Capítulo 4 - O Guru Kamasutra
Doce, deliciosa vingança. Doce, deliciosa vingança. Doce, deliciosa vingança...
As palavras continuavam ecoando na minha cabeça.
Será que eu me transformei em um estéreo? Porque eu juro que fiquei muda quando o presidente disse aquelas palavras ameaçadoras para mim. Eu não consegui dizer nada. Droga, eu não consegui fazer uma resposta sarcástica! Eu só fiquei sentada ali, paralisada, olhando fixamente para o palco com meu pescoço formigando devido à proximidade da boca dele.
“Mas não se preocupe, não vou cobrar agora,” ele disse, me dando uma falsa sensação de segurança.
Ah, claro. Como se isso fosse me deixar tranquila, desgraçado!
“Vamos, Srta. Rosecraft, sorria. Seu rosto parece constipado.”
Ele se afastou e se endireitou na cadeira. Eu o ouvi rir levemente e foi nesse momento que consegui me livrar do meu feitiço momentâneo de mudez. Olhando fixamente para o meu prato, eu estava lutando para decidir se deveria enfiar minha costeleta de cordeiro pela metade na boca dele. Ou talvez não a costeleta, mas a faca cega no coração frio dele.
Suspirei profundamente no final e enterrei esses pensamentos. Eu não sou uma assassina.
Mas eu queria. Deus, eu queria enfiar a costeleta na boca dele para que suas farpas não me enfurecessem ainda mais.
Como retaliação, sorri gentilmente para ele, mas meus olhos mostravam uma chama de determinação.
Pode vir, Sr. Presidente! Tudo o que você tem! Eu não vou recuar!
Então, minha atenção foi desviada para uma figura atrás dele. Era um homem, definitivamente não nosso garçom pessoal porque este homem estava usando um turbante amarelo enquanto vestia um smoking branco americano. Ele não disse nada. Apenas puxou uma cadeira ao nosso lado e se sentou.
Julgando pela aparência e pela maneira como o homem se vestia, acho que ele é indiano. Ele tem cabelo preto corvo curto, pescoço esguio e cílios longos de dar inveja. Ele tinha uma barba por fazer aparada de forma sexy e aposto que as mulheres desmaiam por causa disso.
Não teve nenhum efeito em mim, mas achei seus olhos castanhos cativantes.
Espera.
Se eu me lembro corretamente, este homem é o que sorriu para nós mais cedo no saguão do segundo andar!
O Sr. Erik pareceu notar sua chegada e se virou para olhá-lo com uma expressão neutra. A arrogância desapareceu enquanto estávamos sozinhos.
“Rohan, você gosta de chegar atrasado, não é?” ele perguntou, batendo os dedos na borda do copo.
O homem desconhecido apenas sorriu e deu de ombros. “Você me conhece,” ele disse, “Eu sou requisitado. Normalmente não participo de festas como esta, mas ei, tem algo interessante acontecendo nesta mesa que eu simplesmente tive que dar uma espiada.”
Algo interessante? Do que ele está falando?
O presidente pareceu entender a insinuação porque eu o vi apertar a alça do copo. Isso fez o homem indiano sorrir.
“Posso saber quem é essa mulher maravilhosa, Sr. Presidente?” o homem chamado Rohan disse. Ele inclinou a cabeça para o lado e olhou para mim, mostrando seu sorriso branco.
Se eu não me engano, acho que acabei de notar um sotaque britânico ali.
Meu coração imediatamente disparou. Acho que vou gostar desse cara. Ele parece amigável, ao contrário desse vilão ao meu lado.
O Sr. Erik, no entanto, permaneceu em silêncio e agiu como se não tivesse ouvido a pergunta do Sr. Rohan. Esperei que ele me apresentasse, mas ele não o fez!
Idiota.
Para aliviar a situação constrangedora, escolhi estender minha mão sobre a mesa e disse com um sorriso, “Oi! Eu sou Daniella Rosecraft.”
