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Capítulo 1

Há 3 meses

"O que você vai fazer, Nyla?" Molly perguntou enquanto me encarava.

Eu estava deitada no meio do meu closet, que agora estava vazio. Cheio de espaços desocupados. Todas as coisas dele tinham sumido, e as minhas seguiram o mesmo caminho assim que Molly chegou. Sullivan e eu namorávamos há três anos e morávamos juntos há dois. Enquanto eu me preparava para o casamento, ele estava por aí transando com a secretária. Nossa vida sexual era, na melhor das hipóteses, medíocre.

Eu queria mais, e ele queria menos. Principalmente porque Madison "a loira explosiva" Brooks estava tão ansiosa para agradá-lo.

"Nyla!" Molly chamou.

"Não sei." Respondi, enquanto lágrimas começavam a se formar nos meus olhos.

Recusei-me a chorar naquele momento. Tentei pensar nisso como a resposta às minhas preces. Eu vinha pedindo um sinal para saber se éramos certos um para o outro. Acho que nunca imaginei que viria dessa forma, com fotos da secretária dele com a boca cheia do pau dele. Molly, minha melhor amiga, que andava de um lado para o outro esperando minha próxima decisão, foi quem conseguiu essas fotos comprometedoras.

Molly é detetive particular, e das boas. O pai dela trabalhava no ramo e deixou o negócio para ela quando faleceu, há cinco anos. Antes de descermos pelo elevador da cobertura, dei uma última olhada triste para o espaço vazio que eu costumava chamar de lar.

"Você sabe que pode ficar comigo pelo tempo que precisar." Molly disse, segurando minha mão.

"Obrigada, querida."

Eu nunca tive amigos muito próximos até conhecer Molly, mas ela era mais como uma irmã para mim. Sempre presente quando eu precisava, e parecia que ultimamente isso acontecia muito. Com Sullivan e suas constantes "reuniões", que agora sei que eram encontros com a boca ou a buceta da secretária dele, eu precisava dela mais do que nunca.

"Não é grande coisa, mas é um lar." Molly disse enquanto colocava as chaves em um prato transparente perto da porta.

Fazia um tempo que eu não vinha para esse lado da cidade, e no apartamento dela, eu não queria parecer ingrata. Então, forcei um sorriso e disse: "Moll, não me importo com o tamanho. Só estou feliz de estar longe dele." Mulheres sempre dizem que tamanho não importa, mas a verdade é que importa, sim.

"Nyla, você ficaria brava se eu desse uma passada para ver o Shane?" Molly perguntou, juntando as mãos como se estivesse rezando na igreja.

"Não, Moll. Vou tomar um banho e dormir um pouco." Respondi, só porque queria ficar sozinha. Ela saiu toda animada, e eu comecei a andar pelo pequeno apartamento em Nova York, que, se você piscasse, poderia passar despercebido. O barulho do trânsito era alto, a janela dela dava para uma parede de tijolos cheia de grafites. Soltei um suspiro e segui para o banheiro pequeno.

Molly era solteira e deixava isso bem claro: uma toalha só, uma escova de dentes só. Principalmente porque ela passava noites com Shane, o amante dela, ou trabalhando nos casos. Comecei a me despir, começando pelos meus saltos de 12 centímetros de sola vermelha. Quando saí deles, me senti menor de alguma forma. Senti como se o quarto e eu fôssemos agora iguais. Desabotoei minha calça jeans preta colada ao corpo, e minha calcinha de cetim pêssego era um contraste perfeito com minha pele cor de mel. Tirei as duas, a calcinha era a cor favorita de Sullivan em mim. Quando elas caíram no chão, senti como se um peso tivesse sido tirado da minha buceta.

Ele só me queria com roupas íntimas, tons de rosa delicados e várias nuances de branco. Isso me fazia sentir sem graça e escondida, não sexy, como lingerie deveria fazer. Olhando no espelho, desfiz meu rabo de cavalo alisado e passei os dedos pelos cabelos. Outro lembrete negativo de Sullivan era que ele não gostava dos meus cachos naturais. Grossos, com a cor de caramelo misturado com mechas loiras. Tirei a blusa de gola alta branca pela cabeça, soltei o sutiã e liberei meus seios firmes, tamanho C. Não consegui mais me olhar no espelho, porque a mulher que me encarava de volta pertencia a Sullivan, e ela estava morta desde o momento em que viu aquelas fotos.

