




Capítulo 7: Elena
72 horas até a liberação
Elena
Uma foto?
Esse cara devia estar completamente louco. A foto no meu perfil já não era suficiente? Era uma das minhas melhores fotos, e estava em HD, então eu não sabia o que ele queria.
Eu estava indecisa sobre enviar uma foto ou não, mas tudo mudou quando li o e-mail pela quinta vez. Ele não parecia tão durão quanto aparentava, e talvez, se eu enviasse fotos minhas, ele enviasse algumas em troca.
Marvin era um dos poucos que me elogiou por ser mixologista, e era bom saber que ele apreciava meu trabalho. Não era tão fácil ou inútil como algumas pessoas faziam parecer.
Reuni coragem e decidi responder.
—
Caro Marvin,
Obrigada pelas palavras encorajadoras. Você está certo. Ser mixologista requer uma habilidade especial e não é para qualquer um!😌
A propósito, se seus primos forem tão fofos quanto você (menos a longa lista de crimes), você pode definitivamente me apresentar um!
Embora eu não seja de julgar, e se você diz que a verdade ainda não veio à tona, vou confiar na sua palavra. Acho que temos o mesmo problema porque eu também tenho um coração muito, muito bom e nem tenho vergonha de admitir isso.
Quero viver minha vida como se fosse a última, mas é meio difícil fazer isso quando não tenho apenas um pai intrometido, mas também um irmão respirando no meu cangote.
Você disse que não via a hora de respirar um ar fresco, e isso me leva à próxima pergunta. Nunca estive na prisão antes, e não sei nada além do que vi em Prison Break, mas pensei que eles tinham algo como um pátio (acho?)
Além disso, por favor, não se sinta estranho por pedir mais fotos. É completamente compreensível. No começo, fiquei um pouco nervosa e preocupada em compartilhar minhas informações pessoais, mas sinto que estamos nos dando bem, e eu não me importaria de receber algumas fotos em troca.
Aqui estão as fotos:
🏞🏞🏞
Ps. (Por favor, não me chame de bonita, já ouvi isso muitas vezes antes, e sempre fico envergonhada quando alguém elogia minha aparência😓)
—
Li a mensagem várias vezes antes de decidir enviar o e-mail. Parecia bom o suficiente para mim.
"Já vai sair?" Meu irmão, Alex, interrompeu meus pensamentos. Eu me sobressaltei ao ouvir sua voz e escondi o celular atrás das costas. "Sim... Lembra que eu tenho trabalho?"
"Meu rosto te assusta tanto assim?" Alex riu. Eu balancei a cabeça e respirei fundo. "Não, claro que não." Sorri. Às vezes ainda parecia que eu estava fazendo algo ilegal ao falar com um presidiário.
Marvin era muito mais legal do que eu inicialmente pensei, e isso meio que me assustava. A maneira perfeita de descrevê-lo seria como uma 'pessoa perigosa', mas tudo o que eu via era o lado bom dele. Ele estava interessado na minha vida, era engraçado e fácil de conversar. Não era como se eu tivesse uma queda por ele, mas não seria tão louco considerá-lo um amigo. Estávamos conversando há apenas alguns dias, mas eu queria que ele fosse meu amigo. O único problema era meu pai e meu irmão.
"Você pode cuidar do papai para mim?" Perguntei a Alex. Uma das vantagens de os dois trabalharem juntos era que eu não precisava me preocupar. Eles podiam cuidar um do outro.
A morte do agente Maddens e toda essa coisa do cartel estressaram tanto meu pai que ele até começou a beber. Alex estava tão estressado quanto ele.
Foi um desastre no trabalho porque o suposto assassino de Maddens negou todas as acusações e fez um acordo com a DEA, o que significava que teriam que soltá-lo em breve. Houve muitos desentendimentos no trabalho, mas não havia nada que alguém pudesse fazer a respeito.
Todas as provas que eles haviam coletado durante anos acabaram não servindo para nada.
No final, os bandidos venceram.
"Não se preocupe, Elena," Alex me tranquilizou. "Vou cuidar do papai e garantir que ele fique bem."
Saímos pela porta ao mesmo tempo e trocamos um último sorriso antes de cada um ir para o trabalho. Tenho que admitir, às vezes me sentia uma estranha. Papai e Alex trabalhavam como agentes da DEA, enquanto meu objetivo de me tornar advogada havia falhado. Eu estava presa em um bar de coquetéis e não tinha planos de sair tão cedo.
Talvez fosse por isso que eu gostava tanto de conversar com o presidiário Marvin Romero. Minha vida era incrivelmente entediante, e eu sentia falta de um pouco de perigo. Estava cansada de fazer tudo conforme as regras, então falar com um presidiário trazia um pouco de emoção para minha vida.
"Você está adiantada hoje!" Rona falou quando entrei. Sorri para os dois rostos desconhecidos atrás dela e olhei para ela com uma expressão de dúvida. "Ah, esses são Santiago e Anya."
