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No escritório, o Beta de Dillon, Logan, juntou-se a ele para discutir a condição de Jacque. Já fazia quatro semanas desde o acidente e, finalmente, Logan tinha boas notícias para compartilhar.
"Jacque acordou do coma," informou Logan.
"Você sabe mais alguma coisa sobre o estado dela ou apenas que ela está acordada?" A voz de Dillon estava rouca de emoção.
"Pelo que pude perceber, ela está se recuperando rapidamente, quase tão bem quanto um lobo de sangue puro."
Dillon não conseguia parar de pensar, pela milésima vez, em como Fane havia deixado sua filha vulnerável. Outro pensamento também o incomodava. Ele se virou abruptamente, encarando Logan. "Você estava lá, por que não a ajudou?"
"Eu ia ajudar, Alpha, mas Fane chegou tão rápido. Ele teria descoberto o que eu era se eu me revelasse. Agora percebo que a segurança de Jacque deveria ter sido minha prioridade," disse Logan, com os olhos baixos e o pescoço exposto em submissão.
Dillon apreciou o gesto, pois estava se segurando para não perder o controle sobre seu próprio lobo, e qualquer desafio por parte de Logan não teria terminado bem.
"Eu ia ficar fora disso. Ia confiar que Lilly saberia o que era melhor para nossa filha, mas essas últimas semanas... Quanto mais penso nisso, mais preocupado fico. Não posso deixar isso passar. Jacque poderia ter sido morta e tudo porque seu suposto companheiro, que é pouco mais que um garoto, não a protegeu como era sua responsabilidade."
Uma sensação incômoda na parte racional de seu cérebro dizia a Dillon que ele poderia estar sendo um pouco duro demais com Fane, mas ele não conseguia evitar. Esta era sua filha. Se ela tivesse morrido, Dillon nunca teria tido a oportunidade de conhecê-la. Isso era inaceitável. Jacque ainda era menor de idade. Dillon poderia invocar seus direitos como Alpha dela e cuidar dela até que fosse adulta. Lilly provavelmente o odiaria por isso, mas eventualmente veria que era melhor para Jacque dessa forma. Ela era muito jovem para se acasalar, e pior, Fane era muito jovem para ser seu companheiro. Ele não entendia o que significava ser um companheiro, a responsabilidade que vinha com o título.
"Você disse que havia quatro lobos além de Vasile e seu filho?"
"Sim, Alpha."
"Chame os quatro primeiros do nosso bando, com você e eu seremos seis. Devemos abordar o bando deles com um número igual de lobos para que nosso contato não pareça um desafio a Vasile. Mas também devemos mostrar que tenho apoio. Peça a Colin para fretar um avião particular. Quero chegar lá o mais rápido possível."
Colin era o assistente de Dillon, por falta de uma palavra melhor, e cuidava de qualquer assunto do bando e atuava como um elo de ligação com outros bandos. Por causa de seu status de Ômega, ele não era considerado uma ameaça ou um desafio para outros bandos, nem era submisso a ponto de permitir que outros bandos o desrespeitassem.
Logan assentiu ao pedido de seu Alpha e se virou para sair.
"Partimos em uma hora," Dillon disse para as costas de Logan enquanto ele se afastava.
Logan mentalmente deu um tapinha nas próprias costas. Meu plano está funcionando perfeitamente. Como eu poderia saber que um simples pneu furado faria o carro capotar e pegar fogo? O coração de Logan estava na garganta quando viu o corpo imóvel de Jacque sendo puxado do SUV em chamas. Ele quase correu para ajudar, mas quando ouviu os veículos dos outros lobos se aproximando, entrou em seu carro e dirigiu pelo canteiro central para a rodovia oposta. Ele estava dirigindo na direção oposta a Fane e sua família. Eles nem sequer olharam em sua direção, seus olhos estavam apenas na carcaça do carro. Logan assumiu que a raiva de Dillon diminuiria, eventualmente. Em vez disso, até agora, só havia aumentado.
