




Capítulo 5: Elena
120 horas até o lançamento
Elena
Dois dias...
Já fazia dois dias desde que o detento Marvin Romero decidiu me enviar um e-mail de volta. Não seria exagero admitir que o e-mail me assustou pra caramba.
Ele parecia ser o tipo de pessoa mimada que queria que as coisas fossem do jeito dele. Foi exatamente por isso que decidi não ceder e tentei deixá-lo nervoso.
Ok, essa não era a única razão.
Eu tinha medo da reação da Victoria e sabia que ela me diria para não responder mais, mas algo me dizia que era meu dever responder. Quer dizer, o e-mail foi um pouco rude, mas ele perguntou sobre meus hobbies e objetivos, certo? Isso foi legal.
"Alô, Terra chamando Elena!" Rona acenou a mão na minha frente. "Ah, certo—desculpa." Eu me desculpei.
"Um bloody mary grande, para viagem," Rona falou com um olhar suspeito no rosto. Virei-me para olhar o cliente e sorri. "Já vai sair!"
Dei uma bronca mental em mim mesma antes de voltar ao trabalho e preparar o coquetel. Eu estava fora do ar há dois dias, e tudo por causa daquele cara, Marvin. Ainda bem que ele tinha uma sentença de prisão perpétua, porque Marvin parecia ser o tipo de cara que me visitaria—só para perguntar por que eu não tinha respondido.
"Aqui está," eu disse para Rona e entreguei o pedido. Peguei um guardanapo e fui para os fundos para enxugar o suor da testa. Qualquer outra pessoa provavelmente pensaria que era estresse do trabalho e nunca adivinharia que tudo isso era por causa de um detento.
"Você está doente?" Rona perguntou ao entrar. Ela colocou a mão na minha testa e fez um biquinho. "Você pegou algum tipo de vírus ou algo assim?"
Sim, o vírus do amigo por correspondência da prisão.
"Espero que não," falei e dei um passo para trás. "Estou bem, de verdade." Tentei convencer Rona, mas ela não acreditou. "Isso não tem nada a ver com aquele prisioneiro, né?"
"O quê!" Gritei, surpresa. Rona ofegou e deu um passo para trás. "O quê!" Ela também gritou. "O que foi? Por que estamos surpresas?"
"Como você sabia?"
"Ah, sobre o prisioneiro?" Rona perguntou. Eu só contei a ela sobre o e-mail, mas nunca disse que recebi uma resposta. "Isso é fácil." Rona deu de ombros.
"Você tem andado de um lado para o outro, sussurrando a mesma frase maldita nos últimos dias."
"Devo responder? Devo deixá-lo no vácuo?" Rona imitou minha voz e bateu o dedo contra o queixo. "Muito engraçado, eu nem falo assim." Dei um empurrãozinho no ombro dela.
Saber que ela sabia sobre meus problemas tornou as coisas um pouco mais fáceis, porque isso significava que eu finalmente tinha alguém com quem conversar. Talvez Rona entendesse minha vontade de responder. "Então, o que você acha que eu devo fazer?"
"Responder, claro!" Rona falou. "Quando você terá outra chance de falar com um prisioneiro?"
"Então, quando você acha que eu devo fazer isso?" Perguntei. Nesse momento, um cliente entrou. Rona foi até o balcão enquanto eu a segui e esperei pela resposta dela. "Que tal agora?"
"Agora?" Eu ofeguei. Rona me ignorou e focou sua atenção no cliente. Ela anotou o pedido e foi preparar o coquetel. "Rona, agora?"
Rona riu da minha reação e soltou um suspiro. "Sim, agora." Ela sorriu. Eu ainda estava surpresa e a segui até o cliente com a boca aberta.
Eu não mudei a expressão no meu rosto e continuei olhando para ela surpresa até o exato momento em que o cliente saiu. Rona riu e colocou a mão no meu avental para pegar meu celular. "Que tal você me mostrar essa mensagem primeiro?"
Arranquei meu celular da mão de Rona e abri o e-mail. "Leia!"
Rona me olhou com olhos arregalados antes de olhar para a tela e ler o e-mail. Ela não conseguia evitar rir de vez em quando e provavelmente estava tão confusa quanto eu. "Marvin é um homem muito ousado," Rona riu. "Quantos anos ele tem mesmo?"
"Vinte e cinco?" Falei nervosamente e mordi as unhas com os dentes. Era o que eu fazia quando estava nervosa, e era um hábito ruim meu, mas eu não conseguia evitar. "Ele respondeu tipo dez minutos depois que eu enviei o e-mail. Você acha que ele pode ter alguns privilégios especiais?"
"Não sei." Rona deu de ombros.
"Ele parece ser um fardo." Rona suspirou. "Mas você definitivamente deveria responder."
"Certo!" Concordei. O único problema era que eu não tinha ideia de como abordá-lo. Seria mais inteligente seguir os passos dele e responder com algo sarcástico? Ou eu deveria apenas ser eu mesma?
"Você não sabe o que dizer, né?" Rona sorriu. Eu bati os pés e fiz um biquinho nervoso. "Não, eu não sei—você tem que me ajudar!"
Rona colocou a mão no meu ombro para me acalmar e riu. "Seu pai e seu irmão sabem disso?"
"Não," resmunguei. "Claro que não. Caso contrário, eu nem estaria aqui agora—você sabe disso."
"Deixe-me pensar." Rona bufou. Eu a olhei com olhos esperançosos e esperei que ela me desse instruções. Rona era esperta com essas coisas. Ela saberia o que fazer.
"Que tal você simplesmente digitar o que está na sua mente?" Rona sugeriu. "Quero dizer, esse é o ponto inteiro dessa coisa de amigo por correspondência na prisão, não é?"
Bem, droga...
"Você é tão inútil," falei enquanto encostava minha cabeça no ombro dela. "Até a Victoria seria mais útil."
"O que tem a Victoria?" Rona perguntou. "Você falou sobre isso com ela?"
"Sim, da primeira vez, mas definitivamente não da segunda vez," eu disse a Rona. "Você sabe como ela fica."
Victoria passava por aqui com frequência, e não era difícil perceber que Rona não gostava muito dela. Ela não tinha problema em mostrar isso e revirava os olhos sempre que Victoria entrava. Rona me deu um aceno compreensivo. "Entendi."
"Hmm." Rona entrou em pensamentos profundos. "Ainda mantenho meu ponto. Você deveria apenas responder como Elena."
Responder como Elena?
Respirei fundo antes de começar a digitar. Rona tinha razão. Seria mais inteligente responder como Elena.
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Caro Marvin,
O coração não significava nada, é só o jeito que eu falo. Eu sei que isso não é um site de namoro, e eu também não estou procurando ninguém para namorar!!!
Enfim, sobre meus hobbies. Eu originalmente planejava me tornar advogada, mas trabalho como mixologista em um pequeno bar de coquetéis, então claramente não deu certo. Estou um pouco envergonhada de admitir, mas eu realmente não tenho objetivos ainda, mas qual é a pressa?
(Se as coisas derem errado, eu sempre posso casar com um cara rico🤑)
Chega de falar de mim. Você parece inteligente demais para estar na prisão, e você tem uma lista ridiculamente longa de crimes. Minha pergunta para você é, onde deu errado, e como posso evitar que a mesma coisa aconteça comigo?
De,
Lena
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