Rohan arqueou uma sobrancelha então. “Oh, da Rosecraft Weddings and Events Concepts?” ele perguntou, arregalando os olhos.
"Sim, você está certo," eu assenti e então apertamos as mãos, ignorando o fato de que o presidente estava entre nós. Ele observou enquanto nossas mãos se uniam e eu pude ver seu maxilar se contrair estranhamente.
"Bem, estou feliz em finalmente conhecê-la, Srta. Rosecraft," Rohan disse quando se afastou. "Sempre quis ver que tipo de mulher você é."
Uau, pare! O que ele quer dizer com isso? Eu sou tão popular assim? Sei que o negócio da minha família é, mas eu? Duvido muito.
Houve uma troca discreta de olhares entre os dois que eu não deixei passar. Deve haver algum tipo de informação que eles têm e que eu não sei, e isso me fez me perguntar o que é.
"Sou Rohan Yash Maharaj Ambani, a propósito, Secretário do Fancy Pants Club e um Guru do Kamasutra."
Eu pisquei várias vezes. Isso, eu realmente não esperava ouvir!
Primeiro, saber que ele é membro do clube e segundo, ele ser um guru?
"Kama— você disse guru do Kamasutra?" eu questionei. Acredito que não faria mal esclarecer as coisas.
"Sim, acredito que disse," ele me mostrou outro sorriso luminoso.
"Oh," eu olhei para ele e depois para o Sr. Erik, que estava olhando para o palco (ou fingindo que estava), e depois de volta para Rohan. "Eu—eu sinto muito por parecer surpresa, mas é que, é a primeira vez que ouço falar disso. Eu conheço os conceitos do Kamasutra, mas nunca soube que existe realmente um guru para isso."
Eu o ouvi rir então. Era melodioso.
Ele pegou a taça de vinho que nosso garçom pessoal havia dado e bebeu metade do líquido.
"Acredite em mim, Srta. Rosecraft," ele então disse, olhando para mim com malícia, "existe e está em demanda... sempre."
Minha garganta secou. Uau. Quero dizer, uau! Essa profissão é... interessante.
"Acredito que esta mulher inocente aqui não queira ouvir os detalhes do seu trabalho, Rohan. Você pode poupá-la do momento constrangedor," e o diabo falou.
Eu realmente pensei que ele estava em modo silencioso. Bem, agora pelo menos sei que ele estava ouvindo nossa conversa e não agindo de forma esnobe.
"Oh, não, eu não acredito nisso, Erik," Rohan disse e deu um tapinha no ombro dele brevemente. "Quase todas as pessoas nesta idade entendem o tópico de sexo e posições sexuais. Não acho que esta bela mulher seja inocente, a menos que..."
Então, dois pares de olhos imediatamente caíram sobre mim e isso me colocou na berlinda. Que sorte a minha, agora posso ver que eles estão suspeitando do status do meu V-card.
Soltei um sorriso, um forçado, e então desloquei meus olhos para o palco.
"Ahahaha! Agora olhem para isso, acho que eles vão cortar o bolo agora." Redirecionei a atenção deles para a noiva e o noivo que agora desciam as escadas e caminhavam em nossa direção. Era esperado, já que o bolo de casamento de seis camadas estava a alguns metros atrás de Rohan.
Ainda bem que esses dois homens do Fancy Pants morderam a isca e voltaram sua atenção para o programa.
Deus, estou tão grata que as luzes estão baixas, caso contrário, eles teriam visto o rubor virginal subindo em minhas bochechas!
Assistimos enquanto a Sra. Elaine e seu marido cortavam o bolo mais alto e depois se revezavam alimentando um ao outro com a pequena fatia. A plateia aplaudiu novamente e nós também (exceto pelo Sr. Erik Todo-Poderoso que parecia entediado assistindo).
Nossa! Mostre um pouco de respeito, não é? Eles são seus clientes! Eles pagam uma fortuna ridícula para alugar o telhado do seu castelo!
Mas acho que é assim que esse tipo de presidente age; fingindo ser insensível e tudo mais. Combina com ele, de qualquer forma.
