O convite
POV de Artemis
São 10 da manhã, cedi e deixei a Sel ir às compras. O pai da Dots me garantiu que cuidaria delas e eu confio nele, ele pode ser mais velho, mas rapaz, ele sabia lutar nos seus tempos. Faltam 2 semanas para a Sel completar 21 anos, honestamente, mal posso esperar para comemorar com ela. Ela cresceu forte, inteligente e gentil, talvez um pouco boca-dura demais para o meu gosto, mas não posso dizer que eu não era igual com meus pais quando eles estavam por perto.
Penso em todas as vezes depois disso, eu queria tanto protegê-las e blindá-las de tudo, mas nem sempre é possível. Lembro da Cynth tentando ensinar a Sel a dirigir, mesmo eu dizendo não, com medo de que ela destruísse o carro.
Claro, elas não me ouviram e eu as encontrei na floresta, meu carro em uma vala. Penso em todas as memórias felizes, mas para cada uma feliz, há uma triste. As lembranças de minha mãe e meu pai me dizendo que não era nada, apenas alguns renegados testando a fronteira, prometendo que voltariam logo e para eu ficar de olho na lasanha no forno. Coloquei um filme para as meninas, isso sempre as ajudava a ficar calmas quando nossos pais saíam, e eu sabia que nosso vizinho também estava nos vigiando.
Então, veio a batida na porta e o Alpha Eric estava lá, ele era 2 anos mais velho que eu na época. Prendi a respiração enquanto ele me contava como meus pais tinham dado seu último suspiro. Eu estava entorpecida, podia ouvir minhas irmãs chorando, podia sentir a dor delas. Tomei uma decisão naquele momento de nunca parecer fraca. Minha mãe e meu pai nos disseram o quão especiais eu e minhas irmãs éramos, eles me prometeram manter isso em segredo.
Não me permiti chorar e observei enquanto a matilha nos cercava, nos aceitando e nos ajudando. Os dias passaram e eu vi minhas irmãs se acomodarem, nunca as deixei fora do meu campo de visão, eu sempre as protegeria. Foi no aniversário de 21 anos da Cynth que tudo mudou. Conforme o pedido dos meus pais, contei a ela o que somos e o que podemos fazer quando Selene atingir a maioridade. Como esperado, ela ficou chocada, mas aceitou e carregamos o peso do segredo juntas. Finalmente, senti que podia respirar.
No dia seguinte, conheci Ryan. Ele tinha estado fora por um ano trabalhando com outra matilha para o Eric. Nunca nos encontramos, pois nunca precisávamos cruzar caminhos. Ele entrou e o cheiro de café e avelãs me atingiu. Lá estava eu, com 24 anos, na minha primeira reunião da matilha como chefe de casa, e minhas palavras falharam, minhas pernas quase também, até que fui varrida do chão e senti Ryan perto de mim enquanto ele sussurrava "Minha".
Como se soubesse que eu estava pensando nele, Ryan entrou no nosso quarto, seu cabelo castanho estava desgrenhado e seus ombros tensos. Instintivamente, me levanto e envolvo meus braços ao redor dele, ele sempre diz que quando faço isso, parece que absorvo qualquer escuridão que ele esteja sentindo.
Ele relaxa ainda me segurando e então fala.
"Amor, como você sempre sabe do que eu preciso?" Ele me olha, colocando um beijo suave nos meus lábios e sinto os arrepios percorrerem meu corpo como se fosse a primeira vez que ele fez isso.
Eu sorrio e me afasto. "Chame de intuição... agora você vai me contar o que está errado?"
Ele se afasta e se senta em frente à mesa. Eu o sigo e me sento na beirada da cama, observando-o respirar, ouvindo seu coração bater, esperando pelo que vem a seguir.
"Recebemos um convite da matilha da Lua Prateada." Eu espero ele continuar.
"Eles solicitaram nossa presença para uma conversa sobre os renegados que continuam testando suas fronteiras. Eric sabe que eles estão atrás de informações e nós poderíamos usar algumas." Ele diz com um suspiro.
"Então, qual é o problema? Nós contamos o que sabemos, eles nos contam, saímos em paz." Eu digo sorrindo, parece simples para mim.
"Não é só isso, além disso, eles organizaram um baile para acontecer. Todos os lobos sem par de ambas as matilhas devem comparecer para ver se seu par está em uma das matilhas. Se estiver, isso nos ajudará a formar uma aliança. Ele também está procurando sua parceira no baile." Ele me encara, sei que ele pode sentir minha raiva irradiando.
