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Perigo? Que tipo de perigo?”

"Como é que a culpa é minha se a garota é sensível demais para o próprio bem?" Ela resmunga, fazendo beicinho visivelmente enquanto se vira para Daisy, que está se esforçando para não rir. "Vê o que eu tenho que aguentar sem você aqui? Ninguém me entende."

Daisy ri, segurando suas mãos e tentando não franzir a testa ao sentir como estão frágeis. Ela não consegue evitar a tristeza que surge dentro dela ao entender a gravidade da doença. Esta mulher é a mais forte que ela conhece na alcateia. Como a vidente da alcateia e professora de Inglês e Literatura do ensino médio, ela é uma mulher barulhenta e sem paciência para bobagens. A maior parte do sarcasmo, sagacidade e confiança que Daisy exibe foi moldada por passar muito tempo com essa mulher.

Raena tem um jeito duro, mas honestamente implorante de dizer as coisas, o que a faz parecer rude e má, mas ela é realmente a alma mais gentil que Daisy já conheceu. Ela nunca gostou de ficar parada. Sempre tem que fazer algo. Seja dando conselhos ao Alfa, fazendo profecias, cuidando do jardim ou preparando aulas, essa mulher está sempre em movimento. Mas agora... agora ela está apenas...

"O que aconteceu com você?"

Raena suspira ao ouvir a emoção na voz de Daisy, sabendo muito bem que a grandalhona está prestes a chorar. "A vida aconteceu, criança. As pessoas ficam doentes. Acontece que eu fiquei com a pior parte por manter uma perna no reino espiritual e outra fora," ela dá de ombros... ou pelo menos tenta. Até levantar os ombros era um esforço. "Não se preocupe comigo. Como você tem estado? Conte-me, que estragos minha pequena aluna encrenqueira tem causado no mundo?"

Percebendo que a mulher não quer se concentrar em sua situação atual, Daisy ri, contando à mulher sobre sua vida, trabalho e tudo o que conquistou até agora enquanto Anika serve o chá para Raena. Ela ri quando Raena faz uma careta ao provar o chá. Seu coração se enche de alegria ao ver as duas discutindo como se fossem da mesma idade, quando Anika era vinte anos mais jovem que Raena. Ela sente falta disso. Sente falta desta cidade. Desta alcateia e de tudo sobre ela. Ela se sente em paz aqui. Seus pensamentos estão estranhamente quietos, ao contrário de como geralmente correm a mil por hora todos os dias. É uma mudança bem-vinda para ela.

Quando Raena termina seu chá e a conversa fiada é suficiente, seu olhar se torna sério. "Daisy, há algo importante que preciso compartilhar com você. Diz respeito ao seu destino, e não é uma questão simples."

Daisy se inclina, sua curiosidade despertada. "O que você quer dizer?"

Raena respira fundo, escolhendo suas palavras com cuidado. "Que sonhos você tem tido recentemente?"

Daisy pisca, suas mãos de repente ficando suadas. Esse cenário a lembra de quando ela se esgueirou para o escritório da mulher para pegar um livro sobre fantasmas quando era criança. Tempos distintos, mas os mesmos olhos verdes intensos. "É... eu sei que sou a Três Lunas Acasaladas, Raena."

"Sim, mas você sabe o que isso significa?"

Daisy acena com a cabeça, a incerteza surgindo em sua mente ao olhar que recebe da mulher. "Acho que sim?"

"Você precisa ter certeza, Daisy. O vínculo que você compartilha com esses homens não é comum. Você faz parte de algo antigo, algo poderoso. Mas com grande poder vem grande perigo."

Perigo? Que tipo de perigo?

"A profecia avisa que se vocês quatro não encontrarem uma maneira de reconciliar seus destinos, há uma possibilidade... uma sombria. Vocês podem enfrentar consequências além da nossa compreensão. É um equilíbrio delicado, Daisy."

O peso das palavras de Raena paira no ar, lançando uma sombra sobre a sala. Daisy, presa entre o ceticismo e uma aceitação crescente do inexplicável, não pode deixar de perguntar, "O que você quer dizer com consequências? O que devemos fazer?"

A expressão de Raena se torna grave. "Vocês devem encontrar uma maneira de unir seus destinos. Não será fácil, e o caminho pode estar cheio de desafios, mas a sobrevivência de todos vocês depende disso. Os fios dos seus destinos estão entrelaçados, Daisy. Cabe a você tecê-los juntos ou correr o risco de desfazer tudo."

Daisy absorve a revelação de Raena. Ou pelo menos tenta. Destino, profecias e a possibilidade de consequências terríveis – é muita coisa para ela processar. O que tudo isso significa?

