




Capítulo 4
Aurelia estava cansada de Norman e Maria. Ela podia ver os vizinhos espiando, curiosos sobre o drama. Aquilo era a Villa Bloom, e ela não queria causar uma cena, então abriu a porta.
Sem nem olhar para eles, Aurelia foi direto para o sofá e se jogou, sem se preocupar com qualquer cortesia.
Betty, que também não suportava Norman e Maria, não lhes ofereceu nem um copo d'água. Ela ficou perto de Aurelia, pronta para protegê-la se necessário.
Norman e Maria não se importaram com a frieza de Betty. Eles se acomodaram no sofá, seus olhos percorrendo o ambiente, calculando mentalmente o valor de tudo na sala.
A família Heilbronn, com suas raízes profundas, estava em um mundo à parte da família Thompson, que havia subido na vida recentemente. Até as decorações mais simples deles valiam uma fortuna.
"Podem ir direto ao ponto?" Aurelia perguntou, claramente irritada.
Norman e Maria ficaram em silêncio, apenas lançando um olhar para Betty que dizia que ela deveria sair e não ouvir a conversa.
Nessa casa, Betty só recebia ordens de Nathaniel e Aurelia. Se Norman e Maria tivessem sido pais decentes, Betty poderia mostrar-lhes algum respeito. Mas eles não eram, então ela não iria deixar Aurelia sozinha com eles.
Aurelia não disse nada, então Betty ficou no lugar, fingindo não notar os sinais deles. Aurelia sorriu para si mesma, pensando: 'Nunca me senti protegida por Norman, mas com Betty sim.'
"Betty, está tudo bem. Eu posso lidar com isso," Aurelia disse com um sorriso gentil, caloroso e reconfortante. Até Betty ficou momentaneamente atordoada, se perguntando por que uma filha tão boa não era valorizada por Norman e Maria.
Depois que Betty saiu, os três deixaram de lado os sorrisos falsos e assumiram expressões frias. "Me dê a pulseira," Aurelia exigiu.
"Aurelia, não seja tão apressada. Eu vou te dar, mas não agora. Apenas espere um pouco," Maria respondeu.
Aurelia sabia que eles não eram tão bondosos. "Apenas me diga o que vocês querem."
"Na verdade, é para o seu próprio bem..." Maria começou, mas Aurelia a interrompeu com um gesto da mão. "Poupe-me do discurso. Apenas diga."
"É assim que você fala? Ela é sua madrasta. Não chamá-la de 'mãe' é uma coisa, mas falar com ela desse jeito—você não tem educação?" Norman gritou.
Aurelia ergueu uma sobrancelha. "Educação? Eu não tive um pai para me ensinar."
Norman ficou surpreso com a franqueza dela, momentaneamente sem palavras. Vendo que Aurelia não iria recuar, Maria deixou a pretensão de lado e foi direto ao ponto. "Se você se divorciar de Nathaniel e devolver o título de Sra. Heilbronn para Chelsea, eu te dou a pulseira."
Ouvindo isso, Aurelia não pôde deixar de retrucar: "Essa pulseira era da minha mãe. Devolvê-la para mim é apenas colocá-la onde pertence. Quem você pensa que é para falar tão arrogantemente?"
Norman e Maria pensaram que acenar com a pulseira conseguiria o que queriam, mas eles não esperavam que Aurelia fosse tão dura agora. Na mente de Norman, Aurelia ainda era aquela aluna quieta e humilhada do ensino fundamental.
"Certo, desculpe. Aurelia, eu me expressei mal," repetiu Maria, "Desde que você devolva o título de Sra. Heilbronn para Chelsea, eu devolvo a pulseira para você, ok?"
Aurelia sorriu. "Interessante. O que você quer dizer com devolver o título de Sra. Heilbronn para Chelsea? Era dela antes? Nunca ouvi falar que Chelsea era casada antes. Então, este é o segundo casamento dela?"
"Pare de espalhar mentiras. Ela nem namorou ninguém, quanto mais um segundo casamento," disse Maria, ficando ansiosa. Ela ainda queria que Chelsea se casasse com a família Heilbronn e não podia deixar Aurelia arruinar a reputação de Chelsea.
Aurelia rapidamente fez uma expressão de desculpas. "Desculpe. Não é um segundo casamento, mas ser amante."
Maria odiava ser chamada de amante porque ela realmente era uma. "Maria, eu estava falando sobre Chelsea, não você. Por que você está tão nervosa?" perguntou Aurelia.
"Falar sobre minha filha também não é permitido!" estalou Maria.
"Por que não? É porque você se sente culpada?" perguntou Aurelia.
"Aurelia, chega de besteiras. Eu tenho apenas uma pergunta para você: você vai se divorciar de Nathaniel?"
"Claro," concordou Aurelia casualmente, deixando Norman e Maria atônitos. Eles não esperavam que ela concordasse tão facilmente.
Aurelia não se importava. Afinal, Nathaniel já havia pedido o divórcio. Como era inevitável, ela poderia muito bem conseguir algo de Norman e Maria. "Eu concordo com o divórcio. Então, que compensação vocês vão me dar?"
Norman imediatamente colocou um sorriso no rosto. "Nós não prometemos a pulseira?"
"Apenas uma pulseira pelo título de Sra. Heilbronn? Quando esse título se tornou tão barato?" disse Aurelia.
"Então, o que você quer?" perguntou Norman, sabendo que ninguém concordaria em se divorciar apenas por uma pulseira.
"Eu quero a Vila do Lago," disse Aurelia seriamente.
"O quê? De jeito nenhum! Aquela vila já pertence a Chelsea. É impossível dar para você! É propriedade de Chelsea!" disse Maria.
"Propriedade de Chelsea? Você tem certeza? Aquela era a propriedade da minha mãe. Por que deveria ser dela?" perguntou Aurelia.
A Vila do Lago estava em posse deles há tanto tempo que até Maria havia esquecido que originalmente era propriedade de Helen. Então, quando Aurelia mencionou isso, Maria ficou agitada. Mas aquela vila era muito valiosa, e nem Norman nem Maria concordariam em devolvê-la para Aurelia.
"Se vocês não concordarem, eu não me divorcio de Nathaniel. Enquanto eu ainda for a Sra. Heilbronn, posso comprar quantas vilas como a Vila do Lago eu quiser," disse Aurelia.