




Capítulo 5 - O primeiro jantar
"Sr. Vitalis!"
Os olhos de Amanda se arregalaram. Uma onda de algo que poderia ser chamado de uma mistura de alarme e excitação encheu seu corpo inteiro. Arrepios surgiram em seus antebraços e, inconscientemente, ela apertou sua bolsa pessoal contra o abdômen na tentativa de conter a reviravolta em seu estômago.
Ela não esperava que alguém estivesse dentro da limusine com ela, muito menos que fosse ele quem estivesse sentado ali.
Cord, embora ainda vendado, olhou em sua direção como se fosse algo casual para um homem cego. Com a mão esquerda, ele apertou o cabo de sua bengala quando o cheiro dela preencheu o espaço fechado. Isso o torturou imediatamente, mas ele já esperava por isso quando decidiu buscá-la pessoalmente.
Era uma tortura que ele estava disposto a suportar para sempre, ou pelo menos enquanto sua farsa durasse.
"Boa noite, Amanda," ele disse, conseguindo que sua voz saísse suave e relaxada.
As pálpebras de Amanda piscaram rapidamente. "Por que você está—"
"Eu sou o encarregado de mantê-la segura," ele interrompeu.
"Você deve estar brincando," ela balançou a cabeça. "Não acho que você seja empregado assim pelo departamento de polícia." Ela sentiu o carro se mover, um sinal de que estavam a caminho do destino.
Cord soltou um gemido rouco. "Não, eles não me empregaram. Eu me ofereci."
As sobrancelhas de Amanda se ergueram. Esse homem aqui se ofereceu? Esse homem cego? Esse maldito homem cego e bonito?
"Por quê?" ela perguntou, quase soltando com um tom sarcástico.
Cord não se mexeu em seu assento. Ele permaneceu o mais imóvel possível, indiferente à sua interrogatória indevida. "Meus motivos são meus, Amanda. Você não precisa conhecê-los."
Ela tentou se conter de bufar, mas falhou. "Hã, muito útil da sua parte."
"Vou tomar isso como um elogio." A boca de Cord se curvou ligeiramente para cima.
Amanda não deixou de notar. Ela franziu mais as sobrancelhas e gritou em sua mente, 'que diabos?' Ela realmente queria saber o porquê, mas era seguro não insistir, especialmente quando o homem estava tão rígido em dar informações.
Em vez de se concentrar nisso, Amanda decidiu pensar em outras coisas.
"Então," ela limpou a garganta, "presumo que estamos indo para o Castelo Vitalis?"
"Correto."
"E eu vou ficar lá porque isso me manterá segura de uma ameaça que possivelmente está atrás de mim?" Ela o encarou, fazendo uma anotação mental de suas pequenas expressões que consistiam em - rufem os tambores, por favor - nenhuma.
"Correto," Cord respondeu da mesma forma.
"E você está usando esse sobretudo porque gosta?" Os olhos de Amanda percorreram da cabeça aos pés dele. O homem estava, como esperado, impecavelmente vestido para um Mestre, mas ele definitivamente tinha alguns problemas de estagnação fashion. Por que preferir sobretudos quando havia outras roupas masculinas para usar? Como um terno, talvez. Ou até mesmo uma camisa moderna de botão. Mas, ei, ela não podia negar, ele ainda ficava extremamente bem de sobretudo.
"Correto," foi ainda sua resposta escassa.
Ela teria deixado por isso mesmo, mas então ele acrescentou com uma inclinação da cabeça, "Você se diverte com meu senso de moda?"
Ela sorriu, amplamente, notando que ele não podia ver. "Honestamente? Acho que sim."
Por que diabos ela disse isso? Por que diabos ela baixou a guarda? O homem era um estranho. Ela não deveria se sentir confortável perto dele, mas se sentiu, momentaneamente.
"Então ria o quanto quiser," Cord comentou, sem tom de raiva ou grosseria. "Quero ouvir o som da sua felicidade, Amanda."
