Prólogo
Ele está no fundo da sala observando-a, sua expressão impassível desmentindo a intriga que sente quando está perto dela. Olivia Walker está nervosamente mexendo no folheto do leilão, virando-o repetidamente em suas mãos enquanto espera pelo próximo lote. Ele pode sentir a desesperança emanando dela; sua postura está curvada como se carregasse o peso do mundo nos ombros. Ele percorre seu corpo com os olhos, notando o cabelo castanho bagunçado que parece ter vida própria, o rosto sem maquiagem, os grandes olhos castanhos da cor de biscoitos Oreo que parecem mostrar todas as emoções que ela sente. Seu corpo pequeno está vestido com roupas que claramente já viram dias melhores. Hoje, seus olhos estão assombrados; o calor usual que ele já viu em suas profundezas está completamente ausente.
Há meses ele a observa pacientemente, esperando a oportunidade se apresentar. E hoje é o dia. Seu membro se agita em suas calças e ele respira fundo, lembrando a si mesmo que não haverá nada disso com essa garota, essa mulher. Apesar da idade, ela é claramente mais inocente do que a maioria, e pela pesquisa que ele fez sobre ela, sabe que ela definitivamente não está interessada no tipo de estilo de vida dele. Ele pode estar atraído por ela—caramba, desde o primeiro dia que a notou, algo nela o chamou—mas ele está pensando no quadro maior, e isso significa manter as coisas puramente platônicas.
Em toda sua vida, ele nunca sentiu uma necessidade como essa. Sabe que para a maioria das pessoas ele parece um completo maníaco por controle, afável e profissional, mas cruze seu caminho e ele será seu inimigo para sempre. No fundo, ele é um homem de família; seus pais e irmãos são os únicos, no entanto, que sabem o quão generoso, atencioso e até protetor ele pode ser. Para qualquer um olhando a situação, ele pareceria louco, até mesmo um perseguidor, mas ela desperta todos os instintos protetores que ele possui. Nunca antes ele sentiu um desejo de levar um relacionamento com uma mulher além do sexo, e aqui está ele, entrando no abismo e fazendo algo que sabe ser completamente bizarro e fora de seu caráter. Assim como o garoto-lobo naqueles filmes de vampiro que sua sobrinha, Kayla, insistiu em fazer com que ele assistisse... tudo o que ele quer é estar lá para ela, ser quem ela precisar que ele seja, fazer qualquer coisa por ela. Ela é magnética, puxando-o para seu campo gravitacional, e ela nem sabe disso.
Mas o que ela mais precisa é de um amigo, ele pensa consigo mesmo. Através de suas observações, ele notou o quão independente ela é e como não há ninguém em sua vida cuidando dela. Nem um amante, um parceiro, ou mesmo um melhor amigo. Ela está realmente sozinha. Trabalhando em três empregos diferentes apenas para sobreviver, à noite ela volta para um pequeno apartamento em péssimas condições na pior parte de Stratford, apenas para poder sustentar sua mãe. Tudo o que ele quer fazer é envolvê-la em seus braços e dizer que tudo vai ficar bem. E isso o assusta pra caramba; ele não lida com sentimentos e essas outras coisas com ninguém além de sua família.
Então hoje ele vai fazer sua jogada, e terá que fazer de um jeito que ela pense que está tomando a decisão em tudo isso. Ela será dele, da maneira que ela achar aceitável, e ele ficará bem com isso. Ele tem que ficar, porque não há como ela entender a escuridão que reside nele. Ele sabe que não deveria fazer suposições, mas estudou-a o suficiente para saber que, se ela fosse de alguma forma alternativa, não conseguiria esconder.
O leilão está prestes a começar, então, com um suspiro profundo, ele avança, tomando seu lugar ao lado de Olivia. Ele sabe que depois de hoje, nada será o mesmo, mas se recusa a duvidar de si mesmo ou de seu plano.