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Tem um terceiro cara?

≈ Daisy ≈

Finalmente, ela entende. Daisy sorri enquanto pressiona o telefone contra a orelha, "Ah, Michael, faz tempo."

"Demorou um pouco para você se lembrar de mim," ele brinca, sua voz profunda ressoando suavemente em seus ouvidos, fazendo seus problemas parecerem uma memória distante.

"Desculpe. As coisas têm sido agitadas," ela diz, esfregando as têmporas para aliviar os músculos tensos.

"Desculpe por não ter ligado antes."

"Está tudo bem. Como você tem estado?"

"Tenho estado bem. Ainda aproveitando meu cappuccino. E você?"

Ela ri, "Camomila é minha companheira eterna. Então, o que te fez pensar em mim hoje, bonitão?"

Ele solta um suspiro e Daisy pode perceber que ele está sorrindo timidamente e coçando a nuca como sempre faz quando ela o elogia. "Só pensei em dar uma checada. Você parecia um pouco estranha mais cedo. Está tudo bem?"

Ela sorri levemente, impressionada e tocada por ele notar. "História longa. Digamos que me meti em uma situação um tanto complicada."

"Complicada? Isso não parece com você. Você geralmente tem tudo sob controle."

Um breve riso surpreso escapa de seus lábios enquanto ela troca o telefone para a outra orelha para se inclinar confortavelmente para o lado no carro. "Você fala como se me conhecesse há anos." E realmente parece assim. "Bem, o destino tem uma maneira engraçada de bagunçar os planos."

"Uh oh. Palavras ominosas. Quer falar sobre isso?"

Ela hesita, pensando por um segundo antes de dar de ombros. "Acho que posso desabafar. Dois caras estão atrás de mim. Um diz que sou dele e o outro só quer me levar para a cama, mas com a... eletricidade que sinto com os dois, estou dividida sobre com quem devo ficar. Tive um sonho com eles e... está tudo confuso agora, mas... é, talvez tenha sido uma má ideia te contar. Desculpe por te incomodar-"

"Ei, está tudo bem. Eu não me importo," ele a tranquiliza. "Dois caras, hein? Parece estressante."

Ela suspira. "Nem me fale. Um deles é arrogante, o outro é muito intenso, e o terceiro-"

"Terceiro?" Ela ouve o choque na voz dele. "Tem um terceiro cara?"

"Sim..."

"Caramba," ele solta após um momento de silêncio. "Parece uma situação e tanto. Então, qual deles é o seu tipo?" ele pergunta, com um tom brincalhão.

Ela dá uma risadinha, feliz que ele está levando na esportiva e fazendo piadas em vez de fazê-la se sentir como um espetáculo de horrores, o que ela definitivamente sente agora. "Boa tentativa, Michael. Mas esses caras não são meu tipo."

"Sério? Eu lembro de alguém mencionar que a experiência com eles foi, qual é a palavra?" Ele faz uma pausa, fingindo pensar antes de estalar os dedos, "elétrica."

Daisy revira os olhos, incapaz de conter um sorriso largo que ilumina seu rosto. "Eu gosto dos meus relacionamentos sem drama."

"Drama pode ser emocionante, sabe. Mantém a vida interessante."

Ela sorri, "Você está falando como se soubesse de algo que eu não sei."

Ele diz casualmente, "Só falando por experiência. Às vezes, o que parece complicado tem uma maneira de se resolver."

Erguendo uma sobrancelha, ela provoca, "Quem está soando ominoso agora?"

Ele sorri, "Só estou dizendo, não descarte as possibilidades tão rapidamente."

Ela ri, "Ok, místico do cappuccino. Vou lembrar disso. Obrigada pelo conselho enigmático."

"Sempre às ordens, Daisy. Aproveite seus problemas com chá, e lembre-se, o café tem sua própria magia."

Ela ri, "Vamos nos encontrar de verdade algum dia. Vou te contar sobre o drama dos garotos então."

"Vou esperar ansiosamente. Cuide-se, Daisy."

"Você também."


Quando Daisy sai do carro, ela agradece ao motorista e paga a corrida. A brisa fresca da noite acaricia seu rosto enquanto ela caminha pela calçada. Os sons movimentados da cidade a cercam, mas seus pensamentos permanecem em Michael. Ela ainda está sorrindo da conversa anterior. É incrível como ele consegue levantar seu ânimo tão facilmente-

"Daisy!"

Ela olha para cima, seus olhos escaneando as ruas familiares em busca da voz até avistar uma velha amiga acenando animadamente para ela do café do outro lado da rua. Um sorriso caloroso se espalha pelo rosto de Daisy enquanto ela corre para cumprimentar sua conhecida inesperada com um abraço.

"Oh meu Deus, Ani! Quanto tempo! Como você tem estado? Como está sua irmã e as crianças?" Ela pergunta tudo de uma vez. A última vez que ouviu falar, a irmã mais velha de Ani tinha encontrado seu par e estava felizmente casada com filhos agora.

"Calma, estrela, uma pergunta de cada vez," sua amiga, Anika, sorri, esfregando seus braços para acalmá-la.