E com essas palavras, Amanda ficou rígida e sem palavras. Ela piscou várias vezes e desviou sua atenção para a paisagem que a limusine passava. Não havia como ela comentar sobre uma declaração tão perigosa. Em muitas de suas experiências com homens, ela já tinha visto esse tipo de flerte sutil — se é que isso poderia ser chamado assim para esse homem — e, como em qualquer outra, ela conseguiu evitá-lo ficando em silêncio.
Ela se recostou no sofá, descansou a cabeça e fechou os olhos, esperando que ele não falasse, mas, para seu desespero, ele falou.
"Você ficou muda," Cord afirmou, notando a quietude ao redor deles.
"Estou cansada," Amanda respondeu. "Foi um dia longo para mim. Se puder, posso tirar um cochilo?"
Ele não assentiu, mas virou a cabeça para a janela e respondeu, "Faça o que desejar. Não estou impedindo você."
Oh, graças a Deus! seu cérebro gritou.
"Obrigada, Sr. Vitalis."
"Cord. Pode me chamar de Cord."
Sutil flerte número dois.
Amanda marcou isso em sua mente. Ela não podia realmente dizer se ele estava dando em cima dela como os homens geralmente fazem, mas era seguro assumir que sim. Dessa forma, ela se protegeria melhor. Melhor do que fez com Matteo. Ou com todos os homens que tentaram invadir sua vida.
Ela se recusou a usar o primeiro nome dele, no entanto. De jeito nenhum.
Mas como se ela fosse dizer isso a ele vocalmente.
Já estava escuro quando chegaram ao castelo. Parecia o mesmo de quando Amanda o visitou pela primeira vez, mas desta vez, não havia as luzes coloridas de busca e a música techno estrondosa.
Os terrenos do castelo pareciam tão mortos quanto um cemitério, mas isso era uma boa recepção para ela. Ela sempre amou música, mas preferia o silêncio da noite.
"Aqui, você estará segura. Nenhuma alma irá te machucar," Cord informou enquanto a limusine se aproximava do enorme pórtico frontal.
Amanda não pôde evitar rir mentalmente.
Que jogo de palavras, de fato. Nenhuma alma irá machucá-la, ele disse, mas e se fantasmas vivessem no castelo, o que aconteceria então?
Certamente, poderia haver um ou dois, ou mais... apenas julgando pela idade do castelo. Poxa, a grande morada parecia ter visto o amanhecer dos dinossauros se ela fosse exagerar, mas realmente, o castelo parecia ter mil anos, então era possível que entidades fantasmagóricas residissem ali.
Não que ela tivesse medo deles, no entanto. Crescendo sem seus pais biológicos, ela se endureceu. É exatamente por isso que decidiu aprender trabalhos masculinos. Mas ainda assim, fantasmas, especialmente quando aparecendo de repente, poderiam assustá-la e muito, se existissem para vingar-se de uma pobre alma inocente como ela.
"Ainda assim, não vejo a razão pela qual você se alistou no meu caso de programa de proteção a testemunhas," Amanda declarou olhando para ele e cruzando os braços sobre o peito. Não, ela não deixaria isso passar facilmente se era o que ele pensava antes. "Você disse que não é da minha conta, mas para um homem como você, que provavelmente possui este país, me faz questionar por quê?"
A expressão de Cord permaneceu neutra.
Razões.
Ele tinha muitas.
Uma principal e algumas outras que ele dolorosamente se convenceu de serem triviais.
Mas ela nunca saberia nenhuma delas. Nem em um milhão de anos.
"Eu te direi quando achar necessário," ele mentiu. Não havia necessidade alguma. "Por enquanto, você só precisa viver pacientemente no castelo." Pela primeira vez, ele abriu um sorriso travesso e acrescentou, "Tenho certeza de que você não vai se entediar. Pode explorar os quartos à vontade, exceto aqueles que eu proibir. Se você quebrar essa regra, vou garantir que haja uma punição, mas falaremos mais sobre isso quando jantarmos mais tarde."
