




O pacote Shadow
O homem a encarou com uma expressão de desagrado no rosto. Evelyn queria se enfiar em um buraco. Era óbvio que seu companheiro não estava feliz com ela.
Ela não o culpa. Como alguém pode ser feliz com uma garota como ela? Ela era fraca e sem educação e nem sabia como se defender.
Seu companheiro é o alfa de uma Alcateia. Evelyn sabia o quão importantes são o Alfa e a Luna para uma Alcateia. Ela não acha que está qualificada para essa responsabilidade.
"Levem-na ao médico da alcateia," disse o Alfa, com o rosto desprovido de qualquer emoção. Evelyn não ousou fazer contato visual, por algum motivo ela sabia que o Alfa não gostava disso.
Seu companheiro então saiu da cabana, nem se preocupando em dar uma segunda olhada na garota. Evelyn observou sua outra metade indo embora, seu cheiro desaparecendo com ele.
Ela olhou para baixo, incapaz de segurar as lágrimas nos olhos. Ela não queria chorar na frente de estranhos.
"Ei," disse o homem de cabelo encaracolado, coçando a nuca. O cara não sabia como lidar com uma ômega chorando. "Umm... Você precisa vir conosco. Não se preocupe, não vamos te machucar." Ele disse gentilmente.
Evelyn não sabia o que dizer. Ela tinha que ficar com seu companheiro. Ficar separado de seu companheiro pode causar sérios problemas físicos e mentais para ambos, e machucar seu companheiro era a última coisa que ela queria.
A ômega enxugou as lágrimas, tentando dar um pequeno sorriso para o homem enquanto se levantava. Suas pernas ainda tremiam do encontro nada agradável com seu companheiro. Ela suspirou, pegando sua bolsa do chão.
"Vamos," disse o homem para a ômega enquanto saía da cabana. Evelyn o seguiu lentamente, segurando a bolsa perto do peito.
Evelyn se sentia estranha e desconfortável andando com os estranhos porque ninguém dizia nada.
Depois de quinze minutos de caminhada, eles chegaram a uma área onde havia muitas casas. A maioria delas era feita de madeira e projetada de forma semelhante. Elas foram construídas a uma certa distância, próximas, mas não tão próximas.
O número de casas de madeira aumentava à medida que caminhavam. O lugar era limpo e bonito. Havia muitas árvores ao redor e uma estrada que passava conectando todas as casas. Havia bancos de ferro em cada lado da estrada, junto com lixeiras e vasos de flores. O lugar parecia tão próximo da natureza, apesar de estar perto da cidade.
Os caras pararam quando chegaram a uma casa que era três vezes maior que as outras.
"Vocês vão na frente e levem-na para a Amelia. Eu vou procurar o Alfa," Calvin disse aos outros antes de entrar.
Eles a levaram para o lado direito da casa, onde havia uma pequena cabana, maior do que onde ela dormiu ontem. Na frente da cabana, havia diferentes tipos de plantas e a maioria delas eram rosas.
O cara de cabelo encaracolado entrou primeiro, deixando a ômega com o outro. Evelyn não conhecia ninguém ao seu redor. Seu companheiro nem se deu ao trabalho de se apresentar ou perguntar sobre ela. Doía até pensar em seu companheiro neste momento.
Depois de um minuto, o cara saiu com uma jovem ao lado dele. Ela tinha cabelo ruivo e olhos verdes. Ela parecia bonita e elegante.
'Deve ser a pessoa de quem Calvin estava falando.'
"Olá querida, eu sou Amelia." A mulher disse com um pequeno sorriso. Seu sorriso fez Evelyn sentir um certo calor que ela não sentia há anos. A ômega olhou em seus olhos, que brilhavam com bondade e... pena?
"Eu sou a médica da alcateia," a mulher pegou suas mãos, dando-lhes um aperto reconfortante. "Eu preciso fazer alguns exames para ver se você está saudável, você parece tão pálida e sua temperatura corporal está muito alta. Me avise se você se sentir desconfortável, ok?"
Evelyn deu um pequeno aceno antes de ser levada para dentro da cabana. A cabana era realmente espaçosa. Amelia a sentou em uma das seis camas.
Havia um silêncio confortável entre elas enquanto Amelia a examinava. Estar com ela fazia Evelyn se sentir tão calma. Talvez fosse porque ela era outra mulher ou talvez fosse por causa de como ela era gentil e carinhosa com ela.
"Você está com febre. Não se preocupe, é só por causa do frio, vai passar em um dia." Amelia disse, abrindo um armário cheio de remédios. Ela pegou dois frascos de lá antes de voltar sua atenção para a ômega.
"Qual é o seu nome, querida?" Ela perguntou à garota que estava mexendo na barra do seu suéter.
"E-Evelyn," disse a garota, sua voz rouca de tanto tempo sem falar. "Q-Qual é o nome desta Alcateia?" Evelyn precisava de respostas, ela sabia que tinha que ficar aqui enquanto seu companheiro precisasse dela, mas a garota nem sabia o nome dele...