"Tiago, Anya—esta é a garota de quem eu estava falando." Rona me apresentou ao casal. Olhei para o jovem casal à minha frente, e, por mais louco que pareça, o rapaz chamou um pouco mais minha atenção. Ele parecia ter a minha idade e tinha um sorriso suave no rosto. Sua beleza me cegou, mas rapidamente voltei a mim e olhei para a mulher que parecia ser sua namorada.
"Você deve ser a Elena!" A garota chamada Anya falou. Ela caminhou até mim e segurou minhas mãos antes de olhar nos meus olhos. "Precisamos de você!" Ela implorou.
Fiquei confusa com suas ações e lancei um olhar questionador para Rona. "Anya, calma," Tiago falou. Ele se aproximou da mulher e me mostrou um sorriso apologético enquanto a puxava para longe. "Ah, desculpe." Anya se desculpou. "Onde estão meus modos."
"Uh?" Falei, confusa. Eu não sabia o que estava acontecendo e me senti um pouco atacada. "Oi, você não me conhece." Anya começou. "Meu nome é Anya, e este é meu noivo, Tiago." Ela se apresentou. "Minha irmã comprou um café aqui, tipo, dois dias atrás—e eu simplesmente não consigo parar de pensar nele."
"Vou me casar, e estou planejando esse casamento há mais de um ano." Ela falou dramaticamente. "Sempre senti que algo estava faltando, e concluí que é o seu café!"
"É mesmo?" Falei, surpresa. Rona me deu um sinal positivo com o polegar e balançou a cabeça. "Q-quer dizer, sim, é mesmo!" Falei, um pouco mais confiante. Julgando pelas roupas deles, essas pessoas pareciam ricas e dispostas a pagar muito. A loja poderia fazer bom uso desse dinheiro. "Então, como posso ajudar vocês?"
"Preciso que você nos venda suas receitas ou seja nossa bartender no nosso casamento na próxima semana!" Anya pediu. Olhei para o noivo dela, Tiago, que deu de ombros para mim. "Sua amiga me disse que a maioria das receitas são suas," Anya falou com um olhar nervoso. "Vou pagar o que vocês quiserem."
De jeito nenhum eu iria vender minhas receitas, isso estava fora de questão, e embora a ideia de dinheiro fosse atraente, a data parecia um pouco arriscada. Como eu poderia me preparar para um casamento que seria na próxima semana?
"Uma semana?" perguntei. A esperança nos olhos de Anya desapareceu, enquanto Tiago olhava para ela como se ela pudesse desmoronar a qualquer momento. Ele fez contato visual comigo e murmurou um "por favor", enquanto eu olhava para Rona, que fez o mesmo.
"Sabe de uma coisa, por que não?" Levantei as mãos. Anya me olhou com olhos arregalados e soltou um suspiro antes de me puxar para um abraço forte. "Obrigada, obrigada, obrigada!"
"Sem problema," falei de forma desajeitada. Rona pulou no ar e bateu palmas. "Isso é tão emocionante, nosso primeiro evento oficial!"
Ri da empolgação de Rona e olhei para o casal que parecia tão feliz quanto ela. Tiago deu um passo à frente e segurou minhas mãos. "Muito obrigado. Você não tem ideia do quanto isso significa para nós."
"Você é como um anjo enviado por Deus, Elena." Ele piscou para mim. "Gentil e bonita, obrigado."
Senti minhas bochechas corarem e rapidamente me virei para o outro lado, para que sua noiva não pudesse me ver. Ele era bastante galanteador para alguém que estava prestes a se casar.
"Ok, agora eu realmente preciso usar o banheiro!" Anya falou apressada. "Ela está com uma diarreia horrível," Tiago compartilhou. "Um empurrão e boom, vai parecer que uma bomba explodiu."
Rona cobriu a boca e riu enquanto eu tinha uma expressão surpresa no rosto. Anya deu um empurrão no ombro de Tiago. "Não, ele está mentindo!" Ela falou defensivamente. "Eu só preciso fazer xixi!"
"Está tudo bem, de verdade." Rona sorriu. "Venha. Vou te levar ao banheiro."
Anya lançou um último olhar para Tiago antes de seguir Rona até o banheiro. "Então," sorri para Tiago. "Parece que sua noiva estava prestes a desmoronar a qualquer momento. Ela não me deixou escolha!"
Tiago coçou a nuca e me mostrou um sorriso tímido. "Sim, desculpe por isso."
"Não se preocupe!" Ri e dei um leve empurrão em seu ombro. Tiago congelou e fez uma expressão nervosa. Devido às suas ações anteriores, eu esperava que ele fosse tão extrovertido quanto eu, mas não era o caso.
Eu tinha esse problema de não conseguir parar de ser carinhosa com as pessoas, especialmente quando tinha que rir, e eu realmente precisava parar de fazer isso. Passei a mão no casaco de Tiago. "Desculpe!"