Arrepios surgiram na pele de Amanda pela segunda vez. Ele acabou de lhe dar um sorriso sexy enquanto a ameaçava. E, céus, ela acabou de descobrir que jantaria com ele mais tarde! Não poderia simplesmente ter um jantar tranquilo sozinha? Sem ele? Sem esse Mestre Vitalis que acabou de fazer sua bem-construída imunidade aos homens rachar em pequenas fissuras?
"Hã, muito direto da sua parte, Sr. Vitalis," ela filtrou dolorosamente o tremor de sua voz. Ela olhou para fora do carro, onde agora o muito eficiente Jerome estava alcançando a porta do carro.
"Eu sou. Muito," Cord respondeu, notando o leve som de ar da porta se abrindo. "Vejo você mais tarde," ele acrescentou, o que fez Amanda soltar um suspiro inaudível enquanto desembarcava do veículo.
"Vejo você, de fato," ela pensou, o que era uma declaração ridícula no melhor dos casos. O homem era cego, pelo amor de Deus.
"Boa noite, Madame O'Malley. Bem-vinda de volta ao Castelo Vitalis," o Chefe de Mordomos cumprimentou.
Amanda o reconheceu com um aceno de cabeça e respondeu, "Igualmente, Jerome." Ela pressionou sua bolsa pessoal entre o braço e a cintura, esperando que ele se oferecesse para carregá-la.
"Deixe-me carregar a bolsa para você," e ele o fez, estendendo a mão aberta para ela.
Amanda imediatamente balançou a cabeça. "Não se preocupe, Jerome. Por favor, me dê a chance de carregá-la sozinha."
"Como desejar, Madame," ele inclinou a cabeça. "É bom vê-la novamente, a propósito."
"Obrigada," foi tudo o que ela conseguiu dizer. Ela deu um passo à frente, permitindo que o Mestre Vitalis desembarcasse em seguida.
Quando ele o fez, após um breve momento, ele gesticulou para que seu mordomo se aproximasse. Ele sussurrou algo no ouvido do servo em seguida.
"Sim, Senhor. Farei isso," foi o que Amanda ouviu antes que o mordomo se virasse em sua direção e acrescentasse, "Siga-me até seu quarto, Madame. Você tem pouco tempo para se preparar para o jantar."
Amanda franziu ligeiramente a testa para Cord ao ouvir isso. O maldito Mestre não estava brincando quando disse que jantariam juntos.
"Então, mostre o caminho, Jerome," ela declarou, seus pés subindo o primeiro degrau enquanto desviava o olhar dele.
Para Cord, ele apenas ouviu cada som dos saltos dela batendo nos degraus de mármore. Embora o cheiro dela ainda estivesse presente, pelo menos não era tão forte quanto antes. Finalmente, desta vez, ele conseguiu relaxar. Bem, pelo menos por um momento.
"Alguma pista sobre quem é aquele maldito mordedor?"
Mordedor.
É assim que Cord geralmente chama qualquer um de sua espécie, preferindo isso ao que os humanos popularmente chamam de 'vampiro'.
Como Calvin aconselhou, ele planejava evitar a mulher para sempre, mas, infelizmente, o assassinato que ela testemunhou envolvia um mordedor.
Esse mordedor tinha sido seu problema desde três anos atrás, agindo como um fora da lei, drenando o sangue da vítima sem remorso e depois atirando no pescoço, não deixando rastros ou pistas. Pistas para os policiais, mas para Cord, ele sabia exatamente que envolvia um de seus parentes. Seus parentes desajustados.
Era certo que esse maluco estaria atrás dela a qualquer dia a partir de agora, então ele decidiu agir rapidamente. Era melhor confiná-la em sua residência, suportar sua presença tentadora do que encontrá-la morta.
Ele não queria que aquele maldito mordedor bebesse seu sangue promissor. Ele era tão protetor com ela, ou melhor, com sua refeição, já que Amanda era basicamente o único alimento de seu corpo amaldiçoado. Alimentos sólidos não o satisfaziam, apesar de conseguir ingerir alguns.
