Capítulo 08: Exatamente o que ele quer
Capítulo 08: Exatamente o Que Ele Quer
ELLIE
"Merda," gemi em frustração. "Tá bom. Ele é atraente. Qualquer mulher sensata pensaria assim. Satisfeita?"
"Não é disso que estou falando. Nós duas sabemos que ele é visivelmente bonito. Estou falando sobre o que ele te faz sentir."
"Por favor, pare."
"Assuma isso, Ellie, e tudo vai ficar mais fácil entre vocês dois. Se você o quer, então vá em frente. É simples assim."
"Parece que você esqueceu tudo que eu passei por causa de homens como ele."
"Seria só sexo. Vocês são adultos. Isso poderia ser bom para você."
"Por que você acha que sexo é a solução para meus problemas?"
"Por que você está procurando razões para odiá-lo? Só porque ele quer transar com você?" ela questionou, rindo.
"Eu só quero que ele me deixe em paz. Não quero nada com ele, não importa o quão atraente ele seja. Entendeu?"
"Tá bom," ela suspirou. "Então pare de pensar que tudo o que ele faz é para te provocar. Você está sendo paranoica."
"Você diz isso porque não viu o sorriso satisfeito na cara daquele desgraçado."
"Isso é porque ele está conseguindo exatamente o que quer, te deixando maluca."
Respirei fundo.
"Então o que eu devo fazer? Deixar ele me provocar e ficar quieta?"
"Ou você joga o jogo, e nós duas sabemos onde isso vai terminar, ou você esquece que ele existe. Se é que você consegue."
Sim, eu estava jogando o jogo dele sem perceber, mas não deixaria que isso terminasse do jeito que ele queria.
Ethan Morgan podia fazer minha pele arrepiar com sua voz profunda e me excitar com suas provocações, me fazendo desejar sentir suas mãos em mim, mas eu nunca deixaria o desgraçado conseguir o que queria.
Não podia correr o risco de me envolver com ele. Minha intuição dizia que isso terminaria mal se eu continuasse. Eu tinha que esquecê-lo.
Mas como eu poderia fazer isso se ele podia aparecer no meu trabalho sempre que quisesse? E ele também era irmão de uma das minhas amigas, que eu via frequentemente.
Droga, Ellie! Você não é mais uma adolescente; você é uma mulher adulta, então se controle. Não pode deixar um homem que acabou de entrar na sua vida te fazer perder o controle e a sanidade.
Eu trabalharia com ele se necessário, de maneira extremamente profissional, e poderia tentar fingir que ele não existia quando o visse nos encontros com meus amigos. Sim, é isso que eu tinha que fazer. Ignorá-lo. Ignorar o que ele me fazia sentir. Ignorar suas provocações.
"Onde você estava agora?" Anna perguntou, interrompendo meus pensamentos.
"Você está certa. Não posso deixar aquele homem me fazer perder a cabeça. Ele está conseguindo exatamente o que quer."
"Ótimo. E o que você decidiu? Estou torcendo pela opção que termina em sexo," ela disse, me fazendo revirar os olhos.
"Se você realmente acha que sexo resolveria algo na minha vida, deveria saber que eu poderia encontrar alguém menos desgraçado."
"Então faça isso. Pode te ajudar a esquecê-lo."
"Você acha?"
"Nós duas sabemos os benefícios e, honestamente, você precisa se livrar dessa tensão."
"Vou pensar nisso."
"Bem, enquanto você pensa, eu vou para casa me livrar da minha," ela disse piscando.
"Obrigada por me lembrar que enquanto você tem Will esperando em casa, eu tenho livros, TV... e uma cama solitária."
✽ ✽ ✽
ETHAN
Consegui me encontrar com Will e meu irmão no final da tarde para revisar todas as informações que Alice havia fornecido sobre os problemas do laboratório. Este seria meu primeiro cliente desde que voltei de Londres, e eu estava determinado a fazer o meu melhor, como sempre.
Aparentemente, nem Will nem Bennett haviam percebido antes que este era o laboratório onde Anna e Ellie trabalhavam. Agora, os dois estavam sentados à mesa de conferência, olhando um para o outro em silêncio.
"Acho que seria mais apropriado para o Will lidar com este cliente," meu irmão disse, com o punho pressionado contra os lábios.
"O quê? Por quê? Eu já fiz o primeiro contato com o cliente."
Eu estava indignado porque sabia exatamente o que ele estava pensando.
"A esposa dele trabalha lá, como você mencionou."
"E isso não tem nada a ver com a Srta. Brown, certo?" perguntei sarcasticamente, cruzando os braços e encostando na estante atrás de mim. "Você está seriamente questionando minha capacidade de agir profissionalmente?"
"Não é isso. Devemos apenas evitar qualquer risco."
"Claro! Porque você, meu querido irmão, é a pessoa mais adequada para julgar alguém por isso!" eu ironizei com sarcasmo.
Bennett estava esquecendo que sua própria esposa havia trabalhado com ele quando se conheceram?
"Chega," Will disse. "Eu acredito que seu irmão sabe exatamente como lidar com isso."
"Obrigado. Pelo menos alguém aqui consegue ver isso."
"Will não teve a conversa com você que eu tive esta manhã."
