




Capítulo 2
Clarie colocou as pernas no sofá enquanto saboreava o chocolate quente feito por Daniele. Seus olhos estavam fixos na tela de 45 polegadas à sua frente, que exibia uma comédia romântica.
"E então, como é ser uma secretária que tem um chefe bonito?" perguntou Daniele, sentando-se ao lado de Clarie.
Clarie vinha contando a Daniele há muito tempo que tinha um chefe muito bonito no trabalho. Quando Clarie conseguiu o emprego de assistente de secretária, sua amiga lhe contou sobre o mundo das secretárias, dizendo que muitas vezes eram mantidas por seus chefes.
No entanto, Clarie não acreditava nisso, achava que nem todas as secretárias se tornavam amantes. A prova disso era Rebecca, que era secretária de Lucas Henderson há anos e eles não tinham nenhum relacionamento.
"É normal," respondeu Clarie indiferente, sem tirar os olhos da tela à sua frente.
"Tsk, talvez você não seja atraente para ele, por isso ele não olha para você," disse Daniele.
"Como assim?!" perguntou Clarie, sem entender.
"Ah, Clarie! Não se faça de inocente, tá?" Daniele colocou a caneca que ainda tinha chocolate quente na mesa. "Todos sabemos como é o trabalho de uma secretária," disse Daniele, fazendo um gesto com dois dedos.
Clarie balançou a cabeça rapidamente.
"Não é assim, Danny, querida. Na verdade, eu só comecei há 3 dias, e ainda não aconteceu nada," lembrou Clarie. "Além disso, ele já tem a esposa perfeita. Com certeza ele não precisa de outra mulher, né?"
"Marion Larsen, né?"
Clarie assentiu em confirmação.
"Sim, ela é a mulher perfeita. Tem tudo o que qualquer mulher no mundo sonha. Família rica, filha única, carreira brilhante e um marido bonito como um deus grego. Falta mais alguma coisa, tenta?"
"E muito bonita," acrescentou Clarie.
"Ela é modelo, claro que é bonita, sua boba!"
Clarie fez uma careta.
Clarie chegou ao escritório mais cedo, não queria desapontar Rebecca se tivesse que se atrasar novamente. A garota limpou a sala de Lucas e organizou as folhas de arquivos que ainda estavam espalhadas na mesa. Talvez seu chefe estivesse com pressa para ir para casa ontem, por isso sua mesa estava bagunçada assim.
Ela estava tão ocupada que nem percebeu a presença de alguém que acabara de entrar na sala.
Lucas engoliu em seco ao ver a cena à sua frente. A garota estava inclinada sobre a mesa, fazendo com que a longa saia que ela usava subisse, revelando suas coxas brancas e lisas.
"Ah!" Clarie gritou surpresa ao virar o corpo, fazendo com que as folhas em suas mãos se espalhassem novamente pelo chão. Lucas estava encostado na porta com uma expressão de desaprovação.
"Tsk!" Lucas riu enquanto se aproximava de Clarie e a ajudava a pegar as folhas de papel no chão.
"Desculpe, senhor," gaguejou Clarie.
Depois de arrumar as folhas, Clarie foi autorizada a sair da sala de Lucas.
"Com licença, senhor," disse Clarie, ao que Lucas respondeu com um suspiro.
Clarie fechou a porta atrás de si com sentimentos mistos. O susto ainda a envolvia.
"Ei, o que você estava fazendo lá, Clarie?" perguntou Rebecca, que acabara de chegar.
"Ah, oi. Você chegou, Bec." Clarie caminhou até sua mesa, sentou-se e tentou acalmar seu coração acelerado.
Esse era o último dia de Rebecca trabalhando no escritório, depois disso, a mulher de vinte e oito anos entraria em licença-maternidade por até seis meses. Clarie assumiria totalmente o controle de todos os horários de trabalho de seu chefe e gerenciaria todas as suas necessidades.
"Você consegue, Clarie. Eu tenho certeza disso," disse Rebecca.
"Claro, eu devo conseguir. Afinal, o Sr. Henderson não é muito exigente, né?" perguntou Clarie para se certificar.
"Bem, ele é diferente do Sr. Kendrick, que queria muita coisa. Ainda bem que ele se aposentou cedo," disse Rebecca com uma risada, aludindo ao seu antigo chefe antes de Lucas Henderson.