Logan entrou na sala de guerra do bando. Seus quatro principais companheiros de bando esperavam, cada um limpando armas ou monitorando o perímetro da mansão em uma série de telas de TV conectadas a câmeras espalhadas por todo o terreno. Todas essas precauções pareciam arcaicas, já que nenhum outro bando havia tentado desafiá-los em seu território em mais de um século. Mas velhos hábitos são difíceis de abandonar. E agora que Vasile, provavelmente o Alpha mais poderoso da terra, estava em solo americano, Logan estava feliz que Dillon fosse tão consciente em relação à segurança.
"Lee, Phillip, Dalton e Aidan, preciso de vocês comigo. Preparem suas armas. Vocês não as carregarão consigo, mas quero que estejam disponíveis caso sejam necessárias. Peguem roupas suficientes para três dias e depois nos encontrem, a mim e ao Alpha, na garagem principal. Explicarei a situação no caminho. Movam-se." Sem uma palavra, os quatro lobos montaram suas armas e depois saíram da sala para cumprir as instruções de seu Beta. Logan sempre sentia um orgulho quando o bando obedecia sem questionar. Era um sinal de confiança. Infelizmente, era uma confiança que ele teria que trair.
Melhor não pensar nisso agora. Apenas faça o que precisa ser feito, peça perdão depois.
Dillon estava na garagem principal, esperando que seu bando se juntasse a ele. Ele fazia o melhor para acalmar suas emoções, sabendo que o bando as perceberia. Não queria que seus companheiros de bando carregassem seus fardos. Era seu trabalho como Alpha protegê-los de estresse desnecessário, mas esta era uma situação que ele nunca havia enfrentado antes. Pela primeira vez em muito tempo, Dillon não sabia como se comportar. Ele chamou seu lobo, sabendo que a besta seria menos emocional e mais prática. Faria o que precisava ser feito. Dillon poderia se preocupar com as emoções depois, quando a situação estivesse sob controle. Logan e o resto dos membros escolhidos do bando chegaram, todos vestidos com roupas pretas de combate.
"Você os informou?" Dillon perguntou a Logan.
"Não, Alpha. Achei melhor fazer isso no caminho."
Dillon assentiu com a cabeça em concordância. "Certo, vamos entrar no Hummer. Phillip, você dirige."
Logan informou o resto do grupo sobre a situação com a filha de Dillon. "É imperativo que essa informação permaneça dentro deste grupo. Dillon será o único a decidir quando o resto do bando saberá," disse Logan a eles.
Dillon então falou. "Pode ser desconfortável para vocês, já que ela também é sua Alpha, mas escolhi não revelar isso à minha companheira ainda. Falando nisso, me desculpem da conversa por um momento, preciso informá-la que estarei fora por alguns dias." Ele não disse mais nada sobre o assunto.
Logan não conseguiu perceber pela expressão no rosto de seu Alpha enquanto Dillon falava com sua companheira através do vínculo deles, mas assumiu que o homem havia inventado alguma história para contar à fêmea Alpha. Se ela questionou, Dillon não mencionou. Confiança. Confiança sendo quebrada mesmo enquanto o Alpha falava com sua companheira. Era para o melhor, decidiu Logan. Assim como ele teve que tomar as rédeas em relação a Jacque, Dillon agora tinha que determinar como lidar com essa situação por conta própria. O estresse adicional que sua companheira, Tanya, traria não ajudaria em nada. Uma vez que a situação estivesse contida, Logan assumiu que Dillon se sentaria com Tanya e explicaria as coisas. O Beta se certificaria de estar ocupado quando essa conversa acontecesse. Tanya era impulsiva e muitas vezes falava antes de pensar.
Uma filha desconhecida aparecendo do nada após dezessete anos? Sim, isso vai ser uma bagunça. Boa sorte com isso, Alpha.
"Então, o plano," disse Dillon, "é contatar Vasile quando chegarmos em Coldspring. Devemos informá-lo que estamos lá de acordo com a lei do bando. Tenho certeza de que ele contará a Lilly, que por sua vez contará a Fane, o garoto que se declarou companheiro de Jacque. Vocês não devem enfrentar os lobos de Vasile a menos que eu ordene. Estamos claros?"
Cada um dos lobos assentiu com a cabeça e expôs o pescoço em submissão.