Girei os botões de aço inoxidável e observei enquanto o banheiro se enchia rapidamente de vapor. Eu queria me lavar dos últimos três anos. Coloquei-me diretamente sob o chuveiro. A água correu sobre mim, e senti meus cabelos cacheando, meus mamilos endurecendo com o calor. Peguei a esponja na mão e a passei pelo meu corpo. O sabonete parecia seda, permitindo que a esponja deslizasse sobre minha pele como a mão de um amante. A esponja macia roçou meu clitóris, e eu me contraí, o arrepio que senti me fez ofegar. Olhei ao redor como se fosse o toque de outra pessoa e não o meu. Deixei a esponja cair e permiti que minhas mãos e a água me explorassem. Mordi o lábio inferior enquanto segurava meu seio direito com a mão e o apertava com força.

Minha mão esquerda desceu até minha vagina enquanto eu abria meus lábios úmidos para meus dedos suaves. Eu me sentia como veludo enquanto começava a acariciar meu clitóris. Coloquei a perna direita na borda da banheira para ter mais acesso à minha abertura. Queria sentir minha firmeza; a água quente corria pelos meus cabelos e descia pelas minhas costas, acariciando minha bunda. Coloquei um dedo dentro de mim e mordi o lábio enquanto começava a movê-lo devagar, entrando e saindo da minha abertura. Queria mais, então inseri um segundo dedo. Devagar e com firmeza, eu me trabalhava; meus lábios se entreabriram e meu peito subia enquanto eu me aproximava do clímax. Acariciei com mais força e mais rápido, enquanto minha outra mão apertava meu clitóris. Minhas costas arquearam, e eu gemi enquanto minha perna tremia com o prazer que finalmente me escapou. Não tinha um orgasmo há semanas. Quando terminei, me senti embriagada e atordoada pelo prazer.

Enquanto eu me tornava uma bola de frustração sexual reprimida, Sullivan se satisfazia, e com muita frequência, droga. Depois de me acariciar com manteiga de cacau e pentear meus cachos molhados em um rabo de cavalo, deitei-me no quarto de hóspedes da Molly. Estiquei-me na cama e adormeci, exausta pelo orgasmo.

Na manhã seguinte, acordei com Molly falando alto ao telefone, o que me lembrou de Sullivan conversando com seus investidores a qualquer hora da noite. Remexi em uma das minhas malas Louis Vuitton e encontrei uma camisola de pijama bege na altura do joelho, com mangas de renda branca.

"Ei, Moll, tá tudo bem?" perguntei, parada na entrada da cozinha. Molly apontou para o telefone e revirou os olhos. Eu ri e fui até a Keurig. Olhei as cápsulas de café e encontrei o Starbucks blonde roast. Ela terminou a ligação, soltou um suspiro profundo e disse: "Como você dormiu?" Inspirei o aroma do café e respondi: "Dormi bem, considerando tudo."

Com preocupação na voz, ela disse: "Eu poderia puxar uns contatos e arrumar um emprego pra você, num escritório ou algo assim." Eu não tinha pensado em trabalhar porque, francamente, não precisava. Sullivan cuidava de mim, pelo menos financeiramente.

Ele não era muito satisfatório na cama, mas, como eu o amava, não tive coragem de falar isso pra ele. Uma mulher apaixonada aguenta qualquer coisa, até sexo ruim. Molly interrompeu meus pensamentos com um aceno de mão. Olhei pra ela por cima da xícara de café e disse: "Quero trabalhar numa galeria, cercada de arte bonita."

Continuei a olhar para ela por cima da minha xícara de café enquanto tomava um gole. Ela colocou o café dela no balcão e disse: "Que tal você vir comigo pro trabalho?" Pensei um pouco e concluí que seria melhor do que ficar aqui sozinha e deprimida. "Tá bom, deixa eu me arrumar."

