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Capítulo 5

Arin

"Sinto muito, Sra. Wilson, mas seu histórico de crédito deixa muito a desejar." Estou sentada em frente a Marnie, uma consultora financeira do Banco Nacional Tillman-Hopkins, lembrando-me ansiosamente de respirar fundo e com calma. O conteúdo do meu portfólio está espalhado sobre a superfície da mesa dela, detalhando cada passo do meu plano de negócios proposto. Até trouxe algumas peças de amostra que fiz para mostrar que não estou só falando. Disseram-me que ter prova de conceito era algo que os banqueiros gostavam, afinal.

Engolindo o nó na garganta, digo, "Eu sei que meu crédito é—"

"Praticamente inexistente?"

"—um trabalho em progresso. Mas, como eu disse, me formei no Instituto de Tecnologia da Moda há dois anos e passei o último ano estagiando na Ralph Lauren. Como você pode ver pelos meus designs, estou pronta para lançar minha própria marca. Tudo o que preciso é de um empréstimo de vinte mil dólares para fornecer capital suficiente para o meu negócio—"

Marnie recolhe os documentos à sua frente, organiza-os em uma pilha ordenada e bate a borda contra a mesa antes de colocar tudo de volta na pasta. Ela ajusta os óculos e suspira profundamente. "Seus designs são lindos, Sra. Wilson, mas não posso aprovar este empréstimo. De acordo com seus extratos bancários, você mal ganha o suficiente para cobrir suas contas e os pagamentos mínimos para manter seu empréstimo em dia."

O desespero aperta meus pulmões, meu coração batendo freneticamente. Esperei por essa oportunidade por muito tempo, e posso sentir que está escapando das minhas mãos. "Não há nada que eu possa fazer?" pergunto. "Por favor, deve haver algo. A Semana de Moda está chegando em setembro. Estou esperando lançar minha marca até lá e usar o evento para gerar hype. Se pessoas suficientes conhecerem meus designs, talvez comprem o suficiente para pagar meu empréstimo e ainda mais."

"Esse é o problema, Sra. Wilson," diz a consultora financeira, apoiando os cotovelos na mesa. "Talvez seu lançamento seja um sucesso, e talvez você tenha clientes interessados comprando suas peças... Mas os bancos não operam com 'talvez'."

Ela se levanta, um sinal silencioso de que esta conversa terminou.

Eu me levanto, com o queixo erguido. Eu sabia que isso seria um tiro no escuro, mas ninguém pode dizer que eu não tentei.

"Não é nada pessoal, Sra. Wilson," diz Marnie, apertando minha mão firmemente. "Para o que vale, seus vestidos são realmente lindos."

"Obrigada," murmuro antes de me virar para sair.

Saio do banco, com o coração ainda batendo forte no peito. Criei esperanças à toa. Coloco meu plano de negócios cuidadosamente preparado debaixo do braço e começo a descer a rua, olhando para o chão como se ele me devesse dinheiro. De volta à estaca zero.

Nova York é barulhenta e brilhante, um mar anônimo de rostos com os quais aprendi a me misturar. O som do trânsito enche meus ouvidos, uma cacofonia de motores roncando, sirenes distantes e buzinas insistentes. As ruas estão lotadas, não apenas com transeuntes cuidando de seus afazeres, mas com enormes pilhas de sacos de lixo pretos aguardando a coleta nas calçadas. É um dia escaldante de meados de julho, o calor do sol exacerbado pelas janelas espelhadas dos arranha-céus ao nosso redor. Estou ansiosa pelos meses mais frescos e agradáveis do outono.

Pego o metrô e caminho o resto do caminho para casa, absorvendo as cores da cidade enquanto vou. As ruas estão amarelas com um fluxo aparentemente interminável de táxis. As laterais dos prédios são um belo mosaico de grafites. As pessoas que passo também são coloridas, as histórias de suas vidas refletidas nas roupas que escolhem usar.

Marnie estava certa. Eu ganho apenas o suficiente para cobrir minhas contas de mês a mês. O dinheiro que a Vovó Ruth me deixou foi para financiar minha educação. Eu gostaria de ganhar um pouco mais? Obviamente. Mas tenho que me lembrar de que estou indo bem. Estou conseguindo por conta própria, e estou imensamente orgulhosa desse fato.

