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3. LORD BLACKWOOD (POV)

As sombras se estendem pelo horizonte em Eldemere, uma cidade onde o sol parece sempre escondido atrĂĄs de um vĂŠu de nuvens. LĂĄ no alto da colina estĂĄ meu castelo, uma estrutura histĂłrica e medieval que testemunhei nascer e crescer ao longo dos sĂŠculos. Este castelo ĂŠ agora o palco das minhas incansĂĄveis buscas e sacrifĂ­cios, que geraram tantas concubinas que perdi a conta, e nenhuma delas capaz de me saciar.

Enquanto meus passos ecoam pelo corredor de pedra esculpida, dirijo-me Ă s pinturas. A Ăşltima obra que adquiri ĂŠ de um antigo mago, transmitindo em suas marcas de tinta uma lenda que venho tentando decifrar hĂĄ anos. Talvez hoje marque o inĂ­cio de um sacrifĂ­cio que farei, baseado nessa lenda.

Meu rosto se vira rapidamente na direção de onde ouço passos distantes. Deve ser Marv trazendo notícias sobre a jovem que localizaram para mim em uma cidade distante. Com as mãos atrås das costas, caminho lentamente em direção à janela, ainda ouvindo os passos cada vez mais apressados em minha direção.

"Mestre, trago notícias," diz o ancião que estå comigo hå exatamente 50 anos, um fiel escudeiro que carrega geraçþes de ancestrais ao meu lado.

"VĂĄ direto ao ponto, Marv."

Seus olhos envelhecidos, mas ainda afiados, encontram os meus. Ele sabe que minha paciĂŞncia ĂŠ curta e minhas exigĂŞncias sĂŁo altas.

"É sobre a jovem, eles já estão a caminho com ela, Mestre. Devem chegar em alguns minutos. Devo preparar tudo?" Um sorriso se forma em meus lábios enquanto observo a chuva caindo lá fora.

"Assim que ela chegar, prepare tudo para a cerimĂ´nia e delegue empregadas para cuidar de tudo o que ela precisar. Quero que ela esteja pronta na sala da cerimĂ´nia quando o relĂłgio marcar meia-noite." Vejo seu reflexo na janela, reconhecendo minhas ordens.

Enquanto ele se afasta, minha atenção volta para a janela, onde vejo a chegada do carro. Deve ser a jovem que pode ser minha salvação para a eternidade.

"Marv, espere!" Viro-me rapidamente e, em uma fração de segundo, estou ao seu lado.

"Sim, mestre?" Ele me olha por cima do ombro enquanto desabotoa minha camisa.

"Por que ela estĂĄ sendo carregada quando deixei claro que a queria acordada?" Minha voz soa rouca, demonstrando meu descontentamento.

Sua respiração parece acelerar em resposta à minha pergunta, e ele olha para frente novamente, evitando qualquer contato visual comigo, como Ê costume com todos os meus empregados.

"Infelizmente, nĂŁo tenho respostas para sua pergunta, Mestre. Fui apenas informado da chegada dela. SĂł Zion pode responder a isso." Ele sai rapidamente dos meus aposentos, deixando-me sozinho.

Fecho os olhos, concentrando-me em invocar minhas sombras, que atravessam parede por parede, procurando a localização dela. Fico surpreso ao sentir seu coração batendo pacificamente no quarto ao lado do meu. Eles a colocaram na cama porque, por algum motivo, ela estava inconsciente. Meu desejo de saber o motivo só aumenta. Não consigo ver seu rosto claramente atravÊs das sombras, mas hå algo nela que me intriga. Serå que ela Ê a pessoa que venho procurando todo esse tempo?

Tento deixar esses pensamentos de lado e me concentro em frente ao meu armårio, procurando a roupa perfeita para o sacrifício. Visto uma camisa branca e calças pretas de alta qualidade, pois a presença de outros não Ê necessåria para o sacrifício, apenas ela sozinha comigo.

Mantenho minhas sombras no quarto onde ela estĂĄ, esperando atĂŠ que ela acorde e esteja pronta para o ato.