Ela me encarou e disse, de forma reconfortante: "Vai dar tudo certo." Eu não tinha ânimo pra compartilhar o otimismo na voz dela, então apenas sorri e fui até o quarto de hóspedes pra me vestir. Revirei minhas malas e encontrei a roupa perfeita pra meados de setembro. O tempo ainda estava agradável.

Me olhei no espelho de corpo inteiro. Estava usando uma blusa branca justa de botões, com um sutiã de renda bege, calça jeans skinny rasgada e meus amados sapatos de salto plataforma peep toe vintage na cor bege. Prendi meu cabelo num coque bagunçado fofo, deixando alguns cachos naturais caírem ao redor da minha orelha e na nuca. Passei o batom vermelho matte da Molly e mandei um beijo pra mim mesma no espelho.

"Caramba, menina, quanto tempo mais?" Molly gritou enquanto eu pegava minha bolsa, e ela já estava esperando na porta. Molly estava totalmente concentrada no celular, vestida com uma calça jeans branca colada, uma blusa de gola alta preta de manga comprida justinha e um par de sapatilhas de sola vermelha clássicas.

"Pronta", eu disse, parada, esperando pela reação dela.

Ela me olhou de cima a baixo, confusa: "Nyla, você vai a um almoço romântico?"

Dei uma risadinha e respondi: "Não, só quis arrasar hoje." Pisquei pra ela, e ela riu. Caminhamos pelo corredor amplo, saímos pela porta e chamamos um táxi. Olhei ao redor e absorvi a cidade. Eu amo essa cidade, mas sair daqui e começar de novo poderia ser uma aventura.

Sentada no banco de trás do táxi, encarei a janela. Lembrei da propriedade em Chicago. Um loft chique no centro da cidade. Meu nome está no imóvel desde a época em que eu visitava meu pai, antes de ele falecer.

"Tá tudo bem?" Molly perguntou, curiosa, enquanto segurava minha mão. Olhei pra ela e disse: "Lembra do loft em Chicago?" O táxi parou no semáforo vermelho, e, com uma sobrancelha levantada, ela respondeu: "Sim, o que tem ele?"

Respirei fundo e encostei a cabeça no apoio do banco, então contei pra ela: "Está no meu nome. Vou pra lá, começar de novo." Ela me olhou com interesse e disse: "Tá, quando? Como?"

Suspirei: "Quanto antes, melhor. Tenho um dinheiro guardado." Ela esperava pacientemente que eu terminasse de explicar o plano. "O Sullivan me dava uma espécie de mesada. Coloquei tudo numa poupança. Vou sacar e partir hoje à noite." Olhei pra ela, tentando prever o que diria em seguida. Sem tirar os olhos de mim, ela falou pro motorista: "Nos leve de volta pro meu apartamento."

Ainda estávamos de mãos dadas, e eu estava a ponto de borrar minha maquiagem. Teria que deixá-la aqui; estaria sozinha lá. Ela apertou minha mão com mais força, e uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

"É o que eu preciso, Moll", eu disse, com a cabeça ainda no encosto, as lágrimas escorrendo até a linha do meu cabelo.

"Acho que sim, Nyla. Ele era tão tóxico", ela falou, encostando a cabeça no meu ombro.

Quando chegamos de volta ao apartamento da Molly, não havia muito pra arrumar, já que tudo ainda estava nas malas. Mas ainda tinha algumas coisas que eu precisava organizar. Enquanto fazia isso, Molly sentou na cama, me observando.

"E o que você vai fazer quando chegar lá? Tipo, em termos de trabalho?"

"Sinceramente, Moll, não pensei tão longe assim. Só sei que preciso me afastar DELE. Sabia que precisava daquela sensação de segurança de novo. E, se for pra ser honesta, fazia tempo que não sentia isso com ele, mas agora entendo o porquê."

"Ele é um babaca por te tratar como menos do que a rainha que você é. É só falar que eu arrumo alguém pra acabar com os joelhos dele." Molly disse com um tom debochado.