À noite, antes de ir para casa, Rebecca se despediu de Lucas em seu escritório.
"Boa sorte com o nascimento do seu bebê, Bec. Se eu tiver tempo, vou visitar," disse Lucas.
"Obrigada, Sr. Henderson. Nos vemos novamente em seis meses, deixo a Clarie no comando," respondeu Rebecca.
Lucas apenas assentiu e deu um pequeno sorriso.
Depois de sair da sala, Rebecca encontrou Clarie, que estava esperando para descerem juntas. Clarie ajudou Rebecca a carregar alguns itens e presentes dos colegas de escritório até o saguão, onde o marido da mulher estava esperando.
"Você vai ficar bem, né?" perguntou Rebecca mais uma vez.
Clarie se virou para a mulher ao seu lado. "Claro, você não precisa se preocupar, Bec," respondeu Clarie confiante.
"Se precisar da minha ajuda, me ligue a qualquer hora, Clarie," ordenou ela depois.
"Ok," respondeu Clarie brevemente.
Depois de deixar Rebecca, Clarie saiu do saguão e procurou um táxi. Nesta noite de sexta-feira, ela passaria a noite assistindo seu drama favorito ou até saindo para um café com Daniele.
.
Lucas pegou seu celular que estava tocando.
"Sim?" disse ele para a voz do outro lado da linha.
Suas mãos ainda se moviam agilmente sobre o teclado do laptop.
"Ok, eu vou depois."
Novamente, o homem colocou o objeto plano ao seu lado e continuou seu trabalho restante. Ele havia deixado Clarie ir para casa mais cedo e acompanhar Rebecca. Porque na próxima segunda-feira, a garota cuidaria de tudo sozinha, sem a ajuda de Rebecca.
O táxi de Clarie parou em frente ao seu apartamento nos subúrbios de Nova York. Depois de pagar a corrida, a garota desceu e atravessou a rua até a padaria da família Oswald.
"Bem-vinda," disse Rosemary, a dona da loja, que estava sentada em frente ao balcão de bolos. "Oi, Clarie?"
"Oi, Rose. Como você está?" perguntou Clarie em resposta ao cumprimento da mulher de 60 anos.
"Venha aqui, temos seus pãezinhos de coco favoritos, querida. E ainda estão quentes, o Varo acabou de tirá-los do forno," disse Rosemary entusiasmada, mencionando o nome de seu neto do primeiro filho.
"Uau! Parece delicioso, por favor, me dê três," disse Clarie feliz.
"Aqui está." Rose entregou o saco de papel contendo os pães para Clarie.
"Cheira tão bem," disse Clarie, cheirando o aroma dos pães que recebeu. Sua mão alcançou a carteira dentro da bolsa e tirou uma nota de dinheiro, entregando-a a Rosemary.
Depois de pagar, Clarie saiu da loja e atravessou a rua de volta para seu apartamento. Ela abriu a porta principal e subiu até o andar onde ficava seu apartamento.
Seu rosto ficou irritado ao ver alguém parado na porta de seu apartamento.
"Olá, querida. Faz tempo que você não volta, hein," disse o homem com um gorro.
"O que você está fazendo aqui?" perguntou Clarie secamente.
"Não fique tão chateada. O que você está trazendo?"
Clarie olhou para o saco de papel em sua mão esquerda. "São pães. Você está com fome?" perguntou ela novamente.
"Não estou com fome, Clarie. Eu preciso de dinheiro. Me dê o dinheiro, Clarie!" disse o homem irritado.
"Eu não tenho dinheiro," respondeu Clarie friamente, enquanto abria a porta do apartamento.
"Me dê o dinheiro ou eu vou transformar sua irmã em uma prostituta em um bordel!" o homem ameaçou no ouvido de Clarie.
O corpo de Clarie ficou tenso. A garota teve que pegar sua carteira e dar algum dinheiro para aquele homem irritante.
"Pegue e não volte mais!" Ela sibilou com raiva.
"Nos vemos na próxima semana, querida," disse o homem enquanto tocava o queixo de Clarie e se afastava.
Clarie rapidamente limpou o queixo que havia sido tocado pelo toque repugnante e entrou em casa, trancando a porta.