




Capítulo dois
"Já vou!" Emma gritou enquanto caminhava para abrir a porta da frente e deixar Karen entrar. Seu apartamento era bem mobiliado. Tinha três quartos, dois banheiros, uma cozinha e uma varanda. Karen sempre dizia que a única coisa que faltava no apartamento era a presença de um cara. Como suas camisas, perfume e coisas assim. Tudo o que Emma fazia era revirar os olhos como de costume. Ela abriu a porta e Karen entrou.
"É isso que você vai usar?" Karen disse, olhando-a de cima a baixo como se ela estivesse com maquiagem de palhaço. "Vamos, Emma, é seu primeiro encontro com esse cara."
"E daí?"
"E daí que você deveria usar algo que o faça dizer 'uau'. Algo que faça ele não querer tirar os olhos de você."
"Você quer dizer algo vulgar," Emma disse.
"Não muito vulgar," Karen respondeu. "Você sabe o que eu quero dizer."
"Bem, eu sei o que você quer dizer," disse Emma. "Não estou com humor para isso tudo. E, para ser honesta, eu teria mudado de ideia se não tivesse dito a Ben que o veria. E não há absolutamente nada de errado com o que estou vestindo. É um vestido bonito."
"Sim. Mas bonito não vai te levar para a cama," Karen disse.
Emma deu um de seus olhares. "Você não deveria estar ao lado agora? Você sabe... fazendo todas as suas coisas de Dia dos Namorados?" Emma perguntou.
Karen estava namorando Frank, o vizinho de Emma, há quase dois anos e eles eram um casal incrível. Karen tinha vindo visitar Emma uma vez e ela e Frank se deram bem. Apesar da visão de Emma sobre relacionamentos, ela sempre achou que Karen e Frank eram um casal exemplar. Às vezes, ela desejava ter o que eles tinham. Mas ela estava realmente feliz por sua amiga.
"Eu só vim ver como você está," Karen respondeu.
"Ou você só está aqui para meter o nariz onde não é chamada. Como sempre," disse Emma.
Karen riu. "Na verdade, sim. Eu vim para garantir que você não mudou de ideia sobre encontrar o Ben," disse Karen.
"Não vou. Combinamos de nos encontrar no Raj's para jantar às 8:30."
"Bom. Vou ver meu homem agora, mas quero saber de tudo amanhã. Tente fazer isso dar certo, garota. Eu prometo que o Ben é um cara legal."
Emma revirou os olhos. "Eles sempre são no começo, querida."
"Ou pelo menos dê uns amassos."
"Saia daqui, Karen."
Karen riu enquanto saía. Ela e Frank provavelmente tinham algo romântico planejado para a noite e Emma não pôde deixar de desejar que já tivesse alguém para passar a noite em vez de ir a um primeiro encontro.
Começar e construir um novo relacionamento parecia trabalho, e ter que terminar depois de conhecer alguém tornava todo o processo ainda mais irritante. Ela ligou para Ben para avisar que estava a caminho, pegou sua bolsa e saiu de casa.
Quando Emma chegou ao Raj's, já estava arrependida de ter concordado com essa ideia de encontro. A ideia de dar meia-volta com o carro e beber em casa passou pela sua mente, mas ela não queria deixar Ben na mão. Sim, ela era tão legal assim. Ben estava sentado em uma mesa perto da parede quando ela entrou, e ele acenou para que ela pudesse ver onde ele estava. Ela sorriu enquanto se aproximava.
Emma tinha encontrado Ben uma ou duas vezes quando foi ver Karen no escritório, e ele sempre tinha sido simpático. Uma parte dela sabia que Ben meio que gostava dela. Mas ela sempre o viu apenas como um amigo. Segundo Karen, ele sempre quis convidá-la para um encontro. Bem, lá estavam eles.
"Oi," ela disse enquanto se sentava. "Espero não estar muito atrasada."
"Não, nem tanto," Ben respondeu. "Não estou esperando há muito tempo."
"Ah, que bom," ela disse. "Não queria que você pensasse que eu te dei um bolo."
Ben era um cara atraente. Ele não era alto, e eles tinham quase a mesma altura, mas ele sorria muito, e isso o tornava ainda mais atraente.
"Você está linda."
"Obrigada... Você também está ótimo."
"Sempre quis te convidar para sair desde que te vi," Ben disse. "Demorei tanto porque sempre tive medo de você dizer não."
"Sério. Bem, sendo completamente honesta com você, eu não queria no começo. Eu não saio muito. Mas estou meio que feliz por ter vindo. Este lugar é lindo e é bom sair depois de uma semana estressante."
"Que ótimo... O que você gostaria de pedir?"
Ele chamou a garçonete e fizeram seus pedidos. Eles conversaram sobre seus trabalhos, famílias, gostos e desgostos, e a noite acabou sendo ótima. Ela percebeu que estava realmente se divertindo com ele. A única coisa era que Emma percebeu que não estava atraída por ele da maneira que Karen e Ben esperavam. Ele era um cara legal e tudo, mas a química simplesmente não estava certa.
Depois do jantar, eles se despediram e Emma dirigiu para casa sentindo um pouco de pena de Ben. Pobre rapaz, ele era tão doce e até prometeu ligar.
Definitivamente havia algo de errado com ela.
Emma adorava os sábados. Ela não precisava ir trabalhar. Tudo o que tinha que fazer era tomar banho, cozinhar, limpar, relaxar, e ela adorava isso. Karen apareceu naquela noite para dizer oi. Embora ambas soubessem que ela só queria ouvir sobre o encontro de Emma com Ben.
"Então, como você está hoje?" Karen perguntou, levantando as sobrancelhas de um jeito engraçado.