"Depois que Lilly for notificada, vou marcar um horário para me encontrar com ela e discutir sobre Jacque e quando poderei conhecer minha filha. Neste momento, não mencionarei invocar meus direitos como Alpha dela. Farei isso depois de conhecê-la. Também farei isso apenas na frente de Vasile, seu filhote e seu Beta. Durante esse tempo, apenas Logan estará comigo," explicou Dillon.
Quando ele terminou de contar ao bando o que aconteceria, eles já haviam chegado ao aeroporto. Os seis homens embarcaram no avião fretado que Colin havia providenciado para eles.
Quando o avião decolou, Dillon se recostou na cadeira e fechou os olhos. Tentou imaginar o que Jacque diria quando ele se apresentasse a ela. Será que ela ficaria com raiva por ele não ter feito parte da vida dela? Será que ficaria feliz por finalmente conhecê-lo? Ele não conseguia se lembrar de uma vez em que se sentira tão inseguro.
Logan tentava planejar o melhor momento para tirar Jacque do hospital. Finalmente, um plano de ação se formou. Ele diria a Dillon para remover os guardas de Vasile e instalar os seus próprios após invocar seus direitos de Alpha. Vasile teria que ceder. Como chefe de segurança, o próprio Logan definiria a rotação dos guardas para a noite, quando o pessoal era mínimo. A cobertura da escuridão o ajudaria em sua tarefa após escapar do hospital. Ele estava tão perto de seu objetivo, tão perto de ter a única coisa que realmente queria há muito tempo, e ele a teria. Não importava o que fosse necessário, Jacque Pierce seria dele.
O jato particular pousou em uma pequena pista de pouso perto de Coldspring. Um carro alugado estava esperando. Dillon se perguntou, não pela primeira vez, o que faria sem Colin. O homem parecia pensar em tudo.
Logan sabia a localização do hospital, então ele dirigiu enquanto Dillon encontrava o número de Vasile no diretório de Alphas. Sim, eles tinham um livro com todos os números dos Alphas. Dillon não pôde deixar de pensar que alguém também tinha um Colin que teve essa ideia. Dillon discou o número e, enquanto ouvia o telefone tocar, tudo o que conseguia pensar era como isso seria interessante. O telefone foi atendido no quarto toque.
"Vasile," disse uma voz do outro lado da linha.
"Vasile, aqui é Dillon Jacobs, Alpha do Bando de Denver. Quero informá-lo que estou em Coldspring, Texas. Você conhece algum outro Alpha que eu precise notificar?"
Vasile ficou em silêncio por alguns instantes antes de responder. "Não, o bando aqui em Coldspring ainda não é oficial. Vou notificar o novo Alpha que você está aqui." Dillon ouviu Vasile respirar audivelmente e depois soltar o ar devagar.
"Eu quero saber por que você está aqui, Jacobs?" Vasile perguntou.
"Tenho certeza de que você já sabe, Lupei. Quero falar com Lilly e quero conhecer minha filha. Pelo que entendi, ela sofreu um acidente." Havia um leve rosnado na voz de Dillon ao responder Vasile.
"Como, posso perguntar, você soube sobre Jacquelyn, ou sobre o acidente, aliás?" Vasile perguntou, com a voz carregada de ceticismo.
"Membros do bando falam, Vasile. Você sabe como é. Um grupo de lobos é pior do que um salão de beleza para fofocas. Naturalmente, quando ouvi que houve um desafio ao filhote do Alpha mais forte, e que isso aconteceu na cidade natal de Lilly, fui investigar. Imagine meu choque quando descobri que tinha uma filha." Dillon não achou que Vasile precisava saber que Logan os estava seguindo há semanas.
"Estamos a caminho do hospital agora, Vasile. Por favor, peça a Lilly para me encontrar na entrada. E eu pediria, Vasile, que você se abstivesse de mencionar isso a Jacque até que eu fale com a mãe dela."
"Vou informar Lilly. Mas não posso garantir que ela o verá." Dillon começou a falar, mas Vasile o interrompeu. "Jacque está inconsciente há um mês. Lilly passou por um inferno. Ela está estressada e sobrecarregada. No entanto, vou informá-la. Se você chegar aqui e ela não estiver esperando no saguão, então me ligue amanhã, resolveremos algo. Não posso imaginar que isso vá acontecer como você espera."
