




Prólogo
Ele a arrastava escada abaixo, segurando seu cabelo com força, machucando suas pernas e pés. Ela choramingava e soluçava. Lágrimas silenciosas escorriam de seus olhos. Ela não conseguia lutar contra o aperto firme dele, pois com a mão esquerda segurava o pulso direito quebrado.
A mansão e seus habitantes dormiam em um sono tranquilo. Ela não podia gritar e ninguém poderia vir salvá-la.
A mansão era o epítome de um lugar. As pessoas que passavam por fora sentiam inveja de quem vivia ali dentro.
Mas elas não sabiam que uma besta também vivia naquele lugar e praticava torturas desumanas em uma pobre alma.
A besta já havia transformado o castelo em um inferno para aquela pobre garota.
Ela sussurrava timidamente uma única frase, dizendo que estava arrependida e não sabia de nada.
Mas a raiva e a fúria o cegaram e ensurdeceram.
Ela nem sequer pedia mais para ele acreditar nela. Tudo o que queria era escapar daquela situação a qualquer custo.
"Zain, por favor", ela tentou novamente com lábios trêmulos, tentando amolecer o coração dele com seu apelo tímido, mas tudo em vão.
Ele a jogou na água fria da piscina em uma noite rigorosa de inverno.
Ela estava no meio da água da piscina, segurando seus braços quebrados.
Como um homem arrogante, ele observava o espetáculo de sua impotência.
Ele estava aproveitando. De um lado, bebia álcool e do outro, fumava um charuto caro. Com um sorriso de satisfação, ele apreciava o estado miserável dela. Seu rosto exibia as puras nuances da escuridão pecaminosa.
O corpo dela tremia muito. Porque ele já a havia trocado para um vestido muito curto e de seda. O mesmo vestido que ela usou no dia em que decidiu ser dele para sempre.
Mas ele estava cego para ver o braço quebrado dela, o rosto machucado pelas bofetadas e os lábios decorados com cortes.
O lado do pescoço dela já estava roxo e azul com a tortura anterior que ele fez no quarto.
Seu cabelo volumoso estava desgrenhado como um ninho de pássaro em favor da brutalidade dele.
Segundos viraram minutos e minutos viraram horas. Mas ele não mostrava nenhuma misericórdia.
A força dela estava acabando a cada momento que passava. Ela não sabia por quanto tempo aguentaria.
Ele se levantou e estava prestes a sair quando ela reuniu coragem e fez a pergunta que mais temia naquele momento. Ela não queria provocar mais a ira e a fúria dele.
"Quanto...tempo...eu...tenho...que ficar aqui?" com lábios trêmulos, ela gaguejou a pergunta.
Zain parou por um momento e pensou. Então, virou o pescoço e respondeu sem olhar para ela.
"Até você morrer!" depois de dizer suas últimas palavras, ele saiu. Concedido. Seu desejo foi concedido naquele momento.
Ela abaixou a cabeça. Então, finalmente chegou a hora. Mas quanto tempo levaria para a piscina tirar sua vida?
Quanto tempo ela teria que esperar?
Ela não podia se afogar porque não queria carregar a acusação de suicídio. Já tinha sofrido o suficiente neste mundo. Não queria arruinar sua akhirah (vida após a morte) pecando com o suicídio.
Ela estava rezando para que sua vida após a morte fosse tranquila. Mais alguns momentos e então estaria dormindo em sua sepultura.
Seu único arrependimento era não poder abraçar seus filhos uma última vez. Não podia ver sua amiga. Mas havia uma paz em saber que o sofrimento de sua filha chegaria ao fim. Saliha cuidaria de sua fada, como prometido.
As crianças sentiriam falta dela por alguns dias, mas depois aprenderiam a viver sem ela. Mesmo em seus últimos momentos, estava rezando pela felicidade e bem-estar de seus filhos. Afinal, ela era mãe. Essas seriam suas últimas orações por seus filhos. Mas ela também orou por ele. Apenas uma última vez.
Ela orou pela felicidade de Zain também.
"Ya Allah, cure seu coração e alma da ferida da minha traição. Dê a ele a bênção do verdadeiro amor e uma alma gêmea." Ela rezou isso um pouco mais alto, olhando para o céu.
Ela deveria ter morrido há muito tempo, era a vida de bônus que estava vivendo. E agora o tempo de validade do bônus chegou.
Que Allah a reúna com sua mãe no paraíso.
O sono e a exaustão estavam tomando conta dela. Provavelmente morreria afogada na piscina. Alguém no passado já tinha forçado seu rosto na água muitas vezes, mas ela sobreviveu. Mas esta noite não sobreviveria. Ela perdeu toda esperança. Ou talvez nunca tivesse esperança. Ninguém viria tirá-la da água.
As memórias embaçadas dos últimos cinco anos de sua vida passaram diante de seus olhos.
Ela pensou se afogaria consciente ou inconsciente. Ou se morreria em uma temperatura fria congelante.
Mal sabia ela que sua suposição estava prestes a se provar errada e as palavras de Zain seriam cumpridas.
Ela já estava na mira de uma arma à distância.
Um sniper já estava mirando em sua cabeça de longe. A noite e a escuridão lhe proporcionavam a cobertura perfeita para seu crime.
O ponto vermelho não estava focando em sua cabeça porque, devido ao sono avassalador, sua cabeça estava sofrendo choques. O assassino estava esperando há muitas horas.
Um
Dois
Três
O tiro foi disparado pela arma do sniper.
Uma dor aguda irrompeu ao lado de seu crânio, matando todos os seus sentidos de pensar e entender.
Com um splash alto, ela caiu nas profundezas da água da piscina, acolhendo a escuridão.
Esta noite, sua jornada de vingança e a jornada de redenção dela terminariam para sempre.
Será que o anjo da morte veio receber sua alma?
5 anos e alguns meses depois
Uma garota pequena estava esfregando o chão de um restaurante comum. O cansaço e a exaustão de muitas décadas estavam estampados em seu rosto.
Quem é ela, o que passou? Será que foi ressuscitada do inferno?