Quatro
DAISY
Entender meu armário, compreender meu horário e encontrar minha sala foi provavelmente a coisa mais extenuante que já tive que fazer.
Era uma aula de Matemática. Quando entrei, a tensão no ar aumentou. Todos os olhos se voltaram para mim e eu congelei. Com a cabeça baixa, dei mais alguns passos e parei, sem saber o que fazer a seguir.
"Você está atrasada," uma voz rouca enviou arrepios pela minha espinha. "O que você é? Nova ou desorientada demais para encontrar sua sala?"
Meus lábios tremeram. Eu não conseguia olhar para cima, mas me perguntava se eu havia provocado toda a irritação na voz ou se ela estava apenas sendo descarregada em mim.
"Eu sou nova, senhor," consegui responder, com uma voz tão trêmula.
"A única razão pela qual vou deixar passar. Tente chegar à aula mais cedo da próxima vez. Vá se sentar."
Eu mal dei um passo quando a próxima voz prendeu minha respiração.
"Não tão rápido, Sr. Peterson."
O suor brotou no meu rosto, escorrendo como uma cachoeira. Meus joelhos trêmulos me fizeram agarrar uma mesa para me equilibrar. Olhei para cima e lá estava ele, ligeiramente inclinado com as mãos apoiadas em uma mesa. Seus lábios se estreitaram em um sorriso enquanto ele devolvia meu olhar.
"Tem algum problema, Logan?" perguntou o Sr. Peterson. Seu toque relutante na têmpora com um dedo e um suspiro forçado mostravam o quanto ele estava desinteressado.
"Não. Nada sério. Apenas... o de sempre."
O de sempre? As palavras ressoaram na minha cabeça, cortando qualquer compostura que eu pudesse estar tentando manter. O que era o de sempre? Eu temia descobrir.
"Pode esperar para depois? A aula termina em trinta minutos e eu ainda não terminei."
"Receio que não possa. Regras são regras. Devem ser seguidas." Logan deu de ombros, sentando-se.
"Tá bom. Cinco minutos. É tudo o que estou disposto a ceder."
"Justo." Seus olhos ardentes queimaram os meus e eu suspirei baixo com o novo tom de vermelho que eles assumiram. Claro, ele era o único lobisomem cujos olhos podiam assumir qualquer tom que quisessem. Podia ser um dos benefícios de suas habilidades especiais, hereditárias ou algo assim.
"O palco é seu, senhorita."
Eu não era tão burra a ponto de não reconhecer a diversão em seu tom. Essa era uma de suas travessuras. Na alcateia, era diferente. Aqui, no meio dos humanos, era aterrorizante. O dever de não expor minha espécie repousava sobre meus ombros fracos, me pesando.
O Sr. Peterson gesticulou para que eu tomasse sua posição anterior e eu o fiz, lentamente e tremendo. De pé na frente da classe, lutei para conter minhas lágrimas. Era uma tarefa difícil, mais como impossível. A cada poucos segundos, uma lágrima caía.
O fato de eu não saber o que deveria fazer me agitava mais.
"Então... Senhorita Daisy, certo?" Logan riu, recostando-se em seu assento. "É o seguinte. Temos uma regra enraizada no Lawrence High. Todo aluno novo deve cumprimentar a turma."
"Cumprimentar... a turma?" Não parecia tão ruim afinal.
"Não literalmente. Você só fica aí e nós fazemos perguntas. Para te conhecer."
"Ok?" A palavra escapou da minha boca em um movimento baixo e trêmulo. Quase a repeti, duvidando que tivesse sido ouvida.
"Legal. Então, eu vou começar e todo mundo pode participar!" Ele anunciou, e os aplausos e gritos dos alunos me fizeram gemer. Confie no Logan para assumir o controle onde quer que vá.
"De onde você é?"
Eu me enrijeci. Um nó subiu na minha garganta e eu engoli em seco. Então me dei conta. Era isso. Suzy tinha dito que tinha sido informada. Avisada. Era isso.
Eles a colocaram nessa situação. Tinha que ser isso. Mas Deus, como ela sobreviveu? Eu preciso de muita ajuda agora.
"Longe," foi tudo o que consegui responder. Esfreguei freneticamente minhas palmas suadas no meu suéter, odiando o fato de existir.
"De onde exatamente?" Ele insistiu. Suas sobrancelhas arqueadas de maneira provocante.
"Três minutos. Você não quer desperdiçar tudo em apenas uma pergunta," disse o Sr. Peterson, verificando seu relógio de pulso com um suspiro.
"Quantos anos você tem?" Um aluno aleatório perguntou.
"Eu sou..."
"O que você está fazendo aqui em Nova Orleans?" Logan interrompeu. Algo no olhar dele acionou o botão de alarme em mim. Escuro. Ardente. Fogo.
"Uh... Eu... estou... visitando uma amiga..." Minhas mentiras eram uma vergonha para as mentiras. Não faladas com confiança e saindo de maneira incoerente.
"Que amiga?"
"E seus pais?" Jake Flakes interveio. Isso, e as risadas baixas que se seguiram, me fizeram notar todos eles - os quatro cavaleiros. Eu estava tão focada em Logan que não notei o resto.
"Quanto tempo você planeja ficar aqui em Nova Orleans?" Drake perguntou. Havia uma ameaça oculta em sua pergunta e isso triplicou meu batimento cardíaco.
"Amarelo, seus olhos. Você está usando lentes de contato ou é genético?" Charles acrescentou calmamente. "Você tem muitas perguntas sem resposta, Srta. Daisy. Responda-as."
Assim como nos meus pesadelos, eu estava à beira de um precipício. Um dilema. Mas eu tinha que fazer uma escolha logo. Eu não podia responder às perguntas deles sem revelar quem eu realmente era. Ignorar não era uma opção. Eles me matariam. Eu estava presa.
"Um minuto. Srta. Daisy. Eu tenho uma aula para terminar," o Sr. Peterson caminhou em minha direção.
Eu engoli em seco, fechando os olhos e abrindo a boca para as palavras que estavam na ponta da minha língua.
Mas então a voz veio.
"Ela tem 17 anos, vai fazer 18 em alguns meses. Ela é de Forks. Eu sou a amiga que ela está visitando. Os pais dela estão mortos, infelizmente. E, por último, ela está usando lentes de contato."
Meus olhos percorreram a sala e um suspiro suave escapou de mim quando meu olhar encontrou o dela. Suzy.
Eu sorri para ela com um pequeno aceno. Ela acenou de volta, sentando-se.
"Tempo esgotado! Perguntas respondidas! Vá se sentar, Daisy."
Minhas pernas correram em direção a Suzy e eu não pude deixar de abraçá-la tão apertado que ela quase sufocou.
"Obrigada, Suzy. Mais uma vez, estou em dívida com você."
"Sim, sim. Corta o drama. Estamos no meio de uma aula," ela riu.
Eu a soltei e tentei estabilizar minha respiração. Olhando para ela, ela estava olhando para um pedaço de papel.
"De quem é isso?" Eu perguntei. Lendo as palavras rabiscadas no papel, meu coração parou. VOCÊ ESTÁ MORTA
Eu engoli em seco. Nossos olhos se encontraram e o terror neles se conectou. Simultaneamente, viramos nossas cabeças e nos deparamos com um Logan furioso, nos mostrando o dedo do meio.
Oh Deus!