




Capítulo Sete
Apertando o botão no chaveiro, a porta do Ferrari vermelho cereja se abriu. O carro estava estacionado sob um dos poucos postes de luz funcionando no quarteirão. Considerando a área onde o bar estava localizado, ele deveria estar preocupado em deixar um carro tão caro estacionado ali no meio da noite. Muitos na área o conheciam, no entanto. Sabiam que, se fossem bons com ele, ele retribuiria da mesma forma. Também sabiam que, se o irritassem, as pessoas tinham uma grande chance de desaparecer e nunca mais serem vistas. Jogando a jaqueta no banco do passageiro, Bram mexeu o músculo do ombro. Estava rígido.
Ele tinha que admitir, no momento, a caçada era incrível. Satisfazia todos os desejos que ele tinha. Saciava todas as necessidades. Todos os quereres. Mas, uma vez que acabava, seu corpo se sentia cansado e exausto. Ele teria que dormir para se recuperar de Candy por alguns dias. Se ele não gastasse tanta energia para se alimentar assim, se sentiria melhor depois, mas fazer isso causaria mais dor e medo aos humanos de quem ele se alimenta. Eles saberiam exatamente o que ele estava fazendo com eles sem a cobertura do sexo, e isso o fazia se sentir mais como um monstro. De qualquer forma, eles morriam, mas pelo menos desse jeito ele conseguia proporcionar um pouco de paz a eles enquanto se alimentava.
Fechando a porta, Bram começou a contornar a frente do carro, parando assim que pisou na rua. Um pequeno choro veio de longe, chamando sua atenção. Focando de onde o som vinha, ele podia ouvir uma criança correndo e um rosnado não muito longe atrás. “Te peguei agora. Parece que vou ganhar o jogo mais uma vez. Venha aqui, garoto, eu não vou te machucar.”
Bram conhecia o rosnado de um caçador quando ouvia um. Era ilegal, de acordo com o acordo firmado no Conselho dos Anciões, que nenhum imortal machucasse uma criança com menos de 16 anos. Seus passos se aceleraram em direção ao local onde a criança estava escondida. O caçador já estava agachado, uma mão estendida atrás de uma lata de lixo.
O vampiro nem ouviu Bram chegando quando seu pé chutou para trás, encontrando a cabeça do vampiro com tanta força que seu pescoço quebrou. Não foi o suficiente para matar o homem. Caindo de joelhos sobre o peito dele, Bram puxou uma adaga de sua panturrilha, cravando-a no centro de sua garganta. Com mais alguns cortes, sua cabeça foi separada do corpo. O último golpe foi direto através do esterno, destruindo seu peito. Ele franziu a testa para seus braços, mais uma vez, estava coberto de sangue. Suspirou. Esperava que ninguém notasse. Pelo menos era tarde e poucas pessoas estavam na rua.
O choro suave puxou a atenção de Bram de volta ao motivo pelo qual ele veio aqui em primeiro lugar. Esfregando as mãos nas calças e colocando a adaga de volta sob a perna da calça, ele olhou para trás, vendo apenas uma sombra atrás dos recipientes de lixo sujos e apodrecidos espalhados e parados ali. A criança não cheirava muito melhor do que o lixo. “Ei,” ele se abaixou, franzindo o nariz contra o fedor, “eu não vou te machucar.” Ele colocou os braços sobre as coxas, tentando parecer agradável apesar do sangue que o cobria. “Onde estão seus pais?”
A criança olhou para cima, seus olhos azuis brilhando na escuridão. "Eles estão mortos."
"Esse homem os matou?" Bram perguntou. O menino não podia ter mais do que cinco ou seis anos. Seus olhos se voltaram para o vampiro nojento. Qualquer um que caçasse um menino dessa idade era repugnante. Mesmo que ele quisesse comer os pais do garoto, deveria tê-los caçado deixando o menino fora disso. Claro, poderia ser que ele fosse simplesmente um desviado também. Quanto mais puro o humano, melhor ele sabia. Alguém tão jovem era como mel. É tudo o que qualquer um deles comeria se não fosse proibido pelo Conselho.
O menino balançou a cabeça, fungando, enquanto enxugava as lágrimas na manga. "Não."
"Onde você mora?"
"No orfanato. Eu pensei que ele seria meu novo p-papai. Mas ele tentou me morder. Eles nos colocaram para correr e se esconder." Ele gaguejou, fungando. "Você é como ele?" Os olhos do menino estudaram o sangue cobrindo os braços de Bram. "Você vai me comer?"
Bram franziu a testa. Um órfão. Pobre garoto. Olhando para a criança, ele se lembrou de muitos séculos atrás. Quando ele mesmo era uma criança. Sua infância não foi normal, e ele nunca foi humano, mas a luz que ele via nos olhos desse menino era brilhante. Era calorosa. E cheia de esperança. Ele podia dizer que o menino não acreditava que ele iria comê-lo. "Não. Eu não como crianças. Então, você não tem para onde ir?"
O menino balançou a cabeça.
"Você quer ir para casa comigo? Eu prometo te manter bem alimentado, e até te darei seu próprio quarto e compraremos alguns brinquedos. Você vai me fazer companhia e se tornar meu filho." Bram sorriu para a criança. Ele até parecia com ele. Apenas aqueles que o conheciam bem seriam capazes de dizer que o menino não era legitimamente seu.
Ele parecia surpreso e começou a chorar novamente. Bram ficou confuso sobre o que fazer até que a criança pulou nele, jogando os braços ao redor de seu pescoço. "Você realmente quer ser meu novo papai?" A criança o apertou, e Bram puxou o menino para seus braços, afastando-se do lixo fedorento ao redor deles.
"Vivi mil vidas e nunca tive um filho. Está na hora de tentar algo que dizem trazer tanta alegria aos outros." Bram riu, carregando o menino de volta para seu carro. Apertando o botão no chaveiro, a porta se levantou com um zumbido suave.
"É um carro voador?" O menino perguntou maravilhado enquanto Bram cobria o assento com seu casaco, colocando o menino.
"É o mais próximo que você pode chegar de um." Ele riu, prendendo o cinto de segurança do menino e fechando a porta. Ao deslizar para o banco do motorista, ele se virou, olhando para a criança, "Qual é o seu nome?"
O sorriso do menino praticamente iluminou o carro de tão empolgado e feliz. "Eu sou Devon."