




Ele disse não?
Meus olhos colidiram com os olhos azuis mais frios e intensos que eu já tinha visto. Seu olhar era frio, afiado, julgador e calculista. Não havia nada de suave ou acolhedor nele, sua mandíbula era rígida e afiada, quase tão perfeita quanto suas roupas. Elas eram elegantes e passadas até o último detalhe. Não havia um único fio de seu cabelo escuro fora do lugar.
Sua presença pairava no ar e, pela primeira vez, eu aceitava que nunca tinha visto alguém com tanta presença ou carisma, e isso me fez questionar aceitar esse acordo.
"Você está olhando há muito tempo. Acho isso rude." Sua voz era fria, mas precisa. Não havia nada de acolhedor ou educado nela.
Eu não queria encarar, mas ele não era nada do que eu tinha imaginado. "Peço desculpas, mas é sensato que eu olhe para o homem que devo estilizar."
"É bastante lamentável que não haverá necessidade disso." Seus olhos encontraram a Srta. Emily e ele balançou a cabeça. "Eu não a aprovo. Tenho certeza de que você pode fazer melhor."
"Com licença?" Eu já estava de pé. Sentada, eu me sentia menor.
"Sr... Sr. Roberto. Ela é uma designer de ponta..."
"Eu disse que você pode fazer melhor. Isso é definitivo..."
"Com licença, estou bem aqui."
"Estou muito ciente disso."
"E? Como pode falar mal de mim na minha presença?"
"Você acabou de testemunhar. Não a considero apta para ser minha estilista."
"Então por que me procurou e com base em que critérios está julgando meu trabalho?" Perguntei, com as mãos sobre a mesa.
"Primeiro de tudo, eu não a procurei. Confiei essa tarefa à minha secretária e ela obviamente falhou. Em segundo lugar, não lhe devo nenhuma explicação..."
"Infelizmente, deve sim. Ah, sim, deve, porque você e sua secretária desperdiçaram meu tempo precioso por causa deste contrato. Cancelei reuniões e deveria estar com um cliente neste momento, mas aqui estou, então você não pode me dizer que este contrato não vai acontecer."
Ele me deu um olhar frio. "Não é minha culpa que você pareça desesperada..."
"Lamento informar que o desesperado aqui é você."
A aura na sala era rígida e fria. Ninguém interveio, era apenas eu e o bruto rude.
Pela primeira vez desde que pus os olhos nele, ele abandonou sua atitude indiferente e finalmente me deu toda a sua atenção. Era como se antes ele me considerasse indigna.
Ele colocou as mãos no bolso. "E o que a levou a tal conclusão? Gostaria de informá-la que Luciano Roberto não está desesperado pelos serviços de ninguém."
Inclinei a cabeça para o lado e limpei a garganta. "Bem, essa não foi a impressão que sua secretária me deu. A Srta. Emily invadiu MINHA empresa após o expediente e exigiu uma reunião comigo. Sem agendamento, sem e-mail, sem convite. Ela insistiu que era urgente e que não podia esperar. Eu tinha outros compromissos e não tive escolha a não ser atender aos seus pedidos porque minha assistente pessoal me disse que era urgente."
O Sr. Roberto se virou para a Srta. Emily, mas ela evitou seu olhar. Ele pigarreou e voltou-se para mim. "Isso dificilmente pode ser chamado de desespero..."
"Então, quando finalmente a vi, ela praticamente implorou para que eu aceitasse o trabalho. Quero dizer, se você não está tão desesperado, por que oferecer um contrato de dez milhões de dólares exclusivamente por um ano? Eu não a culpo, se é assim que você age com todos os estilistas que encontra, será um pesadelo trabalhar para você."
"Mesmo assim, aqui está você lutando para conseguir o contrato."
"Isso porque eu não desisto e adoro desafios. Você desafiou minha profissão e insinuou que eu não era boa o suficiente. Eu adoraria ver você assistir suas baixas expectativas serem esmagadas. Também já perdi muito tempo e cancelei reuniões, perdi dinheiro, então não posso voltar à estaca zero. Este acordo vai acontecer, agora." Mantive minha postura profissional, mas era mais do que isso.
Eu realmente precisava disso, mesmo que tivesse que trabalhar para um bruto sem modos. Preciso disso para dar a Lilian e Greg provas concretas de que tenho trabalhado e passado tempo fora por um bom motivo. No fundo, eu só queria me afastar deles por um tempo... Não sei por quê, mas preciso desse trabalho de um ano. Uma boa desculpa e uma oportunidade de emprego perfeita.
O Sr. Roberto bateu na mesa duas vezes e depois olhou para a Srta. Emily. "Não mudei de ideia. Vamos embora..."
"Desculpe, mas nós... Não podemos, senhor..."
Ele franziu a testa. "E por que não? O que a fez chegar a essa conclusão?"
"Senhor... A coleção da Srta. Roberto será lançada em uma semana. Já estamos com pouco tempo para começar a estilização e a promoção. Se não assinarmos um contrato agora, não tenho certeza se conseguiremos encontrar outro estilista capaz a tempo, e mesmo que encontremos, será tarde demais..."
"Você trabalha para a maior empresa do país, como algo pode ser tarde demais?"
"Você não entende, senhor... Quem quer que escolhamos precisará tirar suas medidas e conhecer suas preferências antes de ajustar as roupas de acordo com os dados coletados. Já estamos muito atrasados..."
"Há milhares de estilistas na cidade."
"Mas não acho que alguém seja mais capaz do que ela. Ela tem um bom sistema de avaliação e eu vi seus trabalhos. Acredito que ela seria a melhor... Se não assinarmos agora, a coleção da Srta. Roberto pode..."
"Está bem, tudo bem. Mas você vai me ver no meu escritório quando voltarmos e terá muito a explicar."
Lutei para esconder meu sorriso e tentei manter uma expressão indiferente. Não acredito que vou trabalhar para a Roberto Limited. Isso será um impulso para minha empresa e estou pronta para o risco.
Nossos olhos se encontraram e apenas nos encaramos. Ele murmurou entre os dentes: "É melhor que isso valha a pena..."