Estou prestes a subir as escadas para meu apartamento no terceiro andar quando a Sra. Jones sobe os degraus da frente do prédio, com uma pequena sacola de compras na mão. Ela tem uma pilha inteira de cupons na outra mão, vários deles já recortados.

"Arin!" ela cumprimenta. "Como você está hoje? Sua reunião no banco foi bem?"

Sorrio rigidamente. "Eles vão... me dar uma resposta."

"Ah. Então não foi tão bem?"

"Vai ficar tudo bem. Vou encontrar uma solução. Posso ajudar a carregar suas compras?"

"Está tudo bem, querida." Ela me entrega sua pilha de cupons. "Marquei algumas páginas para você. Vi algumas coisas que você e seu pequeno podem gostar."

"Obrigada, Sra. Jones. Isso é muito gentil da sua parte."

Ela então alcança o bolso e puxa um cartão de visita. "E isso é só para o caso de o banco não te responder."

"O que é isso?"

"O número de um credor privado."

Viro o cartão, lendo as letras douradas em relevo. Lorenzo Marroni. "Credor privado," repito. "Você quer dizer um agiota? Não sei se isso é uma boa ideia..."

"Eu sei, eu sei," disse a Sra. Jones, um lampejo de algo triste em seus olhos. "As taxas de juros dele são altíssimas, mas se é dinheiro que você precisa, eles raramente dizem não a alguém. Além disso, há um jovem muito simpático trabalhando lá agora. Ele me ajudou a conseguir uma extensão—"

"Você fez um acordo com um agiota?" eu engasgo. "Desculpe. Isso soou muito julgador."

"Esses são tempos desesperados, querida. Às vezes você tem que fazer o que tem que fazer." A Sra. Jones dá um leve tapinha na minha mão. "Você não é obrigada a ligar. Só pensei que poderia ser útil."

"Obrigada, Sra. Jones. Eu vou... pensar nisso."

"Até mais, querida. Você vai à festa do quarteirão na semana que vem, não vai?"

"Não perderia por nada."

Subo as escadas de dois em dois degraus e chego à porta no final do corredor. Do outro lado, ouço os sons familiares de "Patrulha Canina" tocando na TV. Entro silenciosamente, todos os meus problemas esquecidos no momento em que vejo minha filha. Felicia está sentada no colo de Lana, assistindo com atenção enquanto os personagens fazem suas travessuras habituais. Ela imediatamente perde o interesse quando me vê pelo canto do olho.

"Mamãe!" ela grita, pulando para correr até mim.

Deixo tudo na pequena mesa do corredor e pego minha filha de quatro anos no colo, beijando suas bochechas fofas. "Aqui está minha garota favorita no mundo inteiro!"

Lana, minha colega de quarto, ri. "Achei que eu fosse sua garota favorita no mundo inteiro."

Reviro os olhos, abraçando minha filha apertado. "Acredite, você está em segundo lugar. Se algo mudar, eu te aviso."

Nós três dividimos um apartamento de dois quartos no Downtown Eastside. O prédio é um dos mais antigos, com cerca de setenta e cinco anos e um carpete duvidoso e sujo. O papel de parede, que já foi verde escuro, desbotou com os anos de exposição ao sol, há um cheiro de mofo constante no corredor, e a cozinha é apertada pra caramba. Ainda assim, é nosso lar. Com o aluguel dividido entre Lana e eu, honestamente não é o pior lugar para se viver.

Nosso mobiliário é uma mistura de peças diferentes, nada pertencendo ao conjunto original. Nossa mesa de jantar e cadeiras de madeira trêmulas foram pegas na calçada, o sofá conseguimos de um vizinho que se mudou há quase um ano, e muitos dos nossos talheres e pratos desparelhados compramos no mercado de pulgas local. É bagunçado e um pouco caótico, e eu definitivamente anseio por um pouco mais de espaço, mas pelo menos é meu.

