




Capítulo 5
"O que é isso?" Mia mexeu na bolsa que foi jogada no sofá bem ao lado dela, interrompendo sua soneca.
"Um vestido novo. Temos outro evento social para ir esta noite." Gabriel pairava sobre ela. Ela gemeu, empurrando a bolsa para o lado e se aconchegando mais fundo nas dobras do sofá.
"Não pode pedir para uma das suas amantes fazer isso? Acabei de colocar Amiyah para dormir, estou exausta." Ela não resistiu ao fio imaginário puxando suas pálpebras juntas.
"Não seja absurda, Mia." Ele resmungou, chutando o sofá com a ponta do sapato para tirá-la da soneca. Seus olhos se abriram com o impacto e ela lançou um olhar fulminante para ele.
"Tínhamos arranjos específicos quando decidimos ficar juntos." Ele a lembrou, cruzando os braços e olhando para ela.
"Quando você decidiu." Ela o corrigiu, sentando-se no sofá. "Que horas?" Ela suspirou.
"Vamos deixar Amiyah na casa da minha mãe às sete." Ele a informou, olhando para o relógio. "São quatro agora." Ele disse e saiu de sua vista.
Mia se arrastou para fazer os preparativos necessários.
"Você não tropeçou esta noite; considero isso uma vitória." Gabriel sussurrou em seu ouvido. Eles estavam entre os colegas de Gabriel. Ela sorriu e acenou com a cabeça em uma tentativa de disfarçar sua ignorância e tédio com atenção.
"Vou ao banheiro." Ela sussurrou de volta, aproveitando a liberdade que sentiu quando a mão de Gabriel se afastou da parte inferior de suas costas. Mia deu uma volta pelo salão. Ela não tinha a menor ideia de onde ficava o banheiro, mas isso não a deixava ansiosa. Quanto mais tempo passasse longe do marido, melhor para ela.
Ela nunca tinha notado quantas pessoas frequentavam essas festas de negócios. Embora lhe dissessem sobre a exclusividade, havia uma multidão de homens e mulheres de terno por toda parte. Havia um mar de rostos desconhecidos e, entre eles, ela notou uma pessoa que já tinha visto mais de uma vez.
"Você e Harvey Regal não tiveram uma interação?" Ela ouviu o início de uma conversa enquanto olhava para o homem em questão. Ele parecia tão diferente do homem que ela encontrou em sua sala de aula. O homem descontraído que sorria educadamente para ela havia desaparecido. Ele estava dentro de um círculo de homens, suas discussões parecendo animadas enquanto ele observava em silêncio. Ela notou ele puxando a gravata no pescoço, seus dedos mais uma vez chamando sua atenção.
Ele veste aquele terno muito bem.
Ela não conseguia evitar que o pensamento invadisse seu subconsciente. Fazia três longos anos desde que Mia tinha visto um homem nu. Ela não sabia se era a interação paternal de Harvey com sua irmã que a fazia se perguntar como ele seria ou se era simplesmente a falta de uma vida sexual.
"Tivemos sim. Foi só uma noite, mas foi o melhor sexo que já tive." Mia não conseguia se afastar do lugar onde havia parado. Ela estava intrigada com a reputação dele.
"Ah, conte mais." A companheira da mulher exclamou. Mia não ousava olhar na direção delas, com medo de que descobrissem que ela estava ouvindo.
"Nos conhecemos no mês passado em um evento social. Uma coisa levou à outra e, quando percebi, estava no carro dele." A voz dela baixou. Mia virou a cabeça e focou sua audição.
"Depois fomos a um bar, tomamos algumas bebidas. Subimos para um quarto." A mulher que contava a história suspirou profundamente ao lembrar. "Aquele homem sabe como e onde tocar uma mulher. E a língua dele, Jenna." Ela enfatizou o nome da outra mulher. "Ah, ainda fico arrepiada sempre que penso nisso. Ele sabia exatamente o que fazer."
"Você não o viu de novo?" A mulher que Mia veio a conhecer como Jenna perguntou.
"Não, ele deixou claro que não estava interessado em algo a longo prazo. Ele nem passou a noite comigo." Ela respondeu desanimada.
Mia não sabia o que pensar da conversa, seus olhos fixos no homem do momento. Ela não podia se surpreender que ele não fosse capaz de se comprometer com uma única mulher. Ela mesma ainda não tinha visto um homem com essa capacidade. Dito isso, ela respeitava a franqueza dele.
Sem perceber, ele se afastou do grupo com o qual estava e começou a caminhar em sua direção. Mia sabia que poderia muito bem apenas dizer 'oi' para ele.
No entanto, seu ato de escutar a conversa a deixava nervosa para encará-lo. Ela tinha acabado de ouvir coisas pessoais sobre ele e não estava pronta para enfrentá-lo. Imediatamente, ela se virou para as mulheres que estavam conversando.
Ela ficou inicialmente surpresa com a beleza delas. Não é de se admirar que ele a tenha levado para a cama. Não importava que Mia não pudesse dizer qual delas. Era compreensível que qualquer uma delas fosse capaz de chamar a atenção de Harvey Regal.
"Desculpe interromper, mas vocês podem me indicar onde fica o banheiro?" Ela perguntou. As mulheres a direcionaram. Aparentemente, ela tinha que sair daquela sala e caminhar pelos corredores. Foi avisada para ficar atenta. O banheiro feminino daquele espaço estava em reforma. Ela agradeceu e saiu apressada, com o coração acelerado.
