1. Memórias
Rick
"Vamos, Ricky, por favoooor!" Ela implorou pela milionésima vez, agarrando meu braço, seus grandes olhos verdes de cachorrinho olhando para os meus.
Hmm, como se isso fosse funcionar...
Revirei os olhos mentalmente, antes de dar minha decisão final,
"Não, Blake, eu disse não, e continua sendo não! Você não vai, e ponto final!"
"M-mas por quê? A Leila também vai, e ela vai ficar comigo o tempo todo, eu juro!" Ela tentou novamente, com irritação e frustração claras em seu tom.
"Não. Eu não me importo, nem se o próprio papa aparecer nessa festa idiota, eu disse que você não vai, e ponto final, então pare de insistir!" Respondi friamente, voltando rapidamente para trás da minha mesa, sabendo que ela vai parar de falar comigo por pelo menos uma semana por causa disso.
Mas a verdade é que eu tinha que fazer isso. Eu realmente tinha que fazer. Quem sabe que tipo de maníacos e malucos também estariam naquela festa de fraternidade, esperando o momento perfeito para machucá-la. Eu simplesmente não posso permitir que isso aconteça.
"Ugh, eu te odeio, você é o pior irmão do mundo!" Ela gritou, então saiu e bateu a porta do meu escritório com força, como sempre faz quando quer fazer um ponto.
Eu sabia que ela diria isso, ela sempre diz, toda vez que eu nego a liberdade dela de sair sozinha, fora desta casa...
E embora me doesse vê-la assim, eu ainda fiz uma promessa...e definitivamente pretendo cumpri-la.
"Ricky...
Meu doce, doce e forte menino..." Ela sussurrou, lágrimas escorrendo por suas bochechas, segurando minhas pequenas mãos nas dela, dor e tristeza brilhando em seus olhos enquanto respirava fundo, tentando recuperar a compostura.
"Quero que você prometa que vai cuidar da sua irmãzinha, não importa o que aconteça, entendeu?"
"Sim, mamãe, eu prometo." Eu assenti, segurando as lágrimas que ameaçavam cair sobre minhas bochechas.
Eu sabia...De alguma forma eu sabia que seria a última vez que a veria...
"Bom menino. Agora vá," Ela sussurrou, beijando minha testa, logo antes de eu embalar a pequena Blake nos meus braços, e com um último olhar, me virei e corri pelo beco escuro, o mais rápido que pude.
Suspirei, fechando os olhos por um breve momento, tentando limpar minha mente, aquela memória específica sempre trazendo nada além de dor...
O som do meu telefone vibrando de repente me tirou dos meus pensamentos, olhando para a mesa onde ele estava.
Identificação de chamada: desconhecido
Deslizei a tela e atendi com um tom bastante entediado, sem realmente me importar quem estava do outro lado.
"O que..."
"Sr. Summers..." Um forte sotaque italiano me cumprimentou e rapidamente reconheci o dono.
"Gio." Respondi no mesmo tom entediado, convidando-o a falar mais.
"De fato, meu amigo."
"Qual é o motivo desta ligação tardia, se posso perguntar?" Perguntei formalmente, no entanto, com um toque de irritação no tom.
"Ah sim...
Sobre o jantar de negócios que teremos amanhã..."
Droga! Eu totalmente esqueci dessa maldita reunião...
"Sim, o que tem?" Respondi rapidamente, tentando soar o mais casual possível, embora eu definitivamente tivesse esquecido.
"Espero que não se importe que eu tenha tomado a liberdade de convidar outro associado meu,
e antes que você diga qualquer coisa, devo acrescentar que ele é extremamente profissional, e eu tendo a acreditar que você realmente vai gostar dele."
"Tanto faz."
Vou colocar uma bala na cabeça dele de qualquer maneira se eu não gostar...
"Há mais alguma coisa que você gostaria de acrescentar?" Murmurei no mesmo tom desinteressado, esperando que ele entendesse a dica e terminasse a conversa logo.
"Umm...na verdade, há..."
Oh deus...o que agora?
"Então o que é?"
"Tenho que informá-lo que meu amado filho também estará presente..."
Algo no tom dele me disse que ele definitivamente estava prestes a dizer algo mais, então o encorajei a continuar falando,
"E?"
"E...eu ficaria muito feliz se você considerasse convidar aquela linda jovem que é sua irmã para se juntar a nós, sabe, talvez eles criem uma amizade ou algo...mais..." Ele explicou desconfortável, claramente tentando não me ofender, e embora eu já estivesse fervendo de raiva por dentro, imaginando como esvaziaria um carregador inteiro no crânio dele por pedir tal coisa, ainda considerei que seria melhor trazê-la, assim eu poderia garantir que eles não ousariam dizer nada pelas minhas costas, considerando o fato de que ela também fala italiano fluentemente.
"Claro...vou ver o que posso fazer," Respondi o mais gentilmente possível, embora não estivesse me sentindo nem um pouco gentil.
"Oh...ok então..." Ele gaguejou de alguma forma confuso. Acho que ele não esperava essa resposta afinal.
"Tenha uma noite muito agradável, Sr. Summers."
"Você também."
Suspirei, colocando o telefone de volta na mesa, então me recostei na cadeira, aproveitando os poucos e breves momentos de silêncio, antes que a tempestade comece.
Ótimo...Agora tudo o que tenho que fazer é fazer um acordo com o diabo...