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Capítulo 4

Nyla

Eu fui até o escritório da Clover para uma reunião rápida com a equipe; estávamos preparando a estreia de um novo artista local que estava começando a despontar. "Você concorda, Nyla?" perguntou Clover enquanto eu me sentava, mordendo a caneta, perdida em pensamentos sobre essa noite.

Clover jogou uma bolinha de papel em mim, tirando-me do meu devaneio. Eu balancei a cabeça e respondi: "Sim, concordo." Todos na sala deram uma risadinha, e eu me senti como uma criança na escola, pronta para me esconder debaixo da mesa.

Todos saíram, mas eu fiquei. Precisava de um conselho sobre essa noite. Em vez de dizer algo inteligente, acabei soltando sem pensar: "Clove, eu tenho um encontro." Clover pareceu surpresa por um breve momento, depois bateu palmas e disse:

"Até que enfim! Eu já estava começando a achar que você estava esperando a mulher perfeita e não um homem." Eu revirei os olhos enquanto ela piscava com aquele seu jeito debochado de sempre e completava: "Tenho amigos que fariam maravilhas com esse corpo seu."

"Clove, isso é sério. Faz quase quatro anos que não saio com ninguém além do Sullivan." Eu resmunguei, apoiando a cabeça na mesa dela.

"Nyla, o que tem pra ficar nervosa? Você é linda, inteligente, engraçada e gosta de um pouco de emoção. Você é o sonho de qualquer homem." Clover falou enquanto acariciava minhas costas. "Coloque algo que te faça parecer e se sentir tão sexy quanto todos nós sabemos que você é."

Sentindo uma onda de gratidão por essa mulher, eu me levantei de repente, abracei Clover e disse: "Tenho o vestido perfeito." Saímos juntas do escritório dela, e ela me deu uma carona até em casa. Eu sabia que, no fundo, ela estava torcendo para que o Xavier estivesse lá, mas ele não estava, e a decepção no rosto da Clover foi tão fofa. Eu sorri docemente, dei um beijo na bochecha dela e a incentivei com suavidade: "Liga pra ele, ele só chega às seis hoje."

Clover tentou disfarçar, mas no fundo nós duas sabíamos que, assim que eu entrasse no meu prédio, o telefone do Xavier estaria tocando em algum lugar da cidade. Isso me fez sorrir, saber que duas pessoas que eu amo se gostam tanto quanto eu gosto delas. Teria sido estranho e desconfortável se um dos dois acabasse com sentimentos não correspondidos pelo outro.

Eu não sabia que tipo de encontro era esse; Aberto nunca me disse. Me senti 50 tipos de idiota por nem ter pegado o número dele, nem com ele diretamente, nem nas informações que ele deixou nas compras anteriores. Uma pequena parte de mim acreditava que ele só fez aquelas compras para passar um tempo comigo no trabalho.

Enrolada em uma toalha macia de algodão egípcio preto, eu parei ao pé da minha cama, olhando para o vestido. Era um vestido azul-safira profundo, de cetim, justo ao corpo, na altura dos joelhos, com alças finas que se cruzavam no meio das minhas costas, descendo até um ponto que ficava no limite certo do escandaloso. O decote lateral deixava à mostra o suficiente para ser sedutor, mas sem parecer vulgar. Era sexy pra caramba e tão suave quanto uma pele recém-lavada.

Eu gostei do contraste do azul escuro contra o tom mel da minha pele. E, como eu era completamente viciada em sapatos, tinha uns quatro pares de Louboutin que combinariam perfeitamente com esse vestido. Mas, no final, optei por um par de sandálias pretas de tiras de tela, com detalhes de cristal e bico aberto. Eu sabia que, com o tipo de vestido que estava usando, não dava para usar sutiã, mas consegui vestir uma calcinha fio dental e uma cinta-liga da Agent Provocateur.

Sentia que era hora de me livrar completamente do controle de Sullivan. Mesmo que eu não estivesse planejando transar com alguém, não havia regra nenhuma contra me sentir sensual. E qualquer peça da Agent Provocateur, com certeza, me fazia sentir sedutora e confiante. Era a primeira vez em alguns anos que eu saía com um homem que não fosse Sullivan, então, mesmo que estivesse um verdadeiro nervosismo por dentro, Aberto não precisava saber disso.

