4. O tango
Isso era estranho, não ter água pura e irresponsável da parte de quem quer que estivesse organizando essa festa, pensou Elise.
“Tudo bem, vou querer dois refrigerantes de gengibre.” Eles tinham que ter isso para fazer alguns dos drinks. Ele assentiu e entregou a ela. Michael foi pagar, mas o barman não aceitou.
“Todas as bebidas são por conta da casa. Cortesia do Senhor Athan.”
Elise deu um refrigerante de gengibre para Michael. “Você viu como os demônios têm se espalhado. Você tem que admitir que é engraçado.” disse Michael.
“Eu acho.”
Michael apenas olhou para sua sobrinha com um olhar intrigado.
“Quer dizer, sim, é engraçado como eles surtam e simplesmente desaparecem. Só me faz pensar. Quero dizer, eu sei que posso matá-los, é só estranho; eu não tenho uma arma para fazer isso. Tudo o que posso fazer é mandá-los de volta para o inferno como os anjos normais.”
“Mas eles não sabem disso.” disse Michael com um sorriso.
Elise sorriu com a resposta dele. Ele sempre tentava garantir que ela não ficasse chateada com as circunstâncias de seu nascimento.
“Olha, garota, eu vou embora; te vejo em casa. Estou entediado deste lugar. Mas, ei, tente dançar ou algo assim. Por que mais eu passei todo aquele tempo te ensinando a dançar entre outras coisas?”
“Tudo bem... e tá bom, eu vou dançar algumas músicas. Isso se alguém aqui realmente souber dançar em vez de ficar se esfregando um no outro.”
Michael riu. “Tá bom, até mais, garota.”
Com isso, Michael foi em direção à saída. Elise sabia que seu tio provavelmente estaria voando para casa. Ele raramente sentia a necessidade de andar. Durante toda a infância de Elise, ele dizia “temos asas por uma razão.” Elise ficou ali por um tempo bebendo seu refrigerante de gengibre. Ela decidiu seguir o conselho de Michael e dançar.
Ela podia se mover ao som de qualquer coisa se quisesse. Era importante por muito tempo que todos soubessem dançar. Era estranho encontrar alguém que não soubesse dançar. Então, ela foi até o DJ e pediu uma música.
Enquanto voltava para a pista de dança, ela sentiu. Seu corpo ficou coberto de arrepios. Ela precisava pegar seu primo e as meninas e ir embora. Isso era ruim. Nada menos que um príncipe do inferno havia entrado no pátio.
Ela nunca tinha encontrado um dos nove príncipes do inferno, mas ela os conhecia. Antes que pudesse sair da pista de dança, ele fixou os olhos nela. 'Isso não é bom', pensou Elise. 'Será que vou conseguir mandá-lo de volta para o inferno como os outros Arcanjos, ou serei torturada?'
Elise lembrou-se do que Michael lhe disse: “Príncipes do inferno não podem fazer nada além de mandar arcanjos de volta para o céu. Mas eles podem torturar anjos comuns até que enlouqueçam e não haja outra opção além de seu pai ter que eliminá-los.”
E como ela não sabia exatamente o que ele poderia fazer com ela, estava preocupada. A música que ela pediu começou a tocar. As pessoas começaram a sair da pista de dança. A maioria das pessoas na casa dos vinte anos não sabia dançar tango. Um dos homens começou a se aproximar dela, vendo que ela estava sozinha na pista. Ela pretendia dançar essa música com quem soubesse dançar tango.
O jovem pegou sua mão. Eles começaram a dançar. Mas em vez de olhar para ele, seus olhos permaneceram no príncipe do inferno. Não tinha passado nem um minuto de dança e o príncipe se aproximou do casal dançante. Ele interrompeu em uma das voltas. O outro homem apenas esperou e tentou voltar a dançar. Mas ficou claro para os espectadores que o homem não tinha habilidades para acompanhar os dois. Ele eventualmente saiu da pista de dança, deixando o anjo e o demônio dançando sozinhos.
O tango ficou mais intenso, ambos tentando superar o outro. Era erótico para os espectadores. Amanda e suas amigas observavam o casal da varanda.
“Caramba, você sabia que a Elise sabia dançar assim?” Abigal perguntou a Amanda.
“Não, eu não sabia.”
Bailey comentou. “Bem, quem quer que seja com quem ela está dançando é muito gostoso.”
“Onde ela aprendeu a fazer isso? E por que todos os homens se aglomeram ao redor dela? Quero dizer, olhem para eles.” As meninas olharam ao redor do pátio. Assim como Georgia disse, todos os homens estavam olhando para ela. Todos a desejavam.
“Eu não acho justo que ela escolha o cara mais gostoso aqui. Além disso, eu não entendo o que a torna tão especial. Ela sempre parece impecável. Ela sempre segura bem a bebida. E esse ato de pureza é ridículo.” Georgia continuou.
“Pare de falar mal da minha prima.” As palavras de Amanda mostravam que ela estava definitivamente ficando bêbada. “Você está com ciúmes porque está bêbada. Além disso, ela merece quem ela quiser. Ela nunca mostrou interesse em ninguém, então talvez seja apenas a hora dela. Quanto a ser pura e tal, é apenas quem ela é. Você não saberia nada sobre isso, saberia, Georgia?”
“Ah, se ela é tão pura, por que está dançando assim?”
Nesse ponto, as meninas olharam para baixo e viram o torso de Elise pressionado contra o príncipe. Com as mãos dele deslizando pelos lados dela, enquanto ela lentamente estendia uma das pernas. Toda a dança era intensa. O par parecia não notar os espectadores. Tornou-se apenas os dois. A música começou a terminar, assim como o tango.
Quando a dança acabou, ela praticamente correu para encontrar sua prima e as meninas e sair dali. Quando as alcançou, Amanda soltou. “Você tem escondido umas habilidades loucas de mim.” Ela estava embriagada e não entendia o quão ridícula soava.
“Sim, sim, eu sei. Eu sei dançar. Mas precisamos ir. Precisamos sair, é hora de ir.” disse Elise.
“Eu não quero ir.” Bailey fez beicinho.
“Eu não me importo se você não quer. Precisamos ir. Vocês todas estão bêbadas e como a pessoa sóbria, estou dizendo que as coisas vão ficar feias em breve e precisamos sair.” Elise sabia que com um príncipe do inferno ali, as coisas estavam prestes a ficar horríveis.