"A empresa Rosecraft é realmente boa com conceitos de casamento, não é?" Rohan falou quando os recém-casados voltaram para a mesa e o programa continuou com os brindes. "Este lugar é simplesmente deslumbrante e o programa está bem organizado. Você está encarregada aqui, Srta. Daniella?"
Foquei minha atenção nele e sorri. Ele está me elogiando! Sim!
"Sim, estou," respondi me sentindo bem comigo mesma, "sou na verdade a chefe das recepções de casamento."
"Hmm, entendo." Ele balançou a cabeça enquanto examinava toda a área. "Então, acredito que você merece meu elogio."
"Obrigada, Sr. Rohan," eu disse, minhas bochechas esquentando.
Viu?! Viu?! Este homem tem bom gosto! Diferente do presidente aqui que continua criticando meu trabalho!
"Por favor, apenas Rohan. Ou você pode me chamar de Guru, se preferir," ele disse para mim.
Eu simplesmente ri. "Rohan está ótimo. Obrigada."
"E quanto ao Sr. Rígido aqui," ele deu um tapinha no ombro do presidente novamente e disse, "você pode chamá-lo de Erik ou..." ele de repente contemplou algo e olhou brevemente para o teto, "Querido, se preferir."
Isso me fez balançar a cabeça violentamente. "Acho que prefiro chamá-lo de Sr. Presidente."
Pelo menos é a maneira adequada. Não estamos em bons termos de qualquer maneira e, além disso, não estamos na zona de amizade, então chamá-lo assim é certamente melhor do que pelo primeiro nome.
Num piscar de olhos, ouvi o destinatário resmungar. Ele me olhou friamente e declarou com uma voz tão franca, "Me chame do que quiser, mulher. Não dou a mínima."
"Ahhh," Rohan suspirou instantaneamente, "Você deveria ser mais cuidadoso com suas palavras na frente dela, Erik. Você não quer que ela pense em você como um vilão."
Hã! Tarde demais. Eu já penso.
"Eu pensei que você fosse o salvador dela, meu amigo."
Desviei meus olhos do presidente, quebrando nosso contato visual, e olhei para Rohan.
"Que salvador?" perguntei, "Você está falando sobre o que aconteceu esta tarde? Porque acho que nunca teria caído da escada se ele não tivesse puxado minha perna."
Rohan bebeu todo o seu champanhe e franziu os lábios antes de responder, "Não, estou me referindo a outro evento onde—"
"Cale a boca, Rohan," o Sr. Erik interrompeu abruptamente. Ele não lançou um olhar de aviso para seu secretário, mas eu podia sentir a aura de ameaça projetada em direção ao pobre homem.
O que eles estão escondendo afinal? Agora, minha curiosidade aumentou especialmente quando vi Rohan levantar as mãos em derrota.
Eu teria investigado mais, mas uma voz feminina apareceu atrás de mim.
"Chefe!"
Era da minha sempre confiável membro da equipe, Ericka. Com a presença dela agora, significa que há um problema com o andamento do programa.
"Ericka, há algum problema?" perguntei rapidamente; meu rosto imediatamente mostrou preocupação.
Ela me olhou com sua própria parcela de preocupação, mas antes de responder, ela olhou surpresa para os dois homens na mesa.
Com certeza, ela vai me interrogar na nossa saída de sábado à noite amanhã sobre eles.
"Bem, sim," ela respondeu depois de recuperar a compostura, "uhmm... o violinista para a última dança... ele não pode estar aqui porque está preso no trânsito."
"O quê!" exclamei, percebendo, embora tarde demais, que minha voz estava alta o suficiente para os convidados ouvirem.
Olhei rapidamente para as pessoas ao meu redor e percebi que elas não acharam minha voz de pânico estranha. Sorte minha. Mas ao observar o Sr. Erik e Rohan, vi suas sobrancelhas franzirem em confusão.