Mia parou quando estava prestes a seguir para o corredor. Ela se virou, seus olhos procurando por Harvey. Ele estava passando pelo lugar onde ela estava. Sua companheira de uma noite e sua amiga o encararam audaciosamente. Harvey não reconheceu a presença de nenhuma delas. Não houve aceno ou sorriso casual. Seu rosto permaneceu frio enquanto ele deslizava pela multidão em direção à saída.
Mia decidiu não pensar mais nisso. Ela caminhou pelos corredores e foi ao banheiro. Depois de terminar, voltou para encontrar Gabriel. Ela sabia que ele provavelmente estava se perguntando onde ela estava.
"Mia?"
Ela voltou sua atenção para a única pessoa que esperava nunca mais ver.
"Taylor." Ela sussurrou as palavras como se estivessem carregadas de fogo.
"Não esperava te ver aqui." Taylor sorriu, seus olhos percorrendo o cabelo de Mia, seu vestido longo e seus sapatos.
"Para ser honesta, estou um pouco perturbada por estar aqui." Mia respondeu, tentando se afastar.
"Imagino que Gabriel ainda esteja por aqui em algum lugar?" Taylor acompanhou o passo de Mia. Seus olhos procurando freneticamente. Mia parou instantaneamente e se virou para encarar Taylor.
"Por que está me perguntando?" Mia retrucou.
"Há alguma razão para você estar tão defensiva? Eu só estava perguntando se seu marido te acompanhou." Taylor lançou um olhar, um pequeno sorriso no canto dos lábios.
"O marido com quem você está dormindo?" Mia franziu a testa, "É desse marido que você está falando?" Mia passou por ela novamente e desta vez, Taylor não fez nenhuma tentativa de pará-la.
Mia não podia acreditar que um dia considerou aquela mulher sua melhor amiga. Taylor foi até madrinha de Mia quando ela se casou com Gabriel aos vinte anos. Essa amizade terminou um ano depois, quando Mia os encontrou na cama juntos. Seu casamento também teria acabado e, percebendo a situação em que estava agora, ela desejava que tivesse acabado. No entanto, Gabriel implorou e prometeu mudar, e ele mudou. Até Mia ver aquelas fotos três anos atrás, não muito depois do nascimento de sua filha. Ela os odiava por desperdiçarem seu tempo e forçarem sua filha a crescer em um ambiente tão tóxico. Ela respirou fundo, procurando por Gabriel. Ela queria desesperadamente ir para casa.
Ela procurou por cinco minutos inteiros até vê-lo em outro grupo de homens. Ela respirou fundo e tomou seu tempo para se aproximar dele. Antes que pudesse alcançá-lo, outra pessoa se aproximou dele. Taylor o encontrou. Ela riu delicadamente, suas mãos perfeitamente manicuradas deslizando pelo ombro dele e descendo pelo braço. Os homens ao redor dele se entreolharam com sorrisos conhecedores. Sorrisos bobos ocupando seus rostos.
Mia olhou para seus próprios dedos. Ela os mantinha curtos e arrumados. Era o estilo mais prático para lidar com seu bebê e seu trabalho. Por um breve segundo, ela se perguntou se havia algo que poderia ter feito de diferente para fazê-lo querer ser fiel a ela.
Era o peso do bebê? Ela não dava sexo suficiente para ele? Ela não era atraente o suficiente? Ela era chata de se conviver?
Todas essas perguntas giravam em sua mente. Elas ficavam mais altas e mais altas a cada segundo que passava. Ela engoliu a saliva que se acumulava em sua boca.
"Não estou me sentindo bem." Ela puxou a manga de Gabriel. Taylor imediatamente soltou a mão do cotovelo dele.
"Você está bem?" Outro membro do círculo se aproximou dela. "Você está tão pálida." Ele notou, tentando segurar seu braço.
Gabriel pegou a mão do homem e lançou um olhar mortal para ele. "O que está errado?" Ele segurou o braço de Mia, seus olhos procurando os dela.
"Vou pegar um táxi e ir para casa." Ela disse.
"Eu te levo para casa." Ele disse instantaneamente, seus olhos cheios de algo. Se Mia não soubesse melhor, teria sido tentada a pensar que ele estava realmente preocupado com ela. Mas Mia sabia melhor. Tudo o que Gabriel fazia, ele fazia para manter as aparências.
"Não deixe que eu estrague sua noite." Ela respondeu, se soltando do seu aperto. Ela evitou todo contato com Taylor. Ela se virou para ir embora, mas ele segurou seu braço.
"Não vou deixar você ir sozinha nesse estado." Ele praticamente rosnou.
Mia não estava em condições de discutir, então permitiu que ele fizesse o que quisesse. Ele se despediu dos homens e praticamente a arrastou para fora com ele.
Quando estavam no carro dele, ele não conseguiu permanecer em silêncio. "Seu comportamento está ficando cada vez mais impulsivo."
"Com licença?" Ela foi pega de surpresa.
"Você não precisava reagir assim só por causa da Taylor." Ele esclareceu seus pensamentos. Mia bufou, virou a cabeça para olhar pela janela enquanto as lágrimas começavam a escorrer pelo seu rosto.