




Capítulo Dez
"Uh, Elvin. Não sei se você percebeu, mas minha perna está quebrada e eu não consigo subir," disse Ellie nervosamente quando chegaram aos cavalos. Elvin riu.
"Não se preocupe. Ela é muito gentil. Anya," ele se dirigiu ao cavalo, "Você poderia se abaixar para que eu possa colocar a Ellie nas suas costas? A perna dela está quebrada e ela não consegue andar direito," ele explicou. O cavalo sacudiu a crina e se abaixou lentamente no chão. Elvin se agachou um pouco e cuidadosamente colocou Ellie de lado nas costas de Anya. Elvin deu um passo para trás e Anya se levantou gentilmente, tentando ao máximo não sacudir Ellie. A admiração de Ellie superou sua ansiedade, e ela ficou maravilhada com a criatura abaixo dela.
"Ok, isso foi incrível. Nunca vi um cavalo fazer isso antes!" Anya bateu levemente uma pata e sacudiu a crina com um suave resfolegar.
"Nossos cavalos são incríveis," disse Elvin carinhosamente. Ele começou a acariciar o focinho de Anya e ela se inclinou ao toque dele. "Anya realmente gosta de você. Ela é uma criatura muito gentil, mas normalmente não se afeiçoa a ninguém além de mim ou Avery. Você deve se sentir muito sortuda." Ellie sorriu amplamente e acariciou as costas de Anya. O cavalo relinchou suavemente, e Elvin sorriu. Avery finalmente se juntou a eles, e por um momento, o trio ficou em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos.
"Elvin, onde exatamente eu estou?" Ellie perguntou de repente. Elvin parou de acariciar o cavalo e deu um passo para trás para poder ver Ellie adequadamente. Ele olhou para Avery, que assentiu.
"Você foi informada da verdade anteriormente. Quando o mestre disse que você estava no reino mítico. Você foi trazida aqui do reino humano." Ellie ficou em silêncio por um momento enquanto as palavras dele penetravam.
"Prove." Foi a vez de Elvin ficar chocado. Ele esperava uma variedade de reações, mas não essa.
"Você quer que eu... prove que você está no reino mítico?" ele perguntou lentamente. Ellie assentiu e Avery riu. Ellie lançou um olhar sujo para ele e ele parou abruptamente. Elvin hesitou. "Não tenho certeza se devo..."
"Oh, está tudo bem. Eu mostro a ela," anunciou Avery. Ele se afastou do par e tirou o capacete, deixando seu longo cabelo prateado brilhar livremente nas costas. Ele tirou o casaco preto, revelando a camisa branca fina por baixo. Ellie observou, confusa, enquanto ele rapidamente tirava a camisa, exibindo seu torso tonificado.
"Uh, o que diabos você está fazendo?"
"Vou mostrar minhas asas, obviamente," ele disse como se estivesse explicando algo a uma criança.
"Asas. Certo. Porque este é o 'reino mítico' para o qual fui arrastada," ela disse, revirando os olhos pela enésima vez naquela noite. Avery deu um suspiro exagerado e puxou o cabelo das costas para o peito. Ele se virou, mostrando a Ellie suas costas lisas e impecáveis. "Não vejo nenhuma asa," ela disse zombeteiramente.
"Tenha paciência," Elvin riu. Ellie bufou e cruzou os braços. Paciência claramente não era seu ponto forte. Especialmente quando estava com dor.
Avery se virou para Ellie, encarando-a intensamente nos olhos. Ela se contorceu sob o olhar penetrante dele, mas não conseguiu desviar o olhar. Ele deu um meio sorriso antes de seus olhos começarem a brilhar, o tom violeta ficando mais intenso na luz fraca das lanternas ao redor. Houve um súbito flash de luz quente, e Ellie ficou chocada ao ver um par de asas grandes e deslumbrantes saindo das costas dele.
"O que. É. Isso." Ela olhou, com a boca aberta. Avery se aproximou, permitindo que ela as estudasse de perto.
