




7
Suzanne voltou ao escritório com a xÃcara de café, mas quando estava prestes a colocá-la na mesa, ela escorregou de suas mãos, causando uma bagunça.
"Idiota!" ela ouviu a mulher gritar. Suzanne deu um passo para trás, assustada. "Olha o que você fez, manchou meu vestido! Você tem ideia de quanto isso custa? Acho que não; você teria que economizar por mais de um ano para comprar uma peça como essa. Não sei como o Nathan pôde contratar uma pessoa tão incompetente como você!"
"Não foi minha intenção, senhora," ela disse com a garganta apertada, abaixando o olhar.
"Nathan, você precisa demitir essa garota desajeitada. Não sei como você a contratou; só olha como ela é medÃocre," Valery disse antes de sair furiosa.
Com cada palavra, Suzanne se sentia um lixo, mas o pior ainda estava por vir, pois os documentos também estavam arruinados.
Agora ela tinha certeza de que Nathan iria demiti-la.
"Você não consegue fazer nada direito? Droga, você arruinou esses documentos. Eu te disse que eles eram importantes! Agora eu tenho que refazê-los," ele disse furioso, embora não levantasse a voz, suas palavras a cortavam como facas afiadas.
"Desculpe," ela disse, à beira das lágrimas, intimidada pela maneira como ele a olhava. Strong era o tipo de homem que podia intimidar até a pessoa mais dura.
"Desculpas não consertam as coisas. Você é incompetente. Agora eu tenho que adiar a reunião de negócios com os japoneses. Você sabe o que isso significa? Sabe?"
"Não," ela mal sussurrou, os olhos cheios de lágrimas, usando todo o seu autocontrole para não chorar na frente dele.
"Significa que pela primeira vez na minha vida, eu não vou conseguir fechar um negócio a tempo, pela primeira vez vou decepcionar meus clientes," ele disse frustrado, passando as mãos pelo cabelo. "Agora limpe essa bagunça e volte para sua mesa."
Ele soltou um suspiro, dizendo a última parte um pouco mais calmamente.
"Sim, senhor," ela disse, de cabeça baixa.
"Eu gosto de ser olhado nos olhos quando falam comigo, entendeu?"
"Sim, senhor... Strong," ela disse, levantando a cabeça.
Ele notou como os olhos dela estavam marejados. Ele teve que admitir que talvez tivesse sido um pouco duro, embora ainda estivesse irritado por ela ter rejeitado sua proposta inicialmente.
Ela tinha que lembrá-lo repetidamente que não o queria por perto?
Ele a olhou disfarçadamente, e ela estava sentada em sua mesa, olhando para o computador. Ele pegou cinco pastas em suas mãos e se aproximou dela.
"Aqui, você precisa redigir isso até hoje."
"Mas eu já redigi esses documentos," ela protestou.
"Eu não perguntei se você já redigiu, estou mandando você fazer um trabalho."
"Mas..."
"Sem mas. Eu sou o chefe aqui, e se você não gosta, ali está a porta," ele disse implacavelmente. "Além disso, ligue para os clientes japoneses. Diga a eles que não posso comparecer à nossa reunião porque minha assistente incompetente arruinou os documentos. Diga que vou encontrá-los amanhã. Você consegue fazer isso sem estragar tudo?"
"Sim, Sr. Strong."
"Bom. Então o que está esperando? Vá trabalhar."
Ela cerrou os punhos ao lado do corpo, pensando que um acordo com um homem como ele, mesmo que por apenas um ano, seria uma tortura real e completa.
Determinada, ela foi ao escritório do chefe e levantou o queixo com determinação. Antes que ele pudesse começar a repreendê-la, ela falou.
"Eu não vou aceitar sua proposta de casamento falso. Você pode fazer o que quiser comigo," seu rosto estava vermelho e seu queixo tremia, os punhos cerrados ao lado do corpo.
"Desculpe?"
"Você me ouviu, Sr. Strong!" Suzanne estava fora de si, seus nervos desgastados pelo incidente do café e aquela mulher desagradável.
