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Capítulo 5 - Corra, se puder.

Quando ela chegou à Primeira Fronteira, os guerreiros acharam um pouco estranho.

Por que o Alfa enviaria a Zeta aqui se eles estavam prestes a assinar um acordo para acabar com o derramamento de sangue? No entanto, eles viram o passe carimbado e não podiam questionar mais. Além disso, ela era a Zeta, a general de guerra, quarta na hierarquia de poder. Questionar demais seria um desafio à sua autoridade.

Enquanto Zezi se acomodava na tenda que haviam construído para ela, diferentes pensamentos passavam por sua mente.

Talvez ela estivesse errada. Talvez ele não soubesse que eram companheiros. Algo na maneira como ele a olhava fazia com que ela sentisse que ele não sabia, como se tivesse confundido com algum sentimento passageiro.

Ainda assim, uma parte dela dizia que isso era apenas um desejo e ela sabia muito bem disso.

Ou talvez ele soubesse, e decidiu que não a queria, uma inimiga, assim como ela havia decidido que não o queria.

Algo lhe dizia que isso era impossível, mas ela rezava com todo o coração para que fosse isso. Ela temia vampiros e a ideia de ser companheira de um deles cravava uma adaga em seu coração.

Logo chegou uma mensagem para ela, dizendo que havia uma mensagem para ela na sede. Ela saiu da tenda depois de um tempo; algo em tudo aquilo parecia inquietante, e o que ouviu quando estava prestes a entrar na tenda da sede provou isso.

"Ele quer que ela seja enviada de volta imediatamente." Uma voz agitada disse.

"Ele disse por quê?" Outra perguntou.

"Não exatamente, mas por algumas coisas que ele disse, acho que tem a ver com o Rei Vampiro. Não posso dizer exatamente o que é," disse a primeira.

Os olhos de Zezi se arregalaram e seu coração disparou.

Então, ele sabia. Mas é claro que sabia. Era um vínculo de companheiros, afinal.

"Ela vai resistir, você sabe disso?" Outro que ainda não havia falado disse.

"Ela é nossa Zeta, ela facilmente nos dominará."

"E é por isso que eu disse para pegar as armas de bala de prata."

Armas de bala de prata?! O que era isso?!

"Você é um idiota? Nem um arranhão, o Alfa disse."

"O que você sugere que façamos então?"

Zezi não esperou para ouvir o que eles tinham a dizer. Ela recuou e desapareceu lentamente na noite. Ela não podia ficar ali, não era mais seguro. Correu para sua tenda, pegou suas malas que nunca havia desfeito e fugiu. Ela nem sabia para onde estava indo, mas sabia que não podia ficar. A alcateia estava prestes a entregá-la ao Rei. O Alfa deve ter envolvido um acordo favorável em encontrá-la.

Ela riu sem humor com esse pensamento enquanto corria pela floresta em velocidade de lobo. Ela nem podia culpá-lo se ele tivesse feito isso. Era apenas ela, um membro da alcateia, contra toda a alcateia. Ela tentou imaginar o que George estaria fazendo. Estava com raiva? Devastado? Ou estava confuso? E sua filha? Ela tinha certeza de que ninguém lhe diria o que estava acontecendo.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ela nem sabia o que estava fazendo ou até onde poderia correr. Para onde ela estava correndo? Ela não sabia de nada, mas havia uma coisa que ela sabia.

Ela estava fugindo, para bem longe. Não era seguro aqui, não era seguro em lugar nenhum.


"Deve haver algum engano, ela é minha companheira." George finalmente disse quando entrou no escritório do Alfa. Estava mal iluminado e cheirava a tintas e documentos. Era bastante abafado para um escritório grande.

Já era noite do dia seguinte, e eles ainda não haviam capturado Zezi.

"Eu entendo como você se sente em relação a tudo isso, mas precisamos dela aqui para confirmar tudo."

"Confirmar?" George riu sombriamente com isso. Ele sabia do que se tratava, não era tolo. "Isso não é o que você quer fazer. Eu vi os pergaminhos preparados, você elaborou outro acordo em torno de Zezi." Estava ficando cada vez mais difícil conter sua raiva agora.

"Como você pôde fazer isso?! Ela é minha esposa e a mãe do meu filho!" Ele bateu os punhos na mesa e o Alfa se recostou na cadeira.

"Estou fazendo isso pela alcateia."

George riu sombriamente de novo enquanto murmurava para si mesmo.

"A alcateia, claro, a alcateia." Então seus olhos se fixaram no Alfa, sua voz fria. "Você faria isso pela alcateia se fosse a Luna?"

