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Capítulo 1 - Protetor, possessivo!

"Finalmente encontramos um!"

"Shhhh," Zezi disse enquanto deitava sua filha de seis anos na cama. Mira era uma linda menina gordinha com cabelos castanhos e cacheados. Ela se mexeu levemente no sono antes de sorrir pacificamente novamente. Um sorriso que apagou a carranca que havia cruzado seu rosto quando seu pai entrou no quarto abruptamente.

Zezi também sorriu, antes de se virar para o marido que ainda estava na porta. Ele era bastante musculoso e seu uniforme cinza estava um pouco apertado contra a pele, como de costume. Ele parecia cansado; seus olhos castanhos, que geralmente estavam cheios de otimismo, agora mostravam frustração.

Ele atravessou o quarto e a abraçou, relaxando em seus braços.

"Finalmente encontramos um corpo."

"Encontramos?" Ela se afastou para poder ver o rosto dele.

Isso era uma ótima notícia!

Há algum tempo, lobisomens estavam desaparecendo misteriosamente de diferentes alcateias em Teeland. Quando os alfas das alcateias descobriram que a situação estava saindo do controle, eles foram até o Rei, Alfa Gery, que era o Rei de todos os lobisomens em Teeland. Ele respondeu enviando seus guerreiros para essas diferentes alcateias para descobrir o inimigo desconhecido e matá-lo. Mas as coisas não saíram como planejado, porque logo o inimigo atacou a Capital e, até agora, eles estavam perdendo.

O inimigo nunca deixava um corpo de seus guerreiros para trás, mas os lobisomens sabiam que aqueles que desapareciam estavam mortos. Seus companheiros na alcateia ou enlouqueciam ou ficavam deprimidos pela perda. Houve até ocasiões em que os companheiros morreram.

Se ao menos conseguissem encontrar um corpo, isso significaria que poderiam ao menos saber o que estava matando-os.

"Você não parece feliz. O que foi? Você sabe que isso é uma ótima notícia, certo?"

"Não é, meu amor. Não sei o que é pior. Saber ou não saber." Ele suspirou e deu um passo para trás antes de começar a andar de um lado para o outro, preocupado, na frente dela.

Ela respirou fundo, pronta para o que fosse.

"Me conte."

"Vampiros, aqueles malditos sugadores de sangue!"

Ela engasgou silenciosamente, seu corpo paralisado de choque antes que sua voz saísse em um sussurro derrotado.

"Isso é impossível." Ela murmurou para si mesma, permitindo que seu cérebro processasse tudo antes de finalmente explodir.

"Mas eles foram exterminados! Não há como serem eles. Algo deve estar errado, verifique o corpo novamente!"

Ele veio até ela imediatamente e segurou suas mãos para que ela pudesse se acalmar. Então ele falou suavemente, observando seus olhos refletirem diferentes tons de preocupação.

"Eu sei, eu sei. Era o que todos pensavam também, mas eu juro que são eles. O corpo drenado de sangue, as marcas, tudo. São eles, meu amor."

"Isso não é possível." Ela balançou a cabeça lentamente, sua voz um pouco trêmula.

"Eles vão nos matar, vão matar todos. Você não se lembra do que eles fizeram conosco?"

Seu maxilar se contraiu, e ele a envolveu firmemente com os braços; desta vez, era ela quem encontrava paz em seus braços.

"Eu nunca vou deixar nada acontecer com você ou Mira. Prefiro morrer a deixar algo acontecer com vocês."

"Eu também prefiro." Ela assentiu e imediatamente controlou suas emoções, como fazia há muitos anos. Fazia muito tempo desde que ela se descontrolara assim.

"O que o Alfa disse?"

George a soltou então. Ele caminhou até a janela, olhou rapidamente para o céu cheio de estrelas e depois para o quarto, enquanto evitava o olhar dela.

"O que você não está me contando?"

"Nada." Ele deu de ombros, displicente.