"Esta é a Alcateia das Sombras, querida. Você já ouviu falar de nós?"
Evelyn balançou a cabeça, ela não sabia nada sobre outras alcateias além da sua anterior, que teve que deixar aos dez anos. "Qual é o nome do Alfa?" Ela perguntou, olhando para os pés. Ela queria muito saber o nome dele.
"O nome dele é Keiran. Ele assumiu como Alfa há dois anos..."
"Amelia," houve uma batida na porta, fazendo Amelia parar no meio da frase. Ela correu até a porta, abrindo-a para ver um dos caras de antes. "O Alfa quer que você mostre um quarto para a ômega, dê algo para ela comer e também diga que ele quer vê-la em duas horas." Ele disse antes de sair apressado.
Evelyn ouviu o que ele disse. Seu companheiro quer vê-la e só esse pensamento a deixou ansiosa.
'Ele vai me rejeitar?' Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto pensava em todas as possíveis coisas que seu companheiro poderia lhe dizer.
"Vamos para a Casa da Alcateia, certo?" Evelyn saiu de seus pensamentos quando Amelia apertou gentilmente seu ombro. Ela tinha a sensação de que a médica sabia que ela era a companheira do Alfa deles.
Evelyn deu um aceno enquanto se levantava, pegando sua bolsa nas mãos. Amelia a levou para a Casa da Alcateia, algumas pessoas que passavam pararam e olharam para a nova ômega, confusas. A Alcateia nunca realmente acolheu forasteiros como membros. Se você quisesse entrar na Alcateia, teria que passar por muitos testes. Era para garantir que o novo membro não fosse um espião de outras Alcateias. Então a presença de uma nova ômega foi uma surpresa para todos.
"Este é o seu quarto... por enquanto. Entre e se refresque, eu vou te trazer algumas roupas, ok?" Amelia disse enquanto abria a porta. O quarto era um quarto comum com uma cama, uma pequena mesa de cabeceira e um armário. Embora não fosse tão grande, parecia muito espaçoso para a ômega, já que era a primeira vez que ela ficava em um quarto assim.
Ela acenou para a médica e entrou no quarto. Amelia a seguiu para dentro. "Ali está o banheiro," disse, apontando para o banheiro anexo. "Desça depois de se lavar, ok? Vou te dar algo para comer, você deve estar com fome." Ela deu um tapinha na cabeça de Evelyn, o que a fez estremecer levemente porque não estava acostumada com esse tipo de tratamento. "A cozinha fica no andar de baixo, do lado esquerdo, então não se perca procurando por ela." Amelia riu antes de sair do quarto.
Havia um suéter e um par de jeans na cama quando Evelyn saiu do banho. Eles pareciam novos e caros, ao contrário dos que ela tinha.
Evelyn desceu como Amelia lhe disse para fazer. Procurar a cozinha não foi uma tarefa difícil porque um cheiro delicioso a envolveu assim que ela desceu. Ela seguiu o cheiro até a cozinha para ver Amelia e duas outras mulheres cozinhando algo.
"Oh, você está aqui." Amelia disse ao ver Evelyn. "Seu cabelo está tão liso e sedoso. Você usou o shampoo?" Ela perguntou, se aproximando da ômega.
"E-Eu sinto muito, não era para eu usar?" A ômega olhou para baixo, mexendo na barra do suéter.
"Oh não, querida, você é livre para usar tudo. Venha sentar, vou te dar algo para comer." Ela disse, arrastando Evelyn para a mesa.
Foi a maior quantidade de comida que Evelyn comeu em dez anos. Amelia estava fazendo-a comer tudo no prato, dizendo que ela precisava cuidar da saúde. A comida era tão deliciosa quanto cheirava.
Depois que Evelyn terminou de comer, Amelia lhe deu dois comprimidos. "Aqui, tome isso. Vai ajudar com a febre," ela disse sorrindo. "Além disso, fiz este chá de ervas para você, é bom para a garganta," Amelia disse, dando à ômega uma xícara de chá.
Evelyn sorriu enquanto pegava os comprimidos e a xícara da mão dela. O chá quente fez Evelyn suspirar de alívio. Tudo isso era uma sensação nova para ela.
"O Alfa disse que está esperando por você no terceiro andar," Evelyn olhou ao redor para ver uma garota parada atrás dela. "Você é a nova ômega, certo?" A garota perguntou, ao que Evelyn acenou. "Você deve ir logo, ele não é muito paciente." A garota deu um pequeno sorriso antes de sair.
Evelyn olhou para Amelia, que sorriu para ela. "Vá falar com ele, vai ficar tudo bem." Ela acariciou gentilmente o cabelo dela.
Evelyn respirou fundo. Ela terá que enfrentar o destino, não importa quantas vezes tente fugir, então por que não agora?