"Bem, meu irmão, ao contrário de você, eu sei separar trabalho da minha vida pessoal."
"Como se você tivesse uma. Tudo bem, faça como quiser. Os riscos são todos seus, e as consequências também."
"Quando eu já te dei motivo para pensar que não consigo fazer meu trabalho da melhor forma possível?"
Bennett só podia estar brincando. Ele sabia exatamente o que o trabalho significava para mim; eu tinha dedicado os últimos anos da minha vida a esta empresa.
"Você está obcecado com aquela mulher. Confie em mim, eu sei exatamente como é isso."
"Besteira! Eu não sou você, e ela não é a Zoe."
"Chega! Não se esqueça, estamos falando da Ellie. Ela é como parte da minha família. Eu mesmo vou te dar uma surra se você machucá-la. Lembre-se disso," disse Will em um tom ameaçador.
Respirei fundo e me aproximei da mesa.
"Vou passar a informação para o resto da equipe para que possamos começar. Há mais alguma coisa para discutir?"
"Espero que não, porque já são mais de sete horas. A Anna vai me matar," disse Will, olhando para o relógio no pulso.
"Então, boa noite!"
Saí da sala, voltando para o meu escritório, ainda incrédulo que meu irmão tinha acabado de questionar minha capacidade de ser profissional por causa daquela mulher. Droga. Eu mal a conhecia e ela já estava me causando problemas.
Sentei na minha cadeira, frustrado. Respirei fundo, passei as mãos pelo rosto, tentando clarear os pensamentos. Nesse momento, Bennett bateu na porta antes de abrir.
"Você também não tem uma esposa esperando em casa?"
"Não seja um babaca." Ele entrou, fechando a porta atrás de si.
"Vou te lembrar quantas vezes for necessário que você não pode julgar ninguém por isso."
Meu irmão era o maior canalha de todos, e ainda é, mas agora a Zoe encontrou maneiras de mantê-lo na linha. Sexo era uma delas.
Mas bastava uma semana longe dela para Bennett transformar o céu em inferno. Eu testemunhei isso muitas vezes quando ele viajava para Londres a trabalho.
"Está tarde," ele disse, dando alguns passos e sentando na cadeira em frente à minha mesa. "Vá para casa. Pare de trabalhar tanto."
Eu sabia que isso era só meu irmão preocupado comigo, mas eu ainda estava irritado com ele.
"Eu não quero te dar nenhum motivo para duvidar do meu trabalho; você já está fazendo isso sem nenhum."
"Para com isso. Você sabe exatamente por que eu disse aquilo."
"Na frente do Will?"
"Will é como nosso irmão."
"Dane-se tudo! Eu nunca te dei motivo para duvidar do meu trabalho."
"Isso não é sobre você. Eu sei exatamente como é estar envolvido com uma mulher que te faz perder a cabeça. Isso até atrapalha seu trabalho."
"Eu não sou você. Quantas vezes tenho que dizer isso?"
"Você está indo pelo mesmo caminho."
"Deus! Ela é só uma mulher! Eu nem transei com ela ainda, e você já está vendo coisas que não existem."
"Você acabou de dizer 'ainda'. É exatamente por isso," ele disse, batendo com o punho na mesa com um sorriso.
"Nenhuma mulher vai me fazer perder a cabeça de novo."
"Bem, agora você não vai ter que se preocupar só com a vida te dando uma surra, mas com o Will também."
"O que você quer que eu diga para me deixar em paz? Hein? Que eu não vou me envolver com ela? Não se preocupe, eu não vou fazer isso enquanto estiver trabalhando."
"Bom! Agora vá para casa. Chega de trabalho por hoje," ele disse enquanto se levantava.
"Eu preciso adiantar as coisas desse cliente."
"Faça isso amanhã."
"Diferente de você..." Eu olhei para a tela do meu computador e comecei a digitar a senha para desbloqueá-lo. "Eu não estou com pressa; não tenho nenhuma mulher me esperando em casa."
"Se continuar assim, nunca vai ter. Você deveria começar a prestar atenção nas coisas que realmente importam," ele disse enquanto caminhava em direção à porta, de costas para mim.
"Como uma esposa?" Eu arqueei uma sobrancelha para ele sarcasticamente, esperando uma resposta.
Ele se virou antes de alcançar a maçaneta.
"Sim, ou apenas uma mulher que te ama."
Eu ri. Uma mulher era a última coisa que eu precisava. Eu me lembrava muito bem do que aconteceu da última vez que precisei de uma, e honestamente, estava muito melhor sozinho.
"Boa noite, irmão. Diga à Zoe que mando um beijo."
"Não fique até muito tarde," Bennett disse antes de sair e fechar a porta.
Mesmo tentando negar, eu sabia exatamente por que ele estava preocupado que eu não conseguisse fazer meu trabalho. A Srta. Brown tinha ocupado meus pensamentos a tarde toda.
Eu nem a beijei ou toquei ainda, mas já tinha tido todos os tipos de fantasias sobre o que eu faria com ela. E agora meu pau estava despertando só de pensar nela. Eu precisava tirá-la do meu sistema o mais rápido possível. Eu não deixaria nenhuma mulher atrapalhar meu trabalho.