Mas, de alguma forma, eu não achava que ela estava brincando. Respondi pra ela: "Não, valeu, Moll, ele vai acabar recebendo o que merece. Sabe como é, o karma e tal." Suspirei desanimada, "É de você que eu vou sentir mais saudade. Você é como a irmã que eu nunca tive, mas sempre quis."

Molly retribuiu minha tristeza: "Eu sei, mas é só uma viagem de avião de distância." O tempo parecia refletir o humor de nós duas. Já havia um friozinho no ar por causa da chegada do outono, mas, naquele momento, começou a garoar e ficou tudo meio sombrio. Era como se meu coração estivesse se partindo de novo, só que dez vezes pior.

Enquanto eu colocava as últimas coisas na mala, Molly disse: "Tá bom, então vai ser assim nosso ‘até logo’. E vai ser um até logo, não um adeus. Quando chegarmos no aeroporto, nada de lágrimas, nada de fungadas, nada de tristeza. Eu não aguentaria isso. Combinado? Senão, eu vou te dar uma surra."

Eu dei uma risada: "Combinado. Mas como se você conseguisse me enfrentar. Você pode até ter mais peso, mas eu tenho mais força." Ela me deu um tapinha no braço enquanto o celular dela começou a tocar.

"Alô? Ah, tá bom, já estamos descendo."

Ela me olhou com lágrimas contidas nos olhos, percebendo que aquele era o momento: "O táxi chegou. Se eu fosse forte o suficiente, deixaria você ir sozinha no táxi." Eu olhei pro teto, com medo de que ela visse a vulnerabilidade no meu rosto. Isso me deu um momento pra me recompor: "E se eu fosse forte o suficiente, deixaria você ir comigo."

Juntamos as cinco malas que eu levava e seguimos pros elevadores. Olhei pra trás e pensei comigo mesma: "Bom, Nova York, foi uma boa jornada. E quem sabe eu não te vejo de novo em breve?"

A viagem de táxi até o JFK foi silenciosa e reflexiva, tanto pra mim quanto pra Molly. Nós duas sabíamos que ia demorar um tempo até nos vermos de novo. Molly estava tentando manter o negócio dela de pé, e eu estava tentando superar minha dor de cotovelo. Estávamos apenas contentes de estar na companhia uma da outra. Felizmente, o aeroporto em si não estava tão lotado (pelos padrões de Nova York).

Quando o taxista saiu pra pegar minhas malas, Molly e eu descemos do carro de mãos dadas, oferecendo apoio uma à outra em silêncio. "Não sei por que isso é tão difícil, mas ao mesmo tempo tão fácil pra mim..." comecei a dizer.

Molly levantou a mão de repente e falou: "Ei, o que a gente combinou? Se você começar, eu vou chorar, e aí a gente vai acabar brigando."

Olhei pra ela por um momento, como se tentasse gravar cada traço do rosto dela na memória, e disse: "Tá bom, joaninha. Você tem razão, mas eu ainda ganharia de você numa briga. Só se certifique de vir me visitar logo. E não se preocupe em me devolver aquele dinheiro. Pensa nisso como um investimento, tá?"

Molly respondeu: "Claro, querida. E assim que eu terminar o caso que estou trabalhando, pode apostar esse seu traseiro redondo que eu vou te visitar. Quem sabe? Pode até ser uma visita prolongada."

Ficamos ali, nos abraçando, como se fosse a última vez. Minha conta tinha pouco mais de 150 mil dólares. Dei 50 mil pra Molly pro negócio dela, ela precisava. Era assim que funcionávamos. Sempre uma lá pela outra.

Ouvi o burburinho das pessoas dizendo que o voo pra Chicago estava começando o embarque.

"Te amo, querida." Molly sussurrou no meu ouvido. Eu a abracei mais forte, até que nos separamos, enganchamos nossos dedos mindinhos e dissemos juntas: "pra sempre e eternamente!"

Então, caminhei em direção ao portão. Acenei um último ‘até logo’ e segui pra passarela de embarque.

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