"Está tudo bem." Tiago sorriu. "Eu fico realmente desajeitado quando Anya não está por perto, então é bom ter você aqui."
"É mesmo!" Concordei enquanto jogava meu cabelo para o lado. Tiago me deu um aceno de cabeça e ficou em uma postura educada. Ele parecia muito nervoso. "Posso te perguntar uma coisa?"
"S-sim?" Tiago gaguejou como se estivesse esperando o pior. Soltei uma risada. "Não se preocupe. É só uma pergunta."
"Você e Anya parecem muito jovens. Quantos anos vocês têm?" perguntei. O rosto de Tiago se iluminou no segundo em que mencionei o nome de Anya. "Anya tem vinte anos, e eu tenho vinte e um," Tiago falou. "Eu sei que ainda somos jovens, mas—"
"Não." Dei de ombros. "Meus pais se casaram quando tinham vinte anos."
"Sério?" Tiago falou com um sorriso surpreso nos lábios. "Há quanto tempo eles estão juntos?"
Soltei um suspiro e fiquei enjoada de mim mesma. A história de amor dos meus pais não era algo para se gabar, e eu provavelmente só preocuparia ainda mais o pobre Tiago. "Eles não estão mais juntos. Minha mãe nos abandonou quando eu tinha cinco anos."
Tiago arregalou os olhos antes de bater a cabeça contra o balcão várias vezes. "E-eu estou cometendo um erro, não estou?" Ele sussurrou de repente. Eu nem sabia por que um estranho queria discutir isso comigo, mas sabia de uma coisa: tudo isso era minha culpa.
Caminhei até ele e coloquei minha mão em suas costas de maneira reconfortante. "N-não, nem todas as pessoas são iguais!" Eu disse a ele. "Tenho certeza de que sua história com Anya será diferente."
"Você acha mesmo?"
"Sim," sorri. "Minha mãe era uma mulher má desde o início. Anya é uma mulher má?"
"Não," Tiago balançou a cabeça. "Claro que não. Estamos juntos desde o ensino médio. Anya é incrível."
Quase senti ciúmes de como ele falava tão bem dela e dei-lhe um aceno de cabeça tranquilizador. "Então você não tem absolutamente nada com que se preocupar."
Tiago soltou um suspiro. "Nada com que se preocupar? Meu irmão mais velho vai perder meu casamento, e não há nada que eu possa fazer a respeito." Tiago começou outro desabafo. Peguei sua mão e o levei até uma mesa para que pudéssemos sentar. "Então parece que Anya está mesmo fazendo cocô, não é?" Fiz uma piada, mas Tiago não pareceu interessado.
"Escute." Suspirei. "Eu sei que você não me conhece, mas você já compartilhou tanto—então pode muito bem me contar sobre seu irmão."
"Sério?"
"Sim." Revirei os olhos. Eu não estava com humor para ser terapeuta, mas eu era a primeira a meter o nariz nos assuntos dos outros, e esse cara parecia ter vários problemas. "Então me diga, onde está seu irmão?"
Tiago ficou quieto por alguns segundos. "Ele está de...férias." Ele riu. "Eu esperava que ele voltasse a tempo, mas infelizmente, isso não vai acontecer."
"Ah, que pena," falei, tentando ao máximo mostrar alguma simpatia. "Onde ele está?"
"Ele está em uma ilha," Tiago respondeu. "Ele não é o primeiro a ter ido para lá." Ele sorriu. "Meu pai foi para a mesma ilha, e todos os meus amigos e tios também, mas não por tanto tempo quanto meu irmão."
"Deve ser uma ilha especial!" Eu ri. "Quero ir!"
"Não, você realmente não quer ir para lá." Tiago me interrompeu. "É relacionado ao trabalho, e não vale a pena."
"Por quê? Você já foi para essa ilha?"
Eu podia ver o olhar confuso nos olhos de Tiago e senti a necessidade de perguntar mais. "Eu deveria ter ido...mas meu irmão foi no meu lugar." Ele explicou.
"Isso é amor fraternal de verdade." Assenti. Eu não conseguia imaginar Alex sacrificando tudo para ir a uma ilha por mim. "De qualquer forma, tenho certeza de que seu irmão fez isso por amor, e ele quer que você seja feliz, certo?"
"Certo."
Eu estava curiosa sobre essa ilha e queria perguntar mais, mas antes que pudesse fazer outra pergunta, Anya e Rona já haviam voltado. "Você conseguiu se livrar de toda aquela diarreia?" Tiago brincou enquanto Anya se sentava ao lado dele.
"Não, eu te disse que não estava!" Anya falou, irritada. Olhei para o adorável casal à minha frente e sorri para Rona, que se sentou ao meu lado. "Eles são fofos, não são?" Rona comentou.
Tiago parecia uma pessoa completamente diferente com Anya por perto. Ele parecia orgulhoso e mais confiante. Não era o mesmo covarde de alguns minutos atrás.
"Então," Anya falou. "Vamos ao que interessa."