o suspiro agudo dela. Uma voz que soava suspeitosamente como a de Frank, sussurrou um palavrão para ele. Quantas vezes Frank o havia avisado para moderar seu jeito brusco e direto? Bem, para ser mais preciso, Frank o descrevia como sem tato. Palavras bonitas não eram seu forte; honestidade era.
Normalmente, ele não se arrependia de sua franqueza. Como ele havia dito a ela, ele não se entregava a jogos. Mas naquele momento, ele quase se arrependeu. Especialmente se ela se afastasse dele.
"É por isso que você me parou? Para me fazer uma proposta?" Ela baixou o olhar para a taça de champanhe na mão dele, e com apenas aquele olhar deixou claro que não acreditava na sua pretensão de querer o vinho. Ele deu de ombros, colocando a taça atrás dele em uma das mesas altas espalhadas pelo salão de baile. "Por que me escolher?" ela continuou. "Porque sou tão bonita que você não conseguiu se controlar?" ela zombou. "Ou porque sou uma garçonete, e você é um convidado em uma posição de poder? Você escolhe todos os garçons sempre que está em uma dessas festas?"
Emma sabia que estava completamente fora de linha. Ela nem sequer trabalhava ali de verdade. E provavelmente estava exagerando por ciúmes. Ciúmes de quê? - ela não sabia. Na verdade, sabia. Ela só não ia admitir para si mesma. Uma parte dela continuava dizendo que ela tinha que lutar contra ele. Lutar contra a atração que sentia por ele. E assim ela continuou. "O que acontece se eu disser não? Vou me ver de repente sem emprego?"
Nojo e o primeiro lampejo de raiva percorreram suas veias. "Eu quero passar um tempo com você... uma noite com você? Sim," ele afirmou, e novamente os olhos dela se arregalaram com sua franqueza antes de se estreitarem. "Eu te disse, eu não minto. Eu não jogo. Mas se você recusar, então não, você ainda terá um salário e um emprego no final da noite. Eu não preciso chantagear mulheres para minha cama, Emma. Além disso, uma mulher disposta, uma mulher que quer minhas mãos em seu corpo, que implora pelo que sabe que posso dar, é muito mais excitante, mais prazerosa. E qualquer homem que se preze valorizaria isso mais do que uma mulher coagida ou forçada a entregar algo que deveria ser oferecido ou entregue de livre e espontânea vontade."
Ela o estudou em silêncio, o fogo desaparecendo de seu olhar, mas algo mais cintilou naqueles olhos escuros. E esse "algo" fez com que ele se aproximasse um passo, mas parasse antes de invadir seu espaço pessoal. "Para responder à sua outra pergunta," ele murmurou. "Por que eu escolhi você? Sua primeira suposição estava correta. Porque você é tão bonita que eu não consegui evitar. E você meio que tem estado na minha mente desde que nos conhecemos. E eu não queria perder a oportunidade de falar com você novamente."
O silêncio inchou ao redor deles como uma bolha, abafando o barulho do evento. Suas palavras pareciam ecoar no casulo, e ele se maravilhou com elas. Não havia jurado que não fazia palavras bonitas? O que ela estava fazendo com ele? Mesmo enquanto a pergunta ecoava em sua mente, ela inclinou a cabeça para trás e o encarou, seus olhos lindos mais escuros... mais quentes. Naquele momento, ele ficaria debaixo de uma maldita sacada e a serenaria se ela continuasse olhando para ele daquele jeito. Ele fechou os dedos na palma da mão, lembrando-se com a dor que não podia tocá-la. Ainda assim, o único som que alcançava seus ouvidos eram os rápidos e suaves suspiros escapando de seus lábios bonitos. Por mais ridículo que parecesse, ele jurava que cada respiração deslizava sob suas roupas, varrendo sua pele. Ele ansiava por ter cada sopro úmido umedecendo seus ombros, seu peito enquanto as unhas dela se torciam em seu cabelo, cravavam em seus músculos, agarrando-se a ele enquanto os levava ao ponto da loucura carnal.
"Eu—eu preciso ir," ela sussurrou, já se afastando dele. "Eu—" Ela não terminou o pensamento, mas se virou e se embrenhou na multidão, distanciando-se dele.
Ele não a seguiu; ela não havia dito não, mas também não havia dito sim. E embora ele tivesse captado o desejo em seu olhar—seu estômago ainda doía com o soco no estômago disso—ela tinha que vir até ele. Ou pedir para ele ir até ela. Enraizado onde ela o deixou, ele acompanhou seus movimentos. Viu o momento em que ela atravessou a massa de pessoas e caminhou na direção das portas duplas de onde mais funcionários com bandejas emergiam e saíam. Viu quando ela parou, a palma pressionada contra um dos painéis. Viu quando ela olhou por cima do ombro na direção dele. Mesmo através da distância do salão de baile, o choque elétrico daquele olhar o atingiu, fervilhando em suas veias. Momentos depois, ela desapareceu de vista.
Não importava, porém. Aquele olhar, aquele olhar. Selou o destino dela. Selou o destino de ambos.