E além disso, seria um desperdício se ele não conseguisse extrair dela exatamente o que viu durante o assassinato. Ele não tinha provas suficientes para incriminar o culpado, mas com Amanda como testemunha, esperava conseguir uma em breve. O que ela viu pode se tornar sua única peça mágica para resolver o quebra-cabeça de três anos.
Sentado na cadeira principal, ele sorveu um vinho envelhecido em uma taça, da cor do sangue de Amanda, e esperou que seu braço direito respondesse. Como ele já havia terminado as duas bolsas de sangue, o vinho envelhecido se tornou um substituto inadequado - algo que ele aprendeu a aceitar ao longo dos anos.
O questionado - Calvin - balançou a cabeça uma vez. "Nada, mas não se preocupe, primo. Estou fazendo o meu melhor para chegar ao fundo desse assassinato."
"Então por que você está aqui?" Cord, cerrando o maxilar, perguntou. Ele não precisava realmente saber onde seu primo estava. Experiências anteriores lhe diziam que ele estava encostado no batente da porta a poucos metros de suas costas — a abertura onde Cord esperava que Amanda surgisse em breve.
Ao contrário de qualquer um dos parentes de Cord, Calvin era o único que tinha a audácia de interromper o que deveria ser um jantar tranquilo. Ele já havia feito isso muitas vezes, mas desta vez tinha uma razão melhor.
"Nada, só quero ver quem é essa mulher que parece te fascinar," ele respondeu, o que fez um canto da boca de Cord se curvar.
"Saia. Agora."
"Oh?" Calvin levantou uma sobrancelha e se endireitou, "Você não vai nos apresentar? Pelo que pude perceber, ela ficará conosco por um bom tempo."
"Ela não é da sua conta, Calvin. Apenas termine o que eu pedi para você terminar."
"Ela é aquela mulher, certo? Aquela cujo sangue—"
"Sim," Cord interrompeu. Ele franziu o nariz, não gostando da maneira como seu primo tagarelava.
Calvin sorriu. "O que é isso? O destino está brincando com você?" ele disse, referindo-se ao gradual entrelaçamento dos eventos.
A taça de vinho que Cord segurava rachou do cabo até a borda. "Vou arrancar a cabeça daquele mordedor por me colocar nesta posição." Foi apenas um pequeno deslocamento de sua raiva — uma raiva que ele queria liberar muito, mas escolheu não fazer.
"Oh, não diga mais nada." Calvin imediatamente levantou as mãos. "Vou encontrar o culpado para você. Relaxe e aproveite seu jantar."
Cord respirou fundo ao ouvir a palavra ridícula.
"Vá. Posso ouvir o coração dela se aproximando."
Com um aceno de cabeça, Calvin saiu, caminhando pelo corredor e depois passando pelas grandes escadas exatamente quando Amanda as descia, quase o perdendo de vista.
Ela estava acompanhada por uma jovem criada de cabelos negros como ébano e pele pálida, especialmente ordenada pelo Chefe de Mordomos para atender às suas necessidades.
"Esta é a sala de jantar, Milady," informou a serva, inclinando a cabeça enquanto parava bem na soleira.
"Obrigada, Dayana," Amanda colocou uma mão no ombro dela. "Pode ir, você está dispensada. Eu realmente não preciso de uma criada pessoal."
A serva balançou a cabeça veementemente. "Não, Milady. O Sr. Jerome disse que eu devo sempre ficar ao seu lado. Não posso quebrar essa regra."
Amanda suspirou. Ela certamente entendia isso. "Bem, então, se for o caso, vá e relaxe enquanto eu janto. Posso perceber que você não gosta de entrar em uma sala com seu Mestre nela."
Os olhos da garota se iluminaram. "Oh? É-é meus ombros trêmulos que— oh, desculpe, Milady," ela pausou e abaixou a cabeça em constrangimento. "Se-se esse é seu desejo, eu irei." Ela fez uma reverência e então saiu do corredor sem olhar para trás.