"Desculpe. Estou tão feliz em te ver."

"Eu também. Estou bem e todos os outros também. Raena mencionou que você estaria na cidade hoje à noite. Você deu sorte," ela diz, entrelaçando seus braços enquanto começam a caminhar pela longa rua, "Estou indo para a casa dela agora."

Um sentimento de pavor enche o estômago de Daisy ao ouvir isso. "Para a reunião do conselho?"

Anika ri do olhar constipado no rosto dela. "Relaxa. Eles terminaram não faz muito tempo."

"Graças a Deus," ela solta em puro alívio. Por mais que sinta falta da matilha, desta cidade e das pessoas, ela não está preparada para encontrar nenhuma figura de autoridade que conheceu. Por quê? Certamente não é porque ela os desafiava com muita frequência, eles absolutamente a desprezavam.

A caminhada até a casa modesta de Raena é bem curta. A nostalgia enche o coração de Daisy enquanto ela inala as gardênias frescas no jardim da frente da mulher. Raena sempre amou flores. Ela até plantou margaridas atrás de sua casa como uma piada uma semana depois que se conheceram anos atrás.

Anika morde o lábio inferior enquanto sobem as escadas, se aproximando da porta da frente. Antes que pudessem entrar, ela bloqueia o caminho da amiga.

Daisy pisca, perplexa com suas ações abruptas. "O que foi?" Pelo olhar no rosto dela, Daisy podia dizer que a garota tinha algo a dizer.

A boca de Anika se abre e fecha constantemente, um suspiro frustrado escapando de seus lábios como se ela não soubesse como colocar seus pensamentos em palavras.

Apesar de poder ser um alarme falso, Daisy começa a se preocupar. "Ani, o que é?"

"É... é a Raena."

Sua testa se franze ainda mais. "O que tem a Raena?"

"Ela... ela está..." Anika para, passando a mão pelos cabelos estressada enquanto os olhos de Daisy se arregalam, sua bolsa escorregando de suas mãos com um estrondo alto.

"Ela está morta?!"

"O quê? Não!" Sua amiga exclama, dando-lhe um olhar incrédulo. "Que diabos? Por que você pensaria isso?"

"Você estava hesitando demais. Se ela não está morta, então o que há de errado com ela?"

"Ela está doente."

Daisy pisca, suspirando de alívio. "Graças a Deus."

Anika inclina a cabeça para trás, chocada. "Por que isso é uma coisa boa?"

"Você já conheceu essa mulher? Ela é teimosa como uma mula. Nenhuma doença pode derrubá-la," ela ri e a garota à sua frente faz uma careta.

"É, bem, você está prestes a ter uma grande surpresa então," a garota resmunga, empurrando a porta e elas entram.

Daisy sorri. Tudo está exatamente como ela se lembra. O velho toca-discos ainda está ao lado das estantes cheias de discos de vinil novos e antigos. O tapete e os cobertores tricotados à mão pela vovó Helga ainda estão espalhados e o suave aroma de canela e pão de gengibre paira no ar. A única coisa fora do lugar são as várias cestas de presentes alinhadas no tapete da sala até a área de jantar. Seus olhos passam pelos cartões de 'melhoras' até pousarem em uma figura deitada no sofá.

Raena, embora visivelmente enfraquecida, cumprimenta Daisy com um sorriso caloroso. "Bem, bem, bem. Olha só quem o gato trouxe," ela brinca, sua voz um sussurro fraco como se simplesmente falar estivesse consumindo muita energia dela.

"Bem, eu estou surpresa. Raena Wilson usando voz baixa? O mundo está acabando?" Daisy sorri, arrastando uma cadeira para se sentar ao lado dela enquanto Raena tosse, o que rapidamente se transforma em uma crise de tosse.

"Aqui," Anika coloca uma garrafa de água nas mãos de Daisy. "Vou preparar o chá dela."

"Como se eu fosse beber aquela poção maldita," Raena resmunga, tentando falar por cima da tosse.

Anika ignora a teimosa e tira o casaco, resmungando enquanto vai para a cozinha, deixando-as sozinhas.

Daisy alimenta a mulher com a água gentilmente, sua preocupação crescendo ao notar a fragilidade na aparência de Raena quando ela levanta o torso debaixo dos cobertores para beber a água. A mulher está apenas na casa dos quarenta, mas agora parece muito mais velha do que sua idade. Seus olhos estão piscando de seu verde natural para um azul neon a cada cinco segundos como um letreiro de neon piscando. Seja qual for a doença, está afetando seriamente seu bem-estar geral.

"Estou convencida de que aquela garota está tentando me matar com suas poções," Raena solta assim que tira a boca da garrafa de água, recostando-se para deitar novamente com um suspiro dolorido. "Ela não tem a finesse e as mãos delicadas necessárias para fazer um chá reconfortante. A irmã dela era muito melhor nisso do que ela jamais será. Eu deveria revogar sua licença como médica da matilha."

"Vai se ferrar, vovó! Eu sou a única que pode lidar com sua bunda ingrata e você sabe disso! Você afastou Zino com essa sua língua afiada!" Anika grita da cozinha e Raena resmunga.

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