Suas asas eram absolutamente lindas. Eram maiores do que ele, brotando majestosamente atrás dele como asas de borboleta. A cor principal era um prateado cintilante, três tons mais claros que seu cabelo. Violeta delineava as bordas e esculpia desenhos intrincados por toda parte. Fragmentos de arco-íris brilhantes cintilavam aqui e ali, lançando um brilho etéreo ao redor. Ellie estendeu a mão e as tocou suavemente, sentindo como eram macias e sedosas sob seus dedos. Avery estremeceu involuntariamente ao toque dela, e Ellie retirou a mão rapidamente.
"Eu quero ir para casa agora," ela disse baixinho. Avery trocou um olhar preocupado com Elvin. Seus olhos brilharam novamente, e suas asas desapareceram em outro flash de luz. Ele pegou a camisa do chão, mas não a vestiu.
"Leve-a para o castelo. Ela está entrando em choque," ele sussurrou para Elvin. Elvin assentiu com a cabeça e pegou as rédeas dos cavalos. Ele estalou a língua e começou a conduzir Anya pela floresta ao redor. Vários guardas os cercaram, com as mãos nas espadas ao lado.
Avery decidiu ficar para trás, esperando que ela saísse do choque mais rápido se ele não estivesse lá. Ellie ficou em silêncio durante toda a caminhada, perdida em seus pensamentos. Elvin também permaneceu quieto, dando-lhe o tempo necessário para processar o que havia testemunhado. Ele sabia que fadas eram apenas criaturas míticas para os humanos hoje em dia, então o que ela tinha visto deve ter sido um grande choque. A culpa crescia constantemente em seu coração enquanto o silêncio dela continuava. Ele genuinamente gostava dela e não queria causar nenhum desconforto.
"Elvin," Ellie disse de repente, quebrando o silêncio esmagador.
"Sim?" ele perguntou, tentando esconder seu entusiasmo. Ela ficou em silêncio por mais um momento antes de continuar.
"Eu não estou sonhando, estou?"
"Não, você não está sonhando," ele disse com um suspiro pesado. Parecia que ela ainda estava tentando entender o que tinha visto.
"Isso tudo – todos vocês, fadas – são reais...?"
"Sim. Somos todos fadas e somos reais." Ela assentiu lentamente, com a testa franzida enquanto pensava.
"Eu consigo entender que fadas – vocês – são reais," ela disse devagar. "Eu só... não entendo onde estou. Você disse que eu estava no 'reino mítico'. Isso significa que eu não estou na Terra – na minha Terra, pelo menos?" Ela finalmente olhou para Elvin, encarando-o com uma mistura de confusão e admiração. Ele sorriu gentilmente para ela.
"Sim... e não." Ellie parecia ainda mais confusa, então Elvin continuou. "Há muita história entre os humanos e as fadas – entre todas as criaturas mágicas, na verdade – e levaria um bom tempo para explicar. Acho que seria melhor contar tudo uma vez que chegarmos ao castelo e você tiver a chance de ser vista por um médico e comer alguma coisa."
Ellie corou. Seu estômago roncou alto ao mencionar comida, e ela percebeu o quanto estava com fome. Ela já estava faminta antes de chegar. Agora, sentia-se absolutamente faminta. Elvin riu, aprofundando o rubor de Ellie.
"Não se envergonhe. Você passou por muita coisa. Seu corpo tem trabalhado dobrado para mantê-la em pé. Você precisa de bastante comida, sono e um bom médico quando voltarmos."
"Você promete me contar tudo quando chegarmos ao castelo?"
"Claro. Depois que você comer, for vista por um médico e descansar um pouco," disse Elvin com firmeza.
"E se for depois que eu comer e for vista pelo médico? Não vou conseguir dormir se não entender onde estou e por quê," ela argumentou. Ele ficou quieto por um momento, pensando sobre a proposta dela. Finalmente, ele assentiu.