Havia apenas alguns minutos desde que Amanda conheceu a criada, mas ela já sabia que a garota estava ou com medo ou intimidada pelo Mestre da Casa. Seus ombros trêmulos e seu andar instável e hesitante eram claros de ver quando elas percorreram os corredores do segundo andar. Embora Amanda se perguntasse sobre a razão por trás disso, ela ainda entendia os sentimentos da garota, já que Cord realmente era um homem que tinha uma aparência perpetuamente sombria.
Ela se perguntava como ele pareceria se sorrisse um sorriso genuíno, não o sorriso astuto ou travesso que ele vinha lançando para ela ultimamente em seus encontros abruptos.
"Entre, Amanda."
Ela se sobressaltou quando ouviu a voz dele dentro da sala. Enfiando a cabeça no batente da porta, ela o viu já sentado na cadeira central, de costas para ela, e vários pratos estavam dispostos na mesa retangular junto com candelabros acesos, utensílios e pratos na frente dele e uma cadeira vazia à sua direita.
"Você já sabia que eu cheguei?" Amanda perguntou assim que entrou, seu coração batendo forte.
"Seu murmúrio podia ser ouvido até aqui," Cord respondeu, ouvindo atentamente os passos dela se aproximando. "Você deveria escolher suas palavras com cuidado, Amanda. Devo avisá-la, as paredes aqui não são amigáveis."
Um pensamento aleatório cruzou sua mente, uma memória com Noman e ela na manhã após a festa de aniversário dos Vitalis e como ela expressou sua ladainha de razões pelas quais odiava o homem. Certamente, ninguém ouviu sua confissão, certo?
Afastando esse pensamento e esperando que ainda permanecesse um segredo, Amanda deu de ombros e respondeu francamente, "Estou apenas afirmando o óbvio, Sr. Vitalis. A garota claramente se sente desconfortável com sua presença."
"Eu faço todos se sentirem desconfortáveis. É um fato conhecido por todos que residem no castelo," ele respondeu rapidamente, "incluindo você."
Os pelos da pele de Amanda se arrepiaram. De olhar para a cadeira vazia, ela lançou a ele um olhar culpado e surpreso.
Droga. Ela foi pega.
Ela silenciosamente limpou a garganta e agradeceu aos deuses que ele não podia ver o problema em seus olhos. "Eu não resido aqui. Sou apenas uma convidada," ela apontou enquanto puxava a cadeira acolchoada e se sentava, tentando manter os ombros eretos.
Cord resmungou suavemente. A partir daí, ele produziu um leve sorriso e rebateu, "Ponto aceito, mas ainda assim... Eu sei que te deixo desconfortável."
Amanda piscou algumas vezes. Ela não esperava que ele fosse tão insistente!
"Você nem pode me ver, como tem tanta certeza?" Conscientemente, ela fez sua voz um pouco mais firme para esconder o tremor nela.
Foi um fracasso épico, pois ela viu o canto do lábio de Cord se erguer para dar uma resposta silenciosa.
Ela engoliu lentamente, perturbada por isso.
"Por favor. Coma, Amanda. Antes que a comida esfrie." Ele girou uma mão no ar. "E mais uma vez, para te lembrar, me chame pelo meu primeiro nome. Não sou velho. Não gosto de ser chamado de Senhor."
"Obrigada, mas vou ter que recusar." Amanda pegou um garfo do seu conjunto de mesa, admirou momentaneamente os desenhos intrincados esculpidos nele, e continuou, "Há alguma outra maneira de te chamar além do seu primeiro nome?"
"Mestre Cord serviria," ele sugeriu rapidamente, mas para Amanda, era um desafio.
"Vou pensar nisso," ela respondeu, desviando os olhos dele e para o banquete preparado à sua frente.
Ela começou a comer. Cord fez o mesmo. E o jantar deles continuou por cerca de vinte minutos, silencioso, desconfortável e uma tortura.
Cord não tocou muito em sua comida. Não era porque ele não conseguia ver os pratos à sua frente, mas porque para quê?
Qual é a utilidade de comer comida humana quando o que ele queria comer estava sentado perto dele?