Normalmente, eu uso o cabelo alisado no trabalho, mas dessa vez decidi deixar meus cachos naturais. Com uma música suave do Lion Babe tocando ao fundo e uma taça de vinho na mão para acalmar os nervos, comecei a me maquiar. Queria manter a paleta leve, então optei por tons naturais e nudes. Não queria parecer que estava me esforçando demais para impressionar Aberto.

Não me entenda mal, ele era um verdadeiro deus grego. Com sua pele bronzeada, olhos verdes esmeralda e um sotaque sexy pra caramba, qualquer mulher cairia aos pés dele. Mas eu não estava exatamente em um momento para apreciar sua beleza. Só aceitei sair com ele para, honestamente, evitar que ele insistisse mais. Ele definitivamente parecia o tipo de homem que não aceita um "não" como resposta, mas não de um jeito assustador. Pelo menos, eu poderia aproveitar a companhia dele de forma amigável.

Ultimamente, eu vinha sendo a "terceira roda" dos meninos, embora eles não admitam isso. Coloquei os últimos acessórios: brincos de diamante de um quilate e minha pulseira de diamantes. Todas as minhas joias foram presentes de Sullivan, eu não sou boba. Talvez estivesse irritada com a forma como as coisas terminaram entre nós, mas isso não significava que eu precisava deixar todos os presentes dele no apartamento em Nova York. Na minha visão, era uma reparação por ele ter me tratado como lixo, quando prometeu ao meu pai que cuidaria de mim.

Estava quase na hora de sair, já que Cynthia me mandou uma mensagem dizendo que estaria na frente do meu prédio em cinco minutos. Peguei meu xale de pele sintética prateado, minha bolsa de mão preta, as chaves de casa e saí pela porta. Xavier estava na portaria essa noite, e ficou completamente surpreso quando me viu arrumada e pronta para sair.

"Nossa, Nyla, você nunca se arruma assim quando a gente sai!" Ele assobiou. "Você nunca me convida pra jantar." Eu pisquei e mandei um beijo no ar. "Não me espera acordado." O assobio do Xavier aumentou ainda mais minha confiança, e eu estava pronta pra arrasar nesse encontro. Entrei no carro da Cynthia e passei o endereço do lugar pra onde eu estava indo.

Dirigindo pela famosa Lake Shore Drive de Chicago, eu aproveitei a vista. Chicago é mesmo linda em qualquer época do ano, mas o final do outono é o meu favorito. A brisa fresca do Lago Michigan balançando suavemente as árvores, como um parceiro de dança perfeito. Vinte minutos depois, cheguei a um prédio que não parecia grande coisa por fora. Aliás, não parecia que estava acontecendo nenhum evento ali, muito menos um chique. O Aberto não me parecia o tipo de pessoa que frequentava lugares comuns. Confusa, olhei pra Cynthia e perguntei: "Tem certeza que esse é o endereço certo?"

Hesitante, ela fez que sim com a cabeça e respondeu: "Vou esperar aqui, caso ele tenha te passado o endereço errado."

"Muito obrigada, Cynthia. Eu te agradeço de verdade."

Peguei meu xale, coloquei ao redor dos braços, agarrei minha bolsinha de mão e saí do carro. Caminhei até o prédio e só percebi, ao me aproximar da porta, que havia alguém vigiando a entrada. Ele parecia intimidador. Quer dizer, quem usa óculos escuros à noite? Com uma expressão carrancuda, ele se elevava sobre mim, mesmo eu estando com saltos de 15 centímetros.

"Nome?" Ele grunhiu.

"Ahem. Hm, sou convidada do Aberto Barbosa." Falei baixinho, sem saber se ele queria o meu nome ou o nome da pessoa que eu estava acompanhando.

Ele me olhou de cima a baixo por cima dos óculos e disse apenas: "Pode entrar."