Verifico meu reflexo no espelho e pego a caixa que estĂĄ sobre o balcĂŁo de madeira.

Com um movimento suave, abro a caixa, revelando um colar com um rubi vermelho. Cada concubina que vem sob meu domĂ­nio recebe uma joia semelhante. Com ela, posso rastreĂĄ-las alĂŠm das sombras. No entanto, este, em particular, ĂŠ destinado Ă  mulher que, segundo a lenda, pode ser a escolhida.

Uma batida na porta interrompe meus pensamentos, e rapidamente coloco o colar de rubi de volta na caixa.

"Entre," ordeno em voz alta.

Zion entra na sala e fecha a porta atrås de si. Ele mantÊm uma certa distância e evita contato visual direto.

"Mestre, a jovem jĂĄ estĂĄ em seus aposentos," ele relata.

Levanto uma sobrancelha, mantendo meu olhar fixo em Zion. "Eu sei, Zion. E quero saber por que ela estĂĄ em um sono tĂŁo profundo."

Seus olhos se arregalam de alarme, e sua mandĂ­bula se contrai, como se estivesse prestes a confessar algo que sabe muito bem que nĂŁo vou gostar. "Tive que colocĂĄ-la para dormir, mestre. Caso contrĂĄrio, ela teria visto o caminho para Eldemere." Suas palavras me fazem perceber que a jovem ĂŠ mais intrigante do que eu poderia imaginar.

Aproximo-me de Zion com passos lentos, analisando suas feiçþes. Zion Ê o chefe dos meus servos, alguÊm em quem confio para cuidar dos detalhes mais importantes.

"Explique-se, Zion," ordeno, mantendo meu tom calmo, mas firme. Quero entender completamente a situação antes de tomar qualquer decisão.

Ele mantÊm sua postura, ouvindo minha ordem atentamente. Suas mãos cerradas em punhos, uma reação humana instintiva para se proteger mesmo enquanto fala. "Mestre, sei que não queria esse tipo de ação. Mas achei que era melhor fazer isso," responde honestamente, ainda exibindo preocupação em suas feiçþes. Eu o encaro por um momento, ponderando suas palavras.

"Você agiu impulsivamente, como sempre, Zion," digo com um toque de reprovação na voz. "Espero não ter surpresas desagradåveis por causa de suas açþes. Agora, certifique-se de que ela acorde a tempo para a cerimônia. Não podemos nos dar ao luxo de atrasos."

"Sim, Mestre," Zion responde, pronto para sair da sala. No entanto, eu o interrompo antes que ele possa ir.

"Traga Beatrice aqui," ordeno. "Ela serå responsåvel pela jovem. Quero dar instruçþes."

É importante que Beatrice, minha governanta, esteja ciente de todos os detalhes e requisitos em relação à nossa nova concubina.

Seu aceno ĂŠ breve, entĂŁo ele parte, logo retornando com Beatrice e nos deixando a sĂłs.

"VocĂŞ me chamou, Senhor," ela me dirige com respeito, assim como Marv. Beatrice ĂŠ uma das servas mais antigas que tenho.

"Sim, quero que você seja responsåvel pela jovem que serå minha nova concubina. Dê a ela todas as instruçþes que você conhece e avise-a para não me olhar diretamente." Meu tom soa calmo, embora eu esteja tenso, percebendo que ela despertou.

"Sim, Senhor. HĂĄ mais alguma coisa que deseja?" Ela se curva diante de mim, seus modos sempre me fizeram admirĂĄ-la. Em todos esses sĂŠculos, ela ĂŠ a Ăşnica que conseguiu me servir tĂŁo bem, a ponto de nunca me decepcionar.

Aproximo-me dela, meus passos calmos ecoando no chĂŁo de madeira. "Ela jĂĄ estĂĄ despertando, cuide dela e providencie tudo o que ela precisar."

Seus passos são råpidos enquanto ela se vira e sai da sala em direção à jovem. Nunca em todo esse tempo me senti tão atraído a conhecer minha próxima concubina, mas para que o sacrifício prossiga como necessårio, preciso saber se devo matå-la ou não.

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