Amanda estava aproveitando sua parte e, quando esvaziou seu copo de água, Cord falou como se fosse um sinal, "A comida estava do seu agrado?"
Amanda assentiu para ele. "Sim, seu chef cozinha uma comida deliciosa."
"Isso me agrada." Ele colocou os cotovelos sobre a mesa e entrelaçou as mãos contra o queixo. "Como você achou seu quarto? Está do seu agrado também?" ele continuou.
Amanda lhe deu um olhar neutro. "É o mesmo quarto que minha amiga ficou quando você nos deixou dormir aqui."
"Sim, é. Você gosta dele?"
"Está bom. Obrigada."
"Eu imaginei que isso te faria sentir confortável, já que basicamente você deixou uma marca naquele quarto."
Amanda reprimiu uma risada - uma risada sarcástica. "Engraçado você dizer isso." Ela pensou que ele continuaria, mas ele mudou de assunto de repente.
"Agora, aos negócios," ele disse, mudando de posição na cadeira para se sentar ereto contra as almofadas traseiras, com os braços em cada lado dos apoios de braço.
"Negócios?" Amanda arqueou uma sobrancelha.
Cord levantou uma mão perto da boca e passou um dedo esguio pelo lábio inferior.
"Você pode me contar tudo o que viu na noite do assassinato?"
A voz dele agora, para Amanda, soava estranha. Tinha um tom de sonolência. Como um sussurro e um eco. Ela piscou várias vezes, sentindo os olhos arderem como se tivesse assistido a uma maratona de filmes.
"Pelo que entendo, você não é um policial," ela respondeu inicialmente, recusando-se a olhar para ele. "Você é apenas meu benfeitor no meu caso de proteção a testemunhas, por que precisa saber?"
"Você viu algo anormal nesse culpado, talvez?" Cord continuou, ignorando a pergunta dela.
O mesmo efeito hipnótico atingiu Amanda através de uma onda de tontura, mas ela conseguiu afastá-lo.
"Verifique os arquivos da polícia se quiser saber. Vou me abster de responder, pois fui instruída pelo Chefe Moretti a manter a boca fechada sobre isso," ela respondeu, desta vez sentindo-se irritada com a insistência dele.
"Conte-me tudo, Aman...dahhh..."
E outra onda de tontura veio. Cord, desta vez, usou toda a força de sua habilidade de sedução — a mesma habilidade que ele usou para convencer o Chefe a colocar Amanda sob sua custódia.
Certamente, a mulher teimosa cederia, mas para sua surpresa e total decepção, Amanda não cedeu.
"Não." Ela se levantou, batendo uma mão na mesa. "Por que você é tão mal-educado? Você faz uma conversa unilateral. Você me interrompe e me dá ordens como se eu fosse uma serva. Eu entendo que você é o Mestre e tudo mais, mas, ei, um pouco de respeito não faria mal, certo? Eu sou uma convidada especial, não sou?"
Cord se mexeu novamente e cerrou os punhos debaixo da mesa.
Droga. A mulher tinha uma espinha de ferro. Mas não importa...
Ele levantou a cabeça diretamente para onde o rosto de Amanda estava lindamente iluminado pelo candelabro.
Essa simples ação mais uma vez fez seus pés ficarem gelados.
Ele estava olhando para ela como se pudesse ver.
"Você me intriga, mulher," ele anunciou enquanto relaxava os punhos cerrados. "Peço desculpas pelo meu... comportamento rude. Não acontecerá novamente."
"Veja que não aconteça," ela aconselhou. "Respeito gera respeito, Senhor Vitalis. Você pode ser meu senhorio, mas ainda precisa ganhar minha confiança."
"De fato," Cord respondeu.
"Vou voltar para o meu quarto. Obrigada pela refeição."
"De nada."
Amanda saiu assim que ele disse isso. Havia tantas emoções girando dentro dela. Ela queria expressá-las, mas, por enquanto, era melhor se retirar para o seu quarto. Afinal, era seu 'primeiro dia' dentro do castelo. Ela acreditava que essa interação com o Mestre Vitalis não seria a última.