"Está bem. Mas você deve comer mais do que apenas algumas mordidas e tomar qualquer medicação que o médico prescrever antes que eu lhe conte qualquer coisa," ele corrigiu.
"Combinado!" Ellie disse feliz. Ela sorriu para Elvin, e ele retribuiu o sorriso, feliz em ver uma reação genuína de sua nova amiga.
"Além disso, já que vamos cuidar de você por um tempo, poderia me dizer qual é o seu nome?" Ellie riu, um som tilintante que trouxe um pouco de calor à floresta escura e fria ao redor deles.
"Eu nem tinha percebido que você não sabia meu nome!" Ela riu novamente e desta vez, todos se juntaram, rindo e gargalhando. Quando finalmente recuperou um pouco de sua compostura, ela sorriu brilhantemente para Elvin. "Meu nome é Ellie. Ellie Cyrene."
"Ellie... Cyrene?" ele perguntou, surpreso.
"Sim..." Ellie disse devagar. "Há algo de errado com meu nome?"
"Não, não!" Elvin disse rapidamente. "Você sabe o significado do seu nome?" ele perguntou.
"Não. Eu só sei que minha mãe me nomeou em homenagem à minha mãe e minha avó. Meu nome completo é Ellie Asteriea Cyrene. Ellie por minha avó e Asteriea por minha bisavó." Elvin balançou a cabeça em descrença. "Espera, você sabe o que meu nome significa?" ela perguntou curiosa.
"De fato, sei. Ellie tem origens gregas e significa 'mulher fada bonita'. Asteriea também tem origens gregas e significa 'aquela que é como uma estrela'. Finalmente, Cyrene é – você adivinhou – também de origens gregas. O nome significa 'rainha soberana'. Então, essencialmente, seus nomes juntos sugerem que você é uma bela rainha fada que brilha como uma estrela. Acho interessante que você esteja aqui, no reino mítico, com um nome como Ellie Asteriea Cyrene. É quase como se fosse planejado!" Elvin riu e Ellie mordeu o lábio. Realmente parecia coincidência demais.
"Como você sabe o que meus nomes significam?" Elvin apenas deu de ombros.
"Quando você está por aí tanto tempo quanto nós, você aprende algumas coisas. Nós costumávamos viver entre os humanos, afinal."
"Ok, olha. Você não pode ficar soltando essas bombas e esperar que eu espere até chegarmos ao castelo para uma explicação!" Um dos guardas explodiu em uma risada contagiante, e os outros rapidamente se juntaram a ele.
"Está bem, está bem. Nada mais de 'bombas' até estarmos no castelo e você ter tido a chance de comer," ele concedeu.
O resto da jornada passou em um silêncio confortável para Ellie e seus companheiros. Ela olhava ao redor maravilhada com a floresta enquanto passavam. O sol começava a nascer à frente deles, e ela podia ver pedaços de dourado, laranja e rosa através do dossel acima. A luz filtrava pelas copas das árvores, afastando as sombras. As criaturas noturnas estavam indo dormir enquanto as criaturas diurnas estavam começando a acordar. Esquilos e chipmunks corriam pelo solo macio abaixo deles. Pássaros cantavam e entoavam belas melodias das grandes e robustas árvores de carvalho. Ellie ouviu o suave murmúrio de um riacho próximo e percebeu que estavam seguindo-o até o castelo. Flores de todos os tipos pontilhavam o chão, crescendo sob os pés e na base das árvores ao lado de pedaços de musgo verde brilhante. Cogumelos brotavam aqui e ali, alguns que ela reconhecia e outros que duvidava que qualquer humano já tivesse visto antes.
Apesar de como tinha chegado ali, Ellie se viu apaixonando por tudo. As plantas, os animais – até Elvin estava começando a cativá-la. Ela sorriu apesar de si mesma e imediatamente mordeu o lábio. Não se apaixone, Ellie. Você só vai se machucar de novo. Não vale a pena. Ela piscou para afastar as lágrimas e fechou os olhos. Não. Ela não ia cometer o mesmo erro duas vezes.