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Dias atrás...
"Casar? Você não pode estar falando sério, Vovô!" Nathan gritou, atônito e furioso.
O velho olhou para ele com reprovação, levantando uma mão enrugada para que ele ficasse quieto.
Nathan obedeceu a contragosto, sem ousar desrespeitá-lo, mas o que ele acabara de dizer o deixara louco. Ele não conseguia conceber uma proposta pior para sua vida de solteirão convicto.
"Estou completamente sério, rapaz," disse friamente, com um leve sorriso. "Na sua idade, eu já tinha seu pai. Os sócios estão se perguntando se, com seu estilo de vida libertino, você é capaz de se tornar o presidente da Strong Industries e meu herdeiro."
"Mas..."
"Você vai se casar, ou eu vou te destituir do cargo de CEO da minha empresa, além de te deserdar completamente," ameaçou o velho, batendo na mesa. "Você vai fazer o que eu digo, é o meu dinheiro."
"Dinheiro que eu ajudei a multiplicar nos anos em que estou dirigindo a empresa," retrucou Nathan, passando a mão pelo cabelo em frustração. "Eu nem tenho namorada ou qualquer interesse em começar uma maldita famÃlia."
"Veja como fala, rapaz," seu avô ameaçou.
"Tá bom, você pode tirar tudo o que eu ajudei a construir com tanto esforço..."
"Você pode escolher qualquer mulher que quiser, mas ela deve ser uma dama," o velho interrompeu como se Nathan não tivesse falado. "Será apenas um casamento de fachada, encontre uma dessas mulheres que você frequenta e faça um contrato. Não é difÃcil, é?"
"O difÃcil é aguentar sua arrogância, querido Vovô," pensou Nathan, rangendo os dentes.
"Tá bom, vou encontrar uma garota que atenda aos seus requisitos," disse irritado, olhando-o nos olhos. "Quanto tempo vai durar esse maldito acordo?"
"Um ano é suficiente," disse o velho, satisfeito. "Se você decidir ter um filho, eu não me oporia."
"Nem sonhe com isso, você já está pedindo demais," ele retrucou asperamente, levantando-se furioso para sair.
Aquela lembrança estava corroendo a mente de Nathan; ele não podia acreditar que tinha que se casar para ascender na empresa e não perder tudo.
Nunca antes ele se sentira tão encurralado.
"Você tem que ser minha, Suzanne. Você tem que aceitar minha proposta, eu mesmo vou garantir isso," ele pensou determinado, se preparando para um novo dia.
...
Suzanne estava extremamente nervosa.
Vendo seu chefe e lembrando vividamente de suas palavras e do que o toque dele em sua pele a fez sentir, ela percebeu que tudo tinha sido real e que Nathan estava esperando sua resposta.
"Isso vai ser constrangedor, tenho certeza," ela disse a si mesma, sentindo um nó no estômago.
"Senhorita Peyton, preciso que você ligue para o Sr. Jules para a reunião das 14h," seu chefe anunciou em seu tom frio habitual, o que a fez estremecer levemente.
Tão diferente de seu comportamento na noite anterior, com aqueles olhos cheios de ferocidade que faziam suas pernas tremerem como gelatina...
"Você me ouviu, senhorita?" exigiu aquela voz, desta vez com um tom irritado. "Pare de ficar parada como uma estátua no meio do corredor e faça seu trabalho."
Suzanne se conteve para não revirar os olhos. Por que ele era tão ridiculamente impaciente? E tão bipolar.
Ela se apressou para fazer o que ele pediu, lembrando-se da preocupação no rosto de seu pai quando chegou em casa tão tarde. Ela havia dito a ele que tinha sido promovida a assistente e que por isso tinha tantas responsabilidades.
A notÃcia o deixou feliz, embora ela não mencionasse nada sobre a doença dele ou o tratamento caro que ele precisava. Suzanne, no entanto, lembrava-se e um enorme nó se formou em sua garganta.
"Ele merece uma segunda chance, não posso perdê-lo também... mas a que custo?"
A garota foi ao quarto andar para fazer cópias de alguns documentos que, segundo Nathan, eram muito importantes, então ele pediu que ela fosse muito cuidadosa.
Ela fez as cópias meticulosamente e, no caminho de volta ao escritório, encontrou Lucius.
Ele era um rapaz muito bonito e simpático de vinte e dois anos que ela conheceu no seu segundo dia de trabalho. Ela estava com pressa e acidentalmente esbarrou nele, fazendo com que as pastas que ele segurava caÃssem no chão.
"Oi, Suzie. Como você está?"
"Bem, e você?" ele disse, um pouco alegre por vê-la novamente.
"Não posso reclamar. Me diga, como está indo na sua nova posição como assistente do chefe?" ele sorriu.
"Bem," ela disse um tanto desanimada.
"Tem certeza?" ele perguntou, duvidoso.
"Sim, é só que o Sr. Strong é um pouco..."
"Um pouco o quê?" disse uma voz atrás deles, uma que ela conhecia perfeitamente bem.
Ela se virou e lá estava ele, olhando para ela desafiadoramente.
"Um pouco... hum..." ela disse nervosa.
"Deixe por isso mesmo, pouco me importa o que você pensa de mim," ele disse friamente, notando a familiaridade entre os dois. "Lembro a ambos que eu pago vocês para trabalharem, não para perderem tempo fofocando. E você, Srta. Peyton, eu estava esperando por você. O que aconteceu com o que eu pedi para você fazer?"
"Está tudo pronto."
"Então me siga. Espero que isso não aconteça novamente," ele disse para ambos antes de começar a andar.
Quando finalmente chegaram ao escritório, encontraram uma mulher que, ao ver Nathan, jogou-se em seus braços efusivamente.
Suzanne sentiu seu rosto endurecer um pouco, incapaz de entender por que a voz da mulher provocava tanto desgosto nela.
Valery tinha sido uma das antigas amantes de Nathan, mas não qualquer amante; ela era uma mulher elegante, refinada e muito materialista. Era óbvio de longe que ela era rica e convencida, uma verdadeira patricinha.
"Nathan! Quanto tempo!" disse a mulher com um largo sorriso.
"Valery, faz tempo. Onde você esteve? Por favor, sente-se," ele disse da maneira mais cortês.
"Ha, e ele me trata como lixo," Suzanne pensou, observando a cena com uma carranca.
"Você sabe, estive na França, depois em Los Angeles. Só passei para dar um oi, querido," ela disse coquete.
"É bom ver você. Posso te oferecer algo para beber?"
"Café está bom," disse a ruiva.
"Srta. Peyton, traga um café para Valery," Nathan ordenou.
Ela colocou os papéis na mesa e foi buscar o café, suprimindo a vontade de suspirar.
"Agora, além de ser assistente dele, tenho que ser sua serva também," ela pensou, irritada.