




2. A visita inesperada
"Como está a filha de Azrael, o Anjo da Morte?"
Elise abriu um sorriso e correu para abraçar seu tio Michael. "Oh, Michael, é tão bom te ver, faz tanto tempo." disse ela enquanto enterrava o rosto no peito dele. Elise amava seu tio. Afinal, foi ele quem a criou. Ele foi quem a informou sobre as circunstâncias de seu nascimento, quem a ensinou a lutar, e ele foi quem mostrou a ela o que um anjo deveria ser.
Ela se afastou. "Por que você me chamou assim? Eu tenho um nome, sabia?"
"Sim, eu sei. Achei que poderia te assustar. Funcionou?"
"Não. Eu não tenho medo de você nem de ninguém, aliás." Elise cruzou os braços e lançou um olhar desafiador para Michael.
"Tudo bem, anjinho, pare com isso. Eu sou mais velho que você e te ensinei a respeitar os mais velhos." ele disse com um sorriso.
Era uma espécie de brincadeira entre os dois. "De qualquer forma, estou feliz que você esteja aqui para visitar. Não te vejo há, o quê, 15 anos?" ela perguntou.
"Eu pensei que fosse mais perto de 20, mas quem sabe, quando você é tão velho quanto eu, o tempo parece se misturar. Sim, estou aqui para visitar. Só queria ver como minha sobrinha favorita está."
"Eu sou sua única sobrinha."
"Então, posso ficar aqui ou não?" Michael perguntou sarcasticamente.
"Se você insiste, então vai ficar no quarto de hóspedes."
"O que eu disse sobre respeitar os mais velhos?"
"Da última vez que verifiquei, você vive no Reino da Luz. Do qual eu não posso entrar, então o mínimo que você pode fazer é me deixar com o quarto maior aqui."
"Tá bom. Mas mudando de assunto, eu voto que a gente vá pegar uns sanduíches e depois talvez um sorvete para colocar a conversa em dia. O que você acha?"
"Sim, isso seria ótimo... Espera, eu não posso."
"Por quê?"
"Eu disse à minha prima Amanda que sairia com ela e os amigos dela."
"Ahhh, Amanda, da última vez que a vi, ela era uma garotinha. Tudo bem, eu só vou junto."
"Tem certeza? Vamos para o centro, e você sabe que geralmente há vários demônios de baixo nível por lá causando confusão."
"Por que isso me incomodaria? Eles só fogem como os covardes que são."
"Eu sei que fogem. É só que da última vez que fomos comer beignets no centro, você reclamou que os demônios estavam fedendo o lugar e estragando seu apetite."
"Se você consegue lidar com isso, eu também consigo. Além disso, pode ser um pouco divertido ver os demônios vendo dois arcanjos, não apenas um."
"Você sabe muito bem que eu não sou um arcanjo completo."
"Sim, sim, sim, mas você está perto o suficiente e não é como se você não pudesse matá-los. Anjos inferiores não podem fazer isso."
"Eu sei. Eu sei. Podemos mudar de assunto? Você disse que queria um sanduíche e sorvete, certo?"
"Sim, mas você disse..."
Elise o interrompeu. "Eu sei que disse isso, mas agora são 5:30, então temos 4 horas e 45 minutos até Amanda chegar. Então, vamos pegar algo para comer."
"Por mim, tudo bem."
"Michael, eu preciso me trocar. Não vou sair de jaleco, e você também pode querer se trocar. Usar macacão com uma alça caída está fora de moda hoje em dia. Suas coisas estão guardadas no sótão, se quiser pegar."
"Tá bom, eu vou pegar. Mas o que está na moda agora?"
"Jeans slim fit e uma camiseta ou calças cáqui e uma camiseta parecem funcionar."
Michael foi se vestir, assim como Elise. Eles se encontraram na varanda da frente. "Vejo que você tem duas novas cadeiras de balanço."
"Bem, eu tenho que ter. Tenho muitas visitas divinas, mesmo que seja a cada 5 anos ou mais. Sem mencionar minha família e amigos mortais."
Enquanto caminhavam para pegar comida, Michael perguntou. "Quem foi o último tio a te visitar?"
"Jophiel e Rafael, eles vieram juntos."
"Ah, é? O que eles queriam?"
"Não queriam nada. Vieram tentar ajudar depois do Katrina. Você sabe, sendo os Arcanjos da beleza e dos milagres. Além disso, meu pai, Azrael, estava na cidade."
Houve um longo silêncio. "Ele não...?"
Elise o interrompeu novamente. "Não, ele não tentou falar comigo nem nada... Ainda não entendo por que todos vocês não me deixam pelo menos falar com ele."
"Você sabe por quê. Ele está condenado a ser punido para sempre. O trabalho dele é importante demais para ele se distrair. E como ambos sabemos, ele é muito suscetível a distrações."
Eles ficaram em silêncio pelo resto da caminhada e permaneceram assim até que estava quase na hora de Amanda chegar. Michael foi o primeiro a quebrar o silêncio. "Sinto muito que tenha que ser assim. Mas não vamos deixar isso estragar nosso tempo juntos, ok?" Ele deu um sorriso caloroso para sua sobrinha.
Ela sorriu de volta. "Michael, Amanda vai chegar em breve com os amigos dela. Devo te avisar que Amanda não é muito agradável quando está com os amigos. Ela tende a ficar rude e egocêntrica perto deles."
"Elise, você está vivendo entre os mortais. Já deveria entender a pressão dos colegas." Michael disse em tom de zombaria.
"Eu sei o que é. É estúpido. E eu só estava te avisando. Não queria te surpreender. Sei como você é delicado."
Michael apenas lançou um olhar para ela. Ele nunca gostou de ser zombado. Afinal, ele era o mais velho dos arcanjos e certamente o mais sábio. No entanto, ele sempre teve um ponto fraco por sua sobrinha. Seu olhar se suavizou para uma expressão neutra.
"Eu não sou delicado, sabia?"
"Eu sei, Michael. Eu só estava te provocando. Você parece comentar sobre seu desagrado com frequência, no entanto."
"Eu comento e não comento. Parece assim porque você não tem estado por perto por tanto tempo."
"Então, 200 anos não é muito tempo?"
"Não."