Isso não a convenceu nem um pouco. Ela conhecia George há anos e sabia que ele podia ser um bom mentiroso para todos os outros, mas quando se tratava dela, ele era péssimo nisso. Ela não perdeu tempo tentando ouvir os batimentos cardíacos dele para confirmar, não adiantaria de qualquer maneira. Ele era um Beta, altamente treinado e poderoso. Ele sabia como controlar essas coisas.

"Apenas me diga." Ela suspirou, já se sentindo exausta.

Ele cerrou os punhos antes de começar a falar, "Ele quer te enviar para a Primeira Fronteira. Já que sabemos contra o que estamos lutando, ele quer..."

"Eu como general de guerra lá." Ela completou a frase dele.

A Primeira Fronteira recebia os piores ataques, lobisomens desapareciam lá a cada minuto. Era como a linha de frente da guerra.

"Ele te deu minha autorização?"

Ele suspirou novamente, passou a mão pelos cabelos e assentiu. O quarto não estava muito iluminado, mas ela podia ver o rosto dele. Quando foi a última vez que ele dormiu bem? Quando foi a última vez que algum deles dormiu bem?

De repente, ele ouviu o som de um zíper sendo aberto, e seus olhos se arregalaram. Lá estava Zezi, com suas curvas suaves, colocando roupas em uma mala.

"O que você está fazendo?"

"Meu dever."

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, ele estava ao lado dela.

"Você não pode ir," ele disse firmemente.

"Eu sou a Zeta desta alcateia. É meu dever, deixe-me cumpri-lo."

Seus olhos se arregalaram de medo.

"Você vai morrer!"

Ela olhou para ele calmamente, sabia que ele estava certo.

"Então deixe-me."

Seu nariz se dilatou de raiva, ele cerrou os punhos novamente. A essa altura, parecia que o sangue não passava por suas veias de tão apertados que estavam.

"Não foi uma ordem; foi um favor. Ele sabe que temos uma criança que precisa de seus cuidados, ele está apenas pedindo."

"Não há diferença."

Ela não parou de arrumar a mala; não conseguia se obrigar a olhar para ele ou para sua filha dormindo. Doeria demais.

"Tem diferença!" Sua voz se elevou do tom baixo em que falavam. Os olhos de Zezi voaram para a filha, mas ela ainda dormia profundamente. Ela soltou um suspiro de alívio antes de se virar para o marido.

"Os homens que enviamos para lá também têm famílias. Se todos tivessem ficado para trás apenas por medo de morrer, estaríamos todos mortos. Essas pessoas em todas as Fronteiras estão lá dando suas vidas por nós."

"E é tudo culpa do Alfa! Ele deveria ser o único a enfrentar as consequências. Enviar guerreiros para atacar o inimigo quando nem sabíamos o que era. Isso não faz sentido."

Zezi franziu a testa. "Você não está fazendo sentido agora."

"O Alfa Gery não está enviando os guerreiros para proteger as fronteiras. Ele está mandando-os para lutar, jogando-os em alguma floresta. Eu o aconselhei inúmeras vezes a cessar nossos ataques, mas ele não me ouve, e agora ele quer te mandar embora?! Ele sabe que você estará determinada a cumprir seu dever. Isso é manipulação!"

Uma onda de choque percorreu as veias de Zezi. Isso não era o que o Alfa havia dito à alcateia.

"Se estivéssemos apenas na fronteira, não estaríamos sofrendo tantos ataques, não estaríamos perdendo tantas vidas."

"Isso não muda nada," Zezi voltou-se para sua mala e retomou a arrumação. "Ele definitivamente achou que era melhor irmos ao encontro do inimigo em vez de esperar."

"E como isso tem funcionado?"

"Geo..."

"Meu amor." Ele segurou suas mãos, seus olhos fixos nos dela, sua voz suave, sua determinação se quebrando. "Por favor, não vá. Fique por mim, por Mira."

"George, eu..."

"Mamãe?" Uma vozinha assustada interrompeu a conversa deles.

Ambos se viraram para a filha, mas não estavam preparados para o que viram.

Lá estava Mira, tremendo e chorando.

"Querida...? O que aconteceu?" Ambos correram para ela, sentando-se de cada lado, enquanto suas pequenas mãos seguravam as deles com força.