"Pergunte logo o que você realmente quer saber e acabe com isso," Emma disse.
Karen riu. "Tá bom... Como foi a noite passada com o Ben?"
"Foi bem."
"O que você quer dizer com 'foi bem'? Só bem? É só isso que você vai me contar? Eu preciso de detalhes, querida. Cada pequeno e sujo detalhe," Karen disse, sorrindo.
"Não tem detalhes. Nenhum sujo. Deus sabe o que você quer dizer com isso."
"O quê?"
"Estou falando sério. O encontro foi bom e o Ben foi ótimo, mas eu simplesmente não senti aquela coisa."
"Oh, querida. Você sempre deve sentir aquela coisa," Karen disse novamente com um de seus sorrisos diabólicos.
Emma deu a ela um olhar de desgosto. "Você sempre tem que fazer tudo parecer sujo? O Ben é legal, mas acho que o problema sou eu. Parecia que eu estava saindo com um amigo em vez de um encontro. Sério, parece que há algo de errado comigo?"
"Ermm... Sim."
"Você sabe que um amigo deveria ser legal. E um amigo diria... Oh, querida... não há nada de errado com você," Emma disse.
"Bem, eu não sou legal. Claro que o problema é você. Você está com muito medo. Você tem medo de se abrir para alguém. Você tem medo de deixar alguém entrar na sua vida e nunca vai conhecer ninguém desse jeito," ela suspirou. "Poxa, eu realmente pensei que você iria gostar dele."
"Desculpa, amiga," Emma disse, sentindo-se culpada. Ela sabia que Karen tinha feito algo legal tentando ajudá-la a conhecer alguém. E ela realmente se sentia solitária às vezes.
"Eu não disse que não gostei dele," Emma continuou. "Eu gostei. Mas não do jeito que você pensou que eu iria. Eu não disse isso a ele e ele ligou hoje."
"Sim, ele é legal assim," Karen disse. "Só não o afaste tão rápido. Você pode realmente começar a gostar dele. Quem sabe?"
"Sim. Mas nós duas sabemos que, na maioria das vezes, se vocês não se conectam no primeiro encontro, as chances de isso acontecer depois são meio pequenas."
"Sim. Porque você deixa ser assim."
"Você sabe que estou certa," Emma disse. "Eu preciso de uma bebida e terminei a última garrafa que tinha ontem à noite quando cheguei em casa. Acha que o Frank tem alguma?"
"Uau. Você é a única pessoa que eu conheço que realmente deixaria um encontro só para voltar para casa e beber sozinha."
"Cala a boca, não foi assim."
Elas atravessaram o corredor até o apartamento de Frank. Ele estava na sala de estar quando elas entraram e Karen foi se juntar a ele no sofá.
"Oi, Frank," Emma cumprimentou.
"E aí, tudo bem?" Ele respondeu.
"Estou bem. Eu só estava me perguntando se você tem algum álcool por aí. Estou meio sem."
"Sim, claro. Deve estar na cozinha."
Emma foi até a cozinha e voltou com uma garrafa de vodka.
"Obrigada, Frank. Vou substituir quando for ao mercado ama..."
Ela parou de repente. Ela tinha visto o cara que acabara de entrar na sala pela janela quando ele estava na varanda. Ele estava de costas fazendo uma ligação e ela tinha assumido que ele era um dos amigos de Frank que ela já tinha conhecido antes.
Ele era diabolicamente bonito. Nenhum homem deveria ter permissão para ser tão bonito assim, ela disse a si mesma. Ela tinha a sensação de que ficar muito perto dele a faria parecer ainda mais baixa do que era. Ele devia ter uns um metro e noventa e três ou noventa e quatro. O que Emma achava refrescante. Ela sempre teve uma queda por caras altos. Seu cabelo era escuro e sua pele era lisa e bronzeada. Ela o observou, dos olhos escuros que a olhavam fixamente, ao maxilar forte, aos ombros largos envoltos em uma camisa branca. As mangas da camisa estavam dobradas até os cotovelos.
Seu coração começou a bater forte. Ela estava fascinada pelo homem. Uma consciência a inundou, assim como uma necessidade repentina de pentear o cabelo. Droga, por que ela tinha colocado esse short velho e regata hoje? Ela se perguntou como ele ficaria sem aquela camisa.
Ela engoliu em seco e tentou desviar o olhar. Fantasias como essa não a levariam a lugar nenhum.
"Oi," ele disse. E por alguns segundos Emma não percebeu que ele estava falando com ela.
Ela corou quando levantou uma sobrancelha questionando. "Ah, olá."
"Ermm... meu nome é Daniel. Prazer em conhecê-la," ele disse enquanto se aproximava e oferecia a mão para um aperto de mão.
"Prazer em conhecê-lo também... Eu sou a Emma," ela disse. Ela soltou a mão dele como se ele fosse feito de fogo. Foi um choque e ela estava atordoada com aquele toque inicial que a incendiou. A faísca de atração genérica que ela sentiu por ele se transformou em uma fascinação aguda enquanto ela o encarava. Uma compulsão de saber tudo sobre esse homem surgiu dentro dela.
"Emma... é um nome bonito."
"Ah, você acha?"
"Sim, acho."
"Bem... obrigada."
A voz profunda dele ecoou em seus ouvidos e enviou uma onda de calor por ela. Sua respiração ficou presa por um momento antes de ela se lembrar de respirar. Eles se encararam por um tempo.
"Então você mora no prédio também?" ele estava dizendo.
"Sim, eu moro ao lado... Só vim pegar isso emprestado," ela disse, levantando a garrafa. "Eu deveria voltar agora."
"Ah, tudo bem. Acho que nos veremos por aí então."
"Sim, claro... Daniel."
Ela estava com pressa para sair e nem sabia por quê.