"Ainda não tenho expectativas. Estou com cinco dos meus lobos, meu Beta e meus quatro primeiros. Isso não é um desafio para ninguém, Vasile. Eu simplesmente quero conhecer minha filha," Dillon disse, sua voz nunca traindo a sutil mentira. Dillon sabia, no fundo, que ele não queria apenas conhecer Jacque, ele planejava levá-la para casa com ele.
"Entendido," respondeu Vasile. "Eu pediria que você e seus lobos ficassem discretos e tratassem isso como se fosse meu território permanente. Lilly é uma quase-membro do meu bando agora. Não me dê motivos para me arrepender de permitir esta visita."
"Você não pode me permitir fazer nada, Vasile."
As palavras foram recebidas com um rosnado. "Você não quer ser imprudente, Dillon, eu prometo. Eu não imponho meu poder sobre os Alphas, mas farei o que for necessário para proteger aqueles sob minha proteção. Você não quer me testar nisso."
Dillon conteve suas palavras. Infelizmente, Vasile estava certo. A última coisa que Dillon queria era uma guerra com os romenos. Mas ele cumpriria a lei do bando quando Dillon a invocasse. O Alpha do Colorado podia contar com isso.
"Entendido?" Vasile perguntou.
"Entendido," respondeu Dillon.
"Meu Beta, Decebel, esperará com Lilly. Ele é imparcial nesta situação. Me avise como foi sua reunião," disse Vasile com um sarcasmo divertido. "Qual é o seu ETA?"
"Meu Beta diz que chegaremos em dez minutos."
"Dez minutos? Que cortesia sua dar um aviso tão amplo de sua chegada." Vasile desligou antes que Dillon pudesse responder à provocação.
"Isso foi como você esperava?" Logan perguntou a ele.
"Mais ou menos. Vasile estava calmo até eu desafiá-lo. Os calmos são muitas vezes os mais mortais. Eles nunca traem suas emoções, então nunca se sabe qual será o próximo movimento deles."
"Parece que ele seria um bom jogador de pôquer," Logan disse secamente.
"Não estamos aqui para jogar pôquer."
Dillon pensou na melhor maneira de manter Lilly calma o suficiente para deixá-lo ver Jacque antes de soltar a bomba de que estava lá para levar sua filha embora. Infelizmente, não havia ideias brilhantes caindo do céu, nem ele havia encontrado um livro chamado Como Acalmar a Amante que Você Desprezou em Favor de sua Verdadeira Companheira para Leigos.
Eles estacionaram no estacionamento do hospital. Estava lotado, então Logan teve que estacionar o carro alugado a uma boa distância da entrada principal.
"Vou entrar e falar com Lilly. Quero que todos vocês fiquem aqui. Ela já está chateada com Jacque estar inconsciente por tanto tempo e minha presença só vai piorar as coisas. Não quero assustá-la mais com um bando de lobos desconhecidos descendo sobre ela." Dillon sabia que falar com Lilly provavelmente seria mais difícil do que falar com Jacque. Ele tinha história com Lilly. O tipo de história que deixa uma ferida no coração que nunca cicatriza. Ela forma uma crosta, muitas vezes repetidamente, mas quando a crosta sai, a dor é tão crua e dolorosa quanto no dia em que a ferida foi infligida. Dillon era sortudo, ele tinha sua companheira, cuja presença muitas vezes mantinha a crosta no lugar. Quem Lilly tinha?
O som da voz de Logan trouxe Dillon de volta aos seus pensamentos. "Em que momento você planeja reivindicar os direitos de um Alpha em relação a um menor?"
"Decidirei isso depois de me encontrar com Lilly," ele respondeu.
Sem mais uma palavra, Dillon abriu a porta e saiu no calor do Texas. Embora o ar estivesse quente, não era isso que o fazia suar. Ele fechou a porta do carro e se virou para caminhar até a entrada do hospital. Naquele momento, ele realmente não podia dizer o que seria pior, enfrentar uma amante que ele havia machucado ou mastigar um punhado de tachinhas. Quando Dillon chegou à entrada e abriu a porta, a primeira coisa que viu foi o rosto bonito de Lilly. Ele soube então que preferiria mastigar as tachinhas do que enfrentar a traição em seus olhos.