Virei-me e acenei pra Cynthia, pra avisar que eu estava, sim, no lugar certo. Endireitei a postura, fingindo uma coragem que não tinha, e entrei pela porta. Foi uma caminhada rápida por um corredor silencioso antes de me deparar com uma escada em espiral que descia mais fundo no prédio. Desci metade da escada antes de sentir as vibrações sensuais de um jazz suave invadirem meus ouvidos.

Comecei a me perguntar que tipo de evento era esse pra qual o Aberto me convidou. Também comecei a me xingar mentalmente por não ter feito mais perguntas sobre o lugar ou sobre o próprio homem. Quando finalmente cheguei ao fim da escada, houve outro corredor curto, e então a única direção possível era virar à esquerda. A iluminação era fraca e suave, o que definitivamente criava um clima, mas eu não sabia dizer qual. Só sabia que te deixava no clima. Eu esperava não ter dado uma ideia errada pro Aberto, porque, embora estivesse envergonhada com nosso encontro, isso não significava que eu não ia botar ele no lugar dele se ele presumisse que algo ia acontecer entre a gente.

Finalmente cheguei a uma área aberta e a primeira coisa que vi me deixou completamente chocada. Havia um palco com cortinas de veludo vermelho escuro e macio na frente da sala, e nesse palco estava uma mulher de pele leitosa, amarrada e nua a uma espécie de cruz de madeira. Ao lado direito dessa mulher, havia um homem de pele cor de mocha, vestindo um terno escuro sob medida, sem o paletó, com as mangas da camisa arregaçadas e um chicote na mão.

Eu observava, encantada e hipnotizada, esperando para ver o que aconteceria a seguir. Não precisei esperar muito, porque ele levantou a mão com o chicote e, com um movimento rápido, fez o braço estalar, acertando o mamilo escuro da mulher. Ela ofegou, depois gemeu enquanto o chicote deixava uma marca em seu peito, e instantaneamente meus próprios mamilos endureceram só de imaginar que eu poderia estar no lugar dela, sentindo aquele chicote. Eu estava em transe, sentindo como se minha excitação estivesse exposta para toda a sala.

Com relutância, desviei os olhos do palco e segui em direção ao outro lado da sala aberta, onde havia um enorme bar e um banco vazio para eu me sentar. Cabines alinhavam as laterais da sala para quem quisesse sentar ou ter um pouco mais de privacidade, já que havia cortinas que podiam ser fechadas.

Enquanto caminhava em direção ao bar, sentia olhares me despindo, pouco a pouco. "Agora entendo por que o Aberto foi tão vago sobre os detalhes desse tal evento", pensei comigo mesma.

Eu já tinha tomado uma taça de vinho em casa, mas agora sentia que precisava de um coquetel, ou talvez três, porque minha confiança estava diminuindo. Ainda não tinha encontrado o Aberto, o que me deixava inquieta. Ele não parecia o tipo de homem que deixa uma mulher plantada, mas o que eu sei sobre um bom homem? Ao me acomodar no banco, o bartender me perguntou o que eu queria, e eu pedi um lemon drop. Girei no assento, querendo continuar assistindo ao show. Naquele momento, o homem estava derramando cera quente de vela sobre os seios dela, e ela parecia gostar, porque se contorcia de êxtase. Depois que ele soprou o que suponho ser ar frio sobre ela, rasgou a calcinha dela, enfiou os dois dedos do meio em sua intimidade encharcada e posicionou o polegar no clitóris dela.

Instantaneamente, senti inveja daquela mulher, porque ela estava recebendo o tratamento que eu tanto desejava. Seus gemidos e suspiros enchiam a sala aberta. Eu tinha certeza de que não era a única ali sentindo tanto tesão quanto eu. Uma figura alta e escura se aproximou de mim pelo canto do olho. A voz dele me alcançou antes mesmo de sua presença.

— Você é nova aqui, dá pra perceber — disse ele, com um tom de barítono suave que eu senti até nos dedos dos pés, entre outros lugares.

"Já ouvi essa voz antes", pensei comigo mesma. Se eu não estava excitada antes, com certeza estava agora.

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