Algo se contraiu no maxilar de Gery e ele lentamente cerrou os punhos.

"Eu imaginei que não."

O Alfa se levantou calmamente.

"Vocês não são verdadeiros companheiros, George."

"Para mim, não há diferença. Eu a amo tanto quanto amaria se a Lua nos tivesse unido."

"Do jeito que vejo, há uma diferença. Se vocês fossem verdadeiros companheiros, isso não teria acontecido desde o início."

George deu um passo à frente, furioso, "É melhor você não continuar com os planos de entregar minha esposa para aquele monstro. Não me teste!"

"Lá vem você de novo me desafiando!" Era a vez do Alfa ficar com raiva. Seus olhos brilharam entre duas cores. Ele deu um passo mais perto de George, que firmemente manteve sua posição como de costume, mas por algum motivo, ninguém deu mais um passo. Era como se estivessem esperando pacientemente para ver quem perderia o controle primeiro.

A Luna entrou e, com um olhar, percebeu que eles estavam discutindo novamente. Ela lançou um olhar severo para eles. Como podiam estar fazendo isso quando tinham problemas maiores para resolver? Gery recuou, quebrando a tensão.

"Tenho más notícias."

George imediatamente ficou preocupado, e toda a raiva que sentia desapareceu.

"O que foi? Zezi está bem?"

"Ela está, são os lobisomens que enviamos atrás dela que não estão."

Em meio a tudo, George se pegou sorrindo com um senso de orgulho.

"Ela não os matou, matou?" Ele ouviu o Alfa perguntar.

"Não, ela garantiu que os deixasse vivos, mas esse não é o problema."

Todos os olhos estavam na Luna agora. Se esse não era o problema, então qual era?

"O Rei acha que estamos intencionalmente mantendo ela longe dele. Se ele fizer algo, estamos condenados, Gery." A Luna jogou as mãos para o alto dramaticamente.

"Tentei falar com ela através do link da alcateia. Ela bloqueou."

"Eu sei, eu também tentei."

"Estamos condenados, Gery."

"Não diga isso."

"Se não conseguirmos encontrá-la logo, ele irá atrás dela pessoalmente. Você sabe o que isso significa? Se ele a encontrar primeiro, não teremos nada para usar a nosso favor." Ela disse a última parte em um tom baixo, como se estivesse envergonhada de pensar em Zezi dessa forma. George rosnou com a última declaração e ela murmurou um pedido de desculpas para ele.

Todos ficaram em silêncio então, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

"Eu vou. Eu vou encontrá-la." George quebrou o silêncio.

O Alfa zombou.

"Como? Você não pode usar o link mental dos companheiros, vocês não são verdadeiros..."

"Eu sei disso, mas sou a única pessoa que ela não pode machucar quando eu a encontrar. Eu sei como ela pensa também. Eu sou sua melhor aposta."

Por mais que o Alfa não quisesse admitir, ele sabia que George estava certo. Zezi era uma Zeta poderosa e calculista. Ela não foi feita General de Guerra à toa, e quem mais teria o poder de trazê-la de volta, além do companheiro com quem ela havia passado por céu e inferno?

"Como posso confiar que você fará o que disse?"

"Isso depende de você, Alfa Gery. Já é difícil para mim trazer minha esposa de volta. Pense o que quiser." Ele se jogou na cadeira mais próxima.

Enquanto diferentes pensamentos passavam por sua mente, a Luna e o Alfa estavam em um canto do escritório falando através do link mental que tinham.

Ele olhou para o teto e suspirou. Seus olhos ficaram marejados ao pensar no que tinha que fazer. A Luna estava certa; se não trouxessem Zezi de volta logo, os Vampiros os considerariam inimigos. Eles nunca mais os veriam como súditos, nem assinariam aquele acordo para que a paz reinasse.

Os Vampiros tinham uma regra quando se tratava de inimigos também. Eles nunca os deixavam vivos, assim como faziam há anos. Ele e Zezi tinham uma experiência de primeira mão de como era essa regra. Não foi assim que se tornaram renegados em primeiro lugar?

"Muito bem então. Encontre-a." A voz do Alfa ecoou em sua mente, interrompendo seus pensamentos e o deixando surpreso por apenas um segundo. Ele havia falado com ele através do link da alcateia, algo que não fazia há muito tempo. George sabia o que isso significava. Era um lembrete sutil de que ele tinha controle sobre ele.

George se levantou e quase cambaleou. Suas pernas estavam fracas. Ele assentiu, sabendo naquele momento que havia tomado uma decisão.

"Antes disso, preciso ver minha filha e falar com a Tia Alice. Ela precisa saber que estarei fora por um tempo."

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