"Eu tive um sonho." Lágrimas escorriam pelo rosto dela.

"O que foi? Não se preocupe, estamos aqui. Ninguém pode te machucar." Zezi a abraçou protetoramente enquanto George abraçava as duas.

Eles falaram suavemente com ela até que ela se acalmasse. Quando tudo terminou, eles se sentaram novamente de cada lado dela.

"Sobre o que foi o sonho?"

"Mamãe, você vai a algum lugar?"

Zezi pôde sentir imediatamente o olhar ardente de George sobre ela. Ela se recusou a olhar para ele e manteve os olhos focados na filha.

"Por que você perguntou, querida?"

"Eu sonhei que você foi embora e nunca mais voltou."

O ar no quarto ficou tenso. Ela olhou para cima e, como havia imaginado, George estava olhando de volta para ela. Seu peito subia e descia em um tipo de medo enquanto os olhos dela se enchiam de choque. Eles compartilharam um olhar intenso por um tempo, ela não conseguia dizer exatamente o que George estava sentindo. Seus olhos estavam cheios de tantas emoções.

"Você vai a algum lugar?" A voz de Mira se elevou com pânico e ambos olharam rapidamente para a filha. Mira estava olhando para a mala desarrumada ainda aberta no sofá.

"Você vai me deixar? Vai deixar o papai? Mamãe, você vai a algum lugar?"

"Mira." George tentou acalmá-la, mas ela começou a chorar.

"Papai, diga para a mamãe não ir." Ela correu para o pai e envolveu seus bracinhos ao redor do pescoço dele, ainda chorando.

"Está tudo bem, está tudo bem. A mamãe não vai a lugar nenhum, eu prometo, ela não vai."

Ele a acariciou lentamente, seus olhos fixos na esposa.

"Ela vai me deixar." Mira continuou a chorar.

"Eu disse que ela não vai." Ele sorriu levemente para ela, tentando muito convencê-la. "Vamos, meu amor, diga você mesma."

A atenção voltou para Zezi e seus lábios se abriram levemente, sua mente travando uma batalha interna. Ela podia ouvir sua filha choramingando novamente.

"Meu amor?"

Ela sorriu de forma tranquilizadora e abraçou Mira. "Eu não vou a lugar nenhum."

"Você promete?"

Ela olhou para o marido. Sabia que havia mais de uma pessoa querendo sua resposta e o que quer que dissesse agora seria definitivo.

"Eu prometo."

Ele suspirou de alívio, assentiu e saiu do quarto.

Sua filha parou de chorar e logo adormeceu. Depois disso, Zezi se juntou a ele na sala de estar. Ele lhe entregou um copo de água e então se jogou na cadeira.

"Obrigado por ficar."

"Qualquer coisa pela família."

Ele se levantou e a abraçou, inalando seu cheiro celestial. Isso fazia coisas com ele... muitas coisas.

"Desculpe se pareci egoísta há pouco, eu só não quero te perder."

"Eu entendo." Ela o abraçou mais forte. "Eu realmente entendo."

"Tem que haver uma maneira de parar isso, uma maneira que ninguém mais precise morrer e eu prometo que vou descobrir."

"É melhor descobrir, porque mais uma morte e eu desapareço."

"Você não faria isso!" Ele a afastou do abraço para olhar seu rosto; o dele, horrorizado. "Você prometeu!"

"Seu homem egoísta." Ela pressionou as mãos contra o peito dele, sentindo o uniforme áspero contra suas palmas. Um brilho travesso apareceu nos olhos dele.

Ah, como ela sentia falta disso.

"Egoísta não é a palavra," ele disse contra o pescoço dela e ela fechou os olhos brevemente de prazer.

"Não... é?" Sua voz saiu em um sussurro. Os lábios dele roçavam suavemente a marca em seu pescoço e isso enviava faíscas por suas veias.

"Não." Ele segurou o rosto dela entre as mãos e observou seus olhos se abrirem. Ele se inclinou um pouco e então sorriu.

"A palavra é protetor."

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