Capítulo 3
AUSTIN
Entro pela porta do meu escritório no último andar e me acomodo atrás da minha mesa na cadeira de couro do meu avô. Levanto assim que os outros chegam e tomam seus lugares habituais ao redor da grande mesa de reuniões no meu escritório.
"Rastreamos um dos participantes do ataque do mês passado. Infelizmente, o perdemos novamente. Mas tivemos a sorte de ter uma testemunha que o viu em sua forma humana." Informo a eles, de pé na frente deles com os punhos contra a mesa.
"Onde está essa testemunha? Precisamos entrevistá-la para obter o máximo de informações possível," diz Garrett, meu Gamma.
"Eu mesmo vou cuidar do interrogatório. Ela é humana e ficou abalada com o que viu." Explico, encerrando qualquer negociação. Está fora de questão que qualquer um deles se aproxime dela.
"Ela é colega de quarto da Riley, então está bem escoltada." Acrescenta David.
"A garçonete gata do Spotlight?" Garrett pergunta, com um sorriso no rosto.
Dou um soco enorme na mesa, rachando-a. Como ele ousa falar dela desse jeito? Ele merece ter a cabeça arrancada.
"Não fale dela assim," rosno com meu tom de alfa.
"Sim, alfa," Garrett responde olhando para baixo.
Encontro o olhar divertido de David e sinto uma súbita vontade de socá-lo na cara para tirar aquele sorriso idiota do rosto dele.
"Vou relatar assim que souber mais. Enquanto isso, continuem procurando por qualquer pista. Quero que toda a luz seja lançada sobre esse ataque e quero que todos eles paguem. Entendido?!"
"Sim, alfa." Eles respondem em uníssono, suas vozes cheias de convicção.
Assim que a reunião termina, todos saem do meu escritório, exceto David, que se senta na cadeira em frente à minha mesa. Ele apenas fica lá, de braços cruzados com aquele maldito olhar divertido no rosto, em silêncio.
"Você não vai dizer nada, vai?" Ele pergunta.
"Não, e é melhor você não dizer nada para a Riley," eu o aviso.
"Não vou contar nada a ela, mas acho uma pena. Ela tem o direito de saber, é a vida dela também e a marca a protegeria."
Ele sai, fechando a porta atrás de si, me deixando sozinho com meu dilema. Em outras circunstâncias, eu não hesitaria, mas quero fazer a coisa certa e o que aquele outro lobo disse a ela ainda está na minha mente. E depois do fiasco com Rachel, não vou arriscar colocar minha alcateia em perigo. Preciso chegar ao fundo dessa história com o outro lobo e descobrir se ele pode ser o companheiro dela. O que seria a coisa mais estranha.
ARIA
Riley me seguiu o dia todo no sábado, à noite ela se sentou no balcão com David durante todo o meu turno. Ela não saiu do meu lado o fim de semana inteiro, estou quase feliz de voltar às aulas na segunda-feira de manhã e não tê-la por perto o dia todo. Ela está grudada em mim como chiclete no solado do meu sapato. Normalmente adoro ver sua cabecinha loira, mas isso é demais para mim. Nos separamos em frente ao prédio principal, mas ela me faz prometer esperá-la para o almoço. Quando entro na aula de literatura, Gavin acena e eu me junto a ele. Ele é a segunda pessoa com quem falei quando cheguei, depois da Riley. Ele é gentil, muito atencioso, cuidadoso e muito fofo. Tem grandes olhos verdes, uma pele morena e cabelo castanho ondulado, achei ele adorável imediatamente.
"Você teve um bom fim de semana?" Ele me pergunta enquanto me sento ao lado dele.
"Ah, você sabe, meus fins de semana vêm e vão." Eu faço uma pausa. "Não te vi no bar, nem uma vez."
Não deveria, mas pareceu estranho. Normalmente, ele vem pelo menos uma noite com seu grupo de amigos, já vi todos eles, menos ele. Não consigo evitar me sentir abandonada.
"Meus pais vieram me ver neste fim de semana, então fiquei preso." Ele faz uma pausa. "Quero dizer, eles estão pagando pela minha educação, devo isso a eles."
Suspiro. O pai de Gavin é o chefe de uma grande editora em Nova York, ele tem um emprego garantido quando se formar, embora seu pai tenha um temperamento um pouco difícil.
"Você está livre uma noite durante a semana para assistir a um filme?" Ele me pergunta.
"Quarta-feira à noite vou trabalhar no projeto de economia com a Sarah e quinta-feira à noite concordei em trabalhar no Spotlight. Então, hoje à noite, se estiver tudo bem." Respondo.
"Na sua casa ou na minha?" Ele pergunta com um sorriso no rosto.
"Na minha casa. Riley está em modo babá agora."
Ele me olha confuso e sou salva pela chegada do professor. Nem sei o que poderia dar como explicação. Nem sei o que aconteceu. A manhã passou a uma velocidade louca, nós três almoçamos juntos e concordamos sobre o filme que íamos assistir. Claro, David estará lá. Esses dois se tornaram inseparáveis. Felizmente, Gavin também estará lá para me impedir de segurar vela.
Enquanto David e Riley estão se beijando no sofá, a campainha toca. Gavin está atrás com pizzas e doces. Ele entra e os dois pombinhos se separam para que Riley possa apresentá-los. Quando estamos todos no sofá, David nos pergunta qual filme vamos assistir.
"Goonies?" Ele pergunta, surpreso.
"Você tem algo contra os Goonies?" Riley pergunta com as sobrancelhas franzidas.
"Não, nunca vi."
"Nunca?" Nós perguntamos todos os três ao mesmo tempo, com os olhos arregalados.
Ele balança a cabeça, parecendo envergonhado.
"Então existe," Gavin comenta enquanto estreita os olhos para David.
Começamos o filme e nos concentramos, finalmente enchendo a cara, especialmente David e Riley. Sempre me surpreendi com a quantidade de comida que ela consegue ingerir e nunca engordar. Meu sonho... Antes de vir para cá, eu costumava treinar muito com Cassius no Jiu-Jitsu, mas agora não tenho tempo para malhar. Tento correr pelo menos três vezes por semana, mas não consigo fazer isso toda semana. Enquanto David e Riley voltam a se abraçar, Gavin coloca o braço ao redor do meu ombro e eu me acomodo confortavelmente contra ele. Sou grata por tê-lo na minha vida, tudo é tão fácil com ele. Nós nos demos bem imediatamente e ele é realmente fofo, então tentamos, mas não deu certo. Foi muito estranho, então ficamos amigos e acho legal que não haja ambiguidade entre nós.
No final do filme, Gavin foi embora e Riley me perguntou se eu estava bem com David passando a noite com ela. Eu disse a ela com toda sinceridade que, se eles não me mantiverem acordada, estou bem com isso.