Nathan levantou as sobrancelhas, e por alguns segundos, não conseguiu acreditar nas palavras de sua assistente. Ele não esperava algo assim.
Ele sorriu um pouco cinicamente e depois pressionou os lábios em uma linha fina, balançando a cabeça em desaprovação.
"Oh, Suzanne... resposta errada," ele pensou com um olhar calculista e frio.
Ele não ia deixar que ela recusasse sua proposta, então teria que usar truques para fazê-la mudar de ideia.
Assim como no seu primeiro dia de trabalho, eram onze da noite quando Suzanne terminou. Ela não tinha como voltar para casa e teria que caminhar dessa vez.
Por um momento, ela pensou que seu chefe poderia se comportar como uma pessoa decente, mas ele era tão frÃvolo e superficial quanto aquela mulher que o havia visitado.
Ela sabia que tinha cometido um erro e merecia uma bronca, mas havia maneiras melhores de dizer as coisas. Além disso, o "se você não gosta, ali está a porta" a atingiu em cheio, fazendo o nó em sua garganta crescer ainda mais.
"Maldito bipolar," ela pensou com raiva, pegando suas coisas para finalmente ir embora.
Os outros funcionários ao seu redor a olhavam com pena e até simpatia.
Todos sabiam sobre o temperamento severo do CEO; ele mal conseguia manter uma assistente por mais de três meses, e achavam que ela não seria exceção.
Suzanne apressou-se pela estrada solitária até sua casa, um nó na garganta, rezando para chegar em segurança.
Ela não percebeu que um carro a seguia de perto até que fosse tarde demais.
"Suzanne..."
"Ahhh!" ela gritou, fechando os olhos.
"Senhorita Peyton!"
Aquela voz... ela se virou para olhar, e de fato, era seu chefe bipolar, que a observava de seu carro luxuoso com uma sobrancelha levantada.
"O que diabos há de errado com você?" ela gritou, deixando a surpresa e a raiva tomarem conta. "Está tentando me dar um ataque cardÃaco?"
"Calma, senhorita."
"Vai se ferrar, Sr. Strong!" ela queria tanto mandá-lo para aquele lugar, mas se conteve.
"O que você está fazendo aqui fora a essa hora, assustando mulheres na rua?" Ela continuou andando, ignorando o fato de que ele continuava a segui-la como um perseguidor maluco.
Talvez a analogia não estivesse tão longe da verdade.
"Você pode parar?" ele perguntou calmamente. "Entre no carro, Suzanne."
"Prefiro andar, obrigada."
"Entre no maldito carro!" ele ordenou, levantando a voz, mas ela apenas se virou para revirar os olhos para ele. "Suzanne..."
"Pare de me chamar assim," ela suspirou, cansada da discussão. "Vá para casa, Sr. Strong."
O carro avançou e parou, bloqueando seu caminho. Ela reprimiu a vontade de gritar com ele como uma louca, afinal, ele ainda era seu chefe.
"Tenho que repetir? Entre no carro," ele ordenou impacientemente, e ela sabia que ele não a deixaria em paz a menos que obedecesse.
Relutantemente, ela entrou no carro luxuoso, cruzando os braços de maneira desafiadora, o que trouxe um sorriso ao rosto de Nathan.
Eles chegaram à casa dela, e seu chefe ainda tinha a mesma expressão.
"O que é tão engraçado?" ela disparou.
"Você," ele respondeu descaradamente. "Você fica linda quando está brava, Suzanne."
Ela tentou ignorar o arrepio que aquelas simples palavras causaram.
"Boa noite, Sr. Strong," ela disse sem nem olhar para ele. "Obrigada pela carona."
Ela saiu rapidamente do carro antes que ele pudesse fazer qualquer movimento ou dizer mais alguma coisa.
Ele bateu com força no volante enquanto a observava entrar em casa, se repreendendo por ter sido tão duro com ela por um simples erro.
Parecia que qualquer progresso que tinham feito havia sido arruinado em um instante.