A única coisa que ela odeia sobre videntes é a incapacidade deles de serem claros sobre suas profecias. Não podem simplesmente dizer o que fazer e pronto?! Qual é a necessidade de todas essas palavras ameaçadoras desnecessárias? Ela está prestes a fazer mais perguntas à mulher quando ouve um leve ronco. Raena já está dormindo profundamente.

Daisy franze a testa. Esta mulher é a maior insone conhecida pelo homem, então como-

"O chá. Ela adormece alguns minutos depois de tomá-lo. É para que o remédio funcione corretamente. Ela precisa descansar. Você sabe como ela pode ficar," Anika explica.

Daisy suspira, acenando com a cabeça em compreensão, levantando o cobertor da mulher para que ela ficasse aquecida. Colocando um beijo suave na cabeça da mulher, ela se despede de Anika. Ela adoraria ficar, mas não podia faltar ao trabalho amanhã. O Sr. Randy a devoraria. Gabriel não tinha desistido de pedir por ela e ela tinha esgotado as desculpas para dar. A única razão pela qual seu chefe permitiu que ela chegasse um pouco mais tarde amanhã é porque ela concordou em participar da reunião de amanhã. Suspirando resignada, ela sai da casa, mais confusa do que quando entrou.

Procurando seu telefone, ela disca o número de Lisa. A conexão é feita, e a voz de Lisa surge na linha, um salva-vidas no meio do turbilhão de Daisy. "Oi, Daisy! Onde você está? Estou tocando a campainha do seu apartamento há vinte minutos."

Certo. Ela não disse que não estava na cidade. "Desculpa, Lisa. Não estou em casa. Fui para minha cidade natal."

"O quê? Por quê? Aconteceu alguma coisa?"

Ela abre a boca para dizer não, mas um fraco suspiro engasgado é tudo o que sai.

Percebendo seu estresse, Lisa fala suavemente, "tudo bem, Daisy. Apenas respire fundo e compartimentalize."

Daisy respira fundo, superando seu estresse mental e iminente colapso, focando toda sua atenção em tentar articular as complexidades de suas emoções. "Eu fui para casa ver a vidente da minha alcateia."

"E?"

"Ela me falou sobre uma espécie de profecia, sobre nossos destinos estarem entrelaçados. Não é apenas uma noção romântica. É um aviso, Lisa. Um aviso de que se não descobrirmos como reconciliar nossos destinos, algo terrível pode acontecer. Algo além da nossa compreensão."

Há uma breve pausa na linha antes de Lisa responder, "Reconciliar seus destinos? Como aceitar todos os três?"

Os passos de Daisy ecoam nas ruas silenciosas enquanto ela contempla sua resposta. "Eu não sei, Lisa. Sinto que estou na encruzilhada da minha vida, e cada caminho está envolto em incerteza. Como navego por isso? Como abraço um destino que parece muito maior do que eu? E se eu cometer um erro? E se alguém morrer ou algo ruim acontecer? Eu não posso deixar alguém se machucar-"

"Ei, ei. Relaxe. Calma. Nada de ruim vai acontecer. Não pense assim," a voz reconfortante de Lisa oferece consolo pelo telefone. "Daisy, você é forte. Você já enfrentou desafios antes e sempre saiu por cima. Talvez isso seja apenas mais um teste, outro capítulo na sua vida. Você não precisa enfrentar isso sozinha."

Daisy esboça um leve sorriso, grata pelo apoio inabalável de Lisa. "Obrigada, Lisa. Eu precisava ouvir isso. Vou resolver isso, um passo de cada vez. E, quem sabe, talvez o destino tenha uma maneira de nos surpreender."

"Com certeza tem," ela murmura. "Bem, eu tenho que ir. Vou me empanturrar com a lasanha da minha mãe e o kimchi da minha avó esta noite, já que uma certa pessoa não está em casa."

Daisy congela na rua, seus olhos arregalados. A avó de Lisa é coreana e sua mãe é meio coreana, meio canadense. Elas administram um restaurante muito bem-sucedido em Nova York. Cada vez que Lisa visita, ela sempre volta com mais comida do que o suficiente para durar uma semana, mas o favorito pessoal de Daisy é a lasanha e o kimchi. As mesmas coisas que a traidora está ameaçando comer! "Lalisa Hanuel Sullivan, não ouse terminar essa comida!"

"Desculpa? Não consigo ouvir nada. A linha está ruim."

"Lisa, eu juro por Deus-"

"Não consigo te ouvir. Estamos sendo desconectadas."

Daisy bufa enquanto a ligação termina abruptamente. Ela não estava planejando voltar hoje à noite inicialmente, mas o inferno congelaria antes que ela deixasse aquela garota comer sua parte da comida. Levantando a mão assim que vê um táxi, ela grita, "Táxi!"

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