"Como foi?" Lana me pergunta, limpando a parte de trás do jeans. Meu aceno silencioso é resposta suficiente.

Lana dá de ombros. "Tillman-Hopkins é uma porcaria mesmo." Minha pequena arregala os olhos. "Tia Lana disse palavrão."

Eu rio. "Você acha que ela deve colocar um dólar no pote de palavrões?" "Sim!"

Lana suspira dramaticamente. "Quando vou aprender?"

Colocando Felicia no chão, dou um tapinha gentil nas costas dela. "Você pode, por favor, arrumar seus brinquedos e lavar as mãos? Vou começar a fazer o jantar em um minuto."

"Tá bom, mamãe!" ela exclama, caminhando em direção à sala para pegar suas várias bugigangas.

Lana se posiciona ao meu lado, sorrindo despreocupadamente enquanto tiro meu casaco. "A conta de água chegou hoje mais cedo. A de luz e telefone também. Precisa que eu te ajude?"

"Não vou aceitar dinheiro de uma amiga." "Você sabe que eu não me importo."

"Você já faz tanto por mim. Eu posso cobrir minha metade da conta de água, não se preocupe. Lembra da família Gomez que me encomendou vestidos no mês passado?"

"Sim. Eles tinham, tipo, trigêmeos ou algo assim?"

"Eles amaram tanto os vestidos que fiz para as quinceañeras das meninas que me indicaram para alguns amigos deles. Tenho dois vestidos encomendados. Mil por peça. Se eu conseguir vender mais um, estarei tranquila este mês."

"Que bom ouvir isso, querida, mas..." "O quê?"

Lana me dá um abraço de lado enquanto Felicia guarda o último dos seus brinquedos. "Você está se matando de trabalhar. Não quero que você se esgote, só isso. Tem certeza de que não pode pedir um pouco de apoio ao pai?"

Respiro fundo. Lana e eu nos conhecemos no Instituto de Tecnologia da Moda. Quando descobrimos que estávamos fazendo a maioria das mesmas aulas, rapidamente nos tornamos amigas. Ela ficou surpresa quando entrei no meu primeiro dia, com a pequena Felicia no colo. Ela foi uma das únicas que se ofereceu para me ajudar quando Felicia começava a chorar ou se eu tinha uma apresentação para fazer na frente da turma. Ela sabe que sou mãe solteira, mas nunca contei a história completa.

Penso nele com frequência. Dominic. É o único nome que tenho. Aquele cara estranho no jato me assustou tanto que nem pensei em pedir o sobrenome de Dominic ou suas informações de contato. Imagine minha surpresa quando, um mês depois, descobri que minha menstruação estava atrasada. O resto é história.

Manter Felicia é uma decisão da qual nunca me arrependerei. Sim, às vezes as coisas ficam difíceis. A ideia de criar um bebê sozinha era assustadora, mas valeu muito a pena. Minha filha é uma das minhas maiores motivações na vida. Estou determinada a me tornar uma designer de moda para poder dar a ela a vida que ela merece. Do jeito que vejo, se eu consegui trazer essa linda garotinha ao mundo sozinha, posso fazer qualquer coisa se eu me dedicar.

"Você sabe que ele está fora de cena," sussurro para ela. "Mas está tudo bem. Tudo vai dar certo."

Lana beija minha bochecha. "Você é uma inspiração, sabia? Devia conseguir um contrato para escrever um livro ou algo assim."

Dou uma risada. "Talvez possamos fazer a Oprah adicionar ao clube do livro dela."

"Mamãe, tô com fome!" Felicia anuncia da sala. "Quero sorvete."

"Ah, eu também quero sorvete," diz Lana, apressando-se para pegar minha filha no colo.

"Você sabe as regras, querida. Coma todos os seus vegetais primeiro, depois você ganha uma bola."

"Ahh," Lana reclama. "Mas eu fui boazinha o dia todo!"

Felicia coloca a mão sobre a boca de Lana e franze a testa. "Regras!" ela diz, exasperada.

Rio enquanto vou para a cozinha, passando os dedos pelas bordas do cartão de visita escondido no meu bolso.

Às vezes você tem que fazer o que tem que fazer.

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