"Uh, bem... com licença, senhores. Preciso resolver esse problema," disse eu, levantando-me apressadamente e inclinando a cabeça.
"Pode ir, Srta. Daniella," foi Rohan quem disse isso, "Eu acompanharei o Presidente para você."
Mostrando um sorriso aliviado, agradeci e saí com Ericka me seguindo.
"Eu disse para ele chegar cedo! Agora veja o que aconteceu!" gritei nos bastidores centrais ao chegar lá. Minha mão direita estava pressionada na testa em desespero enquanto a outra mão descansava pesadamente na cintura. Tentei andar pelo espaço disponível, mas isso não parecia me acalmar nem um pouco.
Mas, sério. Não consigo ficar calma agora sabendo que meu plano original de ter um violino ao vivo tocando na última dança não vai acontecer! Era um dos pedidos destacados da Sra. Elaine! Não posso colocar uma música de violino do YouTube para a última dança como alternativa. Isso simplesmente não pode acontecer! Aposto que se meu anel de herança ainda estivesse no meu dedo agora, eu não teria esse tipo de problema.
"Oh, Deus, o que devemos fazer, chefe? Não acho que conseguiremos substituir o violinista a tempo!" Ericka expressou preocupada. Ela estava agachada no chão com os braços cruzados no peito.
O violinista que contratamos é um músico mundialmente famoso. Lembro-me dele me dizendo que tinha um show antes desta recepção de casamento, mas ele prometeu que estaria a tempo antes da última dança começar. É muito azar agora que o trânsito de Beverly Hills não está do nosso lado.
"Eu não sei..." eu disse, "Eu simplesmente não sei... Ahhh, isso está tão bagunçado!" Em vez de bater na parede para liberar minha raiva, escolhi me jogar no chão como Ericka fez e envolvi meus braços ao redor do peito.
Essa posição na verdade é reconfortante. Faz a pessoa se sentir muito menos estressada por causa da sensação de segurança que a posição fetal proporciona. No entanto, esta é apenas uma solução momentânea para nossos problemas, e mais cedo ou mais tarde, teremos que nos levantar e resolver o problema.
Esperei alguns minutos assim, fechando os olhos e pensando em como encontrar uma solução. Então, lembrei que minha mãe tem uma longa lista de contatos de músicos. Aposto que ela poderia me dar um violinista que mora na área, espero... não importa o quão impopular ele ou ela seja, mas acho que vale a pena tentar.
Quando estava prestes a pegar meu telefone de serviço da empresa que Ericka estava segurando, um homem enfiou a cabeça na porta dos bastidores e disse, "Oi."
Olhei para cima e dei-lhe um rosto triste.
"Sr. Ross... Desculpe, mas há um problema, eu—"
Ele levantou a mão para me interromper.
"Não se preocupe," ele disse, "alguém chamou um violinista substituto para você."
"Sério?!" Levantei-me rapidamente e arregalei os olhos. Vi Ericka fazer o mesmo. "Quem fez isso?" perguntei.
O Sr. Ross entrou e me entregou um pedaço de papel com um número de celular escrito nele. De quem? Eu não sei, mas tenho a impressão de que é o número do violinista.
"Não importa," ele afirmou com um sorriso conhecedor, "O que importa agora é que o violinista está vindo para cá. Isso resolverá seu problema."
"Oh Deus, obrigada! Isso realmente resolverá meu problema! Mas espere, o violinista mora perto do castelo?" foi minha pergunta curiosa então. Se ele mora, então não ficaria preso no trânsito como nosso violinista original e chegaria a tempo para a última dança.
O Sr. Ross balançou a cabeça. "Não, ele mora aqui."
"O quê? Você quer dizer que ele reside aqui? Como assim aqui?"
Eu realmente não podia acreditar. Se o substituto reside no castelo, isso significa...
"Sim, Daniella. Ele é o Vice-Presidente do Fancy Pants Club, Sr. Vincent Dominico Altair."
Minha boca caiu aberta pela oitava vez hoje, e sim, eu realmente contei.