"Por favor, me diga que ele disse não! Uma aliança com Calder só traria devastação para nós. A Lua Prateada é implacável, e seus inimigos só aumentam em número. E levar nossos não acasalados para ele..." Eu olho para ele, implorando para que ele diga o que eu quero ouvir.
Ele me olha. "Eric aceitou." Suas palavras são frias e definitivas.
Mil pensamentos passam pela minha mente e então minha loba Aria diz uma palavra.
"Selene."
Meus olhos se arregalam de horror, Selene não tem um par.
"Pergunte ao Ryan quando é o baile, talvez seja antes do aniversário dela?" Sinto a urgência de Aria, é a mesma que a minha, não podemos deixar Selene ser acasalada com alguém de outra matilha e, e se for ele?"
"Ryan, quando é esse baile?" Eu olho nos olhos dele enquanto ele respira fundo... com esse pequeno movimento, já sei a resposta.
"Daqui a 2 semanas." Sei que ele sente meu pânico, ele caminha em minha direção e me puxa para perto; seu toque me acalma um pouco.
"Ryan, eu não posso perdê-la, ela não pode ir!"
Ele beija minha testa levemente. "Ela deve ir, se não permitirmos, ele pensará que estamos escondendo ela ou qualquer outra pessoa que deixarmos ficar, ele verá isso como um ato de agressão." Suas palavras são mais suaves agora e eu sei que ele está certo.
"Arti..." Ele diz devagar, me puxando mais perto. "Não é só isso, ele ouviu falar das suas habilidades e gostaria que as matilhas treinassem juntas. Ele quer ver você lutar contra um dos melhores dele." Meu corpo fica rígido; eu me afasto de Ryan procurando as palavras.
"Eu não vou lutar para o entretenimento dele." E com isso, saio do quarto, minhas emoções estão por toda parte, preciso falar com minhas irmãs. Eu ligo mentalmente para Cynth. Ela está no quarto dela, eu caminho o mais rápido que minhas pernas permitem, correndo para encontrar seu apoio.
POV de Selene
Estamos quase terminando as compras, encontrei o vestido verde esmeralda perfeito, é um estilo Bardot de ombro a ombro que cruza na frente e envolve minha cintura até a saia, o material de seda é tão macio e luxuoso. Minha parte favorita são os bolsos escondidos costurados suavemente nas laterais, então sua mão desaparece sem esforço no vestido. Estou verdadeiramente apaixonada.
Quando experimentei, Dot me disse que eu parecia uma princesa, eu não sou de ser varrida dos pés, mas o elogio foi adorável de ouvir mesmo assim. Dot escolheu um vestido rosa de um ombro só, justo ao corpo, com uma fenda até a coxa, para o desgosto de seu pai, mas ela usou seu charme nele e ele cedeu e comprou.
Estamos prestes a entrar em outra loja para encontrar sapatos quando o pai de Dot nos liga mentalmente. Sua voz é firme, e eu sei que algo está errado.
"Meninas, temos que voltar; Alpha Eric e Luna Georgia convocaram uma reunião às 17h, eu devo comparecer."
É raro termos uma reunião da matilha, então corremos para encontrá-lo, ele está sentado em um banco fora de uma das lojas, assim que nos vê, seguimos para o carro.
Assim que começamos a nos mover, Dot me liga mentalmente.
"Estou preocupada, Sel, nunca temos reuniões da matilha, e se os renegados atacaram? E se tivermos que lutar? Oh Deus, Sel, eu sou uma péssima lutadora, eu não teria chance."
Continua assim até chegarmos em casa, ao longo dos anos de amizade, aprendi que você deve deixar Dot terminar seus pensamentos ou você estará falando sobre isso por dias.
Quando ela termina, eu respondo. "Dot, estamos aqui, se estivéssemos sob ataque, acho que já saberíamos. Tenho certeza de que seja o que for, vai ficar tudo bem! Talvez Luna Georgie esteja grávida de novo!" Com essas palavras, ela relaxa e sorri para mim. Ambas sabemos que a mente dela pode fugir com ela.
Saio do carro e pego minhas sacolas, agradeço a Dot e seu pai pelo dia e corro para encontrar Arti e Cynth, espero que elas saibam do que se trata tudo isso.
Corro para o meu quarto e, para minha surpresa, elas estão ambas me esperando, expressões preocupadas em seus rostos.
Eu não estava preocupada antes, mas sinto o que elas sentem, isso não vai ser bom.